Autora:Atendendo a pedidos e conselhos,está aqui a primeira parte da continuação.Essa história é classificada T por causa de mortes,mas nada muito pesado.


Cap.2: Solidão e depressão

Uns nove anos antes, a família Grey era uma família qualquer: Elaine e John eram ótimos pais, Jean e sua irmã mais velha, Sara, eram como quaisquer outras, brigavam dentro dos limites e sabiam quando parar.

Sara era o orgulho da família, era ela a garota mais popular da escola , vivia cercada de amigos e tinha já um namorado definido.

Já Jean era apenas a filha caçula, embora fosse uma aluna exemplar na sala de aula. Os professores sempre elogiavam-na e destacavam o que todos percebiam: suas notas, se não eram máximas, eram bem próximas disso, sendo que tudo o que fazia nas aulas era próximo da perfeição.

Fora da classe, a garota de quase dez anos também se dava bem, ela adorava jogar basquete e era uma das melhores jogadoras de sua faixa etária, só não participava de campeonatos porque sua escola ainda a achava muito nova.

Ela também era muito curiosa e vivia atrás de respostas, quando não entendia algo, não descansava até entender e por isso lia muito e prestava muita atenção em tudo o que as pessoas diziam.

Sua sorte acabava por aqui, pois era isolada das outras garotas do colégio, todo mundo se afastava dela. Jean não entendia isso e isso fazia com que ela ficasse deprimida. Para ela era mais difícil entender, já que buscava respostas para tudo e isso não era uma dúvida que você simplesmente pode tirar perguntando. Uma vez ela tentou fazer isso...

-Por que vocês não gostam de mim? Eu fiz algo? – perguntava ela inocentemente.

-Precisamos ter um motivo? O fato de você existir já basta – era tudo o que respondiam.

O que ela não sabia era que elas se afastavam por inveja, inveja por ser bonita, esperta e sempre estar sendo paquerada pelos garotos. Jean não sabia disso, ela não aceitava, pois sempre que diziam que era bonita ela lembrava dos apelidos e dos olhares que sempre recebeu.

Muitas vezes a garota voltava para casa abalada, quase chorando e ainda tinha que agüentar as provocações da irmã e as inúmeras perguntas da mãe, o único que a deixava em paz e ainda tentava impedir os outros de implicar com ela era o pai, John Grey, que sabia exatamente o que acontecia. Ele tentava animá-la, mas, ao perceber que ela precisava ficar sozinha, ele se afastava.

Um pouco depois de completar dez anos, Jean brincava apenas com Annie Richardson, uma de suas poucas amigas naquele tempo e a melhor.

Era um dia ruim, o céu estava nublado, dando o sinal de que vinha chuva, o chão estava quente e podiam-se ouvir trovões à distância sem que nem sequer caía uma gota d'água. Aos poucos começou chuviscar e logo virou um temporal. Quando as incontáveis gotas tocavam o solo, uma enorme fumaça branca era levantada por causa do calor do asfalto.

Sem ter tempo de ir para casa, Jean e Annie ainda estavam na calçada acabando suas brincadeiras quando foram obrigadas a voltar correndo antes que ficassem encharcadas, mas, logo que Jean chegou ao outro lado da rua, Annie foi atropelada por uma caminhonete em velocidade extrema, o motorista estava embriagado e, com o temporal, nem sequer reparou que tinha atropelado uma garota, por isso nem se preocupou e seguiu em frente.

-Annie! – os Richardson correram até lá junto com os Grey para socorrê-la, mas já era tarde e todos sabiam disso. Não havia mais volta, uma vida tinha sido perdida por causa de um motorista descuidado.

-Chamem a ambulância! Filha, pode me ouvir? – mas não houve resposta, a mãe da menina não sabia o que fazer e derramava lágrimas pela tragédia enquanto John Grey ligava para a ambulância, que, quando chegou, disse que não havia jeito, tudo estava acabado.

Naquele momento, os últimos pensamentos de Annie invadiram a cabeça de Jean, era tudo muito confuso, doloroso, mas ainda sim ela podia perceber um toque de alegria nos pensamentos de sua melhor amiga, uma alegria por ter brincado e ainda não ter chego sua hora mais terrível. Logo a seguir vieram lembranças, a imagem do automóvel se aproximando, o desespero, a impossibilidade de reação e a batida, tudo tão rápido que era difícil imaginar que havia acontecido.

- FOI TUDO SUA CULPA, JEAN, se não a tivesse chamado para brincar isso não teria acontecido! – berrou Elaine Grey, culpando a filha, ela era a única que fazia isso, ou melhor, ela e sua filha caçula.

Jean correu para seu quarto no desespero, deixando tudo molhado por causa da água da chuva e chorando por causa da perda da amiga, ainda com seus pensamentos em sua mente.

Tudo aquilo era mais uma coisa que ela não sabia explicar, mais uma coisa para se preocupar e se torturar.

Era como se ela tivesse sido atropelada, como se os pensamentos fossem seus, mas não eram. Era o começo de uma mutação quando ela nem sabia que os mutantes existiam e nem o que eram.

-Vamos, Jean, você sabe que não é sua culpa... a mãe só está desesperada, sabe que ela não lhe culpa – Sara tentava consolá-la, percebendo que a irmã estava em estado de choque, mas essa não disse nada e Sara achou melhor deixá-la sozinha por um tempo.

- Não precisava falar assim com ela! – era a voz de John brigando com Elaine.

-O que eu posso fazer? Você não viu a cara dos pais da garota? Sempre é a Jean, eu disse para ela ir brincar mais tarde! Ela me atendeu? Não, agora uma garotinha inocente paga pelos atos bobos de nossa filha! – defendia-se a mulher.

-Elaine, como saberíamos que viria um temporal? Não foi culpa dela e você sabe disso! Pare de culpar Jean! E acalme-se, por favor.

-ME ACALMAR? Annie morre na nossa frente e você me pede para me acalmar?Você não viu o céu? Claro que viria um temporal! E não tente defendê-la!– assim a discussão seguiu e o dia mais longo da vida dos Grey passava.

A caçula da família ficou o resto do dia no quarto e foi para a cama cedo, embora não tivesse conseguido dormir a noite toda. Vozes ecoavam em sua cabeça e ela não sabia quais eram seus pensamentos e quais eram das outras pessoas, não sabia nem ao menos quais eram vozes e quais eram pensamentos:

"Vamos, Annie, ou vamos ficas encharcadas."

"Brincar com Jean é sempre divertido, mas começou um temporal."

"Annie!"

"AAAHHHHH!"

"Se eu não tivesse saído, se eu tivesse escutado minha mãe...".

"Pode me ouvir?"

"FOI TUDO CULPA SUA! "

" Por que isso tinha que acontecer?"

"Você sabe que não é sua culpa..".

"O que eu fiz? Deveria ser eu e não ela."

"Sempre é a Jean!"

"Ela me atendeu?"

"Pare de culpar Jean!"

"E não tente defendê-la!"

A partir desse dia Jean entrou em depressão e passou a se afastar mais ainda das pessoas para que mais pensamentos não entrassem em sua mente. Mesmo se afastando ela tinha problemas e às vezes ela via objetos flutuando inexplicavelmente na direção das pessoas quando se enfurecia e logo percebia que desejava isso.

Em poucos dias, Charles Xavier bateu na porta da casa dos Grey e conversou com Jean, explicou que ela era uma mutante, que tinha alguns dons e, se quisesse aprender a controlar esses e conhecer algumas respostas, estaria a esperando no Instituto Xavier e ela seria bem-vinda, o convite estava feito.

A conversa era particular, mas Elaine acabou ouvindo e ficou horrorizada com a descoberta, passou a odiar a filha por um instante e abandonou-a no instituto. John só concordou porque achou que era o melhor lugar para a filha, pelo menos naquele momento de solidão e depressão.

Ao ser abandonada, Jean ficou mais depressiva do que já estava, mas, ao descobrir que lá ela teria uma nova família e que seria bem recebida, animou-se.

O professor Xavier explicou que ninguém vira mutante e sim nasce com tal, explicou que as mutações variam de pessoa para pessoa e não havia forma de prevê-las, também disse que ainda havia muito para descobrir sobre eles.

Lá a garota conheceu Logan, um homem que se preocupava muito com ela, além de ser um mutante com o poder de auto-cura e com um metal chamado adamantium em todo o corpo, sendo que ele era capaz se expor e guardar garras feitas do mesmo metal; Ororo Munroe, uma mulher preparada para a vida, sua mutação era controlar o tempo, não o tempo cronológico e sim o clima; o próprio Charles Xavier, um telepata experiente que ajudava os mutantes a controlar seus poderes para proteger a humanidade de outros mutantes;o Fera, um cientista muito inteligente que buscava respostas sobre o mundo mutante e Scott Summers, um garoto magro e alto, com cabelos castanhos e a obrigação de usar óculos de quartzo-rubi para conter seus raios ópticos, o garoto da sua idade que tornou-se seu melhor amigo.

Com o tempo e bastante apoio, Jean encontrou seu verdadeiro lar, estava aprendendo a controlar ser poderes telecinéticos e já não precisava mais se isolar das pessoas, pois o professor Xavier tinha feito um escudo mental para protegê-la dos pensamentos dos outros até que estivesse pronta para controlar sua telepatia também.

Quando completou onze anos, Jean ganhou mais controle sobre sua telepatia e o professor desfez o escudo mental.


Autora: Vamos, comentem! O que acharam?Esse foi o passado de Jean até a chegada ao instituto, no próximo capítulo vocês conhecerão o passado de Scott.