Na casa do subúrbio londrino, as buscas já tinham começado. Ray e Tyson procuraram na rua e Kenny ligava para os possíveis lugares aonde o companheiro poderia ter ido, além de hospitais.
" O que que deu no Max? " Tyson falava ao entrar na casa, seguido pelo chinês " Cara, já é de noite e ele ainda não apareceu! "
Pararam ao lado de Chef, que estava ao telefone.
" ... ele está com uma blusa preta de lã e calça jeans cinza... Tá bem. "
" E aí, Chef? " o japonezinho perguntou, impaciente.
" Vão verificar se alguém com as características do Max deu entrada no hospital. " explicou, separando seu rosto do fone, e voltou a falar ao aparelho " Sim? Ah! Tá, claro. Obrigado. "
Desligou o telefone, a cara contorcendo-se numa expressão de espanto.
" E então? Alguma notícia? " Ray perguntou, curioso.
" Parece que sim. Um garoto parecido com ele foi levado à U.T.I., hoje a tarde, do hospital Sta. Claire. "
" U.T.I.? " Tyson gritou " Mas por que ele tá na U.T.I.? "
" Tyson, não é certeza de que é ele, além do mais, essa informações só se dão a parentes. "
" Bem, então temos que ir ao hospital ver se é o Max ou não. " Ray deduziu.
" Sim, mas alguém tem que ficar aqui, porque esse garoto pode não ser o Max e, se ele voltar, é melhor que não fique sozinho, ele pode estar mal. " Kenny ponderou.
" Tá. Mas quem? Eu quero ir. " Tyson manifestou-se.
" Eu acho que o Kai poderia ficar. "
" Concordo com o Ray, afinal o ele nem nos ajudou a procurá-lo. " julgou o ruivinho.
" Eu vou avisá-lo. " dizendo isso, Ray retirou-se.
Foi ao quarto do colega e, batendo na porta, esperou que ela fosse aberta. Entretanto, como ninguém respondeu, falou dali mesmo.
" Kai, você está aí? " colou o ouvido à porta, tentando ouvir algum ruído e, como o ouviu, continuou " Olha, nós vamos ao hospital Sta. Claire pra ver se o garoto que tá lá é o Max. Você pode ficar, caso ele apareça? "
A resposta demorou, mas veio:
" Sim, podem ir. "
O menino foi encontrar-se com os outros na frente da casa. Esperaram pelo táxi que pediram e, assim que este chegou, foram direto para o recinto.
Kai estava em pé, em frente à janela, vendo a noite escura. Estava com medo, sentia-se arrependido por ter falado aquelas coisas ao loirinho. Quando Ray contou que Max talvez estivesse internado, seu coração disparou. Se agira daquela forma com o menino, era para que ele passasse a odiá-lo e, no mínimo, ignorá-lo. A verdade é que Kai sentia vergonha por amá-lo, mas com Max agindo de forma tão encantadora e sendo tão doce e gentil consigo, acabaria por não se agüentar mais e confessar tais sentimentos. Isso o assustava, nem queria imaginar se ele reagisse de uma maneira negativa em demasia, sofreria demais, seria humilhado... E isso não podia permitir, como aprendera desde pequeno, era preferível ferir para não ser ferido. Porém dera tudo errado, o menino era mais sensível do que imaginara, pôde perceber isso quando dizia-lhe todos os desaforos. Só agora ocorria-lhe que ele não conseguiria nutrir rancor ou raiva de alguém, tinha um bom coração.
Gotas de água escorriam pela janela, a chuva voltava e, com isso, as preocupações de Kai aumentavam: " Onde você está, Max? " Jamais se perdoaria se algo acontecesse ao loirinho. Fechou os olhos e, ao abri-los, derramou uma lágrima. Era a primeira vez que chorava por alguém. Pensando nas coisas horrorosas que poderiam ter acontecido ao garoto, sussurrou com a voz chorosa:
" Você é um idiota, Kai. Só sabe afastar as pessoas. "
Chegaram no hospital e foram logo se informar.
" Com licença. " Chef falou à atendente " Eu liguei agora há pouco para saber do menino que está na U.T.I. "
" Olha, bem, se você não me disser como é esse seu amigo, eu não vou saber de quem está falando. Só hoje tem quatro crianças na unidade. "
" Bem, ele é loiro, tem olhos azuis, 14 anos, vestia uma blusa preta... "
"Ah, sim! Agora me lembro de você ao telefone! Só um minutinho, sim? "
A mulher procurou nos registros, até encontrar o que desejava.
" Está aqui. Chegou às 14 horas. "
" Podemos vê-lo? " Tyson impacientou-se.
" No momento não. Só são permitidas visitas a pacientes que estão no quarto e ele ainda está em observação. "
Preocupando-se com o que houvera com aquele que poderia ser seu amigo, Ray quis saber:
" E quando ele vai pro quarto? "
" Se nesta noite tudo ocorrer bem, será amanhã mesmo. "
" E o que a gente faz até lá?" Tyson ironizou.
" Sugiro que voltem para suas casas e tragam os pais de seu amigo para confirmarem se é ou não ele. " a mulher já estranhava o fato de estarem desacompanhados de adultos.
" Ah, claro! Só que a mãe dele está nos E.U.A. e o pai o no Japão! " o japonês tentava se controlar.
Obviamente ela interpretou isso como uma mentira, mas continuou.
" Então tragam o responsável por ele. Agora vão que eu preciso atender as outras pessoas. "
" Podemos saber, pelo menos, como ele está? " Ray fez uma última tentativa.
" Filho, os médicos que o atenderam não estão mais aqui. Mas, que eu me lembre de ter escutado, parece que agora ele está estável. "
" Obrigado. "
Desanimados, voltaram para casa.
" Talvez não seja ele. " Ray tentou ser otimista.
"Já sei! " Tyson correu até o quarto do ex-shark e entrou sem nem bater na porta, seguido pelos outros dois " Hei, Kai, por acaso o Max apareceu? "
Kai irritou-se, odiava quando entravam sem sua permissão. E se ainda estivesse chorando? Não queria que o vissem assim.
" Não. E no hospital? " perguntou, sem demonstrar seu interesse.
" Não nos deixaram vê-lo hoje, por isso temos que voltar amanhã. " Kenny informou.
A garoa da manhã trazia novas esperanças. Novamente, os mesmo garotos compareceram no hospital. Encontraram a atendente da noite anterior, que na certa já estava para ir embora com o fim de seu turno, e Ray iniciou a conversa.
" Olá. O garoto já foi transferido? "
" Já sim, pela madrugada. "
" E nós podemos vê-lo agora? "
" Lamento mais só adultos podem entrar. "
" Você não escutou quando eu disse, ontem, que os pais deles não moram no país? " Tyson tornou a estressar-se.
" Olha, garoto, eu não tenho culpa que o seu amigo aprontou alguma. Se vocês querem saber se é ele, terão que vir acompanhados de um adulto que seja responsável por ele. "
" É verdade, senhora. " Chef explicou-lhe a história " Nós viemos do Japão para o torneio de Beyblade, só que com todos os vôos lotados por causa dessa competição eles só vão chegar semana que vem. Então, esse amigo nosso saiu ontem da casa em que estamos hospedados e ainda não voltou, por isso nós precisamos saber se este que está que aqui é ele, pois, se não for, nós temos que acionar a polícia imediatamente. Entenda, é um caso sério. "
A mulher pensou um pouco, mas acabou sentindo pena dos meninos e concedeu-lhes a visita.
" Tá bem, tá bem, garotos. Mas só um entra. "
Chamou uma enfermeira e pediu que acompanhassem um deles.
" Eu vou! " Tyson não consultou os outros dois, todavia era o melhor amigo do loirinho e tinha o direito de ir.
A jovem enfermeira o acompanhou ao leito e o esperou na porta. Tyson foi se aproximando e, ao chegar perto, espantou-se em reconhecê-lo. De longe não conseguira distingui-lo, porque estava cheio de machucados e ataduras, mas agora que via detalhadamente o corpo sobre a cama, reconheceu a figura de seu amigo.
" Caramba! É o Max... O que fizeram com ele? " olhou o rosto do menino inchado, seu pulso enfaixado e a dificuldade que tinha para respirar.
" Tudo indica que ele foi agredido por mais de uma pessoa. Nesses casos chamamos a polícia, mas é preciso que ele acorde para explicar o que aconteceu. "
Tyson ficou de queixo caído, " Por que alguém faria isso com o Max? Ele nunca foi agressivo. ", pensou. Antes que pudesse tirar mais conclusões, a enfermeira o levou para o saguão de recepções.
" Então, era ele? " Chef perguntou assim que o amigo despontou lá.
O japonezinho apenas balançou a cabeça em afirmativa, não tinha muito coragem de falar.
" Sinto muito. " começou a atendente, mexendo no computador até encontrar a ficha do loirinho " Já que é assim, vocês podem ajudar a preencher a ficha. Qual é o nome dele? "
Ainda meio abalados, responderam o que puderam do questionário. Ao fim, Ray não se conteve e perguntou como o loirinho estava.
" Ah, cara! Ele está horrível... " detalhou aos amigos o que vira.
" O que será que aconteceu? "
" Sei lá, Chef! " Tyson jogou-se no sofá da recepção, abaixando a cabeça.
Resolveram ficar lá para poderem ver Max quando este acordasse.
Kai saiu, queria e precisava espairecer. A garoa fina que batia em seu rosto não o incomodava, não via as pessoas à sua volta, nem ouvia o barulho das conversas das pessoas, dos carros... Nesse momento o que importava era saber o que havia acontecido a Max. Sem se questionar muito sobre o que fazer, caminhou até o hospital, atrás de notícias. Quando chegou lá, deu de cara com Chef, que ficou surpreso.
" Kai, o que está fazendo aqui? "
" Eu... Quis saber se vocês tem alguma novidade, porque nós temos que treinar, o campeonato começa logo. " inventou uma desculpa que soara fria demais até para si mesmo, entretanto era a única coisa que lhe viera em mente, pois não queria que ninguém soubesse que se preocupava com o companheiro.
" Que? O Max acabou de sair da U.T.I. e você só quer saber de treinar! Onde está o seu coração? " Tyson, que acabava de chegar, falara, incrédulo.
" Então era ele mesmo. Por que estava na U.T.I.? " assustou-se com a menção dessa sigla.
" Pelo que sabemos, ele foi espancado. " Chef comunicou com certo zelo e pesar.
Kai ficou em silêncio, perplexo. Com a chegada de Ray, a enfermeira que o acompanhava perguntou aos garotos se mais algum deles queria visitar o enfermo.
" Eu. " à resposta do capitão do time, deram-se olhares surpresos.
" Venha comigo. " ela mostrou-lhe o caminho " Como vocês decidiram dividir o tempo do horário de visitas, sobraram apenas quinze minutos. " avisou-o ignorando que ele desconhecia essa divisão feita pelos amigos, e saiu apressadamente de lá.
Aproximou-se da cama, o corpo pequeno do menino contorcia-se, em meio a gemidos de dor, descobrindo-se. Então ficou quieto, como um anjo. Kai pegou um lençol, que encontrava-se na altura de sues joelhos, e o levou ao peito de Max, cobrindo-o, uma vez que o dia estava frio.
Sentiu-se péssimo ao descobri-lo naquele estado, afinal, a culpa era toda sua. Seu rostinho delicado tinha algumas leves marcas vermelhas, a boca bem delineada estava inchada e doía-lhe não ver o sorriso tão costumeiro do pequeno nela, sua mãos rosadas estavam esfoladas, seu pulso estava enfaixado e podia ver, em ambos os braços, algumas manchas roxas. Também notou, pela lentidão de sua respiração, que sentia dificuldade em fazê-lo.
Levou sua mão aos fios claros e macios do menino, acariciando-os. Deixou-a enterrada lá até perceber que os olhinhos de Max começaram a piscar e, finalmente, abriram-se.
" Max, que bom que você acordou! " uma paz interna o acalmou ao senti-lo desperto.
" Kai... " sussurrou lentamente, sem sentir a sua voz presente para falar como o normal " Aiii! " gemeu ao tentar se mexer.
" Não faça movimentos bruscos. " pousou uma mão suavemente em seu peito.
" Aonde estou? O... O que aconteceu? "
" Você está no hospital e nós não sabemos o que aconteceu. "
Max fechou os olhos, as lembranças o invadiram pouco a pouco. Assim, lembrou-se de ser espancado e, sobretudo, do que Kai lhe dissera na manhã do incidente. Tornou a abri-los, porém, desta vez, triste e calado.
O ex-shark percebeu que ele se lembrara da manhã anterior, mas quis saber:
" Como você está? "
" Dolorido. " respondeu sem encará-lo nos olhos.
" O... O que aconteceu pra você ter ficado assim? "
" Uns caras queriam me assaltar... E como eu não tinha nada... Me espancaram. " contou, esforçando-se para falar, já que sentia grande dor até mesmo para tal .
" Tem certeza que eles te bateram só por causa disso? "
" Hum-hum. " omitiu a menção feita por eles do nome de seu avô.
Ao voltar para avisar o término do horário de visitas, a enfermeira deparou-se com o menino acordado.
" Já acordou? Como se sente? "
" Dói tudo. " esticou-se na cama, deixando escapar um gemido com o movimento.
" Rapazinho. " chamou por Kai " Seu tempo acabou, me acompanhe, por favor. " e, voltando-se ao paciente, comunicou " Eu volto já com o médico, sim? "
O ex-shark deu uma última olhada para o menino, que mantinha uma expressão triste, a qual creditou suas palavras impiedosas do dia anterior. Seguiu a enfermeira de volta ao saguão e, ao que ela avisou a atendente para chamar o médico encarregado do menino, que este havia acordado, os garotos vibraram.
" Como? O Max acordou, Kai?" Tyson perguntou, animado, mesmo sabendo do estado do amigo.
" Hun-hun. "
" E como ele está? "
" Está vivo. " ironizou.
" Ele contou o que aconteceu? " Kenny, mais prático, perguntou.
" Tentaram assaltá-lo e, como ele não tinha nada, baterem nele. "
" Que horror! Eu que pensei que Londres fosse um lugar tranqüilo! " Tyson espantou-se.
" E ele disse por que sumiu sem nos avisar? "
A pergunta de chinezinho ficou sem resposta, pois Kai deu de costas, calado.
Continua...
Eu desafiei o ff para uma partida de Yugi-ih-oh e, como a minha lebre cor-de-rosa do zóio esbugalhado venceu o curupira de tanguinha verde cotó dele, ele ficou emburrado e comeu todos os meus travessões. Aí eu tive que colocar as frases entre aspas, mas acho que deu pra vocês entenderem, né?
Eu sei que esse capítulo foi pura enrolação e Max off, mas, tadinho do loirinho, depois daquela surra ele levou, precisava mesmo de um tempinho pra descansar .
Max ¬¬: É, falou a Miss Bondade 2005. Foi você mesma que me deixou assim!
Pime: Não se intromete que eu não terminei de ar os recados. : \
Max: Pzzzz! \:P
Ai, ai, essa crianças tão ficando cada vez mais mal-educadas... Ahen, lembrando que eu escrevi essa história no ano passado e isso quer dizer que nessa época eu não tava lá essa coisas... Ah, e a partir do próximo capítulo eu me reservo a omitir o que a minha linda cabecinha não teve capacidade de imaginar . E a história vai começar a se desenrolar, então, não percam!
