~Things I'll never Say~
Avisos:- Duo Pov, tentativa de humor, possível angst lá pra frente, mas coisa leve...^.^=
Casais:-2+1
Spoilers:- Esse fic se passa 3 anos após Endless Waltz, portanto, pode ser que ajam algumas referências a série e aos OVAS
Disclaimer:- Ontem,chamei meu advogado em casa e perguntei para ele se eu era a dona da série Gundam. Ele jogou um livro gigante sobre direitos autorais na mesa, e mandou que eu lesse...portanto, por mais que eu queira, eu ainda não sou dona dos Garotos Gundam e nem nada relacionado sobre a série. Isso aqui é um trabalho de ficção sem fins lucrativos (infelizmente T_T)
Quanto ao fic:- Mais uma vez, eu repito a fórmula que utilizei no "Blurry Arc", por que aparentemente trabalho melhor dessa forma. Esta fic é baseada nas estrofes da música "Things I'll never say" de Avril Lavigne. Porém, existem diferenças claras, por que enquanto "Blurry" é composto de vários fics que são ligados, este daqui é um fic mesmo, com uma duração aproximada de 10 capítulos, um atrás do outro, totalmente interligados. Boa Leitura!
***Agradecimentos a Lien Li por ser uma beta na velocidade da luz e pelos ótimos comentários***
*** Este capítulo é dedicado a minha grande amiga e Yaoi
Hunter, Himiko. Por ter se
dado ao trabalho de ler o fic (e gostar) mesmo sem
apreciar 1x2, e simplesmente por ser uma das pessoas mais kawaiis
que existe ^.^=***
"I'm staring at my feet
My cheeksare turning red
I'm searching for the words
Inside my head..."
É mais do que comum que as pessoas tenham uma falsa impressão de que sou um tanto distraído. Felizmente para essas pessoas, estamos em uma época em que esse julgamento mal feito não significa um erro mortal para elas.
Para um piloto, ser distraído seria o mesmo que entregar sua cabeça em uma bandeja de prata para os soldados da Oz, e com toda a sinceridade que me é comum, posso dizer com mais do que uma certa segurança, que ainda não me livrei de todos os traços que me foram tão característicos durante a guerra. Acreditem ou não, algumas coisas ficam com você para sempre. Essa talvez seja uma delas.
Existe uma diferença básica, e ao mesmo tempo crucial, entre ser distraído e ser extremamente concentrado, que a maioria das pessoas parece simplesmente não compreender.
Uma vez que minha mente fixe-se em uma única coisa, é fato que ela não se desligará disso tão facilmente. Tem sido assim desde os tempos das lutas pelas colônias, aonde eu tratava de utilizar essa habilidade para concentrar-me apenas e unicamente em pilotar e destruir os inimigos, esquecendo de minha vida por mais vezes do que costumo admitir em público.
Colocar-se na linha de fogo, arriscando a própria vida em prol de uma coisa da qual não tínhamos qualquer certeza de que daria bons frutos..., esse tipo de concentração completamente desenfreada pode ser uma merda.
Não é uma fase de minha existência que eu goste realmente de lembrar.
Por outro lado, posso dizer com toda a segurança que essa capacidade é altamente eficiente para aqueles momentos, nada raros, no qual você necessita concentrar-se de forma quase desesperada no seu trabalho ou em qualquer outra coisa que possua em mãos, para evitar ser assombrado por um par de olhos azuis frios. Olhos da sua memória, que fique bem claro. Tais olhos frios jamais fitariam qualquer coisa sem que essa ação tivesse um propósito muito forte.
Mas é claro que essa técnica mental, apesar de muito poderosa e efetiva, só funciona até o fatídico dia em que o objeto de sua afeição, dono dos ditos olhos, entra com os dois pés em sua vida após anos de ausência. Anos nos quais você se esforçou ao máximo para esquecer a simples existência desse ser, que agora, mais do que repentinamente, passa a surgir na sua frente a quase todo momento.
Nos corredores, na cafeteria, no banheiro, na minha cama...Ok, talvez esse último tenha sido apenas uma alucinação, mas as outras foram todas aparições verídicas.
Muito felizmente, Heero provavelmente é o mais novo espião dos Preventers. Afirmo isso baseando-me no simples fato de que ele nunca está em sua sala, e nossos "encontros" - se é que assim podem ser classificados - sempre ocorrem em outras partes do edifício.
Por todos os demônios! Se eu tivesse que vê-lo todas as vezes que passasse em frente à sua sala ficaria positivamente louco, em um intervalo absurdamente curto de tempo, afinal, a sala dele é ao lado da minha. E antes que você se pergunte o que isso tem exatamente a ver com qualquer outra coisa, saiba que sou muito inquieto. Muito.
Eu passo na frente da sala de Heero cerca de oito vezes por dia. Sim, eu fiz essa pequena estatística mental. E sim, eu tenho a total conscientização de que isso só coloca diante de meus olhos a real dimensão do quanto ando pensando sobre o assunto. Quem é você afinal, minha consciência?
Provavelmente sim, considerando que estou falando sozinho.
Decido parar de debater comigo mesmo, e resolvo, com algum alívio, que posso dizer que saí relativamente ileso de todos os breves encontros que nós dois tivemos desde a chegada dele ao QG principal.
Logicamente isso pode ser também pelo fato de que em nenhum desses esbarros - essa palavra provavelmente é mais apropriada do que "encontros" - nós chegamos a trocar mais do que duas palavras. Ou uma. Eu, cumprimentando com um "bom-dia" ou "boa-tarde" ou mesmo um simples "oi", e ele, por sua vez, respondendo com um sorriso.
Aquele sorriso.
Aquele maldito sorriso que não consigo desvendar, por mais que tente fazê-lo com todas as minhas forças. E desde quando um sorriso é uma resposta decente para um cumprimento educado?
Olho distraidamente para meu relógio de pulso, e percebo que preciso me apressar caso tenha planos concretos de chegar a tempo para os preparativos de minha aula de hoje. Pego minha jaqueta do encosto da cadeira, e parto em direção aos armários do andar térreo, para reunir o equipamento necessário.
Felizmente, hoje eu daria uma aula que faz parte de um seleto grupo, que gosto de colocar em uma pasta mental nomeada "aulas *interessantes*". Com os asteriscos incluídos.
O tema da aula do dia é defesa emergencial durante infiltração. Ou como eu também gosto de chamar, quando Lady Une não está ouvindo, "Ataca, por que senão o bicho pega!". Que tipo de professor cretino eu seria se não ensinasse a meus alunos, na prática, o que pode acontecer a eles caso forem pegos no meio de uma missão?
É uma aula muito importante. E devo dizer que também é divertida.
Para esta lição em especial, os alunos precisam usar um uniforme que consiste na roupa padrão para missões de infiltração. É um traje completamente negro e justo ao corpo, para que nenhum dos movimentos mais bruscos que possam vir a ser necessários sejam restringidos. Além disso, eles ainda usam um capuz que lhes cobre todo o rosto, deixando apenas os olhos a vista.
O grande objetivo da aula é que eles ataquem a mim, para que eu, por minha vez, possa avaliar suas habilidades e apontar os possíveis pontos fracos e fortes. Claro que, como agressor, é necessário golpeá-los uma vez ou outra.
Como eu disse, é uma aula muito divertida. Para mim pelo menos.
As preparações foram breves e, em menos de meia hora, eu tinha minha classe diante de meus olhos, todos devidamente vestidos de preto e ouvindo minhas instruções atentamente.
Um por um, eles tem de me atacar e aguardar pela defesa, ou esperar que eu realize o ataque, de acordo com o que considerem mais apropriado ou conveniente.
A maioria deles espera que eu tome a decisão do ataque, e enquanto derrubo cada um de meus alunos no chão, com maior ou menor dificuldade, faço ao mesmo tempo um pequeno jogo mental de avaliação.
Entre aquelas já mencionadas pastas de informação cerebrais, existe uma delas para cada um de meus alunos, contendo dados e observações.
Conheço todos os meus recrutas extremamente bem, o que explica minha misteriosa habilidade para identificá-los apenas pelo estilo do golpe, sem cometer erros, apesar de eles terem suas faces cobertas pela máscara do uniforme. Compreendo as dificuldades e potencialidades de todos, o que me ajuda a bolar a exata forma de ataque a ser utilizada durante o exercício.
Viso mostrar seus pontos fracos, para que eles trabalhem com uma maior quantidade de esforço naquilo onde apresentam dificuldade.
Penso que meus alunos também devem me conhecer um bocado, do contrário, talvez não aceitassem tão bem o sorriso amplo de divertimento que eu oferecia a cada um deles, junto com apontamentos e instruções, após derrubá-los com eficiência ao chão.
Após passados cerca de quarenta minutos de aula, olho para minha "sala" e vejo apenas uma massa de corpos completamente marrons. Choveu na noite anterior, e o campo está coberto de lama fresca. Reparo ainda que minhas botas também estão cheias de lama, e rio para mim mesmo do fato, simplesmente por que elas estão em um estado muito melhor do que meus recrutas.
Felizmente, tanto os novos agentes quanto eu, sabemos que isso de forma alguma mostra qualquer incompetência da parte deles. Anos e anos de treinamento são necessários para que alguém possa derrubar um piloto Gundam com algum sucesso. A não ser que esse alguém tenha sido um piloto Gundam também, o que é ainda mais difícil, sem citar improvável.
Porque você acha que fui escolhido como instrutor, afinal? Aprenda com o melhor, é o que eu sempre digo.
Olho novamente para os garotos à minha frente e suspiro aliviado ao notar que faltam apenas três alunos antes que possa terminar a lição. Já faz algum tempo que não dou essa aula e meus músculos estão protestando um pouco por conta do esforço.
Só mais três. E com esse pensamento , encaro meu novo desafiante.
Eu devia estar muito despreparado. Ou muito cansado. Ou ambos. O fato é que com dois movimentos rápidos, meu aluno me jogou de cara no chão, com os braços presos e seguros atrás de minhas costas.
A rapidez incrível do ataque e a posição que trazia más lembranças fez com que eu reagisse com mais força do que a exigida para o trabalho de instrutor, e me virei de modo a colocá-lo no chão, embaixo de mim, numa posição semelhante a que me encontrara apenas segundos atrás.
Ouvi os sons de admiração da platéia composta pelos outros recrutas e isso deve ter me distraído novamente, porque no momento seguinte meu aluno-agressor estava em cima de mim, o corpo sentado sobre minhas pernas, meus braços presos acima e ao lado de minha cabeça, e com o rosto a menos de cinco centímetros de distância do meu.
E eu não podia me mexer.
E não era somente por que meus braços, e todos os outros membros-chave de meu corpo, estavam presos, mas por que a proximidade desconcertante deixou que eu visse os olhos da pessoa que eu tinha em cima de mim naquele instante.
E eram olhos azuis. Olhos azuis que só podiam pertencer a uma única pessoa em todo o mundo.
Antes que eu pudesse gaguejar qualquer pergunta ou protesto, Heero tirou o capuz que cobria seu rosto, sem nunca diminuir a proximidade entre nossas faces, e pensei que fosse morrer, porque ele estava sorrindo. Sim, aquele sorriso.
Lembram-se de quando eu falei sobre os olhos? E como eles pareciam enxergar de fato apenas quando tivessem um propósito muito forte? Talvez eu tivesse batido a cabeça com força demais no chão ou talvez estivesse ficando louco, mas podia jurar estar vendo esse exato brilho, de quem olha para ver além, nos olhos de Heero naquele exato momento.
Ficamos parados nessa posição no que pareceu ter sido uma eternidade, mas que provavelmente não havia passado de alguns poucos segundos, até ele se levantar de cima de mim. Não pude deixar de notar o quanto o calor do corpo dele sobre o meu me fazia falta, mesmo tendo sido um contato de meros instantes.
Ele ofereceu sua mão para que eu pudesse levantar, e demorei à aceitá-la por conta de meu estado de choque. Aproveitei o momento para apreciar seu corpo envolto no uniforme colante. Muito bom.
'O que você está fazendo aqui?', foram as únicas poucas sílabas que consegui reunir para expulsar de meus lábios, e admito que não foi uma das frases mais inteligentes já ditas por alguém, ainda mais se considerarmos que tratava-se de nosso segundo contato de verdade após anos de ausência. Mas eu ainda podia sentir meu corpo formigando nos exatos pontos aonde ele havia se apoiado sobre mim.
Isso esclarecido, alguém pode realmente me culpar por um pouco de incoerência?
'Lady Une solicitou que eu fizesse uma avaliação dos instrutores do QG. Ela disse que, para o seu caso, não seria necessário, mas eu insisti. Achei que seria interessante'. Nisso, Heero virou-se, passou a mão pelos cabelos desajeitados fazendo um desarranjo ainda maior, e começou a caminhar em direção ao edifício principal.
Então virou-se novamente em minha direção e disse, 'Você passou nos meus padrões', e com isso sumiu para dentro do prédio, com aquele sorriso intacto nos lábios, como a expressão de total confusão que eu tinha a certeza completa de estar exibindo em meu rosto enquanto via-o partir.
Recompus-me como pude e terminei a aula o mais rápido o possível, dirigindo-me em seguida diretamente ao banheiro. Eu precisava lavar o rosto com muita urgência, ter a certeza de que isso tudo não era apenas um sonho. Ou um produto muito bem elaborado de minha mente. Talvez meu próprio uniforme estivesse prendendo algumas veias, e impedindo a circulação do sangue para o cérebro ou algo parecido.
Entrei no banheiro e liguei a torneira. Fiquei olhando a água rodar em direção ao ralo da pia enquanto revia a cena toda diversas vezes, como um filme, em minha cabeça.
Interessante? Desde quando Heero Yuy achava qualquer coisa interessante? Ele não costumava achar nem as missões dignas de qualquer interesse mais profundo além do necessário. E como assim eu havia passado em seus padrões? Que diabos significava tudo isso?
Naquele momento, mente limpa como se a água tivesse alcançado-a, eu cheguei a conclusão de que só tinha certeza de três coisas.
A primeira delas era que Heero estava mudado. E muito. Os motivos da mudança ainda eram completamente obscuros para mim, mas isso não tirava a credibilidade do fato de que ela estava lá, palpável como o mármore da pia na qual eu me apoiava.
A segunda era que essas mudanças me agradavam.
E a terceira era minha decisão de não deixar mais essa chance com o Soldado Perfeito passar. No passado eu já havia desistido muito facilmente, me utilizando de desculpas como a guerra, a impossibilidade de nossas existências depois desta, e garotas loiras de trancinhas. Dessa vez, as coisas seriam completamente diferentes.
Isso decidido, olhei para meu reflexo no espelho, para ter a certeza, olhando em meus próprios olhos, de que eu teria a determinação e força de vontade o suficiente para levar essa idéia adiante e conseqüentemente até o fim, fosse ele qual fosse.
Esse movimento agraciou-me com a quarta realização do dia. A de que eu tinha acabado de ter meu segundo contato com Heero, coberto de lama dos pés a cabeça. De novo.
Tudo o que podia esperar era um pouco mais de colaboração da sorte para o terceiro.
***
Fim do Capitulo 2
***Olá galera, por
favor atentem para o fato de que talvez a classificação deste fic suba um pouco no próximo capitulo, devido a presença de
situações adultas...não é o que vocês estão pensando seus pervs...*^.^*
pelo menos não ainda. De qualquer forma, fiquem atentos para mudanças na classificação***
Agradecimentos aos reviewers: Otaku-chan,
Bra_Briefs, Dani, Serenity Le Fay,
e Himiko. Vocês são uma luzinha
no fim do túnel das reviews ^.^=
