~Things I'll never Say~

Avisos:- Duo Pov, tentativa de humor, possível angst lá pra frente, mas coisa leve...^.^=

Casais:-2+1

Spoilers:- Esse fic se passa 3 anos após Endless Waltz, portanto, pode ser que ajam algumas referências a série e aos OVAS

Disclaimer:- Ontem,chamei meu advogado em casa e perguntei para ele se eu era a dona da série Gundam. Ele jogou um livro gigante sobre direitos autorais na mesa, e mandou que eu lesse...portanto, por mais que eu queira, ainda não sou dona dos Garotos Gundam e nem nada relacionado sobre a série. Isso aqui é um trabalho de ficção sem fins lucrativos (infelizmente T_T)

Quanto ao fic:- Mais uma vez, eu repito a fórmula que utilizei no "Blurry Arc", por que aparentemente trabalho melhor dessa forma. Esta fic é baseada nas estrofes da música "Things I'll never say" de Avril Lavigne. Porém, existem diferenças claras, porque, enquanto "Blurry" é composto de vários fics que são ligados, este daqui é um fic mesmo, com uma duração aproximada de 10 capítulos,  um atrás do outro, totalmente interligados. Boa Leitura!

***Agradecimentos a Lien Li por ser uma beta na velocidade da luz e pelos ótimos comentários***

"Cause I'm feeling nervous
Trying to be so perfect
Cause I know you're worth it
You're worth it..."

           

            Eu estava deitado de costas, com ambas as mãos presas eficientemente as laterais de meu rosto. Eu já não havia estado na mesma posição antes? Alguma coisa me dizia que sim. Ao mesmo tempo, eu sentia que de certa forma, essa cena possuía um contexto completamente diferente.

            Noto que desta vez, não estou coberto de lama. Na verdade, encontro-me em minha própria cama, com minha cabeça apoiada confortavelmente sobre meu travesseiro de penas e meu corpo sobre lençóis de seda.

            Ora, ora. Isso é o que eu chamo de uma mudança e tanto no contexto.

            Agradeço mentalmente aos Preventers por me pagarem o suficiente para que eu pudesse comprar lençóis como este, no qual repouso no momento. Mas junto a este pensamento, percebo que posso sentir a textura do dito tecido por todo o meu corpo, o que só podia significar uma coisa: estou completamente nú.

            Logo em seguida, sinto uma quase incontrolável vontade de estapear a mim mesmo, por não ter reparado antes no peso que indica claramente que existe um corpo sobre o meu. Corpo este, que segura meus braços firmemente, impedindo que eu possa ter sucesso na missão de me golpear.

            Por um momento concentro-me na incrível sensação de ter um outro corpo, liso, forte, musculoso, porém suave ao mesmo tempo, sobre o meu. Só então reúno reflexos o suficiente para olhar para frente. Finalmente encontro-me face a face com o rosto tão familiar e único de Heero, extremamente próximo ao meu.

            Eu obviamente esperava que fosse ele – quem mais? - mas isso não impediu meu espasmo involuntário de surpresa, que me presenteou com um pouco mais de contato entre minha pele e a dele. Nesse exato momento,só posso dizer que adoro surpresas.

            Ele está sorrindo, e sei que estou sorrindo de volta, porque posso simplesmente ver o reflexo de minha própria alegria nos olhos dele. E naquele instante, é como se tudo se encaixasse de uma forma estranha, porém perfeita.

            Então, o sorriso de Heero alarga-se por um segundo, e desaparece em seguida - cedo demais para o meu gosto - porque ele está se aproximando de meus lábios, enquanto lentamente fecha seus olhos.

            E eu abro os meus.

            Droga! Percebo rapidamente que, apesar de realmente estar sobre minha cama, meus braços estão completamente livres, e não estou deitado em lençóis de seda. Lembro-me vagamente de que meu único item dessa espécie está lavando. Hey! Ainda não nos pagam tão bem assim.

            Porém, mais importante do que a diferença de tecido embaixo de mim, é a falta de um corpo em cima de mim!

Eu havia estado sonhando o tempo todo.

Custo a acreditar que meu último encontro com Heero tivesse me afetado o suficiente para fazer com que eu tivesse sonhos. E que sonho! Eu ainda podia sentir minha pele aquecida, nos exatos locais aonde havia acontecido nosso suposto contato. Como se aquilo tudo tivesse realmente ocorrido.

E ainda existia o fato de que  havia acordado em um estado, que eu diria, muito longe do confortável. Como eu disse, foi um sonho e tanto.

Eu teria de tomar um banho frio, e odeio banhos frios, principalmente pela manhã, quando a brisa matinal parece soprar nos momentos cruciais em que você menos precisa dela. Felizmente hoje é sábado e eu não precisaria lavar meu cabelo com pressa para chegar ao trabalho no horário exato.

Pilotar uma máquina de vinte metros de altura e brincar de tiro ao alvo com vinte Móbile Dolls, ao mesmo tempo, por alguns meses, são ações o suficiente para que você ganhe os sábados e domingos para você mesmo! Realmente, nada vem fácil nos dias de hoje.

De qualquer forma, apesar de tudo, sem a presença da pressa, eu poderia recompensar-me com água quente e xampu. Não seria tão mal.

Levantei-me de minha cama agradecendo à alma da pessoa que fora o inventor da calça de moletom, porque, caso estivesse usando um jeans nesse momento, meus movimentos causariam uma dor um tanto incômoda em certas partes de meu corpo, que eu preso com mais do que algum carinho.

Dirigi-me ao banheiro, e a água fria do spray do chuveiro me livra desta sensação, alertando-me ao mesmo tempo, através da contração de meus músculos diante da temperatura baixa, o quanto a aula do dia anterior realmente havia me afetado.

            Abandono o chuveiro cerca de meia hora mais tarde e retorno para minhas calças de pijama. Chego a considerar brevemente colocar uma outra roupa, mas é sábado, e eu não tenho planos. Moletom vai servir como uma luva.

            Enrolo meu cabelo em uma toalha e saio no corredor, andando na direção da porta, localizada a cerca de dez metros da minha: o apartamento de Trowa.

            Talvez eu não tenha citado anteriormente, mas eu e Trowa somos vizinhos. Wufei também. E todos os outros Preventers do auto escalão. O edifício no qual moramos trata-se de uma instalação muito moderna, construída especialmente para abrigar os membros do QG principal.

            O prédio é uma maravilha por dentro e por fora, com apartamentos espaçosos e iluminados. O preço do aluguel é sumário, simbólico na verdade. Como eu podia recusar um lar assim? Provavelmente meus companheiros haviam feito a mesma pergunta a si mesmos. E aqui estamos todos nós agora, vivendo como uma grande vizinhança feliz de ex-assassinos de guerra.

            Placar: fatos estranhos um, vida normal zero.

            Barton e eu nunca havíamos morado sozinhos antes, e acabamos desenvolvendo uma prática, que começou no início de nossa moradia no edifício, e estendeu-se até os dias atuais. Foi nos dito que é um hábito extremamente mal educado e até perigoso, mas o fato é que já era tarde demais para arrancá-lo de nós.

            Tal hábito consiste em entrar no apartamento alheio sem antes bater. Claro que essa liberdade era uma coisa restrita unicamente à mim e Trowa. Nenhum dos dois sequer sonhava em fazer algo do tipo com Wufei.

            E correr o risco de que ele colocasse aquela katana em meu pescoço por ter tido um momento de seu precioso treinamento matinal interrompido pela visita? Não, obrigado.

            De qualquer forma, dirigi-me ao lar de meu colega ex-piloto para pedir uma pomada analgésica para os músculos endurecidos, e, naturalmente, faço meu caminho apartamento adentro sem uma batida sequer na porta.

            Uma vez dentro do cômodo principal, pergunto-me seriamente se ainda não estou sonhando.

            Somente um estado de sonho poderia explicar a presença de Heero, no meio da sala, sem camisa, peitoral brilhando com a presença do que parecia ser suor, mas poderia muito bem ser óleo de lírios ou a água de uma cachoeira ou qualquer outro elemento tipicamente fictício e erótico criado por minha fértil imaginação.

            Mas espere um momento. Não podia ser um sonho. Eu já havia sonhado hoje, havia inclusive tomado um banho. Teria sido o banho também um devaneio? Será que eu estava realmente dormindo? Ah, as peças que a mente pode pregar em nós , pobres humanos...

            A entrada de um terceiro personagem em minha fantasia foi o que elevou minha confusão a níveis inimagináveis. Trowa surgiu de dentro do banheiro mais próximo, também sem camisa , também brilhando, e segurando duas toalhas de banho, das quais uma ele jogou na direção de Heero.

            'Oi Duo', ele falou distraidamente enquanto secava-se com a tolha, e em seguida foi imitado pelo Sr. Olhos Azuis, que me dirigiu um 'Bom-dia Duo'.

            Essas palavras retiraram parte da nuvem que parecia cobrir a parte posterior de minha cabeça no momento, e meu cérebro recuperou-se o suficiente para conjurar uma única sentença, dirigida ao Soldado Perfeito.

            'O que você está fazendo aqui?', eu falei, e um segundo depois só pude pensar na completamente absurda falta de criatividade de meus neurônios, por que já era a segunda vez, em dois dias, que eu havia dirigido essas mesmas palavras, e apenas elas, à Heero.

            Onde estavam as respostas engraçadinhas e os comentários sarcásticos quando eu mais precisava deles? Ah, malditos sejam os mistérios da mente humana.

            Ignorando por completo meu conflito mental, Trowa jogou a tolha sobre um de seus ombros e falou, 'Heero e eu fomos ao salão de ginástica treinar um pouco'.

            Claro. Como eu podia ter esquecido? Barton treinava no salão de ginástica do edifício todos os sábados pela manhã. Ele havia tentado me convencer a acompanhá-lo, mas jamais teve qualquer sucesso nisso. Alergia à aparelhagens de academias lembram-se?

            Ok, isso explicava o porque de Trowa estar descamisado em sua sala enquanto secava o suor do exercício, mas porque...

            'Heero me acompanhou', ele completou, antes mesmo que eu pudesse terminar o raciocínio. E então o outro membro da fantasia real na qual me encontrava – digo isso, por que Trowa também não tem um físico de se jogar fora – veio a vida.

            'Oi vizinho'  ele disse, e aquele sorriso dessa vez segurava alguma outra coisa...sarcasmo? Eu não saberia dizer com absoluta certeza. Ele estendeu sua mão e eu hesitei antes de apertá-la, concordando por fim, em entrar na brincadeira.

            A mão dele era quente, firme e macia. E qualquer efeito que meu banho frio tivesse feito em mim havia acabado de ir ralo abaixo.      

            Fui acordado pela segunda vez no dia pela voz de Trowa, falando casualmente da cozinha. 'Heero mudou-se faz apenas alguns dias. Mas nós já costumávamos fazer rotinas de exercícios antes, na guerra'. Depois desse comentário, ele colocou sua cabeça no batedor da sala e perguntou, 'Mas diga Duo, o que você veio pegar aqui?'

            'Aaaaahhhh...'. Pegar? Claro, pegar. Eu estava aqui por alguma razão...mas porque mesmo? De repente, todos os outros pensamentos dentro de minha mente haviam voado para bem longe, e a falta de sangue naquela extremidade – claro que você pode adivinhar para qual outra extremidade ele foi... – também não estava colaborando. 

Antes que a situação ficasse ainda mais embaraçosa, emendei com aquilo que pude. 'Açúcar.'

'Açúcar?', ele perguntou, levantando uma de suas sobrancelhas, a que costumava antes ser invisível, em sinal de confusão.

'Você sabe...para o cereal', respondi, e quase sucumbi a vontade de soltar um suspiro aliviado quando ele deu de ombros e virou-se para dirigir-se a geladeira e pegar o que eu havia solicitado.

O que preveniu meu movimento, foi reparar que eu ainda estava segurando a mão de Heero, e ao notar isso, eu rapidamente soltei, e retraí minha própria mão, como se ela houvesse sido queimada.

O que não era uma hipótese completamente improvável, porque mais uma vez, a ausência do contato fazia com que minha pele formigasse.

Minha toalha escolheu esse exato momento para escorregar de minha cabeça, libertando as mechas de meu cabelo, que caíram pelos ombros como uma verdadeira cascata de cor marrom-dourada.

Olhei para Heero e reparei que, ao ver meu cabelo solto, algo diferente havia passado nos olhos dele. Um certo brilho...quase que predatório. Teria sido um brilho real ou só mais uma das peças que minha imaginação tinha desenvolvido um gosto por pregar em mim ultimamente?

Trowa voltou a sala com o açúcar e eu resolvi que seria melhor para mim mesmo, que eu saísse antes que me colocasse em uma série ainda maior de situações embaraçosas. Já bastava que eu estivesse diante de Heero, de pijamas e cabelos soltos, numa situação que não poderia estar mais longe daquela na qual eu pensava que estaria quando – e se – ele me visse desse jeito.

Peguei o pote de açúcar, agradeci e me dirigi à porta. Uma voz chamou por meu nome, e eu fiquei paralisado com a mão sobre a maçaneta.

'Sim?', virei-me, falando com o máximo de naturalidade que conseguia fingir naquele momento.

'Você esqueceu a toalha', Heero falou, enquanto estendia o tecido felpudo em minha direção, e ostentava aquela mesma expressão de divertimento sádico de apenas alguns minutos atrás.

'Obrigado', ofereci a ambos, enquanto pegava a toalha das mãos dele e saia daquele cômodo o mais rápido que minhas pernas permitiam.

Entrei em meu próprio apartamento fechando a porta atrás de mim imediatamente. Ainda encostado na superfície de madeira, deixei-me escorregar até o chão e me sentar ali mesmo.

Como era possível que a simples presença física de Heero me deixasse em uma estado tão deplorável? Eu não estava coberto de lama, mas sentia como se meus órgãos internos tivessem virado lama, no momento em que ouvira sua voz pronunciando meu nome.

Eu precisaria me recuperar, e rápido. Do contrário, jamais conseguiria chamá-lo para sair. Por outro lado, minha fraqueza podia ser um resultado direto de meu sonho na noite anterior. Sonho este que tinha acabado de voltar a minha mente com a força de um tapa bem dado.

Suspirei aliviado. Pelo menos era sábado, e eu teria tempo e privacidade de sobra para lidar com o assunto. Pensá-lo e repensá-lo quantas vezes fossem necessárias.

De qualquer forma o dia não poderia ficar pior do que isso.

'Duo?', eu ouvi alguém dizer, e a voz partira claramente de dentro do apartamento. Ergui meus olhos seguindo o par de pernas localizado à minha frente – a quanto tempo elas haviam estado ali afinal? -  para encontrar com os olhos verdes de Quatre. Ele tinha uma expressão de preocupação no rosto.

Perfeito. O dia acabara de ficar pior.

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Fim do Capitulo 3

Não estranhem o fato do Duo odiar a chegada de Quatre...tudo será explicado quando for hora para isso...


Claro, eu jamais poderia me esquecer de meus queridos reviewers: Bra Briefs (você é incrível moxa! Obrigada por TODO o apoio), Hi-chan (o que eu posso falar de vc? Vc é meu xodó, sem duvida!), Yuki ( sempre deixando uma linha aqui e ali...) e Yoru no Yami (MUITO OBRIGADA! Eu tenho ouvido pessoas me comparando a você , portanto, é simplesmente uma honra que você goste de meus fics! Mesmo!)