CAPÍTULO 04 - Até daqui a pouco. Até nunca mais.

"ACORDA, HERMIONE!"

A voz masculina a fez pular da cama.

"Mas que droga...", disse aflita ainda sem entender nada. Foi então que viu um moreno alto, lançando-lhe um irreconhecível olhar reprovador por debaixo das lentes de seus óculos de aros redondos.

"Harry... o que aconteceu?".

"Você viu que horas são?".

Hermione puxou o despertador para perto de si. Nove horas.

"Ai meu Deus, Harry... o jogo de Rony!".

"Pois é, acabou!", ele respondeu ainda muito bravo. "Droga Hermione, como é que você foi esquecer do jogo?".

"Não... eu não me esqueci Harry. Eu cheguei em casa mais cedo e... MAS QUE DROGA, ONDE FORAM PARAR OS MEUS SAPATOS?", ela se apressava em se arrumar. "...eu só estava descansando, mas eu ia no jogo... eu juro Harry!".

"Não é para mim que você tem que se justificar", Harry estava sentado em cima da cama enquanto Hermione tirava a cara de sono e tentava domar os cabelos ainda mais rebeldes do que o de costume, se isso fosse possível.

"Ele está muito bravo?", ela parou por um momento.

"Não, ele não sabe que você não está lá! O jogo acabou de terminar. Se você se apressar, ele pode nem desconfiar. VAMOS LOGO".

Ainda terminando de ajeitar os cabelos, Harry e Hermione aparataram.

Um tumulto era visível no campo de quadribol. Jogadores, amigos e repórteres se misturavam na comemoração pela vitória. No meio da multidão, Hermione avistou uma figura mais vermelha do que o costume, que mixava as cores do cabelo, do rosto envergonhado por estar chamando tanta atenção, e as vestes da mesma cor.

Quando percebeu a aproximação das duas figuras conhecidas, Rony tentou se desvencilhar das atenções que lhe eram reservadas por ter conseguido o contrato com o time. Ele conseguiria a vaga se vencessem o jogo. E eles venceram.

"Ahhhh... isso foi incrível!", Rony gritou correndo em direção de Hermione e Harry.

"Você é quem foi incrível Rony", Harry respondeu aos sorrisos.

"Eu fui mesmo, não é?", se vangloriou ficando ainda mais vermelho. "Você viu Mione? Viu quando eu quase marquei um gol do outro lado do campo".

Hermione tentava disfarçar aos sorrisos.

"Foi... incrível Rony!".

Rony estranhou o fato de Hermione não conseguir olhar em seus olhos.

"Mione?".

"Sim Rony?".

"O que você tem?".

"Não é nada... estou feliz por você?"

Rony olhou de Hermione para Harry. O amigo também tentava disfarçar o nervosismo.

"Você não viu, não foi?".

"C-claro que sim Rony! Você estava brilhante!".

"Hermione... de quanto nós ganhamos?".

"Ahn?", Hermione procurou ajuda em Harry, fazendo o máximo para não demonstrar sua aflição.

"Você não viu! Você não estava aqui não é mesmo?", Rony perguntou decepcionado.

Hermione abaixou a cabeça mordendo os lábios de nervoso. Não ousou olhá-lo. Não queria enfrentar novamente sua cara de decepção. Era só isso que ela via de Rony nos últimos dias. E era tudo sua culpa. Por mais que não quisesse, era sua culpa.

"Me desculpe Rony...".

"Eu já devia saber...", disse dando as costas.

Harry ameaçou seguí-lo, mas Rony pediu para que o deixassem sozinho. Os dois ficaram a observar Rony se afastar, cabisbaixo, sem demonstrar nenhuma raiva.

Sem se agüentar mais, Hermione correu atrás dele, tentando alcançá-lo.

"Rony, espera!".

O rapaz fingiu não ouvir e apertou o passo.

"RONY!".

Ele já estava próximo à rua quando foi alcançá-lo.

"Rony..."

"Não precisa se explicar Hermione!".

"Preciso sim... eu sinto tanto...".

"Não sente, não!", ele disse ainda caminhando.

"Claro que sim... Rony... me escuta". Ela o seguia

A rua ainda estava relativamente vazia. A maioria ainda não havia saído do campo.

"Não dá mais Hermione", Rony então parou.

"O que você está me dizendo Ronald?".

"Eu não agüento mais uma relação que só eu participe Hermione. Eu dou tudo de mim para você e o que eu recebo? Nada! Se ao menos houvesse um só dia em que nada mais importasse a não ser nós".

"Eu sei... eu prometo que não vou mais decepcioná-lo".

"NÃO!", Rony aumentou a voz. "Será que você não me entende Hermione? Você merece alguém melhor que eu. Alguém tão profissional, tão importante quanto você. Eu não sou nada, não sou ninguém. Isso só atrapalha".

"Não fale besteiras. Você é alguém... você é tudo para mim. Eu admiro você, a forma como você encara a vida. Eu te respeito e mais ainda, eu te idolatro".

"Eu não preciso de alguém que me idolatre Hermione. Eu preciso de alguém que me ame!".

"Não seja idiota Ronald. Eu te amo".

As lágrimas que desde o início da tarde Hermione lutava em esconder, rolaram de uma só vez. Rápidas e em abundância.

Pela primeira vez, Rony não se sentiu culpado pelas suas lágrimas. Ele não iria voltar atrás em sua decisão. Definitivamente, era o fim de tudo. De tantos anos, e um grande amor. Mas que adianta um grande amor, se só ele o curtia? Não era assim que ele queria amar. Então iria procurar um outro amor. Com certeza jamais seria tão intenso, talvez sequer deixasse de amar Hermione durante toda a vida, mas pelo menos seria amado também. E ele precisava sentir-se amado.

Deixou Hermione em companhia de suas lágrimas e voltou a caminhar. As mãos nos bolsos. O vento gelado batia no rosto descoberto.

De longe, Hermione ainda o observava.

Um vulto chamou a atenção de Rony. A escuridão o impedia de ver o que era. Estava tudo escuro. Era tudo preto.

De longe, privilegiada pela luz, Hermione viu uma figura aproximar-se por trás de Rony. Encapuzado. Hermione arregalou os olhos.

"RONYYY CUIDADO!".

Antes que pudesse descobrir o porque, Rony foi derrubado com um jato de luz verde saído da varinha do desconhecido. Segundos depois já não havia mais ninguém ali. Somente Rony, caído no chão.

"NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO!", Hermione gritou chamando a atenção dos poucos que estavam na rua. Ela correu até o rapaz. "Não, Rony! Por favor, não!"

Ginny corria pelos corredores do St Mungus desesperada. Demorou até que encontrasse Harry e Hermione.

"Rony...?", ela perguntou chorando. Ninguém respondeu. Os três choravam descontroladamente.

"Mione... você está bem?".

Harry não obteve resposta. Mais adiante, Ginny se consolava junto da sua família. O terceiro Weasley se fora.

"Harry... como foi possível? Eu vi... era um Comensal".

"Estamos investigando Mione. Ainda existem alguns focos de Comensais leais à Voldemort. Eles ficam colocando medo. Ainda têm esperanças de que o Lord possa voltar mais uma vez. é uma questão de tempo para que possamos pegá-los e jogá-los em Azkaban".

" Ah, Rony...".

Lágrimas. Muitas lágrimas. Em abundância. Quentes, desesperadas, inconformadas. Era o fim. Fim de um amor, de um sonho, de planos que ainda não haviam sido concretizados, de um futuro que já não seria mais possível. Fim da vida de Rony e, de certa forma, da sua também.

(...)

Em seu apartamento, Hermione terminava de guardar as últimas coisas. Não mais viveria naquele lugar, com tantas lembranças. Ainda sentia o cheiro de Rony ali dentro. Não conseguia parar de chorar desde que vira Rony ser assassinado. Sabia que fora ela a última coisa que vira antes de fechar seus olhos para sempre. Ele não estaria mais ali para ela. Perdeu Rony para sempre.

Bichento se esfregava em seus pés demonstrando seus pêsames. Hermione o pegou no colo e deitou-se na cama. Ela ainda estava desfeita desde aquela manhã. Hermione puxou o travesseiro de Rony para perto dela, abafando as lágrimas nele. Não demorou muito para que as horas de choro a vencessem e o sono a dominasse. E dormiu.

N/A: Aqui vai um apelo de uma pobre escritora de fanfics que não sabe o que será dela ou da própria fanfic depois deste capítulo. Por favor, não me xinguem, não me amaldiçoem. Sem ataques terroristas ou reviews bombas! hehehe.

Oh. foi tão triste escrever essa parte. Eu mesma, quando reli pensei: Se ferrou, Hermione. Mas, acalmem-se, quinta feira tem capítulo novo e agora a fic começa a se encaminhar para o seu final. Sim, eu disse, são apenas 7 capítulos!

Não esqueçam das reviews. Não me abandonem!