Águas passadas

A primeira side story de OEPDH, com histórias provavelmente aleatórias e não tão compridas quanto em OEPDH.

Obs: Vou tentar manter o nível nesta fic, sem nada muito forte, porque pra isso, vai ter a outra SS, que eu ainda tenho que começar a escrever...


Reminiscências 3.1: Satori

Yuki Wayne apaixonou – se pela primeira vez aos oito anos, embora nunca tenha percebido...

O nome do garoto era Satori Matsumoto...

Satori...


Yuki era muito alegre e amigável desde criancinha...

Ela tinha oito anos, e estava em seu quarto ano estudando instrumentos, juntamente com Joe, que nunca demonstrou tanto gosto assim por eles, apesar de realmente ama – los e ser absolutamente incrível, Faith, Ellen e Jenny, mais Jim, que tinha seis anos de estudos, todos incríveis, cada um demonstrando seus talentos de formas diferentes, como Jenny raramente tocando para quem fosse, e Ellen sendo uma cantora maravilhosa. Foi em suas aulas que conheceu Satori, um garoto de sua idade, com cabelos e olhos negros, um garoto educado e gentil...

—Yuki – chan – disse a professora um certo dia à garota dos longos cabelos dourados – Este daqui é Satori Matsumoto. Você poderia ajuda – lo se ele precisar? – o garoto estava muito vermelho, e parecia embaraçado.

—Claro! – a garota respondeu alegremente, e o garoto a olhou sem entender o por quê de seu entusiasmo. A professora sorriu e foi conversar com outros de seus alunos – Muito prazer! Eu sou Yuki Zoe Wayne.

—Satori... Matsumoto... – ele murmurou.

—Eu sei, Satori! – ela respondeu, rindo ligeiramente, de uma forma cativante. O garoto a olhou e sorriu timidamente.


Todos os dias que tinham aula, Yuki e Satori ficavam juntos, a garota sempre ajudando – o, apesar dele ser sempre relutante, sempre tentando e tentando sozinho, mas quando rapidamente falhava, a garota sorria alegremente e o ajudava, sem nunca dizer uma única palavra de ofensa, sempre agindo com verdadeira gentileza.

Foi a sua doçura e o seu carinho que fizeram Satori apaixonar – se, apesar de não perceber... Yuki, pouco a pouco, começou a sentir que não queria ficar longe de Satori, mas nunca entendeu o por quê de tal sentimento, e acabou por associa – lo, sem nem pensar duas vezes no assunto, a amizade sincera e singela que havia entre os dois.

Amizade...


Quatro anos Yuki e Satori passaram juntos, como amigos, embora os dois estivessem apaixonados um pelo outro, mas o garoto não sabia como falar sobre seus sentimentos, temendo que a doce e inocente garota o rejeitasse, o que partiria o seu coração, e ele com certeza não agüentaria ficar ao lado dela depois... E a garota ainda não entendera que seus sentimentos pelo amigo não eram somente de amizade, mas também amor, um amor puro e sincero, mas que ela jamais os compreendeu ou sequer percebeu...

Quatro anos se amando em silêncio, um em agonia, uma em ignorância... A falta de palavras, a falta de entendimento... Quatro anos passaram – se, e os dois já tinham doze anos...

E, aos doze anos, Yuki, apesar das atitudes infantis, já crescera bastante, e parecia ter até catorze, quinze anos, dependendo do que estava vestindo. E Satori percebera o seu crescimento...

Seu coração a amava cada vez mais, a cada dia que passava, a cada momento que os dois compartilhavam; ele a amava mais do que achava ser possível, mas nunca lhe diria... Como declarar seu amor sem perder a sua amizade, que ele prezava tanto quanto ele a desejava perto de si, retribuindo o seu amor?

—Satori, no que você tá pensando? – Yuki perguntou certa vez, quando o garoto estava em profundo pensamento. Ele balançou a cabeça com força, tentando esquecer – se de seus pensamentos dolorosos, e sorriu alegremente para a garota.

—Nada não, Yuki – chan! – ela sorriu de volta para ele e riu ligeiramente, da mesma forma que o cativara quatro anos antes, quando haviam acabado de se conhecer, e quando ele tinha tido o seu coração capturado tão facilmente pela bela garota dos cabelos dourados.


—Sabe, Satori, você anda tão distraído... – Ellen comentou ao jovem de olhos negros. Ele corou furiosamente – Que foi?

—Nada, Ellen... – tendo se tornado tão bom amigo de Yuki, Satori acabara por conhecer a sua família toda, e tornara – se bom amigo deles, especialmente de Ellen, que sempre lhe oferecia um ombro amigo e palavras de incentivo.

—Nada mesmo...?

—Bem...

—O que foi?

—É que... Sabe...

—Não, eu não sei.

—Ellen.

—Que foi? – Ellen era tão gentil com ele que ele acabava por lembrar – se de Yuki, mas ele sabia muito bem que as duas primas eram diferentes entre si em vários aspectos, e não adiantaria muito apaixonar – se por Ellen tentando esquecer – se de seus sentimentos por Yuki...

—Você sabe que eu...

—Que você...?

—Que eu amo a... A Yuki...

—Sei...

—Bem, sabe, é que eu... Eu...

—O que?

—Eu vou me mudar em breve.

—Que? Por que?

—O papai... Você sabe, ele é militar...

—Sim, mas pensei que ele era militar reformado... Que ele não estava envolvido na guerra...

—Não é que ele esteja envolvido na guerra ou qualquer coisa desse tipo, não, não é isso não... Mas é só que... Bem, ele não acha que seja bom continuar aqui nessa colônia – o tom de voz de Satori foi diminuindo e tornando – se triste, envergonhado. Ellen franziu o cenho ligeiramente.

—Entendo... Então... Acho que ele não quer mais que você fique perto da gente, não é isso?

—É... Mais ou menos, sim...

—Ah...

—Ele sabe que a Yuki e eu somos melhores amigos faz bastante tempo, e acha que eu posso... Ser... Influenciado, de alguma forma...

—Certo...

—Não que eu ache isso também! Claro que não! Eu sei muito bem que todos vocês são bons e não tão nem aí pra guerra! EU sei disso, mas o meu pai não... Desculpa, Ellen, desculpa...

—Pra onde você vai?

—Pra colônia L10.

—Mas... Mas a colônia L10 é... Ela fica tão longe, Satori...

—Eu sei bem disso... Mas...

—Satori... Você não pode ir pra tão longe... Eu vou sentir tanta saudade... E a Yuki...

—A Yuki...

—Vocês são amigos faz quatro anos, Satori... E você sabe como a Yuki é... Ela vai começar a chorar...

—Eu sei... Eu não quero nem pensar como é que vai ser quando eu me despedir dela...

—Ela vai ficar tão triste...

—Eu sei... E eu não quero vê – la chorando de jeito algum, mas... É o meu pai que quer que a gente saia daqui. Nem mesmo a mamãe quer se mudar, sabe...?

—Nem mesmo a sua mãe?

—Claro que não. Ela gosta bastante daqui... A guerra não chegou nem nunca vai chegar até aqui... Ela gosta disso.

—Provavelmente...

—Mas o papai, é claro...

—É tudo culpa...

—Não é não!

—É sim...

—Não, não é! Não é culpa de nenhum de vocês.

—Mas...

—Não é, Ellen! Só porque... Porque os seus pais e os da Yuki... Bem, a família Wayne inteira... Faz e fez tanta coisa... Bem... Isso não quer dizer... Não quer dizer que vocês...

—Mas... Somos culpados por sangue...

—Que?

—Porque somos filhos... Filhos de gente... Como eles...

—Ah, Ellen... Não fala assim não...

—Mas eu tenho razão, não tenho?

—Ellen...

—O papai e a mamãe e todos os nossos tios...

—Não são as melhores pessoas do mundo, é verdade, mas vocês todos... Vocês todos... Vocês são... Incrivelmente... Sei lá! Mas vocês não têm culpa alguma no que a sua família faz e fez! – Ellen sorriu levemente e o olhou.

—Se a Yuki pudesse... Pudesse ver como você gosta dela... Ela iria gostar de você de volta, Satori... – ele ficou vermelho.

—Como assim, Ellen?

—Você é muito bonzinho...

—Eh...

—Pena que a Yuki nunca vai perceber...

—Acho que não...

—Ela pode ser perceptiva ao extremo quanto a várias coisas, mas acho que... Que quando é sobre ela, ela não entende ou percebe muito bem não...

—Eu sei.

—Mas não fica assim não, Satori. Um dia...

—Tá certo.

—Um dia, quando a Yuki não for tão...

—Inocente e bobinha?

—É... Ela... Ela vai perceber que você gosta dela... E vai gostar de você também.

—Não... Ela não vai não.

—Como você sabe disso?

—Eu conheço a Yuki. Ela enfia uma coisa na cabeça... E nunca tira. Ela é teimosa, apesar... De ser difícil de ver isso.

—Satori...

—Eu não preciso que ela me ame como eu a amo, Ellen... Só preciso que... Bem, agora que eu vou pra tão longe e é provável que eu não volte nunca mais, e talvez até nunca mais os veja, eu só preciso... E espero, é claro, que... Que ela não se esqueça de mim, e que sempre me considere um bom amigo...

—Você É um bom amigo, Satori. O melhor que ela jamais vai ter.

—Mesmo...? – ele perguntou constrangido.

—A Yuki sempre te chamou de "o melhor amigo que ela já teve e vai ter pro resto da sua vida", então acho que dá pra entender que... Que ela gosta muito de você, Satori. E mesmo que vocês... Que nós nunca mais nos vejamos, eu acho que isso nunca vai mudar. Você sabe... A Yuki é como um elefante...

—Ela jamais esquece, eu sei...

—E não esquece mesmo. Então... Ela nunca vai esquecer como você sempre foi bonzinho com ela, e como vocês sempre foram bons e melhores amigos...

—Mas... Mesmo assim... Eu ainda assim queria... Queria...

—O que?

—Queria que ela entendesse... Nem que só por um segundo... Que eu... Eu a amo...

—Mas ela vai ficar confusa, e...

—É por isso mesmo que eu nunca disse nada, nem nunca vou dizer, provavelmente...

—Ah, Satori...

—A Yuki é uma garota, uma pessoa incrível, e dá pra perceber isso de longe... Um dia... Ela vai encontrar alguém que ela vai amar como eu sempre quis que ela me amasse, e aí... Essa pessoa vai ama – la de volta...

—Pode ser...

—Essa pessoa vai ser a mais sortuda do mundo... Porque ter o amor da Yuki é...

—Não fica triste não, Satori...

—A Yuki... É inocente demais para entender...

—O que?

—Todos aqueles que a amam e amarão calados... Jamais falarão que a amam porque... Porque perder a amizade dela, perder o jeito inocente e sincero com que ela te trata... Isso iria doer bem mais do que ser simplesmente rejeitado...
Ellen não sabia o que dizer, então só encostou a cabeça no ombro do garoto.

—Sabe... Eu já pensei numa coisa um monte de vezes...

—O que, Satori?

—Como seria bom eu me apaixonar por você... – ela ficou muito vermelha e tirou a cabeça de seu ombro.

—Que?

—Não, não, calma! Não é que eu esteja apaixonado ou me apaixonando por você!

—Ai, que alívio!

—Mas... Com você, seria mais fácil... Mas com a Yuki...

—Ah...

—Você, apesar de ser tímida... Apesar de você e a Yuki serem tão parecidas, você é mais... Você não é tão... Fechada quanto a Yuki.

—Você acha que a Yuki é...?

—Não muito, mas... Ela é. Ela não entende os sentimentos dos outros por ela... Você sim.

—Nem sempre...

—Mas muitas vezes, sim.

—Bem...

—A Yuki não entende até que alguém diga pra ela. Você não precisa que as pessoas fiquem falando quem é que gosta e não gosta de você.

—Ah...

—Por isso que eu disse... Que eu queria me apaixonar por você... Muito, tanto que eu até chego a achar que te amo, mas... Aí eu penso na Yuki... Ou a vejo, ou alguém fala nela... E não dá...

—Um dia, Satori...

—Um dia eu pararei de ama – la.

—Não era bem por aí que eu...

—É a única coisa que me faz ficar um pouco menos agoniado.

—Hã?

—Que um dia eu vou poder olhar pra Yuki e só sentir amizade por ela, e não mais amor... É a única coisa que me faz esquecer da dor de ama – la e não poder dizer nada.

—Satori...

—Um dia...


Num dia... Satori tinha que ir embora... De vez.

Quando Yuki soube de sua mudança, ela chorou em seus braços, sendo abraçada com força pelo seu melhor amigo, que não dizia nada, e só a segurava, deixando – a chorar o quanto ela queria. E ela o fez.

E agora...

—Satori...! – Yuki dizia entre soluços e lágrimas.

—Desculpa, Yuki – chan... – Satori sussurrava no ouvido da garota, chorando em seus braços.
Os dois, mais a família Matsumoto e alguns dos poucos amigos de Satori, como Ellen, estavam por perto. O pai do garoto não parecia nem um pouco feliz com a forma carinhosa com que o filho tratava a melhor amiga.

—Mas você vai voltar um dia, não vai, não vai? – ela perguntou ansiosa e cheia de esperança, soltando – o, seu rosto ainda todo molhado pelas lágrimas.

—Eu... – ele não sabia como lhe dizer que era provável que nunca mais se vissem... – Eu acho que sim – ele murmurou, sorrindo levemente. A garota sorriu aliviada e o abraçou com força, rindo.

—Então volta logo, tá bom, Satori? – ela disse docemente, soltando – o novamente. O garoto desejou poder segura – la com força, mas desta vez, beija – la... Mas sabia que não devia, que não podia, então forçou um sorriso e acariciou o rosto de sua amiga uma última vez.

—Eu volto, Yuki. A gente ainda vai se ver de novo. Eu... – ele sabia que não deveria prometer algo que não sabia se poderia cumprir, mas era a única coisa que faria com que aquela que tanto amava parasse de chorar... E como ele queria que ela só sorrisse, e não mais chorasse... – Eu prometo que voltarei. Eu prometo, eu prometo, Yuki – chan. Prometo.

—Tá bom, então, Satori...

—Satori, vamos logo – disse o pai do garoto, de forma ríspida, e olhando não muito amistosamente para Yuki.

—Tá, pai... Eu já vou. Já tô acabando aqui... – o seu pai pareceu relutante, mas o deixou e foi indo para o portão de embarque.

—Tchau, Yuki – chan – ele a beijou na testa e sorriu. Ela sorriu de volta.

—Até logo, Satori!

—É... Até – ele sorriu mais uma vez e foi para seus outros amigos, despedindo – se rapidamente de cada um. Ellen foi deixada por último propositalmente.

—Tchau, Satori – ela disse afetuosamente ao abraça – lo com força.

—Obrigado, Ellen... Por ser uma boa amiga...

—De nada.

—E... Até algum dia, com alguma sorte... – ele disse, soltando – a. Ele a beijou no rosto e começou a dirigir – se ao portão de embarque. Mas o grito de Ellen o parou.

—Satori!

—Você leu o bilhete, não leu, Ellen? – ele disse, sem virar – se para ela, e esperando pela aeromoça, que verificava os seus dados.

—Mas...

—Por favor – ele disse, virando o rosto o suficiente para que ela visse seu perfil; seus olhos negros estavam cheios de lágrimas.

—Tá... – a garota respondeu silenciosamente, tão baixo que o garoto não conseguiu ouvir, mas ele já sabia que ela diria algo do gênero, por isso nem a olhou novamente, e teve permissão da aeromoça para entrar no avião.

—Ellen... O que foi que o Satori...

—Nada de importante, Yuki...

—Mesmo?

—É... Mesmo – sua prima sorriu tristemente, vendo o avião decolando e logo sumindo de vista. Tão distraída ela estava, que não viu a forma como Ellen apertou com força alguma coisa em seu punho...

Aos doze anos, Yuki viu o seu primeiro amor deixa – la, mas a sua dor ao vê – lo ir embora não foi maior porque ela nunca percebeu que ele a amava como mais que sua melhor amiga, nem que suas lágrimas ao saber que ele iria se mudar não eram somente por saber que iria perder seu melhor amigo, mas também... Seu primeiro amor...


Oh...! E eu nem demorei um ano inteiro pra postar este capítulo...! Mas é mais porque eu já tenho uns capítulos prontos pra esta história, eu não preciso colocar tudo em ordem (por personagem), e porque o html e essas porras de configurações não se aplicam muito à esta história. Ainda bem!
Bem, comentando sobre o capítulo em si.

Satori é realmente uma gracinha, e o motivo que me levou realmente a postar este capítulo e não qualquer outro é simplesmente porque eu queria já deixar o Satori como um personagem possível e existente no universo que eu criei em OEPDH. Isso porque eu planejo fazer com que ele apareça não no próximo capítulo de OEPDH que eu postarei, no próximo, muito provavelmente. Afinal de contas... O Wufei não anda com muita competição. Nem qualquer outro personagem masculino, eu sei, eu sei, mas, de qualquer forma, eu quero ir começando, porque os caras do passado da Ellen vão aparecer, e os da Jenny, além do Jason, claro, também vão dar as caras uma ora ou outra. E por que não começar pelo Satori e a Yuki?


Eu não faço lá muita idéia de quando exatamente eu estarei postando o próximo capítulo desta história. Ou de OEPDH (este capítulo eu estou postando porque me deu vontade, do nada), mas, com alguma sorte, e um pouco de inspiração, eu termino logo o capítulo no qual estou parada faz mais de um ano, e o postarei para a alegria de... Alguém, espero.
Ah, sim. Gostaria de saber o que as pessoas pensam do Satori. É que eu muito provavelmente irei modificar ligeiramente a personalidade e temperamento dele (já que serão entre quatro e cinco anos desde a última vez que ele e os Wayne se viram e tal), mas gostaria de saber se ele é querido. Por alguém. Por isso, por favor, um pouquinho de ajuda!!