Capítulo 3 – Lethifold
"As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas…
Os seus desapontamentos não fazem o trabalho que só o tempo conseguirá realizar…
O seu mau humor não modifica a vida...
A sua dor não impedirá que o sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus…"
(Autoria desconhecida)
Já era o terceiro apito do Expresso de Hogwarts e ela estava a ponto de tomar a decisão de sair e deixá-lo ali, tamanha a agressão verbal. Ainda não acreditava que ouvira tudo aquilo da pessoa que amava, de quem acreditava ser amada até poucos momentos antes.
Hermione pensou que podia sentir o teto baixando sobre a sua cabeça, enquanto as paredes do vagão espremiam-na, tirando todo o fôlego de seus pulmões. As lágrimas abriam uma trilha quente e úmida pelo seu rosto, as palavras subitamente tornaram-se imensas ao ponto de não passarem mais pela garganta. Aquela discussão parecia que não teria fim. Os olhos azuis que antes demonstravam carinho e afeto agora brilhavam acusadores. Hermione levantou o olhar, tentando estancar as lágrimas que teimavam em cair, respirou fundo e disse:
– Como… por favor, me diga como… Rony, como você pode estar me acusando de uma coisa dessas?
Ela balançava a cabeça em negação enquanto falava. Rony permanecia frio como uma nevasca. Hermione começou a andar de um lado ao outro, passando fios imaginários de cabelo para trás da orelha.
– Fala alguma coisa, droga. Diga, prove, de onde você tirou essa idéia doentia! – as palavras saíam, caindo uma por cima da outra.
– Idéia doentia? Então é esse o nome para traição, Hermione? Você sabe que não é nenhuma idéia doentia, você sabe que é verdade tudo o que eu disse. O que eu quero saber é quando você iria me contar se eu não tivesse descoberto? Quanto tempo duraria essa farsa?
Hermione olhou para fora, talvez para tentar reconhecer e entender esse novo Rony ali a sua frente. Ela sempre soubera que ele era possessivo não somente com ela, mas também com a irmã e às vezes até mesmo com Harry, mas isso era demais! Ainda estava incrédula diante de tudo o que saía da boca dele.
– Rony, escuta. Você sabe o que está dizendo? Você tem certeza de tudo o que está me acusando? A única coisa que eu posso dizer é que nunca aconteceu nada. Eu simplesmente não sei de onde você tirou essa idéia. Porém, tudo isso só serve para eu saber uma coisa. Você não confia em mim… e se você não é capaz de confiar em mim, eu sinto muito, mas não dá para continuarmos juntos.
Rony sentiu o impacto daquelas palavras no seu cérebro, mas o orgulho estava demasiadamente ferido para pedir qualquer desculpa. Se ela estava fazendo isso, era porque realmente ele tinha razão durante todo o tempo.
– O que você está dizendo?
– Estou dizendo que não sei como podemos continuar namorando se existe falta de confiança de uma das partes.
– Se é assim que você quer… por mim tudo bem. Eu sabia que você faria isso mais cedo ou mais tarde.
Ele sentia as pernas enfraquecendo, mas não voltaria atrás. Se a decisão dela era essa, a dele não seria diferente. Segurou o olhar no dela até que ela se desviasse. Depois, virou-se para a janela, dando-lhe às costas e passando a observar os últimos alunos embarcarem. Harry estava do lado de fora conversando com Hagrid, totalmente indiferente aos apitos do expresso.
– Se para você é assim… ótimo – ela respondeu com uma falsa segurança.
Ele não disse nada em resposta. Hermione estava lá, parada, observando-o. Virou-se para o malão que ainda estava caído num canto e o arrastou sob o olhar frio do ex-namorado, a mente ainda não assimilando o novo sentimento que tomara conta dela.
– Rony… você quer que eu parta? – perguntou, já com a mão na maçaneta.
Ele ficou calado, sem que ela pudesse ver seu rosto. Hermione sentia mais ainda como se o mundo a oprimisse diante do silêncio dele.
Sentiu que a locomotiva já se preparava para sair. Juntava forças para tentar girar a maçaneta, mas esta se abriu sozinha e do outro lado da porta apareceu Draco Malfoy. Ele olhou para a cena, deu um sorriso irônico e disse:
– O casalzinho está brigando?
Hermione não disse nada. Esbarrou nele para que ele abrisse passagem e saiu de perto das risadinhas sarcásticas e comentários, que ela se limitou a não prestar atenção. Seguiu pelo corredor, não se preocupando com as pessoas que a cumprimentavam. O que ela mais queria era estar longe dali. Em sua mente, ouvia os ecos das coisas terríveis que ela dissera e das coisas igualmente terríveis que ele retrucara, de novo e de novo. Ela ainda estava horrorizada por ele a ter acusado de infidelidade. Como poderia fazer isso? E ainda mais, com quem?
Quando ela já estava caminhando a passos rápidos pela plataforma, pôde sentir uma mão segurar seu braço e chamar seu nome.
– Hermione! HERMIONE! – Harry murmurou, procurando não chamar atenção do resto da turma.
– O que foi? – ela resmungou, voltando repentinamente à realidade.
Harry desviou o olhar para a professora e Hermione fez o mesmo.
– Senhorita Granger – chamou Sprout, de modo que todos pudessem ouvir.
– Sim, professora, me desculpe. – Ela se sentiu embaraçada, as palavras saindo com um certo grau de dificuldade.
A professora Sprout não disse mais nada. Apenas meneou a cabeça e foi até o fundo das estufas, tirando as luvas enquanto andava. Hermione olhou para fora da estufa de vidro.
– Mione! O que aconteceu? – perguntou Harry, arrastando com certa dificuldade um vaso lotado de plantinhas que mais pareciam feijões em primeiros dias de crescimento.
– Não sei, Harry. – ela começou a cavar, com força maior que necessária, a terra do seu próprio vaso.
– Sprout a chamou várias vezes. Ela estava ansiosa por uma dissertação sua sobre essas coisas nojentas. – Harry apontou para o vaso, onde as plantas pareciam ter criado vida própria.
– Era isso, então… – Hermione disse com desdém, concentrando-se ainda mais no seu trabalho.
Harry tentou começar outro diálogo, mas trocar mais de duas frases com Hermione se tornara algo incrivelmente difícil ultimamente. Mesmo em assuntos relacionados aos estudos, ela sempre respondia com monossílabos e sempre se perdia nas aulas. Quando questionada sobre determinado assunto, dava explicações evasivas, às vezes ficava extremamente irritada, o que fez com que vários alunos evitassem sequer dar bom dia a ela. Harry sabia muito bem o que ela sentia, pois o mesmo acontecia com ele, porém Hermione reagia à situação de uma forma inesperada até mesmo para ele.
A cada dia que passava, Hermione se fechava mais. Suas aparições eram raras. Comia o mais rápido que conseguia, estudava em seu quarto em vez da biblioteca e já não se via mais o seu braço levantado, ansiosa para responder alguma questão nas aulas. Seus olhos já não tinham mais brilho e suas olheiras eram profundas. Todos já haviam reparado como a garota mudara.
Minutos mais tarde, a professora Sprout chegou com um pergaminho enrolado nas mãos.
– Hermione! – ela chamou pela aluna, que levantou o rosto.
– Quero que vá até a sala da professora McGonagall e entregue isso a ela.
– Mas ainda falta muito para eu terminar de envasar essas plantas. – ela apontou para um montinho que estava ao lado do vaso.
– Seu amigo fará esse trabalho para você – Sprout disse de modo sério.
Hermione não questionou. Tirou o avental e, pegando o seu material escolar, saiu em direção à sala da professora de Transfiguração.
Hermione sabia muito bem do que se tratava o rolo de pergaminho que carregava na mão direita. Era um recado para a diretora da Grifinória. Um recado sobre ela. Se fossem outros tempos, ela certamente estaria desesperada, mas diante da situação e dos novos sentimentos que tinha, esse pergaminho não tinha a menor importância. Vagueou pelos corredores de Hogwarts, ignorando alguns terceiranistas que a encaravam com olhares desconfiados.
Elevou a mão fechada para bater à porta, mas esta se abriu antes mesmo dela a tocar.
– Entre…
Ela ouviu a voz da professora vinda do fundo da sala. Aparentemente, uma aula tinha acabado de ser dada.
– Sente-se. – McGonagall apontou a cadeira em frente à mesa que ela estava e Hermione obedeceu sem dizer nada. – Creio que seja para mim…
Hermione não se sentiu surpresa pelo fato da professora praticamente adivinhar o que ela tinha em mãos. Certamente, como diretora da Grifinória, bilhetes dessa natureza deveriam ser constantes.
McGonagall leu o bilhete, abriu uma gaveta e o colocou lá, junto com tantos outros.
– Peço que me aguarde por alguns minutos.
– Sim, claro – Hermione apressou-se em responder.
Um silêncio atordoante invadiu a sala, ora sendo quebrado pelo arranhar da pena da professora, ora pelo barulho causado pelos alunos que passavam pelo lado de fora.
Por instantes, Hermione achou que o seu pior pesadelo fosse se materializar a sua frente. A mente adiantando o futuro e já imaginando as palavras e tons que a professora fosse usar para repreendê-la por seu comportamento nas aulas, ela estava ciente das conseqüências, mas só agora se dera conta de que agira de forma errada ao perder quase totalmente o interesse pelas matérias.
Já estava perdendo a conta de quantas vezes contara mentalmente os nós dos dedos quando McGonagall falou:
– Será que você poderia me acompanhar? Tenho que procurar Madame Hooch.
– Lógico – Hermione disse secamente.
As duas foram a passos lentos em direção ao campo de quadribol. McGonagall caminhava com as mãos cruzadas para trás, ao passo que Hermione queria correr dali. Ela nunca tinha percebido o quão longe era a sala de Transfiguração do campo de quadribol.
– Boa tarde, Srta. Fiona.
– Boa tarde, professora – o quadro de uma jovem italiana cumprimentou-a. Hermione meneou a cabeça em cumprimento para o quadro.
– Receio que eu precise de uma limpeza – disse um dos quadros. Minerva apenas subiu e baixou a cabeça sem dizer nada.
– É sempre assim. Ela sempre reclama que nunca a limpam direito. Não tem uma vez que eu passe por aqui e ela não reclame disso.
– Não tinha percebido.
– Essa é a questão, Srta. Granger. Ela só diz isso para mim.
A professora sorriu amavelmente. Hermione sentiu os ombros relaxarem diante de um comentário tão banal. Isso, de certo modo, aliviou um pouco da tensão.
As duas continuaram pelo corredor, até a chegada no vestiário, onde estava Madame Hooch e tiveram uma conversa rápida.
Enquanto elas conversaram, Hermione virou-se de costas para as duas e começou a observar o vestiário, onde muitas vezes ela presenciara Angelina dar uma dura em cima de Rony e Harry a respeito dos jogos.
O que na opinião dela não necessitava de tanto fervor. Jogos de quadribol… com toda certeza não era o seu esporte favorito, ainda mais depois que Rony também entrara para o time. Se ela já se sentia apreensiva durante os jogos por causa de Harry, isso só fez com que a apreensão chegasse a níveis estratosféricos.
Contudo, relembrar esses momentos era bom, era algo tal qual se agarrar a um vício. Sua mente necessitava relembrar, como uma forma de manter Rony vivo dentro de si.
Hermione foi desperta de seus devaneios pela conversa das duas, principalmente quando ela ouviu o nome de Rony citado pela professora de quadribol. Ela estava dizendo que a vaga que antes era de Rony fora preenchida por um secundarista que, segundo ela, tinha muita sede de quadribol. Hermione sentiu um pesar no coração. Era como se Rony fosse substituível para os outros, ao passo que o imenso vazio que ele deixara dentro dela jamais seria preenchido.
Mais uma vez, Hermione foi convidada a acompanhar McGonagall, porém, dessa vez a professora de Transfiguração não tinha nenhum assunto para tratar com outra pessoa, então as duas foram caminhando do mesmo modo que antes, lentamente.
A tensão entre as duas não era mais algo palpável. Hermione se sentia até descontraída, se comparando o momento ao que ela encontrara a professora.
McGonagall falou sobre a vida dos trouxas. Disse que admirava a capacidade deles conseguirem viver sem as facilidades da magia e que, de certa forma, discordava da barreira que os isolava dos bruxos, pois de ambos os lados muita coisa poderia ser aprendida e repassada. Hermione concordava e discordava do que ela dizia com monossílabos e às vezes só com um menear de cabeça, mas aos poucos ela passou a dar suas opiniões sobre o assunto. Até que, de repente, Minerva olhou séria para ela e perguntou:
– Hermione, você está bem?
Pelo tom da professora, ela sabia qual era o sentido da pergunta.
– Estou melhor – ela respondeu com um fio de esperança de que essa resposta fosse o bastante. Mas não foi.
– Hermione, você realmente está bem?
Embora a pergunta fosse a mesma, a entonação era diferente, e a resposta, muito mais difícil. Hermione pensou que talvez ela levasse o silêncio como uma resposta aceitável. Também sabia que ela esperaria o tempo que fosse necessário por uma resposta.
Depois de anos sendo a melhor aluna de Transfigurações e também de toda a Hogwarts, McGonagall tornara-se muito mais que sua mentora. Tornara-se uma amiga, alguém em quem ela podia confiar e pedir orientações. A mulher, mesmo com a velhice já aparente, exalava respeito, assim como seus olhos penetrantes ainda carregavam a gentileza e a severidade de que Hermione lembrava quando mais jovem. A responsabilidade e seriedade eram claras em sua postura altiva, e tudo isso apenas fazia com que a adolescente a respeitasse como ninguém.
A professora andou lentamente na direção dos aros do gol, admirando a bandeira dourada e vermelha que tremulava no alto, ao lado das outras três que representavam as casas de Hogwarts.
– Como estava dizendo, Hermione, eu tenho um gosto por certas especialidades trouxas, como a literatura, por exemplo. Devo admitir, nesse campo eles são melhores que os bruxos. Há um autor em especial que eu admiro muito – Minerva disse com os braços para trás, a cabeça inclinada olhando para as quatro bandeiras.
Hermione levantou uma sobrancelha interrogativa.
– Em uma de suas obras ele disse: "Falar pode aliviar as dores emocionais". Será que não é hora de você tentar aliviar essas dores? – Minerva indagou, virando-se para olhar para ela.
– Não importa. Que bem poderá fazer se eu falar sobre Rony? Não há nada que eu possa fazer ou dizer que o trará de volta, então eu prefiro manter apenas as minhas recordações. – ela baixou o olhar. – Quando eu poderia ter feito algo, eu não fiz.
Hermione olhou para longe do olhar compassivo de Minerva, que a estudou antes de continuar.
– Hermione, você é uma aluna brilhante e uma pessoa maravilhosa. Não me canso de dizer isso. Contudo, você tem que entender que não só a sua vida foi mudada por Você-Sabe-Quem. Você tem que entender que o tempo está passando e o mundo não pára por sua causa.
A manhã estava nebulosa, assim como os pensamentos de Harry quando ele dirigiu-se à sala de Defesa Contra Artes das Trevas para a primeira aula do dia.
Os últimos dias só serviram para criar em Harry um ódio antes inexistente contra essa matéria. Nem mesmo durante a época em que Umbridge lecionara ele a odiava tanto, até porque poderia continuar a praticá-la durante as reuniões do DA. Entretanto, junto com a nomeação do professor Severo Snape, veio de Dumbledore o conselho para que Harry não tentasse uma possível reorganização do grupo.
A vida de Harry em Hogwarts, que já estava complicada durante o sexto ano, piorara ainda mais nos últimos tempos. Como se não bastasse a ausência do melhor amigo durante as aulas, ele ainda se via obrigado a agüentar o sarcasmo e as ironias do "querido" professor, que insistia em humilhá-lo da mesma forma que Tiago fizera com ele.
Snape, como de costume, entrou na sala empunhando sua varinha. Seus cabelos sebosos encobriam-lhe a face, mas não lhe impediam de observar com atenção cada aluno que ali se encontrava.
– Formem fila e me sigam – declarou ele simplesmente, saíndo da sala.
Harry estranhou a atitude do professor. Snape não era daqueles que gostavam de levar a turma para "dar uma voltinha pelo castelo", e se ele os mandara sair da sala, então provavelmente era porque tinha alguma idéia em mente, e Harry tinha a leve impressão que esta não iria lhe agradar muito.
A turma seguiu Snape por um bom tempo, até alcançarem os subterrâneos da Ala Sul do castelo. O lugar estaria extremamente deserto se não fosse por eles, mas ninguém teve coragem de comentar a respeito disso. Todos mantinham um silêncio sepulcral durante o trajeto, procurando não atrair a atenção do professor.
Entraram em uma sala fria e mal iluminada. As paredes, o teto e o piso eram de pedra, semelhantes ao resto do castelo. Porém, essa era a sala mais diferente que Harry já vira. Sim, ele a conhecia. Já estivera nela uma vez, mas não em Hogwarts. A sala em que ele estivera ficava a milhas de distância, bem protegida sob os outros nove andares do Ministério da Magia.
Sentindo-se quase que intimidado por tudo ao seu redor, Harry preferira ficar para trás, muito próximo à parede, quando toda a turma finalmente entrara na sala. Procurando não observar aquele estranho arco de pedra com o véu, que teimava em balançar ainda que não houvesse corrente de ar. Ele manteve-se concentrado em olhar o chão.
Embora seu olhar não mirasse o véu, Harry não podia ignorar as vozes que dele saíam. Murmúrios incompreensíveis alcançavam seus ouvidos, trazendo memórias ruins do dia em que ele visitara o Departamento de Mistérios.
Snape ordenou que os alunos sentassem na espécie de escadaria que levava ao poço do véu. Harry obedeceu, lutando contra a esperança de reconhecer a voz de seu padrinho entre as outras. Ao sentar no degrau mais alto, evitando ficar muito perto de Snape, sentiu quando o professor o olhou com um sorriso sarcástico no rosto. Quando todos já estavam acomodados, Snape, ainda de pé em frente à turma, falou apontando o véu:
– Sr. Potter, pode me dizer o que é isto?
– Não, senhor – respondeu Harry murmurando, sem encarar o professor.
– Muito bem, Sr. Potter. Já que o senhor não teve a capacidade de abrir um livro durante esses seis meses em que está aqui, então devo retirar 10 pontos da Grifinória.
– Que seja – murmurou Harry, sem vontade alguma de ficar ali com seus colegas lhe lançando olhares fulminantes.
– Será que alguém fez o grande sacrifício de abrir seu livro e pode me dizer que animal é esse e como é possível evitar um ataque do mesmo?
A classe permaneceu em silêncio. Nem Hermione ousara levantar o braço para responder. Harry encarou Snape com curiosidade. Por que ele dissera que o véu era um animal?
Snape andou pela sala, encarando mais do que nunca cada expressão dos alunos. Se a atmosfera nas masmorras era ruim, nada poderia se comparar à atmosfera nessa estranha sala. Ele parecia mais do que nunca divertir-se com as expressões de dúvidas e medo dos seus alunos.
Sempre que passava por um aluno e este não era apontado pelo dito professor, o mesmo respirava aliviado por não ter sido alvo das indagações do mestre de Poções.
– Srta. Granger! – Hermione enrijeceu-se instantaneamente ao ouvir seu nome. – Alguma idéia sobre o assunto? Creio que com tanto tempo na biblioteca e alguns livros da sessão reservada, esse animal tenha lhe desperto a curiosidade.
– Nalmbrsenr – murmurou Hermione incompreensivelmente.
– Perdão? – insistiu Snape.
– Não lembro desse animal, senhor.
– Será que a sabe-tudo é burra o suficiente para fazer a Grifinória perder dez pontos por não responder uma pergunta em aula?
Hermione corou, mas permaneceu em silêncio.
– Muito bem, talvez eu experimente com seu amigo Neville para saber do que esta criatura é capaz... LONGBOTTOM! – gritou Snape, fazendo o garoto quase dar um salto no lugar onde estava sentado. – Quem sabe eu deva testar o que essa criatura das trevas pode fazer com o seu sapo? Já que Srta. Granger educadamente aceitou que nós o usássemos para experimentar com esta nova criatura.
– Eu não aceitei! – protestou Hermione.
– Qual o problema, Granger? Ou por acaso a senhorita sabe o que acontecerá com o animalzinho de estimação de seu colega?
– Eu… Bem, é claro que não sei, professor. Apenas acho uma injustiça o senhor afirmar algo que não fiz. Também tenho certeza que Neville não trouxe Trevo para a sua aula.
– Então, senhorita Granger, talvez devêssemos usar alguém presente nessa sala, não é mesmo? Para que dar ao senhor Longbottom o trabalho de ir até a torre da Grifinória?
– O senhor não ouviu dizer que ela não sabe? Deixe Hermione em paz! – replicou Harry lá de trás.
– Não sabe ou não quer dizer? Quem sabe, talvez… se usássemos o Sr. Potter? Ele é, afinal, o mais bravo dos grifinórios, não? – Snape disse, indiferente ao apelo de Harry.
– O SENHOR NÃO PODE FAZER ISSO!! – ela falou alto, levantando-se para confrontar o professor.
– E por que não? Sou a única autoridade nesta sala, e, portanto, posso fazer o que bem entender. Não concorda comigo, Sr. Malfoy? Crabbe, Goyle, que tal darem uma ajudinha ao Potter?
Crabbe e Goyle começaram a se levantar e caminhar em direção a Harry quando Hermione, quase chorando, resolveu falar, sem virar-se para o amigo que estava atrás dela.
– Tudo bem, eu falo – ela declarou, a ultima palavra saindo quase num sussurro.
– E isto seria, Srta. Granger? - perguntou Snape com um sorriso triunfante.
– Um Lethifold, também conhecido como Mortalha-Viva ou Manto Letal, é uma criatura rara encontrada somente em climas tropicais. É classificada pelo Ministério como Letal, por matar bruxos e ser impossível de domesticar. Ela lembra um manto negro de pouco mais de um centímetro de espessura e fica mais grosso quando mata e digere uma vítima, sem deixar nenhum vestígio. O único feitiço que funciona para contê-la é o Patrono, também usado para combater dementadores – Hermione explicou mecanicamente, seus olhos encarando os olhos frios do professor.
– Muito bem, Srta. Granger… parece que continuamos devorando os livros, não é mesmo? Dez pontos a menos para a Grifinória por ter mentido para um professor durante a aula.
Hermione não protestou. Nesse momento, tudo que ela queria fazer era sumir daquela maldita sala, fugir do olhar boquiaberto de Harry. Mesmo não estando olhando para ele, poderia sentir o seu olhar acusador em cima dela.
Harry tão pouco falou alguma coisa. Estava chocado por Hermione saber tanta coisa sobre aquele maldito véu e não ter lhe contado nada. Se ao menos ela tivesse dito, da primeira vez que viram o Lethifold, que um Patrono poderia contê-lo, talvez Sirius não tivesse morrido e Bellatrix não ganhasse o duelo. A culpa não era dele, a culpa era dela! Quem sabe Rony também não estivesse vivo caso ela tivesse falado sobre isso anteriormente? Quantas vidas não poderiam ter sido salvas?
Nenhum dos dois prestou atenção ao resto da aula. Harry, tomado pela raiva, e Hermione, pela culpa. Ela não queria que o amigo soubesse, não desse jeito…
Snape continuou a falar do animal e fez demonstrações do seu poder de destruição com ratos de laboratório. Ele repetiu essa cena muitas e muitas vezes. E cada vez que ele jogava o pobre animal para o Lethifold, Harry fechava os olhos na falsa tentativa de que a cena de Sirius caindo dentro do manto não se repetisse.
Quando a aula terminou, ele foi o primeiro a sair. Caminhava pelo corredor a passos firmes, decidido a chegar logo em seu dormitório. Não parou para olhar para trás, nem quando a voz de Hermione passou a gritar o seu nome.
Por mais que soubesse que precisaria dela, nesse momento Harry não suportaria olhar a garota nos olhos. Ele precisava ficar sozinho… no entanto, um braço conhecido o puxou e o fez parar no meio do corredor.
– Harry, precisamos conversar. Eu… – começou Hermione antes que o amigo virasse.
Harry não queria estar olhando em seus olhos quando ela falasse, ou quando confessasse o que sabia.
– Eu não quero falar com você – cortou Harry sem se virar, alto o suficiente para que apenas os dois ouvissem.
– Harry, por favor, eu posso explicar! Eu não tive tempo. Eu não pensei que…
– Não pensou que o quê? Você acha que eu sou idiota, Hermione? Você acha que, depois do que aconteceu, vou confiar em você? Qual é o seu problema? Onde estava a sua amizade naquele dia? – ele perguntava, irritando-se cada vez mais. – O QUE MAIS VOCÊ NÃO ME DISSE?
P.S. da Jesse: aff, até que enfim, 5 dias e 14 páginas depois... depois de brigas e discussões (nhai, não acredito que vou começar a fazer versos...)... aqui está o capítulo 3 (nooooossa, apenas o capítulo 3?? Tanto sacrifício só pelo cap 3??). Espero que vocês gostem, comentem, e visitem nosso blog em para ficarem mais atualizados das atualizações (argh, redundââââância...), lerem os making of dos capítulos (o do 3 já estava lá antes mesmo do capítulo ter sido postado...) e verem as capas que fizemos para cada capítulo. E COMENTEM A FIC!!!
P.S. da Jesse 2: (Jesse e suas manias de encher de PSs...) nhai, se alguém reclamar da formatação desse capítulo eu vou bater, pq é tudo culpa do maluco q conspira contra mim!!!
P.S.: respondendo às reviews: (ah, desculpa quem ficar por último, vamos pela ordem em que mandaram as reviews...) Íris: eu sei que você não quer q maltratemos a mione, mas o Harry pode né.... nós não faremos nada com a mione (Gala e Jesse de dedos cruzados)... [Jesse: nada que não deixe ela viva para o próximo capítulo...] Big Anne... [nós nos curvamos a sua frente] nossa, não acreditamos que você leu, amou e aplaudiu linhas, você sabe que a sua opinião é muito importante, não é pessoas? TheTru: ultra-superaram? Uau! Se você diz... nhai, também sentimos falta da Nagini... o problema é que ela decidiu ir na parada gay... ela preferiu ir na Parada do que ir para Andorra... fazer o quê? Luis Felipe: se o senhor reclamar que esse capítulo foi curto... agarrando o rolo de macarrão nós escrevemos 14 páginas! 14 páginas em 5 dias!! Ah, você esqueceu que o Lucius pode ter o Ministério na mão, mas ele está presinho da silva em Azkaban!! HH? Hum, acho que não veremos muito H² no próximo capítulo, não é? Mas talvez só Deus saiba... (e não, não adianta você perguntar pra Ligia!) Larissa: vocês querem mais? Adivinhem!! Nós também queremos mais!! Isso aí!! Queremos só ver o que vai sair no próximo capítulo... Dani: [Jesse: ai, eu também fiquei muito angustiada com o Harry, coitado... e o Rabicho ainda estava vendo tudo... como a Gala é malvada em ter essas idéias] peninha da Mione no capítulo anterior? [Jesse memória de formiga não lembra do que aconteceu no cap anterior] então continue lendo e deixando reviews... espero que tenha gostado do capítulo e do blog... –Gaby-: é triste... é triste... puxa, é diferente escrever fics Angst... dá pra passar tudo pro papel o que você está sentindo na hora... mas se você está feliz é complicado... hum, Voldemort atacando a Mione? Lá rá rá lá... continue lendo e você verá! E, repetindo... vamos tentar atualizar todo domingo, ok? Angela Miguel: Rabicho com saudades do Rony? Bem, o rabicho é um panaca mesmo... que gente mais ansiosa para ver os dois ficarem juntos... esperamos que não nos matem depois desse capítulo aqui... Den Chan: noooooossa, como você ama os Weasley, não? [Jesse: eu me abstenho disso depois de ter escrito tudo aquilo do Rony] Continue lendo e comentando. Aya: [Jesse: sabe que não fui eu que enfiei legimência? Apontando pra Gala] e aqui está mais um loooooongo capítulo... continue comentando! Kaka: huahuahuahuahua... você também tortura os leitores, Kaka, então fique quietinha aí no teu canto, ok? [Jesse: você quer aulas de oclumência? 10 galeões a hora!] Voldemort fazendo planos malignos? Você não viu nada do que a Gala é capaz [Jesse: não viu mesmo, mas espera só eu postar no blog a cena Voldie/Osama huahuahuahuahua] Lo26: nossa, garota, que bom que você gostou! Morte do Rony? A gente supera, com certeza!! [Jesse: vocês dizem isso porque não tiveram que escrever tudo aquilo...] Simas Potter: ahn? O que não vai dar certo? autoras com memória de formiga mynnf: é difícil fazer uma cena Angst... mas tentamos nos basear em sentimentos reais, em pensamentos tristes... nhai, a história é triste mesmo... e você continue lendo!
P.S. Especial: A Deus, é claro, que sempre ilumina nossas mentes e nos traz as respostas. Billie: que ajuda quando estou sem inspiração [Jesse] Family H²: muito obrigada por existirem, sem vocês nós duas nem teríamos nos conhecido e não existiria a fic e tantas outras coisas que existem graças à nossa união! Nossas betinhas: Billie, Ellie, Lolo.
citação by Shakespeare, claro!
Próximo capítulo: hum, não temos idéia do próximo capítulo... sorry... visitem o nosso blog pra acompanhar os making of.
