Título: Mahabarata

Sumário: Acabaram as Guerras Santas e, ainda assim, o mundo vai de mal a pior. Para quem acreditava ser a salvação, isto é, no mínimo, confuso. Ainda atormentando o Cavaleiro de Virgem, crises insones, e supostos delírios. E por aí vai!

Observação: Não, eu não criei Saint Seiya, e o tio Kurumada não deu de bandeja pra mim o seu sustento. Mas, fazer o que, cismei de escrever!

Pequenos fatos a serem esclarecidos: "Mahabarata" significa "Grande Guerra", uma epopéia da mitologia hindu. Pesquisei um pouco sobre ela, principalmente após constatar que é mais lógico o Shaka ser hindu que budista - já que o budismo quase não existe na Índia e, de qualquer forma, Buda faz parte da mitologia hindu. De qualquer forma, por favor, não me matem!!

Mais uma coisa! Eu escolhi as cores dos cabelos a bel-prazer. Na maior parte, mantive as cores do anime, mas deixei Camus e Milo como ruivo e loiro, feito no mangá. Por quê? Porque adoro franceses, e adoro ruivos. XD

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Mu passa. E passa o tempo, e Mu volta. Mais uns minutos, Shaka vem.

Reclamo não! Esse lugar tem sido cada vez mais parecido com um cemitério, um pouco de movimentação faz bem. Até que aqueles fedelhos de armaduras que protegem sei lá o que fazem falta... Hah! Não entendo esse povo. Qualquer um que for fuçar num guia turístico da Grécia vai encontrar um prato cheio, com relíquias históricas, vilas bonitinhas, cidades bacanas, tempo bom, comida boa, praias boas... e não é mentira não! Lugar bacana esse aqui, pra se viver. Parece bom negócio fazer a vida, montar família e ficar velhinho por aqui. Mas esses sujeitos aqui não. Bando de marmanjos imprestáveis, ninguém sai pra dar uma volta, pra tomar um ar. Tive que descobrir por conta própria como andar nessas bandas, o que me rendeu algumas boas horas de caminhada. E a sorte de achar uma vendinha nem tão tão distante com um café de primeira! Deu pra retomar costume mais que religioso de casa: acordar cedo e encher o ar desse cheiro forte - que, imagino eu, acaba acordando mais gente por aqui.

Alguém aparece pra tomar dois dedinhos de café e bater mais dois de prosa? Hah! Não, isso não acontece aqui. E eu bem que tentei fazer o café mais forte, ou mais fraco, pra ver se atraía alguém... No fim das contas, quem tem que sair por aí atrás de conversa sou eu. Fazer o quê?

No meu caso, voltar a escrever é melhor. Cartas e mais cartas pra casa, graças às providências que a menina Athena tomou. É estranho retomar contato com a família depois de tanto tempo, mas é sempre bom ter notícias de casa. Irmã casada, primo empregado, um tio ou outro cujas coronárias explodiram... e a vida segue perfeitamente seu curso. Com o sagrado café de toda manhã, claro.

E Shaka passa de novo. Eu bem que tento puxar algum assunto, mas cadê que adianta?

Ele anda estranho. Todo mundo anda estranho! Alguém fala sobre? De jeito nenhum.
Bem, tá certo. Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. E, guardadas as devidas proporções, a montanha aqui vai engavetar os rascunhos de carta e procurar se informar.

Agora... onde?

Definitivamente não o Mu. Gente finíssima, mas muito na dele, muito quieto... o que me faz suspeitar que mineiros e tibetanos têm alguma relação. E o dia dele já tá tão movimentado - foi lá em cima, voltou, recebeu o Shaka - que é capaz de ele estar exausto! Afinal de contas, ele já teve uma dose de atividade social maior que alguns por aí têm há meses.
Que nem o maluco da casa de cima. Não que ele seja realmente maluco, mas... ah, não vou parar por ali não. Sei lá, ele não me parece o tipo mais saudável pra se manter um diálogo.

Tá certo que a opção seguinte não é exatamente a melhor. De qualquer jeito, subir até a casa de Câncer já é o bastante - pra que tantas escadas? Só de olhar já cansa...

- Ô de casa? - E bato palmas, pra chamar a atenção na entrada. Pela altura (e sim, eu me orgulho de saber bater palmas bem alto e assoviar bem!), imagino que tenha resultado.

- Eee, cazzo! Não se pode nem mais fazer a barba?

Esse sujeito é ou não é uma figura? Hah!

- Anda, farabutto! Parla! Que foi? Quer passagem? Passa!

- Tem espuma de barbear em metade da tua cara, Máscara. - Constatar o óbvio pode ser divertido às vezes.

- Eu sei que tem. E o jantar tá no forno. Quer dizer logo o que você quer? - E ele cruza os braços, fechando aquela carranca de chefe da máfia. Figuraça!

- Tá fazendo o que pra janta?

- Dio Santo... risoto de frango. Por quê?

- Ué... Num é macarronada não? Ou, sei lá, pizza?

- E por que diabos haveria de ser?

- Ah, coisa de italiano é massa!

- CASPITA!! E por acaso na tua terra só se come banana?? Ma che cosa!

... E aí ele desanda a falar em italiano. Essa é uma das coisas divertidas do Máscara e do resto do povo daqui. Todo mundo veio muito cedo pra cá e já foi tempo mais que suficiente pra expressão "você tá falando grego" perder completamente a graça. Mas a gente sempre carrega um pouco da terrinha junto. Conseqüentemente, quem tem algo em comum se entende mais fácil. Deve ser por isso que eu me sinto mais confortável com o Máscara, o Shura e o Camus - ou seja, o pessoal de língua latina daqui. Por mais caótico que isso soe.
Uma coisa curiosa que a gente costuma fazer, por exemplo, é misturar palavras "de casa" com o grego. Cada um ao seu modo, no entanto. Eu, quando me distraio; o Camus, quando quer fazer pose de superior; o Shura, quando se empolga. E o Máscara, quando tá de mau humor.
O que significa que a gente ouve italiano o tempo todo, por aqui.

-... Ô Máscara...

- CAZZO! MA PERCHÈ, DIO M-- Que foi??

- Tu ainda tá com espuma de barbear em metade das fuças. Não é bom ir lavar isso não?

Ele nem se dá ao trabalho de falar nada; sai batendo pé pelos corredores. Deve ter ido atrás do banheiro. Com gente estourada assim é só ter a mão certa pra lidar. Simplesmente não dar trela! Hah! Meio que nem aquela história que o Mu já veio falar, de canalizar a força do outro... Acho que é mais ou menos assim que a coisa funciona na prática.

Opa.

Assovio pra ver se chamo a atenção do Máscara. Ele xinga qualquer coisa lá dentro - deve ter se cortado.

- QUE FOOOI??

-... Aí... Acho que o teu risoto tá queimando... - Sabe como é, não sei se italiano tosta bem a comida. Às vezes, né?

Acho que não era pra tostar não. Ele vem correndo, respingando água pra todo lado. E um significativo corte no queixo. Passa direto por mim e vai pra cozinha. Pela fumaça que tá vindo de lá agora, ele abriu o forno e boa coisa não encontrou.

-... Tá tudo bem, Máscara? - Recolhido no meu banquinho, eu me preocupo.

- Minha janta. Queimada. Ah. - Ele quase se arrasta, puxando um banco pra perto do meu. Dá até dó da situação do sujeito.

- Olha, qualquer coisa eu tenho um tanto de arroz e carne-de-sol pra requentar lá em casa...

- Não precisa, perdi a fome. Faço um macarrão instantâneo mais tarde, se precisar...

- Ah! Massa! Agora sim!
-... Calaboca, Aldebaran. - E não sou eu que vou contrariar o "Al Capone"! - Agora, parla: que que você veio fazer qui?

- Eu? - O que que eu vim... - Ah! É nada demais não! Só ando estranhando o que tá acontecendo com o povo aí pra cima e, como a tua casa tá mais perto, pensei que talvez você soubesse de algo....

- Ou seja, você tá achando que eu tenho cara de paparazzi. Tô sabendo de nada não, pro teu governo... E quem tá de viadagem dessa vez, hein? - Ele vem com aquela levantada de queixo e aquele olhar inquisitivo, braços cruzados de novo. Só de marra, mesmo.

- Não é viadagem, ô carcamano! O negócio parece sério, pelo menos. Com o Shura, deve ter sido a coisa do atentado lá... E nem me olha com essa cara, todo mundo ficou sabendo! E, sei lá... Acho que aconteceu algo com o Aiolia também. Não vejo mais ele descer pra arena!

-... Putaquepariu.

... Saiu pisando como se quisesse quebrar o chão debaixo dos pés. Eu acompanho, né, fazer o quê? Ainda no meio da escadaria que leva até Leão eu ouço o Máscara gritando (pra variar um pouco) uma série de xingamentos que nem consigo imaginar o que significam. Ainda bem, porque o troço parece pesado mesmo. Alcanço a porta bem a tempo de ver a reação do Aiolia: definitivamente ele não tá feliz. E olha que acho que ele não entendeu nenhuma palavra também.

- Máscara da Morte, olha aqui... - Um marrento ainda ia. Agora dois já é demais pra mim. - Que você é um perturbado mental eu já sei há tempos, mas se você quer vir até a MINHA CASA pra me ofender gratuitamente, você vai ter que engol--

O Máscara nem deixa ele terminar. Pega ele pelo pulso e sai arrastando. E eu sigo, né?
Um praguejando, o outro protestando... E por que que isso aqui não é plano, meu Deus?
E chegamos à casa de Capricórnio (não sem antes passar direto por um Milo estupefato com essa feira toda).

- Máscara da Morte, quer fazer o favor de me explicar que diab--

- Calaboca, Aiolia. Calaboca! - E, assim como eu, o Aiolia percebe que é melhor não contrariar. - SHURA!! - O Máscara começa a gritar, batendo com a mão espalmada numa pilastra. Depois de quase um minuto, um Shura mal cuidado e abatido nos recebe, entendendo ainda menos o que que tá acontecendo.

-... Máscara, que escarcéu é es--

O Shura não consegue nem completar a fala. Não com o soco que o Máscara acerta bem no meio da cara dele - bifa muito bem dada, por sinal, daquelas que deixam o sujeito no chão. Deve ter doído. E no orgulho mesmo.

-... Aaah, hijo de una puta, yo... Ah! - Shura levanta e tenta responder à ofensiva do Máscara. Nem de longe consegue. O Aiolia me olha como quem pergunta que diabos eu tô fazendo parado, mas eu só dou de ombros e, com um gesto, aconselho ele a esperar.

A coisa toda dura muito pouco. Shura investe, Máscara bloqueia e, com um movimento de torção dos mais simples, imobiliza o farrapo que resta do Cavaleiro de Capricórnio.

- Agora você vai ficar quieto e me ouvir. TÁ ESCUTANDO?? - Não tem como não ficar quieto e ouvir. O Máscara sempre pareceu um maluco ignorável, daqueles com mania de Napoleão. Cão que ladra e não morde, coisa assim. Mas não é preciso ser muito esperto pra imaginar que tinha que haver algo respeitável no meio daquela insanidade toda. Acho que o Shura encontrou. E ele e o Aiolia e eu, ninguém consegue fazer nada além de ouvir o que o canceriano tem a dizer. A primeira coisa que ele faz é lançar o espanhol em cima de nós. Eu, pelo menos, faço a gentileza de apará-lo.

- Melhor assim, não preciso gritar pra todo lado... - Os olhos dele chegam a faiscar. E, engraçado, ele nem tá gritando. Impressiona mais assim, por sinal. - Tá entocado aqui por que, hm? Que palhaçada é essa de ficar chorando feito uma mocinha por nada??

- Espera um pouco Máscara, se você vier me dizer qu--

- Que não é nada?? Mas NÃO É NADA! Você tá triste por que não pode salvar o mundo todo dia?? Por que não conseguiu impedir que alguém morra?? Melhor aprender que essa é a ordem das coisas, Shura. Todo mundo morre. O mais fraco pela mão do mais forte, mas nem ele vai viver além do fim. E, de qualquer jeito, dane-se! Esse não é o teu problema!

- Ah, e suponho que você saiba qual é. Pois bem, vá em frente! - Dois passos à frente. Quase dá pra ver faíscas voando no pouco espaço que os separa.

- Você não tem uma vida. E tem PENA de si mesmo. Essa coisa toda é só uma desculpa pra enfiar o rabinho entre as pernas e chorar! Tá esperando o quê? Que todo mundo venha aqui te consolar ou comece a chorar junto??

- E o que você entende de problemas? O que que você entende de gente, máquina de matar?? Por acaso você sabe fazer alguma coisa além de rir feito um lunático e mandar quem aparece na tua frente prum buraco??

Silêncio. Vai dando um desespero até alguém falar - o que não signifique eu eu vá deixar esse leonino metido a besta interferir, como ele não cansa de tentar. Eu espero sinceramente que o Máscara ainda tenha algo a dizer; do contrário, capaz de nós irmos parar no quinto dos infernos.

E ele ri.

Não daquele jeito maluco, mas ele tá rindo.

- "Máscara da Morte". Já parou pra tentar entender, Shura?

-... Ahn?

- É isso que eu deveria ser. Pra isso que eu fui treinado: ser tão letal que a minha imagem seria a própria imagem da Morte. O mais forte, Shura, o mais forte. Eu fui criado pra ser uma máquina de matar sim. Sem piedade. Como eles nunca tiveram piedade de nenhum de nós.

-...

- Eles nos arrancaram de casa. Eles fizeram mães chorarem. E eles mataram um menino italiano, há quase vinte anos. O que sobrou é isso aqui, Shura: uma máscara. Olhe bem na cara da morte e sorria. Você ainda tem uma família pra tomar conta, imbecil. Não é todo mundo que tem essa sorte.

Logicamente, ninguém consegue nem se mexer. O Máscara parece o único ser animado aqui, movendo-se entre estátuas de cera. Os olhos dele partem pra cima do Aiolia, então. Dá pra sentir os ombros do moleque ficarem mais tensos.

-... E toma vergonha na cara senão te dou um cacete, capisci? - Isso me faz crer que ele realmente tem algo de mafioso.

Bem que o Aiolia pensou em responder (definitivamente não da maneira mais ortodoxa), mas eu ainda consigo manter o bom senso aqui.

-... Tinha falado em "carne-de-sol", Aldebaran?

- É, é! - Eu digo que esse sujeito é uma figura! Hah!

- Deve cair melhor que miojo. Acho que eu vou pegar sim. Andiamo! E vem com a gente ou fica aí, bola de pêlo?

-... Eu vou indo. - Aparentemente, Aiolia aprendeu direitinho a respirar devagar pra se acalmar. - E você, Shura? Vai ficar numa boa?

- De jeito nenhum. Não tem comida aqui. Tão pensando o que, me dão esporro e vão embora?? Nada disso, vão ter que me aturar agora...

-... Todo mundo lá pra casa?

- Alguma objeção, Deba? - Nisso Shura já ia se adiantando. E o melhor: mais um pouquinho e ele até sorri!

- Nenhuma. Nenhuma mesmo!

É como eu costumo dizer, no fim das contas tudo se acerta. Mesmo que não seja exatamente no fim. Ah, deu pra entender! Já vi que vou demorar mais um tanto a terminar as cartas pra casa.

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Aaah, por Odin, como eu demorei!!

Desculpa mesmo, gente! Minha inspiração parece que foi tirar férias no Triângulo das Bermudas e perdeu-se por lá... Ou eu esqueci lá pelas bandas da sexta casa, não sei! XD Anyways, tá aqui o capítulo levado pelo Deba (apesar da grande estrela da vez, na minha opinião, ser o Máscara...)

Acho que tava na hora de começar a melhorar as coisas por um lado, já que o tempo vai fechar de outro... (O-ho-ho-ho!! Como eu sou cruel! u.') E... e... Bem, espero que vocês não tenham desistido de Mahabarata e ainda estejam por aí!

Outra coisa: Mahabarata tá chique, ganhou pôster promocional! XD Desenho by Prudence-chan, vocês encontram no meu blog - cujo endereço tá no profile! Deus, como eu fiquei toda boba!!

Agradecimentos gerais: à Maluca e ao meu Shaka-sama (que cortou as longas madeixas loiras), minhas fontes de italiano! E, claro, a todo mundo que veio deixando reviews. Ah, adoro vcs! :D

... E quem acertar de quem é o próximo capítulo ganha um doce! XD

Aê povo, diz aí: quem é o Mestre??? XD O bolão segue por mais 2 capítulos! XD