Capítulo 4 – DA
Voldemort estava sentado à cabeceira de uma antiga e imensa mesa, talhada em imbuia negra. Tomava uma xícara de chá, observando o horizonte pela grande e pesada janela que emoldurava a paisagem. O lugar era silencioso e isolado. Pouquíssimos pastores por ali passavam, sempre acreditando que a casa era inabitada, afinal, por que alguém se importaria de morar em um lugar como aquele?
De tempos em tempos, levava o líquido escaldante à boca. Na verdade, chá não era sua bebida preferida, mas, com certeza, era a mais apropriada para o momento. Desviando a atenção da janela, voltou a se concentrar na análise do conteúdo de uma pasta de cor creme depositada sobre a mesa. Quebrando o silêncio, Nagini apareceu deslizando pelo piso escuro de basalto, construído séculos atrás, e sibilou alguma coisa para Voldemort. Em seguida, enrolou-se aos pés do mestre.
Momentos mais tarde, a pesada porta de carvalho foi aberta e, por ela, passou Bellatrix Lestrange, imponente e segura de si.
– Milorde, tem visitas. Trata-se de um senhor estranh…
– Eu já sei, diga-lhe para entrar – ele a interrompeu.
– Com toda a certeza, milorde. Com licença – escusou-se Bellatrix, baixando o olhar e evitando encontrar os olhos de seu mestre enquanto observava, com fúria, Nagini. A cobra, que imediatamente notou a atenção que Bellatrix lhe dirigia, sibilou para a Comensal.
Quando a porta se fechou, Nagini levantou levemente a cabeça, encarando Voldemort, como se esperasse que o mestre falasse alguma coisa.
– Sim, Nagini, eu sei… mas quem manda você provocar? – ele disse em um tom de falsa reprovação.
– Pude ver nos olhos dela o ciúme por eu estar aqui. Talvez devesse tê-los deixado a sós – a cobra sibilou.
– Você sabe que não me importo que esteja aqui, Nagini.
Voldemort virou-se ao ouvir o som da porta se abrindo novamente. Por ela, entrou novamente Bellatrix, acompanhando um senhor raquítico com barba e cabelos longos, usando vestes cor de caramelo. O cajado, gasto pelo uso, dava uma aparência indefesa ao homem que entrava a passos lentos, se dirigindo ao Lord das Trevas, que se levantara para saudá-lo.
– Há quanto tempo, meu bom amigo, Lord Voldemort… – o homem deixou o cajado do lado e abraçou o outro, beijando-o no rosto.
Bellatrix, que estava ao lado dele, sentiu um arrepio percorrer a espinha à menção do nome do mestre.
– Eu diria que faz, pelo menos, vinte anos desde que nos vimos – respondeu, enquanto um sorriso formava-se no horrível rosto pálido de Voldemort.
– É incrível como o tempo passa quando estamos fazendo algo divertido – o homem disse, sorrindo.
– Percebo que você está se divertindo bastante…
– Não tanto quanto eu queria, mas não tão pouco que possa reclamar.
– Ainda não acredito como você consegue manter o bom humor sendo um homem tão procurado pelos trouxas…
– Eu diria que esta é a parte mais divertida da situação – o visitante comentou, soltando uma gargalhada e sendo acompanhado pelo anfitrião.
Voldemort o convidou a sentar-se e logo pediu para que Bellatrix providenciasse uma segunda xícara de chá para o seu ilustre visitante. Ela não demorou a obedecer-lhe.
– Imagino que não tenha sido para falar de trouxas que o velho amigo teve tanto trabalho para me achar e me trazer a esse belo país. E, por falar nisso, devo admitir que, em matéria de esconderijos, você está bem melhor do que eu – o visitante disse, enquanto olhava minuciosamente para o teto e para as paredes da imensa sala de jantar.
– Anos percorrendo o mundo me deram a oportunidade de encontrar belos lugares para me esconder… e, sim, o motivo da sua vinda é a respeito de um acordo…
– E, pelo que o seu servo me disse, algo irrecusável.
– Acredito que essa é a palavra perfeita – disse Voldemort.
A pasta, que antes lia avidamente, ele fechou de qualquer jeito e entregou ao visitante. Tomou um pouco de chá enquanto observava, ansioso. Omar Chedid abriu-a sobre a mesa, lendo o relatório onde constava o nome de Alastor Moody.
– Vejo que esse antigo auror também lhe dá trabalho.
– Não só ele, todos os outros… mas isso não vem ao caso – Voldemort disse, encerrando o assunto e retornando a tal proposta que faria ao seu antigo preceptor.
– Eu daria o que você pedisse por essa mulher – Omar disse, inclinando a cabeça para ter uma melhor visão de Bellatrix Lestrange enquanto ela se aproximava da porta.
– Nem que me desse todo o ouro do mundo, amigo. É uma serva muito valiosa.
Nagini deu uma forte chacoalhada no rabo e Voldemort passou a acariciar a cabeça dela.
– Você também, minha querida.
Omar não ficou nem um pouco constrangido com o estranho grunhido feito pelo anfitrião. Sabia muito bem que Lord Voldemort era ofidioglota.
Voldemort expôs todo o plano e as vantagens que receberia caso aceitasse. A proposta era tentadora. Omar o ajudaria a conquistar a Inglaterra e todo o velho continente e, em troca, Voldemort permitiria que ele descansasse governando boa parte dos territórios dominados.
Terminadas as discussões, os dois ficaram relembrando a época em que tinham acabado de se conhecer. Voldemort ainda usava o nome de Tom Riddle e vagava pelo mundo buscando conhecimento e poder. Omar Chedid lhe oferecera tudo isso. Dera a Riddle mais conhecimento do que aquele contido em todos os livros de Artes das Trevas já escritos e, por isso, Voldemort era muito grato a Chedid, embora nunca admitisse publicamente que devesse seu poder a alguém.
– Eu soube o que você fez na corte irlandesa... usar Imperio contra os juízes trouxas foi um truque muito bem planejado – comentou Voldemort.
– Eu não usei Imperio – ele olhou para a expressão interrogativa do Lord das Trevas. – Tem uma outra forma mais eficaz de controlar as pessoas; mais eficiente do que uma Maldição Imperdoável.
Saboreando aquele momento, Chedid encostou-se novamente na cadeira, esperando que a mente do amigo desse alguma resposta.
– E você estaria disposto a compartilhar essa gloriosa informação com o seu velho amigo? – Voldemort pediu, muito curioso. – Afinal, o que poderia controlar melhor do que o poder de Imperio?
– A fé.
Hermione calara-se. O que poderia dizer? Ele de certa forma tinha razão. Ela falhara, e era só o que vinha à sua mente. Embora ouvisse a voz dele soar ao fundo, era como se se originasse de dentro de um túnel, e a sensação naquele momento era tão estranha. Sentia como se a alma não estivesse presa ao seu corpo.
Harry pedia explicações, mas, subitamente, Hermione Granger não as tinha, pelo menos não as que pretendia dar, que deveria dar. Há meses se preparava mentalmente para contar a Harry que a morte de seu padrinho poderia ter sido impedida. Nunca esperara que ele ficasse sabendo dessa maneira, na frente de algumas das pessoas que ele mais odiava.
Baixou a cabeça e Harry subitamente parou de perguntar o porquê, apenas a encarando com um olhar desconhecido. Ela não ousou desafiar aqueles olhos verdes, poderia sentir na pele o poder deles. Então a capitã do time de quadribol da Grifinória chegou, ofegante, e quebrou a tensão que havia entre os dois.
– Harry! – chamou Gina, chegando perto dele com o rosto vermelho por causa da corrida.
Levou alguns segundos até que ele respondesse ao chamado.
– O quê?
– Você esqueceu?
– O que eu deveria me lembrar? – Harry perguntou, virando-se para ela e, consequentemente, quebrando o contato visual com Hermione.
– A reunião do time no Salão Comunal. Era para acontecer assim que terminássemos a última aula. E VOCÊ ESTÁ ATRASADO! VAMOS LOGO, ESTÃO TODOS LÁ!
Gina saiu arrastando Harry pelo braço. Ele lutava para se soltar, olhando para trás e tentando encontrar Hermione em meio a tantos alunos da Corvinal, que, de repente, inundaram o corredor e se colocaram no seu caminho.
– Você deixou cair isso – uma voz disse, trazendo-a à realidade.
Hermione piscou várias vezes seguidas até colocar os olhos no rosto do garoto loiro, com orelhas de abano e a pele pipocada de espinhas. Ele lhe entregou um livro com um sorriso encantador na face, deixando transparecer os dentes brancos e alinhados.
– Obrigada – ela se apressou em dizer. – Nem percebi quando caiu.
Ela abaixou-se para pegar o restante dos livros que estavam no chão. O garoto fez o mesmo.
– Deixe-me ajudar…
Harry foi com Gina até os vestiários do campo de Quadribol, não querendo pensar muito no que acabara de acontecer e ainda sentindo a raiva ferver em seu sangue. Deveria ter feito algo mais além de encarar Gina em choque no momento em que ela o arrastara de lá. Deveria ter esperado a resposta de Hermione ou terminado de disparar sobre ela as coisas que há muito tempo vinha guardando.
E sentia-se frustrado por ela ter simplesmente se calado diante da acareação. Pela primeira vez desde que conhecera a amiga, sentiu raiva dela, assim como profundamente magoado por ela não lhe ter contado o que realmente acontecera naquela noite no Ministério da Magia. A humilhação diante de Severo Snape o fazia ter espasmos de raiva. Um nó na garganta crescia e o sufocava cada vez que se lembrava da aula de Defesa Contra Artes das Trevas… Sem sombra de dúvida, aquela fora a pior aula de sua vida.
Ao entrar no vestiário, sentiu os olhos de todos os outros jogadores sobre si, mas simplesmente os ignorou. Quando os outros foram para o campo, ele ficou para colocar as vestes de quadribol. Gina preferiu não apressá-lo. Harry estava com cara de poucos amigos, então ela preferiu se prevenir, deixando-o demorar o quanto quisesse, a ter de enfrentá-lo em uma discussão.
Ele demorou o quanto pôde. Por mais que gostasse de quadribol, não estava com a mínima vontade de jogar naquele momento. Quando não encontrou mais nada para fazer que matasse tempo, suspirou fundo, agarrou a Firebolt sem nem mesmo olhar para a vassoura e foi para o campo em marcha lenta.
O treino já começara há um tempo considerável. Harry, porém, pouco se importou. Começou a voar, procurando o pomo. Uma sonora vaia foi ouvida quando se aproximava de uma das extremidades do campo. A goleira, Natália McDonald, movimentava-se inseguramente, tal como Rony em seus primeiros jogos, e Harry conseguia perceber a tensão no rosto dela mesmo estando a metros de distância. Os batedores Andrew Kirke e Jack Sloper faziam malabarismos com os bastões, enquanto Gina se ocupava com os atacantes Dino Thomas e Katie Bell.
De modo geral, era um bom time, porém, não poderia ser comparado, nem de longe, com o time dos dois primeiros anos. Gina tinha a força de vontade de Olívio Wood enquanto comandava, mas se expressava de maneira incorreta e confusa muitas vezes, quando não estava gritando com prepotência – ato que irritava até mesmo Dino Thomas, que procurava ser o mais paciente possível com a namorada.
Harry, por sua vez, tinha assuntos mais importantes com que se preocupar do que o fato de o novo apanhador da Lufa-Lufa ter tanta habilidade quanto Cedrico Diggory, e procurava ignorar as repreensões da capitã ao time. Invejava, de fato, quase todos os jogadores que perdiam o sono por não mais do que uma simples partida de amadores.
Desejou, pela enésima vez, não ter sido a causa da queda de Voldemort. Desejou, pela enésima vez, que a Profecia não tivesse sido feita – nem com o nome dele, nem com o de ninguém. Desejou, pela enésima vez, não ser visto como "herói do mundo bruxo", não ter em suas costas a responsabilidade de acabar com a guerra, não sofrer com a perda das pessoas que amava.
Não queria admitir para si mesmo, mas, no fundo, era isso… ele carregava o mundo em suas costas e, devido a esse fato, qualquer pena que fosse adicionada a esse peso parecia fazê-lo cair.
A Profecia continuava pairando sobre Harry como um agouro de morte, dizendo que possuía o poder para derrotar o Lord das Trevas e, ao mesmo tempo, fazendo-o sentir-se tão descolado… tão sem propósito… tão sem futuro. Queria negar que alguma vez a tivesse ouvido, que alguma vez ela tivesse sido feita, ou até mesmo que não era a ele que se referia. Por que ele? Por mais que fosse um grifinório, poderia listar um número considerável de pessoas que eram mais corajosas do que Harry Potter.
O som do deslocamento rápido do ar perto de seu ouvido o fez notar que continuava sobrevoando o campo – e que escapara por pouco de um balaço. Uma Gina extremamente irritada – que vira o pomo de ouro pairando a um metro de Harry – voou até ele e falou com uma voz aguda, raivosa:
– Potter, faça o favor de prestar atenção ao treino, você está conseguindo atrapalhar a tudo e a todos! Só o que falta agora é você ir para a Ala Hospitalar tão próximo do jogo com a Lufa-Lufa!
– Como queira, capitã – respondeu ele, cheio de ironia, voando para longe sem dar tempo para que ela o censurasse a respeito do pomo.
Gina deu de ombros, desistindo e voando em busca da goles, que estava com Katie Bell.
A noite caíra depressa e, quando mal se podia ver a maior das três bolas, Harry parou no ar, anunciando o fim do treino. Voou diretamente para o vestiário, sem prestar atenção à resposta da capitã. Quando estava prestes a fechar a porta, querendo ficar sozinho, deparou-se com Gina à sua frente.
– Quem você pensa que é, Harry? Eu não sabia que você estava jogando para o time adversário, mas, depois do treino de hoje, acho que não resta nenhuma dúvida, não é mesmo? Por que isso? Foi porque você não conseguiu o cargo de capitão?
Ele tentou ignorá-la, saindo do vestiário sem dizer nada. Gina o seguiu e, em dois passos, estava de frente para ele.
– Eu acho que não estou sendo bem compreendida, Sr. Potter…
– Foi muito bem compreendida, Srta. Weasley, mas eu não quero ficar nesse treino e, se a senhorita se esforçasse para gritar menos e ser menos autoritária, então talvez ele tivesse sido mais proveitoso – respondeu ele.
O olhar de Gina dirigiu-se para a entrada do vestiário, de onde os outros jogadores vinham para ver o que estava acontecendo. Por uma fração de segundo, acreditou que não pudesse responder, mas, ao perceber o quão desmoralizada ficaria perante o resto do time, reuniu o último fio de paciência que lhe restava, pegou Harry pelo antebraço sem machucá-lo e se pronunciou:
– É melhor que você fique aqui.
– E quem você acha que é, Weasley, para me dar ordens?
– Caso não se lembre, eu sou a capitã, e se você quiser permanecer no time, vai fazer o que eu estou mandando.
Sentindo-se ainda mais irritado com atitude dela, Harry fez um movimento brusco e libertou o braço, enquanto Dino se aproximava.
– Se é assim, pode ir usando seus poderes de capitã para arrumar um bom apanhador antes do jogo de sábado, porque eu estou fora – ao dizer isso, Harry lançou o pomo na direção de Gina e deu-lhe as costas, andando em direção ao castelo.
Depois de muito tempo vagando sem rumo pelos corredores da escola, Hermione finalmente subiu para a torre da Grifinória. Pelo silêncio lá instaurado, já deveria ser hora do jantar. Jogou-se na primeira poltrona e sentiu o cansaço desabar sobre ela. Estava tensa e nervosa.
"Como posso confiar em você?" Essa frase ainda ecoava em sua mente, ora sendo dita por Harry, ora por ela mesma. Já desistira de tentar tirá-la da cabeça quando apertou com força as pálpebras, sem perceber que as vozes sumiam… até que acabou adormecendo.
"Eu a quero." Um flash de luz branca a cegou.
"Sonhos… morte… mande para ela!"
"Perturbe-a! Chame-a! Desperte sua curiosidade! Faça com que ela nos tema e, no fim, traga-a para mim!"
Ela ouvia alguém falar seguidamente, em várias situações. Aquela voz a congelava por dentro. De repente, a luz a atingiu e ela sentiu uma dor incrível, uma que nunca sentira antes e que, muito tempo depois, foi substituída por um longo momento de tranqüilidade.
E então, ao seu redor, só havia escuridão.
Hermione abriu os olhos e sentiu os braços dormentes. Mexeu-se um pouco e logo descobriu o porquê: deitara-se em cima dos livros. Piscou várias vezes até ter plena certeza de que estava no mundo real. Não acreditava que dormira, que simplesmente saíra do ar, sem razão alguma. Levantou-se e foi em direção às escadas que davam acesso ao dormitório feminino, seu corpo ainda dormente por causa da má posição.
Sentou-se no primeiro degrau, encostando-se na parede. Fechou os olhos por alguns instantes e logo as lembranças vieram à sua mente. Não muito claras, não lhe permitindo identificar os diálogos e, muito menos, quem os dissera, mas algo dentro dela dizia que se tratava de Voldemort, e sentiu um arrepio ao pensar nisso.
Ficou com os olhos fechados por alguns instantes, então sentiu algo passar por debaixo dos seus joelhos e, logo em seguida, sentiu novamente. Sabia do que se tratava. Era Bichento correndo atrás de alguma coisa. Abriu os olhos e viu um ratinho passando por entre as cadeiras, próximo a janela. Bichento correu até ele, que fugiu em tempo.
Segundos depois, ouviu-se um barulho na entrada da Mulher Gorda. Hermione direcionou o olhar para lá e prendeu a respiração.
– Venha cá, Perebas! Gato idiota, olha só o que você fez! Hermione, por que está sentada aí? Não está vendo que esse seu maldito gato 'tá querendo comer o Perebas? Por acaso você não o tem alimentado direito?
Hermione permaneceu imóvel… Rony estava bem a sua frente. O Rony da maneira como ela sempre se lembrara, segurando com muito zelo um rato assustado.
– Fala alguma coisa! Não percebe o que ele anda fazendo, não é? Esse seu gato maldito, olha só! – Ele olhou para o rato. – Perebas até está emagrecendo!
– Rony? – ela conseguiu perguntar, com voz rouca.
– Não, Mione, é o papai Noel! – ele disse sarcasticamente.
– Rony? – ela repetiu, sentindo as lágrimas descendo pela face.
– Ahh! Mione, é claro que sou eu, quem mais poderia ser? – Ele se abaixou, aproximando-se dela.
– Rony? – ela sussurrou, levando uma mão trêmula até o rosto dele.
– Hermione… sou eu, Neville, você está bem?
No mesmo instante, ela puxou a mão, piscando várias vezes até perceber que Neville estava a sua frente.
– Hermione, você está bem? – ele perguntou, preocupado, tentando inutilmente disfarçar a tensão. – Você está pálida.
– Sim, estou… – ela disse depois de ter organizado as idéias.
– Acho que é melhor ir até a Ala Hospitalar, você não me parece bem…
– Eu estou bem, Neville, já disse! – ela respondeu rudemente.
– Só não é o que 'tá parecendo…
Hermione não respondeu. Era melhor ficar calada a ter que recitar seus problemas.
– O que tem aí, Neville? – Hermione perguntou na tentativa de mudar o rumo da conversa.
– Comida. Trouxe para você.
– Obrigada, mas não estou com fome.
– Com ou sem apetite, Mione, você vai comer. Acha que eu não percebo que você não tem comido ultimamente? Você está emagrecendo cada vez mais, está pálida e mal tem dormido.
– Harry andou falando demais, é? – Hermione perguntou, indignada.
– Não, ele não disse nada, e nem precisava dizer… qualquer um percebe o quanto você está mal. Sabe, não precisava ter falado, você está assim por causa do Rony… Hermione, você tem de deixar isso de lado, só um pouco, seguir com a vida… – Ele se sentou ao lado da amiga, deixando a bandeja na mesa ao lado.
– Neville, não diga coisas que você não sabe…
– Sabe, tem duas maneiras de se morrer. Uma é morrendo fisicamente; a outra é se matando para a vida…
– Neville, por favor, não quero falar sobre isso.
– E é isso que você tem feito, Mione, se matado – ele insistiu, sem aceitar os protestos da amiga.
– Por favor… pára…
– Você é uma garota linda, inteligente, não…
– PÁRA! POR FAVOR, PÁRA! Eu não quero ouvir isso, eu não quero ouvir você, não quero ouvir ninguém…
Neville ficou extremamente assustado diante dos gritos da amiga.
– Você não entende, Harry não entende… ninguém entende… – Hermione falava em um tom acelerado, sentindo o seu coração pulsar rapidamente e o corpo tremer.…
– Calma, Mione. – Neville se levantou para tentar dar apoio a ela.
– NÃO! EU NÃO QUERO FICAR CALMA! O QUE EU FAÇO É SÓ ISSO FICAR CALMA! – ela passou as mãos pela bandeja, varrendo-a da mesinha.
Bichento, que estava deitado em um canto, saiu correndo pelas escadas depois de ganhar uma chuva de cacos de louça. Neville não sabia o que fazer.
– VOCÊS ACHAM QUE É ASSIM, TÃO SIMPLES! – Hermione gritou mais alto, enquanto encarava os olhos assustados do amigo. – EU SIMPLESMENTE ESQUEÇO E PRONTO, NÃO É? NÃO É?
Ela foi se afastando, as lágrimas cobrindo o seu rosto e um turbilhão de emoções explodindo em seu peito. A voz morria em seus lábios quando ela encostou-se na parede, escorregando o corpo até sentar-se no chão, a cabeça escondida entre as mãos e os joelhos junto ao peito. Hermione embalava o tórax pra frente e para trás, enquanto falava baixinho:
– Eu não esqueço… eu não esqueço…
Neville não sabia o que fazer. Foi até ela e abraçou-a carinhosamente, mas sua presença era totalmente inexistente para ela, que continuava a embalar o corpo trêmulo.
Ele estava totalmente perdido com aquela situação. Não era como se não soubesse o que Hermione estava sentindo. Ele já passara por isso muitas vezes. Sempre se sentira muito revoltado, mas com o tempo aprendera a conviver com a ausência dos pais, embora ainda doesse cada vez que os visitasse. Só que Hermione era diferente. Parecia que ela nunca sairia dessa fase, piorando cada vez mais.
– Foi tudo minha culpa, tudo… – Hermione levanta o rosto molhado, os olhos brilhando por lágrimas ainda não derramadas.
– Ah, não pense assim, Hermione! Todos nós sabemos que não foi culpa sua. Você sabe que não foi.
– Eu sei que não fui eu que provoquei o acidente, Neville, mas Rony estava lá por minha causa… Se eu estivesse por perto, eu poderia ter feito alguma coisa, ter ajudado… Nem todos morreram…
– Sim, talvez pudesse ter feito, mas não temos como saber, Mione… A sua decisão foi de ficar. Não adianta, não tem volta… naquele momento, você achou que tomara a decisão certa. É isso o que importa agora.
– Mas eu não errei só com Rony, eu errei com Harry também…
– Por que você diz isso? Só por causa da discussão de vocês no corredor, depois da aula do Snape?
Hermione levantou uma sobrancelha, interrogativa.
– Você sabe que aqui em Hogwarts nada é segredo, ainda mais um fato que envolva o "Grande Harry Potter" – ele apressou-se em explicar. – E, além disso, o pessoal do Quadribol estava reclamando, dizendo que ele estragou todo o treino. Hermione, isso também não foi culpa sua. Você apenas omitiu um fato, só isso.
– É, mas isso fez com que Harry me odiasse…
Neville revirou os olhos e falou com sinceridade:
– Mione, é mais fácil Snape sair distribuindo balinhas do que Harry odiá-la. De onde você tirou isso?
Hermione deu um meio sorriso.
– Certa vez, o Rony disse algo do gênero… Eu fico me perguntando sempre por que comigo as coisas têm sido tão complicadas, por que eu não estou conseguindo lidar com situações pelas quais todos passam um dia… Você e Harry já passaram, e eu não consigo…
– Hermione, você tem que aprender a se perdoar. Seja boa consigo mesma… para poder seguir com a sua vida.
– É, mas, olhando pelo ângulo que eu vejo, esse perdão está tão distante… – ela disse, enquanto se levantava.
Olhou para os cacos que jaziam no chão, murmurou um feitiço e tudo voltou ao normal. O Salão Comunal começou a encher com grifinórios que chegavam do jantar, mas Neville continuou do jeito que estava.
– Eu vou subir e… me desculpe por tudo.
– Você não tem pelo que se desculpar – respondeu ele com um sorriso, que foi retribuído pela amiga.
Harry entrou no Castelo e foi até o sétimo andar. Não queria se unir aos outros alunos no Salão Principal e tão pouco voltar para a torre da Grifinória. Andando de um lado para o outro, procurava isolar-se de tudo, não ouvir os outros reprimindo-o ou dando conselhos.
Uma porta se abriu à sua frente. Sim… ele deveria ter percebido onde estava. A Sala de Requerimentos. Até que não seria má idéia entrar e ficar ali o resto do dia, sem pessoas incomodando ou lançando olhares maldosos em sua direção.
Após passar pela porta, fechou-a e andou até o confortável sofá, ignorando a semi-escuridão que dominava o lugar, este iluminado apenas por alguns minguados archotes nas paredes distantes. O sofá era branco e, ao deitar-se nele, Harry permitiu que seus pensamentos vagassem para que ele, de certa forma, pudesse descansar um pouco. Estar sozinho em algum lugar era, normalmente, algo que lhe ocorria com freqüência, e ele ficava divido entre evitar essas ocasiões ou obrigá-las a acontecerem.
Normalmente, quando ficava sozinho no quarto, ouvia os colegas no Salão Comunal logo abaixo, rindo e conversando sobre os deveres, e não poderia deixar de perceber que isso o deprimia um pouco. Essa conclusão o levava a evitar ficar sozinho, procurando sempre a companhia de outrem, sempre procurando alguém para falar sobre os deveres ou qualquer outra bobagem.
O problema era que – com igual freqüência – Harry percebia que não conseguia convencer-se a se satisfazer com o "normal". Com os assuntos normais, com as relações normais. Sentia como se faltasse alguma coisa, confiança, que fosse… ou amizade… então, se isolava.
E, de repente, um suave clique foi ouvido e Harry percebeu que não teria sucesso em sua mais nova tentativa de isolamento. Às suas costas, uma voz fria sussurrou "lumus", obrigando-o a esquecer por completo os devaneios e levantar abruptamente do sofá, tirando a varinha das vestes e apontando-a para o escuro.
– Abaixe isso, garoto – grunhiu Moody, iluminado pela luz da própria varinha.
– Professor Moody? – perguntou ele, abaixando a varinha.
– É, é… já disse para não me chamar de professor. O que você está fazendo aqui?
– Eu queria ficar sozinho… – Harry murmurou, sentando-se novamente no sofá.
– Não se incomode comigo, só vim dar uma olhada na sala.
Harry ficou quieto por um instante, até que um pensamento confuso surgiu em sua mente.
– Senhor… Moody, disse que veio dar uma olhada na sala?
– Isso mesmo, Potter. Estou estudando o lugar para as novas reuniões do DA – respondeu ele, iluminando os livros que existiam em uma das muitas estantes que, agora Harry notava, cobriam as paredes.
– Reuniões do DA? Mas Dumbledore não falou nada…
– Dumbledore está cuidando de tudo. Nós monitoraremos as reuniões… Remo e Ninfadora também ajudarão.
– E como serão… esses treinamentos?
– Bem… – Moody começou, pegando alguns livros da estante e empilhando em uma mesa larga que surgira –, seria uma aula complementar à disciplina de Defesa Contra a Arte das Trevas, com mais prática que teoria.
– E Snape também estará nesses treinamentos?
Moody deu um sorriso maroto.
– Você realmente não gosta dele – o professor afirmou.
Harry ergueu uma sobrancelha, indagando a si mesmo se o professor tinha habilidades em legimência ou se ele fora tão óbvio assim.
– Não se culpe por não gostar dele, Severo não é uma pessoa que inspire à amizade.
Harry sorriu.
– Não ele não entrará no DA por enquanto, mesmo que ele seja o professor de Defesa Contra a Arte das Trevas. Lupin e eu ensinaremos os feitiços avançados e Tonks ensinará defesa pessoal, sem o uso de varinhas, o que, a meu ver, já deveria ter sido incluído nas disciplinas de Hogwarts há anos… nem sempre podemos estar com a varinha a mão quando um inimigo ataca. Se Snape entrar para o DA, será mesmo só com alguma complementação, afinal, o que ele sempre almejou em Hogwarts, ele já tem. Foram anos querendo dar aula de Defesa Contra Artes das Trevas.
– É, mas ele não poderia ter ao menos esperado que eu terminasse o curso? – Harry disse, desanimado.
Moody tinha toda razão. Snape finalmente estava ensinando a matéria que sempre quisera, depois de anos de decepções com Dumbledore por causa das recusas que o diretor dava. E agora, a confiança que depositara por tanto tempo no velho homem se fizera valer… Sempre o ouvira dizer que tudo tem seu tempo e, mesmo depois de muito tempo, Snape atingira mais um de seus objetivos; uma espécie de conquista pessoal. A assinatura de Dumbledore, demonstrando a confiança completa e incondicional que depositava no professor.
E, para a tristeza de Harry, ele precisava aturar Snape duplamente, em Poções e Defesa Contra Artes das Trevas. Era supérfluo dizer o quanto Harry sentia por Poções ser uma matéria exigida para o treinamento de Auror. Não era surpresa alguma que a atitude de Snape quanto a Harry não mudara. Os insultos, a humilhação e a tortura psicológica estavam presentes em cada aula. Mesmo que Harry encarasse os estudos com uma seriedade nunca posta em prática, o professor parecia nunca se satisfazer, exigindo cada vez mais e graduando com conceitos cada vez mais baixos os trabalhos do garoto.
Em momento algum, queixara-se a Dumbledore, só que o diretor vira – durante uma das lições de Oclumência – o tratamento que Snape lhe dispensara. Com isso, o professor fora duramente repreendido e passara a ignorar Harry sempre que possível, ainda que as notas do garoto não tivessem mudado muito.
Na verdade, Harry não tinha muita esperança de sobreviver. Talvez por Voldemort ser o maior bruxo de todos os tempos, levando anos para se tornar o que era, ou simplesmente porque sempre tivera uma ajuda todas as vezes em que encontrara com ele e não confiava em si mesmo o suficiente para derrotá-lo. Acreditava não possuir dom algum em especial, exceto a coragem para enfrentar o perigo.
O que o tornara famoso fora o fato de ter sobrevivido a uma Maldição da Morte. Isso não era, de forma alguma, mérito dele, e sim de sua mãe, que, ao morrer, liberara um contra-feitiço que vencera a Imperdoável. Harry se sentia mal por levar o mérito de algo conquistado pela mãe, que era lembrada nos livros somente como a mãe do Menino-Que-Sobreviveu e não como a real salvadora, a pessoa que fora a causa da queda do Lord das Trevas.
Moody mexeu em seu malão e tirou de lá um álbum de fotos, que colocou ao lado da pilha de livros. Ajeitava os objetos em completo silêncio, permitindo que os pensamentos de Harry voltassem para um lugar longe dali, para a discussão com Hermione.
Não conseguia admitir que tinha brigado com a melhor amiga. Doía pensar nas coisas horríveis que ela dissera, e nas coisas igualmente horríveis que ele dissera em retorno. Um pensamento louco que o consolou, pois talvez fosse melhor assim, talvez fosse melhor que a amizade deles tivesse alcançado um fim, porque isso diminuiria – e muito – as possibilidades de que ela se tornasse mais uma vítima de Voldemort.
Harry se aproximou de Alastor Moody e sentou à sua frente. O ex-auror ofereceu o álbum para que Harry olhasse enquanto puxava conversa. Era um álbum bruxo, com fotos que pareciam ser do dia-a-dia de uma família: bebês, adultos, cachorro… nada de mais. Às vezes, Moody parava de tirar as coisas do malão para explicar a Harry a história de determinada foto, o que ocasionou em alguns instantes de descontração entre os dois.
Então Harry parou diante de uma das fotos. Parecia ser como as outras – do cotidiano, com uma família reunida num grande sofá azul, duas crianças abaixadas e atrás uns quatro adultos. Um Moody mais jovem era facilmente reconhecido, mesmo estando com o rosto sem as cicatrizes que faziam parecer ser entalhado em madeira. Ao seu lado, o elemento que chamara tanto a atenção de Harry. Era uma garota, tímida, adolescente, cujos cabelos e feições eram muito parecidos com os de Hermione. Moody explicou um a um quem eram os personagens daquela foto enquanto o olhar de Harry detinha-se na moça, que retribuía com uma expressão muito triste no rosto.
– Essa moça lembra a…
– Srta. Granger – Moody completou, enquanto se abaixava para pegar mais uma pilha de livros.
– Sim – disse Harry, sem jeito. – Muito pouco, mas lembra, talvez pelos cabelos ou… – Harry parou, achando melhor não pronunciar.
–… pelo olhar melancólico – Moody mais uma vez parecia ter lido seus pensamentos, e Harry concordou com a cabeça.
– Eu também acho o olhar dela igual ao da minha irmã mais nova quando a vi no funeral dos nossos pais.
– Qual era o nome dela? – Harry perguntou, querendo continuar o assunto.
– Justine – Moody respondeu em tom suave, quase um sussurro. – Ela era uma garota maravilhosa, muito tímida, mas doce e sensível. De todos os meus irmãos, Justine é a que sinto mais falta.
– Que houve com ela? – perguntou Harry, sem jeito.
– Foi vítima de uma Maldição da Morte
– Sinto muito – Harry disse, baixando o olhar.
– É o pior efeito de uma guerra, Potter – Moody falou, ignorando a condolência recebida –, o horror que eles conseguem criar. Até mesmo o amor torna-se uma arma poderosa nas mãos dos nossos inimigos
Ao terminar de dizer, fechou o malão. Aparentemente, terminara de colocar as coisas no lugar… Depois, com as mãos nos bolsos das vestes, caminhou até a janela. Começou a observar os alunos da Lufa-Lufa que treinavam Quadribol.
Harry concordou mentalmente com o que ele dissera, o que só serviu para endossar o que ele há poucos instantes pensara com relação à amizade de Hermione. O amor fora uma arma usada tantas vezes contra si que não queria ver o futuro de mais uma pessoa ser extinto por isso.
– Você está bem, Potter? – Moody perguntou, chamando a atenção do garoto.
– Não é nada, só estava lembrando de quando cheguei a Hogwarts – mentiu ele.
Um silêncio tenso se fez entre eles e só foi quebrado com o barulho de alguém batendo à porta. Automaticamente, Moody pediu para que entrasse, e Harry abriu um sorriso ao ver Tonks e Lupin passarem pela porta da Sala de Requerimentos.
A/N da Jesse: Está aí o novo capítulo, devido à grande insistência da Jéssy... e se vocês querem mais capítulos dessa fic, é bom todo mundo comentar bonitinho, se não, não vou me prestar a continuá-la sozinha.
Ligia Maria Araki: lê mesmo os capítulos antes? Hum...
S.S: eu (Jesse) também nunca gostei desse personagem, ele é tosco demais pro meu gosto... fazer o que...
LuSp: acho que deve ter mais dor e sofrimento pela frente... quem sabe... (Jesse que não tem idéia de onde o plano da fic se escondeu)
Angela Miguel: McG, safadinha? Eu, hein... só porque ela gosta do tio Dumbly...
Lumack: quanto à betagem... pois é, né, dona Lori? Só tu mesmo pra perder tempo lendo fic podre em vez de betar... se ao menos fosse algo importante -.-
Lyly: obrigada! Espero que continue lendo!
The: você é uma que eu duvido que continue lendo, mas todo caso...
Dani Potter: quem sabe um dia a briga se resolva... um dia... quem sabe...
Karen: eu (Jesse) também quase chorei quando escrevi aquelas coisas... absurdo eu ficando com pena do Rony, uh? Mas fazer o que... e tadinho do Snape... o Dumbly deu autorização pra ele, lembra?
A Evans B Potter: espero que você tenha lido mais…
Adri Potter: não pretendemos matar o Harry... eu acho... mas eu gosto quando ele morre no final, fala sério... a JK nunca fará isso, ela é certinha demais para ter um final "surpreendente" onde ele morra... fazer o quê... e o Snape é o Snape (e ele é um amor XDDD)... aqui não dá para postar o end do blog, mas vai no nosso profile pelo link que tem no nome (Gala e Jesse) lá em cima, antes do início do capítulo, do lado dos títulos...
Aya: rsrsrsrs o dementador entregue via Sedex? Hum... só se for entregue pro Osama mesmo... (Jesse que tem de controlar essas loucuras da Gala). Espero que tenha gostado do novo capítulo, mana.
Lari: vai no nosso profile... coloca o end do site lá em cima e, do lado, til (aquele "acento) e galaejesse, tudo junto ao til.
Luiz Felipe: como? acabando... que cena do devaneio da Mione? A que está nesse capítulo?
Oficial-Ricardo: hey, guri sumido da H/Hr... demoramos, uh? rs acontece...
Srta. Kinomoto: que bom que está gostando, continue lendo!
Nathoca Malfoy: não é da dor que saem os mais profundos sentimentos ('tá, não lembro qual é a frase, mas essa aí ficou podre, eu sei). Daremos um jeito, não se preocupe... e essa é uma história Angst... deve ser triste...
Annette Fowl: se para de escrever na melhor parte para ser lembrado como alguém que sempre escreveu bem, não como alguém que escreveu bem e decaiu...
