Capítulo 6.

Kagome conseguiu, para a total surpresa do antigo namorado, manter o sangue frio por mais algumas horas. Compareceu à coletiva que tinha marcado pontualmente e manteve todos os seus planos para aquela tarde. Isso realmente tinha deixado Kouga realmente frustrado.

Pena que não pudesse vê-la no seu estado atual, quando dirigia para a casa do hanyou. Era o retrato do desespero com a maquiagem borrada, o cabelo caindo em total desalinho pelo rosto e o terno social amassado e descomposto jogado de qualquer jeito sobre ela.

'Ele não pode ter mentido o tempo todo, certo?' A jovem mordeu os lábios enquanto avançava com seu veículo de um modo irresponsável pela estrada como nunca tinha feito antes. 'Ninguém é tão bom ator assim, certo?' Ela balançou a cabeça, em desgosto, sentindo mais lágrimas caírem 'O que eu estou pensando? Eu mesma fiz isso durante anos...'

Fizera uma única confirmação sobre os documentos que o lobo tinha lhe passado: Ele realmente tinha programado de fazer uma matéria sobre ela? Todo o resto era aceitável, mas ele escrever sobre ela, sabendo que estava vulnerável emocionalmente era um ato vil demais para que pudesse ser perdoado, ou sequer considerado.

E a confirmação sobre a importante questão veio menos de meia hora depois, implacável, confirmada pelo próprio chefe da redação do meio youkai. Pode-se descrever a dor? Ou o desespero que a traição de alguém que ela nunca desconfiaria, apesar de conhecer há pouco tempo, causara sobre a atriz? Kagome duvidava. Respirou fundo então, preparando-se internamente para encarar novamente o jornalista.

OoO

Afirmar que ele estava preocupado com ela era pouco. À beira de um colapso poderia definir melhor o que ele sentia. Sabia que alguma coisa não estava certa. Tinham combinado de que ela ligaria assim que falasse com Kouga. Não houve ligações da parte da atriz. E ela também não atendia as dele.

Depois veio a declaração dela perante toda a mídia. Ele conhecia Kagome bem demais, mesmo sem nunca realmente ter feito muitos contatos reais, para saber que ela não estava bem quando se apresentou. Muito longe do estado de espírito que ela se encontrava quando a deixara na porta de sua casa.

Então, quando viu o carro dela estacionar ao lado do dele mesmo, correu para a porta da frente, abrindo a mesma poucos instantes antes da moça entrar como um furacão na casa. Atônito, ele se virou para fitá-la.

"Kagome, o que aconteceu, você não..." parou de falar quando ela se virou para retribuir seu olhar. "Você está chorando... Por que...? Alguém fez alguma coisa com você?"

"Você fez!" gritou ela passando a mão pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais enquanto começava a andar pela sala. Inuyasha franziu o cenho, dirigindo-se para frente a fim de se aproximar dela. "Fique longe de mim!"

"O que eu fiz!" a jovem soluçou balançando a cabeça.

"Não se faça de inocente, você sabe perfeitamente!"

"O que? Kagome, eu não entendo..."

"Fingindo ser tão bonzinho, tão gentil... Deve ter sido muito engraçado, não? Eu tão frágil e deprimida enquanto você escrevia sobre mim!"

"Kagome, eu nunca...!"

"Não me interrompa! Qual era o plano? Eu consigo imaginar a manchete: A atriz por trás dos bastidores...!"

"Do que você está falando!"

"Da sua matéria dessa semana" ela murmurou, encontrando finalmente seus olhos enquanto deixava mais lágrimas escaparem. Ele mirou-a por um instante antes de empalidecer. "É verdade então, não é?"

"Kagome, me deixa explicar, você não entendeu nada..."

"Então é verdade!" gritou ela antes de dar as costas para ele. O hanyou correu a te ela, fazendo com que se virasse. "Me solta!"

"Não! Ouça... É um mal entendido, eu nunca faria isso com você..." Ela empurrou o meio youkai, tirando de dentro do sobretudo a pasta de documentos que estava carregando consigo desde que Kouga a entregara. Jogou os papéis no chão com um sorriso falso no rosto. Eles caíram exatamente na página de uma foto dos dois durante o baile.

Inuyasha olhou paralisado para aquilo. Ela abaixou a cabeça por um momento antes de respirar fundo.

"Eu confiei em você" disse ela em voz baixa voltando a encará-lo. Inuyasha a olhava com o mesmo olhar confuso e magoado de antes, quando ela disse que iria embora. 'Como ele consegue fingir até mesmo agora? O que ele perde dizendo a verdade?'

"Kagome me deixe explicar... Não é nada do que parece..." Ele fez menção de tentar alcançá-la novamente, sendo impedido quando Kagome recuou.

"Eu achava que você era a melhor coisa que tinha me acontecido..." murmurou ignorando a fala do outro

"Você é a melhor coisa que me aconteceu..."

"Mentira" sussurrou ela, levando a mão aos olhos para enxugar as lágrimas. Kagome se dirigiu para a porta, parando por um instante ao ouvir as palavras murmuradas em uma voz quebrada e melancólica

"Eu amo você..."

OoO

Ela tinha ido embora. Ele se deixou sentar no sofá, petrificado com a conclusão. Nunca mais iria voltar. 'Não confia em mim...' pensou ele olhando para as próprias mãos 'E eu daria qualquer coisa para que ela me amasse também...' suspirou, passando o olhar perdido para as pinturas penduradas pelas paredes.

Mobiliara tudo aquilo pensando em como ela ficaria linda rindo diante daqueles quadros. Vã tentativa. 'Eu não sou o monstro que você acha que eu sou, Kagome...' ele riu o riso sem humor que estava acostumado 'Não que isso faça diferença a essa altura...'

Tinha sonhado durante tanto tempo com um encontro entre os dois. Tantas expectativas, tantas noites perdidas revelando as fotografias das noites brilhantes que ela proporcionava ao público. E de que servia isso, afinal? Preenchera toda a sua vida com uma meta inalcançável, que agora se afastava dele novamente, rindo ao vê-lo decepcionado.

Ele se levantou lentamente, olhando para fora, surpreso ao constatar que o dia já nascia. 'Suponho que se perca a noção de tempo quando se vê dentro dessas situações.' Suspirou, peando as chaves do carro que estavam jogadas de qualquer jeito em cima da mesinha de centro e saiu da casa. Sabia o que fazer.

OoO

Ela passara grande parte da noite em claro. Afinal, quando já era alta madrugada, desistiu e apelou para seus abençoados tranqüilizantes. Ao menos poderia tirar algum conforto de algumas boas horas de sono. Algum escape para a realidade enquanto a abandonava momentaneamente, dormindo.

Pareceu-lhe que tinha acabado de fechar os olhos quando seu telefone particular começou a tocar estridentemente. Ela abriu os olhos, agora inchados pelas longas horas de choro e se sentou, tateando pelo aparelho deixado em algum lugar da sua mesinha de cabeceira.

'Céus, que horas são?' Ela pegou o telefone, olhando antes para o relógio. Dez da manhã.

"Alô?"

"Senhorita Higurashi?" ela piscou, tentando se manter acordada

"Pois não?"

"Aqui é o chefe da editora, a senhorita ligou ontem à tarde, pedindo informações sobre o Inuyasha..." Kagome suspirou tristemente. Ao que parecia, não deixariam que ela esquecesse o hanyou com tanta facilidade.

"Sim?"

"Parece que eu fiz uma pequena confusão aqui..." o homem riu nervosamente do outro lado da linha "Resolvi checar o artigo da semana dele, por que eu tinha certeza de que ele tinha me falado algo a respeito..."

"E...?" Kagome se sentou ereta na cama, prestando muita atenção as palavras do homem. Mais alguma catástrofe que tinha lhe escapado?

"Ele não está escrevendo sobre a senhorita" Kagome prendeu a respiração

"Como?"

"Ele pediu para trocar o tópico no dia seguinte ao recebê-lo."

"Ele... trocou...?" a jovem franziu a testa

"De fato, eu estava olhando a ficha dele. Inuyasha está sendo processado por um outro jornalista da empresa, Naraku, por se negar a passar para frente informações sobre a senhorita que ele guarda. Naraku alega que ele obstrui as pessoas de saberem o que realmente se passa no mundo... Não que Naraku vá ganhar, claro" o senhor riu novamente

Kagome arregalou os olhos. Os papéis que a advogada trouxera. Não era ma farsa então? Desligou o telefone, sem parar para ouvir o resto da explicação. 'Oh, céus... Oh, Kagome, o que você fez?'

Lembrava-se da expressão de surpresa dele na noite anterior quando ela o acusara. Lembrava-se da mágoa, do pesar... Levantou-se, procurando rapidamente por alguma coisa para vestir antes de correr para a garagem. Precisava lhe falar. Socou o volante enquanto buzinava para que os outros saíssem de sua frente, as últimas palavras dele ecoando em sua mente 'Eu amo você...'

OoO

Ela não se deu ao trabalho de tocar a campainha quando chegou. Simplesmente entrou na casa agora já tão familiar.

"Inuyasha!" vasculhou o primeiro andar, sentindo-se subitamente nervosa quando não ouviu nenhuma volta aos seus chamados. Subiu correndo as escadas, vendo a penas vazio também no andar de cima "Inuyasha..."

Olhou para último lance de escadas, que levariam para o cômodo em que ela nunca entrara. Ele estava ali, talvez...? Subiu, hesitante e abriu a porta. E o que viu tirou completamente seu ar.

"Ah, meu Deus..." murmurou, entrando na sala. As paredes eram todas recobertas com as mais diversas fotografias dela mesma. Desde sua infância até as mais recentes, presas junto às críticas que fizeram sobre cada uma de suas atuações. Era o trabalho de uma vida inteira.

Aproximou-se da bancada de trabalho, vendo várias outras fotos que ainda não tinham ganhado seu lugar no mural, mordendo os lábios ao ver um caderno de versos posto ao lado. Versos dele sobre ela. 'Kagome, o que foi que você fez? Ninguém poderia ser mais fiel a você...'

OoO

Olá! Nossa... eu estou surpresa comigo mesma com aminha rapidez em atualizar... Eu me decidi a finalizar a fic logo, mesmo... Se vai ser triste ou não depende da guerra que está se passando dentro da minha cabeça XD

O monstro malvado apela para a tristeza enquanto uma centelha de bondade que ainda existe em mim XDD diz que é melhor eles acabarem felizes. Duvida cruel... Muito obrigada as pessoas que comentaram. Espero que estejem gostando. Beijos,

Nimue