Deixa o Tempo Passar...

Capitulo Um – Primeiros Contatos

Santuário...

Aquela noite parecia tranqüila. O céu estava limpo e as estrelas brilhavam, mostrando suas misteriosas constelações. Subindo por uma colina, via–se as doze casas zodiacais e o templo de Athena que aparentavam estar na mais plena paz. Pelo menos naquela noite.

Um homem alto de cabelos lilases aparecera repentinamente em frente a uma das casas. Como já tinha bastante intimidade com o ocupante, foi logo entrando.

– Mu, é você? – perguntou um homem grande e moreno

– Como vai, amigo? – disse o ariano serenamente – Há quanto tempo, hein?

– Sim, muito tempo! – deu um abraço fraternal em seu amigo

– Aldebaran, como andam as coisas por aqui? – perguntou o cavaleiro de Áries

– Nada boas... – respondeu Aldebaran adentrando em sua casa – O mestre Ares está cada vez pior. Eu o acho um psicótico... Até que hoje está tranqüilo.

– E pensar que meu mestre confiava tanto nele... – Mu suspirou

– Tivemos a entrega da armadura de Pégaso hoje! – lembrou Aldebaran

– Mesmo? – Mu perguntou com um certo interesse, afinal diziam que o último guerreiro a usar a armadura de Pégaso foi um cavaleiro incrível que fez coisas impossíveis para proteger a deusa Athena. Shion sempre falara muito bem desse homem, não eram muito próximos mas sentia uma admiração por ele. – E quem a recebeu?

– Seiya. O pupilo da Marin de Águia. Lembra dele? – perguntou o taurino oferecendo um copo com alguma bebida dentro. – É suco, seu "naturalista". – comentou ouvindo uma risada do seu amigo logo após.

– Claro que eu lembro desse pirralho, minha cabeça ainda dói por conta daquela pedrada.

De repente eles sentem uma poderosa explosão de cosmos vinda do oeste. Depois perceberam que as estrelas da constelação de Pégaso estavam com um brilho intenso, jamais visto. Logo esse poder dissipou–se e voltou ainda mais forte. Seria uma luta?

– É o cosmo de Pégaso! – comentou Aldebaran

– Sim... mas e o outro?

Aldebaran fechou seus olhos.

– Provavelmente... a amazona de cobra.

– Quem? – indagou Mu

– Você não a conhece? Shina, a amazona de Cobra. Seu pupilo, Cassius, perdeu de forma humilhante. Ele disputou com Seiya pela posse da armadura. Parece que Shina não gostou nenhum pouco disso. Ela odeia o Seiya desde longas datas. – disse Aldebaran

Mu voltou seu olhar para o oeste quando percebeu a briga entre os cosmos se estabilizarem.

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Enquanto isso, Shina estava indignada. Suas mãos fortemente fechadas e trêmulas mostravam o ódio que estava sentindo. Seus olhos verdes que foram revelados contra sua vontade, agora ardiam.

– Ainda quer mata–lo, Shina? – perguntou Marin cruzando os braços observando seu pupilo se distanciar num incrível velocidade.

– Agora mais do que nunca. Você não perde por esperar. – Shina olhou Marin com desprezo. Seus batimentos estavam fortes, Seiya havia visto seu rosto... pela segunda vez.

Ela correu rapidamente e chegou ao coliseu onde viu seu pupilo ser derrotado. Ela levou as mãos ao rosto onde derramou suas lágrimas.

Ela amava aquele garoto estúpido e arrogante, mas não queria admitir, não podia. A raiva e o orgulho que sentia era muito maior naquele momento. Mais uma vez Shina sentiu–se derrotada por ele, por seus sentimentos, por tudo.

Sentiu a presença de alguém que se aproximava, rapidamente virou seu rosto.

– O que quer, Cassius? – ela perguntou secamente

– Saber se você está bem. Fiquei preocupado, Shina. – respondeu seu pupilo que escondia uma grande paixão por sua mestra.

– Volte para casa, Cassius. Estou muito bem. – respondeu friamente

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Mu despede–se de seu amigo e resolve dar uma volta pelo santuário. Antes ele entra na casa de Áries para certificar–se de que tudo estava certo, depois tomou seu rumo.

Ao chegar num certo local, ele percebe que havia uma certa sujeira, como se pessoas estivessem lá assistindo algo.

Claro... a entrega da armadura foi lá.

Algo chama a atenção de Mu naquele coliseu. Uma coisa que ele não conseguiu explicar. Logo entrou no local.

A arena estava suja de Sangue e a areia estava bem revolta. Com as mãos nos bolsos, Mu observa cada detalhe do lugar, inclusive as arquibancadas.

Ao olhar para o último degrau da arquibancada, percebe que há alguém deitado. Primeiro pensou em chamar, mas poderia ser perigoso. Rapidamente ele chega ao local usando sua telecinesia.

Uma bela mulher de cabelos esverdeados dormia. Sua expressão estava exausta, triste. Porém seu rosto era belo.

Mu reparou que a mulher estava de armadura, então só podia ser uma amazona. "Mas amazonas não usam máscara?" Ele pensou e inclinou a cabeça, abaixando para olhar melhor o rosto misterioso da amazona.

– "Como ela é linda... parece um anjo..." – ele pensou. Não sabe bem o porquê, mas sentiu seu coração dar uma pequena disparada, como se o avisasse de algo.

Ele não resistiu e levou a mão ao rosto da bela amazona, tocando–lhe delicadamente.

Abruptamente Shina levantou com uma expressão assustada, assustando o cavaleiro que quase cai das arquibancadas.

– O que quer aqui! – perguntou Shina levando a mão ao peito

– Moça, que susto! – disse Mu com uma expressão transtornada

– Ah, você se assustou? – ela perguntou irônica – O que fazia me espiando?

– Nada. Digo... estava caminhando e te vi deitada. Você parecia transtornada...

O coração de Shina apertou novamente. Ela estava sem máscara.

– O que foi? Que cara é essa? – ele perguntou ficando de pé

– Meu rosto... minha mascara! Não me olhe! – Shina virou o rosto e escondeu–se com uma das mãos

– Por que? – Mu perguntou

– Porque é a lei! Um homem não pode ver o rosto de uma amazona, ou então...

– Então o que?

Shina encarou o homem. Não parecia ser perigoso, apenas um intrometido. Não iria lhe doer nada se o matasse ali mesmo.

– Infelizmente terei que mata–lo. – ela virou–se novamente para ele.

Mu apertou os olhos e olhou nos olhos da amazona.

– Como? – ele perguntou

– Venha cobra! – Shina emanou seu cosmo, mas não conseguiu atingi–lo

– Muito lenta, "amazona de prata". – disse Mu fingindo desdém

– O que! Mas como... – Shina olhou para o local onde o cavaleiro de Áries se encontrava agora. Como, ele parecia ser fraco, indefeso, com roupas tão simples... ela o subestimou. – você é cavaleiro?

Mu não a respondeu. Apenas sorriu cinicamente.

– Você é a amazona de cobra? – ele perguntou – ouvi falar de você hoje e que seu pupilo perdeu para um garoto três vezes menor... – gargalhou

Shina partiu para o ataque novamente, mas Mu apareceu desta vez atrás dela.

– Você não vai me atingir usando golpes primários tão lentos, "Shina". – disse Mu perto do ouvido da amazona

– Seu atrevido!

– Ouça! – disse Mu num alto tom de voz interrompendo–a – Por que quer me matar?

Shina respirou fundo.

– É a lei das amazonas. Qualquer homem que vir o rosto de uma amazona deve morrer. – Disse a amazona fechando os olhos.

– Mas que lei idiota. – disse Mu seriamente – uma mulher tão bonita não devia esconder o próprio rosto.

Shina sentiu um leve ardor em suas faces. O cavaleiro nota o rubor na amazona e sorri serenamente.

– Não precisa se envergonhar. Como você nunca vai conseguir me matar... – disse despertando um olhar furioso na orgulhosa amazona – ... Talvez possamos guardar este segredo, certo?

– Ah é, como poderei confiar em você?

– Bom, eu também te conto meu segredo. – Shina ficou curiosa depois que Mu disse isso. Notava–se pelo seu olhar

– Que segredo? – ela perguntou

– Me chamo Mu. Sou o cavaleiro de ouro de Áries. – Confessou e como prova, ascendeu seu cosmo mas o apagou rapidamente.

Shina ficou boquiaberta. Seu rosto fora visto por um cavaleiro de ouro.

– Agora que a minha situação piorou de vez.

– Não! – disse o cavaleiro – Eu guardo seu segredo e você guarda o meu. Há algum tempo eu visito o santuário escondendo–me do Grande Mestre. Por essa causa meu cosmo quase nunca é notado.

– Mas por que você não quer ser notado pelo mestre? Você está espionando? – perguntou a amazona mudando de expressão.

– Vai começar de novo. – Mu suspirou virando os olhos – Ouça, estamos quites agora, certo? Não diga a ninguém que estive aqui, e eu não digo a ninguém que vi seu rosto.

Ele some rapidamente assustando Shina que ficou de olhos arregalados.

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Jamiel...

Kiki estava sentado a uma poltrona e estava ansioso. Havia feito pipoca, comprado refrigerante e estava na frente da TV.

Mu surge na sala, porém estava muito distraído. Aquela amazona era muito brava e isso era bastante divertido. E ela era muito bonita. Ele pensava nela neste momento de uma forma diferente. O que estaria sentindo?

Foi quando ao cruzar a porta da sala, deparou–se com Kiki diante da TV.

– Então foi assim que você disse que iria treinar? – Mu cruzou os braços – Ah! Já entendi. Pipoca e TV são fundamentais para uma meditação. – ironizou

O pupilo imediatamente pulou de sua poltrona.

– Mu! – disse Kiki – Você me assustou... veja na tv. – Kiki apontou – vai começar a guerra galáctica.

– O que?

– Uma luta entre alguns cavaleiros de bronze que estão disputando por uma armadura de ouro... isso não seria errado, mestre? – perguntou o garoto um tanto intrigado.

Mu olhou para a TV e teve um péssimo pressentimento.

– Então... Bom, armaduras de ouro são sagradas, Kiki... não, não pode ser, todas as armaduras estão no santuário! – disse Mu – Com certeza é falsa.

O garoto se voltou para a tv sentando–se na poltrona enquanto Mu observava com os braços cruzados.

– "Essa não... estou com um péssimo pressentimento quanto a isso..." – disse Mu

O cavaleiro parou de pensar em Shina e voltou toda a sua atenção naquele programa. O que estaria acontecendo e por que ele teve um pressentimento tão estranho ao olhar para aquela garota de cabelos lilases?

Continua...