Título: Mahabarata

Sumário: Acabaram as Guerras Santas e, ainda assim, o mundo vai de mal a pior. Para quem acreditava ser a salvação, isto é, no mínimo, confuso. Ainda atormentando o Cavaleiro de Virgem, crises insones, e supostos delírios. E por aí vai!

Observação: Não, eu não criei Saint Seiya, e o tio Kurumada não deu de bandeja pra mim o seu sustento. Mas, fazer o que, cismei de escrever!

Pequenos fatos a serem esclarecidos: "Mahabarata" significa "Grande Guerra", uma epopéia da mitologia hindu. Pesquisei um pouco sobre ela, principalmente após constatar que é mais lógico o Shaka ser hindu que budista - já que o budismo quase não existe na Índia e, de qualquer forma, Buda faz parte da mitologia hindu. Seja como for, não me matem!!

Mais uma coisa! Eu escolhi as cores dos cabelos a bel-prazer. Na maior parte, mantive as cores do anime, mas deixei Camus e Milo como ruivo e loiro, feito no mangá. Por quê? Porque adoro franceses, e adoro ruivos. XD

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Shaka me preocupa.

Não que eu ache que seja necessário - de todos nós, acho que ele é quem sabe se cuidar melhor. Ainda assim, é incômodo perceber as alterações no cosmo que emana da sexta casa e não fazer nada.

Desde que vim tomar meu lugar nas doze casas, comparo a energia do Cavaleiro de Virgem a uma cúpula de cristal: uma presença nobre, e ainda assim discreta, envolvendo os templos, todo o Santuário e desdobrando-se até sabe-se lá onde. Um poder brando e onipresente, capaz de transmitir uma paz reconfortante, em sua eterna vigília.

Agora, as coisas estão mudando. Por várias vezes o cosmo de Shaka torna-se agressivo e, no instante seguinte, some. Expansão e contração. Espasmos. Tudo dura pouco mais de milésimos de segundo, mas isso já é tempo mais que suficiente para um Cavaleiro de Ouro que ainda não encontrou o que fazer em seu tempo ocioso - confesso que, de certa forma, invejo Afrodite e suas rosas. Ainda penso seriamente em voltar pra casa.

Imagino que, caso Shaka tivesse algum controle sobre essa situação, esses distúrbios já teriam cessado. O que me leva a crer que, por mais improvável que possa parecer, ele precisa de ajuda.

Com certeza eu não vou ficar aqui sem fazer nada. Ainda assim, não vai adiantar de nada falar diretamente com ele - não duvido nada que ele me mande para um dos Sete Infernos antes de admitir que há algo errado. Sem dúvida vou precisar de alguma ajuda.

Como uma criança ou um sábio, vou buscar o que preciso numa figura mais velha que já pôde ter mais lições nesta vida que eu - por mais amargo que isso tenha sido.

Escadas e mais escadas. Não cansam minhas pernas, mas até mesmo a minha paciência tem limites. Além do que, não me agrada muito ter de invadir onze templos - alguns em especial, como o sexto e o décimo. Enfim, atravesso as escadarias o mais depressa que posso num andar calmo.

O grande salão do Mestre. Atualmente, mais parece um espaço de reclusão; nem de longe faz lembrar a luxúria de tempos passados. E ele ali, como um fantasma envolto por essa aura de pesar e melancolia: o Mestre. Por bem ou por mal, ele parece mais apto que qualquer outro para o cargo - e o fardo.

- Mestre - reverência, protocolo. - Eu, Mu de Áries, me apresento a respeito d--

- Preocupado com o Shaka? É, eu também.

É impressionante como a voz dele, mesmo sufocada pela máscara, soa tão clara e com tanto vigor.

- Imaginei que também perceberia, Mu. Acredita que mais al--

- Não senhor. Sem dúvida Shaka sabe camuflar o problema muito bem. Talvez, quem sabe...

-... O Cavaleiro de Gêmeos? - Não me surpreendeu que ele esboçasse um riso sem ânimo. - Duvido.

Acompanho com os olhos o movimento lento de seu corpo, enquanto ele meneia a cabeça. Para alguém acostumado ao isolamento, figuras de tamanha complexidade são fascinantes.

- Tanto melhor - e ele prossegue, no tom imperioso e penosamente arrastado. - Alarde só pode piorar as coisas.

-... Ainda há o Shura.

- Eu sei.

- E, bem... Não se pode esquecer o Milo.

- Milo? - Se eu não conhecesse fina ironia, aprenderia no tom de voz dele o significado disso. Apesar disso, havia ainda um certo pesar. Certamente ele sabe bem que a atitude do Cavaleiro de Escorpião é só uma expressão extrema do clima de desaprovação e desconfiança que paira por aqui. - Não, não. Ele ainda está tentando me ameaçar. Quando tentar me matar, aí sim será um problema. Para ele.

O silêncio cai com um peso incômodo sobre os ombros dele; posso sentir isso até mesmo encarando a inexpressiva máscara que esconde seu rosto. Se decifrar tipos humanos já não é meu forte, esse à minha frente é um dos maiores enigmas que pude enfrentar. Talvez comparável a uma fera enjaulada: uma força decadente, que cativa e ameaça.

Ainda não consigo gostar dele. Mas não contesto sua competência.

Melhor voltar a pensar no Shaka. Ou talvez o melhor seja justamente o contrário - quem sabe não é paz aquilo que ele precisa. Não sei. Mas o Mestre precisa que eu quebre o silêncio logo, antes que ele sufoque.

- É possível, Mestre, que o mais adequado seja dar tempo a ele. Afinal, talvez não passe de um problema pes--

- Não. - E eis que a fera se manifesta. - Segredos já causaram tragédia demais neste Santuário. Problemas pessoais não existem aqui - não enquanto quem estiver no comando for eu.

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Demorou, mas o quinto capítulo saiu! Depois de 6 horas de viagem, pude passar uns bons dias na 6a Casa, em adorável companhia! XD

Tá um pouco curtinho, eu sei, mas é que o sexto e o sétimo já tão encaminhados! E espero fazer logo...

Sobre o capítulo: tá, juro que penso no Mu como uma espécie de "cientista social". Digo, por ter vivido um bom tempo isolado - Kiki não conta - ele sente uma espécie de "fascínio" pelos tipos humanos. E costuma pensar bastante, claro. Ao contrário do Milo, no entanto, ele tem controle de suas cadeias de pensamentos e consegue conduzir a situação.

O Mestre, por sua vez (alguém já sabe quem é?? XD), é um "adversário em potencial" pra inteligência do ariano. E por aí vai.

Logo logo, mais Shaka-sama!!

(... E, falando em "Shaka-sama"... eu quero voltar pra tua casa, mo!! T.T')