Os policiais foram tomar o depoimento do menino, que tornou a não citar o nome de Voltaire. Durante os oito dias seguinte que o loirinho passou no hospital, seus amigos foram visitá-lo, exceto Kai, que parecia querer manter distância.

Ficou feliz por voltar para casa, amparado por Ray e Tyson. Ainda estava mal, mas bem melhor se comparado aos outros dias.

" Hum, é tão bom voltar! Não agüentava mais ficar naquele quarto. "

" E é pra lá que você vai: pro quarto. " Tyson ordenou, rindo.

" Ah, qual é! "

" É, sim, o médico disse que você não pode fazer muito esforço senão a operação vai pro espaço. "

Max teve que dar razão a Tyson, pois mal conseguia ficar em pé com a ajuda dos amigos. A verdade é que, além de não condizer com seu espírito agitado, ficar quieto num quarto o fazia se lembrar de Kai e do que ele lhe dissera, então não resistia e chorava.

Os garotos o levaram para seu quarto e começaram uma conversa:

" Max, a gente ainda não te perguntou, mas... "

" 'Mas' o quê, Chef? "

" Por que você saiu sem nos avisar, naquele dia? Aonde você foi? "

O loirinho recostou-se à cabeceira da cama, abaixando a cabeça.

" Me desculpem por ter feito isso e, não me levem a mal, mas eu não quero falar sobre isso. "

Um clima chato instalou-se depois desse comentário.

" Bom, é melhor a gente deixar o Max descansando. " Ray falou, meio sem graça.

" O Ray tá certo, vamos gente. Depois a gente volta, Max. " dizendo isso, Tyson foi embora, seguido pelos outros dois.

O menino não gostou de dar aquela resposta aos amigos, afinal, eles se preocuparam tanto nos últimos dias com ele... Contudo, não queria falar sobre aquilo, pois se contasse que saíra por conta do que o companheiro lhe dissera, acabaria contando também que o amava e, além de ter certo receio da reação dos amigos, seria visto com pena, como se não fosse bom o bastante para o Kai, como se fosse aquele garotinho que nunca consegue o que quer, aquele que sempre atrai a piedade alheia. E não gostava disso, por mais que precisasse da ajuda dos outros, até nas lutas de beyblade, não gostava ser a parte fraca, a parte desmerecida. Isso era humilhante e o magoava lá no fundo.

À noite, Kai levantou-se para beber água e, como a cozinha ficava no primeiro piso, tinha que descer pela escada para chegar lá (num diga!). Entretanto, o quarto de Max ficava de frente para a escada, por isso, foi possível escutar um barulho estranho vindo do quarto do loirinho ao pisar o primeiro degrau. Deu meia-volta e encostou-se à porta, parecia-lhe que falavam, então abriu a porta silenciosamente e procurou com os olhos por alguém, um ladrão. Mas teve sua atenção atraída pelo garoto que ocupava a cama, a qual parecia bem grande em relação ao corpo do menino. A luz branca da noite estrelada que entrava pelas fretas da janela batia no rosto terno de Max, parecendo, aos olhos de Kai, um anjo. Qual foi a surpresa do ex-shark ao ver que era Max quem murmurava as palavras que não podia entender do lado de fora! Forçou os ouvidos para escutá-lo, pensou ter ouvido errado, não obstante provou-se o contrário, pois o garoto tornou a repetir.

" Kai... Kai, eu te amo. Fica comigo... " disse, remexendo-se na cama.

O coração de Kai disparou, então aquele sentimento era mútuo, então... Seus pensamento foram interrompidos por uma voz à suas costas:

"Hei, Kai, o que cê tá fazendo aqui, cara? " perguntou Tyson, pondo as mãos na cintura.

O ex-shark virou-se assustado, com as faces enrubescidas, isso era raro de acontecer, só que essa situação também era rara. Sentiu-se como uma criança que é pega fazendo uma travessura pelos pais. (igualzinho ao que a autora dessa fic não quer que aconteça com ela. )

" Eu... Eu escutei um barulho e pensei que podia ser um ladrão... Oras, eu não te devo satisfação alguma! " zangou-se com a intromissão do outro e o empurrou, saindo do quarto.

" Eu, hein! " Tyson resmungou antes de sair.

Kai até se esqueceu de beber sua água, indo direto para seu quarto, onde deitou-se na cama e não dormiu o resto da noite, ficando a pensar em tudo, no que ouvira, no que acontecera nos últimos tempos... Depois do que escutara, sentia-se um nojo por tê-lo feito sofrer tanto, sendo que ele nutria aquele mesmo sentimento que pesava em seu peito. Mas ainda não tinha certeza do que queria, ainda sentia receio em assumir uma relação nada convencional como aquela. Estava muito confuso.

Às 6:00 da manhã, Kai saiu para caminha, não agüentava mais ficar dentro do carro. Estava há umas quadras da casa em que estavam hospedados quando escutou uma voz conhecida.

" Olá, Kai. "

O garoto olhou para o lado e viu seu avô, seguido por dois capangas.

" Voltaire? O que faz aqui? "

" Seu amiguinho não te contou? "

" Vejo que ele quis te poupar... "

" Vá direto ao ponto. "

" Lembra-se daquele favor que você se negou a me fazer? "

Kai ficou em silêncio, o olhar duro.

" Pois bem, você me fará esse favor de qualquer jeito. "

" Você está muito enganado e, se veio até aqui por isso, perdeu seu tempo. "

Voltaire soltou uma risada psicótica, para logo em seguida disparar:

" Jovem Kai, você pensa que tem opção? "

" E o que você pretende fazer? Me seqüestrar e me obrigar a te obedecer. "

" Pelo que te conheço, e é impossível te conhecer bem, sei que isso não funcionaria. "

Kai ficou em silêncio, mas seu avô continuou:

" Por isso foi de grande ajuda saber dos seus sentimentos por aquele garoto. Como se chama mesmo? Max? " (nem me perguntem como ele soube disso ¬¬)

Apesar de constrangedor, Kai tentou mostrar que ele estava errado:

" Você tem noção do que está falando? Hun, já está ficando gagá. "

" Pensa que pode me enganar, Kai? Sei que não quer que ele se machuque, não é esmo? "

" Tanto faz se ele está bem ou mal, eu não dou a mínima. " Kai não mentia só para manter as aparências, já que, se Voltaire estivesse planejando chantageá-lo às custas de Max, tinha que fingir não gostar para o garoto, assim a chantagem não daria certo e seu avô não faria nada com o loirinho.

" Ótimo, então não haverá problemas se ele se machucar novamente... " soltou as farpas.

" Foi você, seu desgraçado! " Kai gritou, muito exaltado.

Voltaire riu da contradição em que seu neto caíra.

" Pense bem, Kai, pense bem. " saiu e entrou num carro, juntamente com os capangas, que se foi.

Agora sim estava confuso, tinha caído na besteira de, sem intenção, revelar a verdade para o avô, expondo Max a um grande risco. Além do mais, o fato de saber que ele era o culpado pelo estado em que o loirinho se encontrava causava-lhe uma profunda raiva. Correndo, traçou o caminho de casa, escancarando a porta de entrada da casa, mas sem fazer muito barulho, e subiu a escada correndo. Entrou no quarto de Max, que ainda dormia, chamando por ele:

" Max! Max, acorde! "

O loirinho abriu os olhos, assustado:

" Kai...? " tentou falar, a voz embargada de sono.

Aproximou-se da cama e segurou um pouco abaixo dos ombros de Max, que ainda estava deitado, puxando-o e, consequentemente, fazendo-o se levantar.

"Aii! " soltou um gemidinho mediante o movimento brusco do outro.

" Foi o Voltaire, não foi? Diga! " falou alto, sacudindo-o levemente " Vamos, responda! Foi por causa dele que bateram em você! " largou-o por fim.

Ao silêncio de Max, Kai continuou.

" Por que você não me contou? "

" Não quis te magoar. " falou meio sem graça, afinal, eles ainda estavam naquela situação delicada.

" Deveria ter me contado! Será que você não entende? "

" Não entendo o quê? " perguntou inocentemente.

" Nada. " andou até a janela e respirou fundo, tentando pôr as coisas em ordem.

Max fez um grande esforço para ficar em pé sozinho e se postou atrás de Kai, que o sentiu e voltou-se na sua direção. Ruborizou ao notar o pijama fininho que o loirinho usava, delineando seu corpo. Apesar dos traços bem-feitos de Max formarem um rosto encantador, seus olhos expressavam a mais profunda tristeza. Kai, percebendo que o jeito com que o olhava logo ia dar no óbvio, tratou de retomar a postura rígida.

Colou as mãos um pouco abaixo das axilas de Max (ainda não descobri o nome dessa região), que estremeceu com o simples toque de tão sensível que era, e o levou até sua cama, ajudando-o a sentar-se.

" Max... Eu... Olha, você não pode sair de dentro dessa casa. "

" Hun? "

" Eu não posso explicar o por quê, mas você não vai sair daqui. "

" Mas... "

" Max, você não vai sair daqui, é uma ordem. "

Uma chispa ascendeu-se dentro do garoto, Kai não podia mandar nele. Não depois de tudo aquilo, daquelas palavras horrorosas que lhe falara, ele não tinha o mínimo direito sobre si.

" Você não manda em mim, Kai. "

Engoliu em seco, se não se controlasse acabaria se irritando e, em vez de ajeitar a situação, iria piorar tudo. Suspirou:

" Certo, mas será que você consegue entender isso: estou pedindo para você me obedecer. Vamos, Max, não seja malcriado. "

Max abaixou a cabeça, pensando. Estava confuso, o que Kai pretendia com aquilo? Bom, ele estava pedindo, talvez fosse melhor obedecê-lo.

" Tá bem. "

O ex-shark estava flito, essa atitude não impediria seu avô de machucar o menino, sabia que o velho era capaz de qualquer coisa. Entretanto, prevenir era necessário, então era melhor que o loirinho ficasse ali sob sua vista.

O resto do dia seguiu-se normal e, onde Kai ía, levava Max junto, não queria deixá-lo sozinho, à mercê de Voltaire.

No almoço do dia seguinte:

" Ah, eu não quero comer sopa de novo! " Max empurrou o prato para frente.

" O médico recomendou que você comesse coisas leves, Max. " Chef lembrou.

" Nem umas batatinhas? " tentou alcançar o prato com fritas.

" Nem! Aqui é como o zoológico: não alimentem o Max. " Tyson brincou, enfiando algumas batatinhas na boca e empurrando o prato de sopa devolta para o loirinho.

Max soltou um muxoxo de desagrado, ao passou que Ray entrava na cozinha:

" Gente, é o senhor Dickenson no telefone. Ele avisou que houve um imprevisto e que eles vão demorar um pouco mais para chegar. Ele perguntou se está tudo bem conosco e eu não sei o que responder. Mas, você tem certeza que não quer contar o que aconteceu aos seus pais? "

" Não, Ray, eu não quero preocupá-los. Por favor, diga que está tudo bem. "

" Você quem sabe. " falou antes de sair da cozinha e voltar ao telefone.

" Falando nisso, hoje temos a nossa primeira competição nesse torneio. Hun, as nossa férias na Inglaterra estão acabando. "

" É mesmo, Tyson. E você, Kai, terá que substituir o Max. " Chef concordou.

Kai apenas assentiu com a cabeça.

O sol já se punha quando os garotos participavam da competição na quadra à céu aberto. Nesse momento, Ray lutava com um garoto chamado Lucas, um italiano de olhos e cabelos claros. Mas quando invocou sua Driger, não teve pra ninguém. Brad, que está em todos os torneios, até brincou:

" É, quem trocou o chá inglês pelo campeonato não se arrependeu! "

Ray voltou sorrindo.

" Aí, Ray, cê foi demais! " Tyson comemorou.

" Obrigado. "

Agora era a vez de Kai, ele olhou para Max, encolhido num canto.

" Não saia daqui. " ordenou e foi lutar.

Kai queria acabar com o adversário o mais rápido possível, pois não queria ficar muito tempo longe do menino. Apesar da ordem do ex-shark, Max sentiu uma vontade imensa de fazer xixi.

" Gente, eu... Hun, deixa pra lá. " falou pra si mesmo, não conseguiu comunicar os amigos que ia no banheiro porque eles estavam entretidos demais com alguma coisa que Kenny falava.

Saiu de fininho e foi ao banheiro. Depois de fazer o que queria, foi lavar as mãos, fechou a torneira e olhou para o espelho, onde viu seu reflexo. Fixou o olhar no seus olhos refletidos pelo vidro, e ficou pensando em tudo o que acontecera. Uma lágrima escorreu por sua face corada, prendeu a respiração, decidindo que não iria chorar, levou uma mão ao rosto e o enxugou. Foi até a porta que dava para fora do recinto, girou a maçaneta e, ao abri-la, deu de cara com um enorme homem musculoso, que estava do lado de fora.

" Com licença, senhor. " pediu, tentando sair.

O homem o agarrou e o colocou em seu ombro.

" Ah, me põe no chão! " gritou, sem entender bolhufas.

O adulto tapou a boca de Max com uma mão e com a outra segurou suas pernas contra si, saindo de lá. O loirinho ainda tentou se libertar, mas estava debilitado devido a violência de pouco tempo atrás e, contra aquele homem, então, nem com seu estado de saúde ótimo conseguiria vencê-lo.

Kai terminou sua luta e, ao voltar, não vendo o menino, perguntou nervoso aos amigos:

" Cadê o Max? "

" Sei lá, agora há pouco ele estava aqui... "

" Como vocês não sabem? "

" Calma, Kai, ele deve ter ido comprar um balão ou falar com alguém. " Kenny ponderou.

" Droga! Eu não acredito que vocês o deixaram sozinho! " dizendo, foi procurá-lo.

" O que deu nele? "

" Vai saber, Ray, isso está muito estranho. " Tyson comentou " Primeiro o Max sumiu quando estava com o Kai, agora ele fica todo nervoso... Ah, e vocês não sabem o que aconteceu outro dia! " e contou aos amigo da noite em que pegara Kai no quarto do menino.

Kai procurou por Max em todos os lugares e não o encontrou: como não era possível que um garoto recém-operado sair andando por aí, tudo levava a uma só conclusão, a qual Kai queria tanto negar. Voltou até os amigos.

" E aí, achou ele? " Tyson perguntou, sem obter respostas.

" Será que ele se perdeu de novo? " o chinezinho arriscou.

" Essa é especialidade dele. " Dizzy brincou. (ela falou mesmo isso quando eles estavam na Rússia, no anime.

" Ele não ia se perder aqui, faça-me o favor. " Chef bufou.

Nem tiveram tempo para decidirem o que fariam, pois Kai saiu em seguida para voltar a procurá-lo, agora que sabia que ele não havia voltado para os amigos.

" Não é possível! Como é que ele some e ninguém vê? Isso aqui tá lotado de gente, alguém pelo menos deveria tê-lo visto. " suspirou Ray, inconformado.

" Eu não sei, cara, só sei que tem coelho nesse mato. " Tyson afirmou.

Kai estava próximo ao local do torneio quando reconheceu um dos capangas de Voltaire encostado num carro preto. Este abriu a porta do carro, indicando que entrasse. Kai obedeceu, entrando naquele maldito carro e sentindo um frio crescer na sua barriga. Cruzou os dedos, pedindo que Max estivesse bem.

Continua...

Vocês acreditam em milagre? Sim, pq foi um milagre eu postar esse cap. em tão pouco tempo. Portanto, sintam-se abençoadas - Hehe, quando eu penso que não sou mais capaz de fazer uma maldade com o loirinho, lá vou eu me surpreender com essa minha capacidade de fazê-lo sofrer. :DD

Deixei todo mundo no suspense, neh? Bom, o que eu adianto é que no prox. Cap. vai ter mt coisa non sense, a propósito, o próx. será o último, assim espero.

E, agora, um super-agradecimento à Lily Carroll, que se dispôs a me ajudar com o ff, e à amiga dela.

Xô ir gora que meu irmão saiu e eu posso ficar mais na net, huahuahu! U

E não esqueçam dos reviews, se vcs quiserem, tah?

Tchauzinhu!