Águas passadas

A primeira side story de OEPDH, com histórias provavelmente aleatórias e não tão compridas quanto em OEPDH.

Obs: Vou tentar manter o nível nesta fic, sem nada muito forte, porque pra isso, vai ter a outra SS, que eu ainda tenho que começar a escrever...


Reminiscências 2.1: John Seri

Quando Ellen Wayne apaixonou – se pela primeira vez, ela tinha apenas dez anos.

O nome de seu amor era John Seri...

—Oi, John! – dizia a linda e adorável Ellen de dez anos.

—Oi, Ellen! – respondeu John Seri, um garoto de catorze anos. Tinha cabelos loiros claros e olhos esmeralda, era muito bonito e tinha um sorriso que fazia Ellen ficar muito vermelha.

John era o filho de um engenheiro militar, e o próprio jovem sonhava em ser militar, mais especificamente um engenheiro também, mesmo tendo nascido e sempre vivido na pacífica e tão alheia da guerra colônia L6... E Ellen, apesar de ser tão jovem, apaixonou – se perdidamente pelo belo jovem aspirante a engenheiro.

John, apesar de querer ser militar, tinha uma grande paixão pela música, o que o levou a estudar na Filarmônica L6, onde todos os membros da família Wayne tinham aula.

Por ser um excepcionalmente talentoso pianista, John foi colocado para tocar com o coral. E Ellen, sendo a cantora – solo, passou a treinar bastante com o jovem, a maioria das vezes fora dos horários de aulas, e em geral sozinhos.

Com o passar do tempo, Ellen, inocente, uma criança doce e gentil, apaixonou – se por John, que sempre a tratava de igual para igual, e sempre com carinho e gentileza.

Mesmo com dez anos, Ellen já sabia que estava apaixonada, e não sabia o que fazer a respeito, afinal, percebeu seus sentimentos apenas duas semanas depois de conhecer John, e eles teriam ainda que ensaiar juntos, sozinhos, muitas vezes mais.

Desde criança, a garota dos olhos cobalto já era muito inteligente e sagaz, e sabia muito bem que nunca poderia ter nada com John, já que havia uma evidente e grande diferença de idade entre os dois. E, apesar de seus sentimentos tão fortes, Ellen decidiu sempre sorrir para o jovem, e ignorar o calor que sentia no rosto toda vez que ele sorria para ela.


Por mais de um ano, John e Ellen mantiveram uma relação estranhamente próxima.

Apesar da diferença de idade que ambos sabiam que existia, nenhum dos dois parecia ligar para ela, sempre conversando antes, depois e durante seus ensaios, sobre o assunto que fosse, John nunca realmente percebendo que falava com uma criança sem experiência de vida, e Ellen não percebendo que falava com um jovem que já experimentara tanto mais que ela mesma.

A amizade que existia entre os dois não era muito bem vista pelos colegas do rapaz, que costumavam fazer piadas dela, mas a família de Ellen apoiava o amigo da garota, e ele passou a ir à mansão Wayne com bastante freqüência. A família de John, formada somente por seu irmão mais novo, com dois anos a mais que Ellen, e por sua mãe, também, via tudo de forma inocente, sempre tratando Ellen como se ela fosse uma irmãzinha mais nova de John, que também sempre a tratou assim, assim como seu irmão mais novo, Jay.

E os dois "irmãos" passavam tanto tempo juntos que os sentimentos de Ellen jamais esfriaram ou diminuíram, somente crescendo e crescendo. E John, apesar de estar muito ciente de que Ellen ainda não era uma adulta, nem mesmo uma adolescente, e sim uma criança madura, nunca conseguiu pensar em Ellen como uma criança, como uma irmãzinha, apesar desta ser a forma como ele a tratava.

—John...

—Que foi, Ellen? – o jovem perguntou à garota, deitada no chão do palco onde cantava. O rapaz, por sua vez, estava no piano, brincando com as teclas do instrumento.

—Posso perguntar uma coisa?

—Claro que sim.

—Por que você não tem namorada? – o jovem arregalou os olhos e ficou intensamente vermelho, como Ellen provavelmente nunca o tinha visto. Mas não que ela tenha visto o seu rosto, já que estava distraída demais brincando com o cabelo.

—Que... ?

—Por que você não...

—Não, eu... Eu ouvi...

—Então... ?

—Bem... Eu... Eu não... Não sei...

—Mas você não quer uma namorada? – ela ficou de bruços, balançando as pernas para cima e para baixo, e olhando para as costas de John, já que ele estava virado por completo para o piano.

—Acho que... Não – ele disse, constrangido.

—Por que?

—Ah... Não sei.

—Você já teve uma?

—Não...

—Ah... Então você nunca... Sabe... Beijou? – ele ficou mais vermelho, e agradeceu a todos os deuses no céu que a garota não podia ver o seu rosto.

—Não...

—Ah... Eu queria saber se era bom...

—Que!

—Namorar.

—Ah...

—É que o Joe já namora faz algum tempo, então eu queria saber se é bom assim pra ele ter tantas namoradas... – John riu baixinho – Por que você tá rindo, John?

—Não sei... Acho que é porque o Joe é tão novinho e já teve tantas namoradas...

—É... Eu queria mesmo saber se é tão bom assim namorar... E se é bom beijar...

—O que, que!

—É que eu sempre vejo nos filmes como as pessoas ficam animadas quando beijam a pessoa que amam pela primeira vez...

—Ah... Ah, tá...

—Por isso que eu queria saber se você já tinha namorado ou beijado...

—Mesmo... ?

—É. Eu queria ser beijada por um garoto bonzinho, educado, bonito e que saiba me fazer sorrir como ninguém mais.

—Esse é o seu tipo? – John virou – se com um grande sorriso nos lábios. Ele sorriu ainda mais para Ellen, que sorriu de volta.

—Acho que sim – ela estava lindamente corada.

—Bem, se algum dia eu encontrar um garoto assim, eu falo de você. Mesmo que ele não te conheça, tenho certeza de que ele se apaixonará por você, Ellen – ela ficou muito vermelha, e John não pôde deixar de acha – la adorável – Afinal... É difícil não se apaixonar por uma garota tão... – ele ficou intensamente vermelho, e desviou o olhar, não terminando de falar.

—Tão o que, John...? – a garota perguntou, timidamente.

—Eh...

—John...?

—Ah, Ellen... Você é simplesmente tão... Boazinha... Canta como um verdadeiro anjo... É muito bonita, é claro... – ela sorriu envergonhada – Qualquer garoto amaria ter você como namorada, Ellen – ele disse mais distraído, quase que para si mesmo.

—Mesmo...?

—Claro...

—Até mesmo um garoto mais velho que eu?

—Com certe... – ele percebeu o que estava dizendo e ficou muito vermelho, mas não conseguiu desviar os olhos dos de Ellen.

—Hã?

—Qualquer um, Ellen... Qualquer... Um... – ele murmurou constrangido e virando – se para o piano novamente.

—Vamos ensaiar, então, John? – a garota perguntou levantando – se e indo até ao lado do jovem. Ele a olhou e sorriu levemente, como se agradecesse por ela mudar de assunto.

—Claro. O que era mesmo que você ia cantar na próxima apresentação...?

— "When I Fall In Love"...

—Ah...

—Que foi?

—Eh... Você... Nunca me ouviu... Cantando, né?

—Nunca. Você canta?

—Um pouco. Claro que nem chega aos seus pés, mas...

—Então canta!

—Bem...

—Que foi?

—Hum... Que tal assim, então?

—Hã?

—Quando a gente for se despedir, na noite antes de ir... Embora, eu canto pra você, especialmente, tá bom assim?

—Ah... É mesmo, né...? Daqui a pouco você vai pra guerra...

—Mais uma semana, é.

—Só uma semana... – a garota disse tristemente. O jovem a olhou e sentiu uma forte pontada de culpa por fazer a doce garota tão triste com a sua ida à guerra.

—Mas a gente vai se ver depois, Ellen. Não se preocupe.

—Mesmo...? – a garota tinha um olhar ansioso naqueles mares de cobalto, como John sempre relutantemente pensou.

—Claro... – ele disse suavemente – É claro que sim, Ellen. É uma promessa.

—Mesmo, mesmo?

—Claro!

—É que... Sabe... Você vai estar do lado dos civis que querem se rebelar contra a Oz e...

—Como você...?

—Eu sou uma Wayne, esqueceu?

—Ah, claro. Que besteira a minha. Mas... Como você sabe da Oz...?

—Bem... Eu só... Sei.

—Certo...

—John...

—Que foi?

—Tome cuidado, tá bom?

—O papai vai cuidar de mim. Sem problema.

—Eu... Eu sei disso, mas mesmo assim, sabe... Eu... Eu me preocupo com você...

—Eu sei...

—E eu sei também que a gente pode nunca mais se ver depois de você ir praquele engenheiro... Howard.

—Nossa, você sabe até do Howard...?

—Sei sim.

—Uau. Mas, de qualquer forma, Ellen, eu sempre vou ter cuidado, tá? Assim... Bem, assim, eu...

—Hã?

—Eu volto, Ellen. Um dia, mesmo que não seja aqui nesta colônia, tenha certeza de que nós nos veremos novamente. Tá bom? – ele a olhou e sorriu carinhosamente. Ela corou furiosamente e sorriu levemente.

—Tá – ela disse baixinho.


Remember when
We never needed each other
The best of friends
Like sister and brother
We understood
We'd never be
Alone

Those days are gone
Now I want you so much
The night is long
And I need your touch
Don't know what to say
Never meant to feel this way
Don't wanna be alone tonight

What can I do to make you mine
Falling so hard, so fast this time
What did I say, what did you do
How did I fall in love with you

I hear your voice
And I start to tremble
Brings back the child
That I resemble
I cannot pretend
That we can still be friends
Don't wanna be alone tonight

What can I do to make you mine
Falling so hard, so fast this time
What did I say, what did you do
How did I fall in love with you

I wanna say this right
And it has to be tonight
Just need you to know
I don't wanna live this lie
I don't wanna say goodbye
With you I wanna spend the rest of my life

What can I do to make you mine
Falling so hard, so fast this time
What did I say, what did you do
How did I fall in love with you

What can I do to make you mine
Falling so hard, so fast this time
Everything's changed, we never knew
How did I fall in love with you...

John abriu os olhos e sorriu para a alegre Ellen, a única que o ouvira cantando. O jovem, contudo, corou intensamente quando a garota o abraçou, a primeira vez que o fazia, e com força.

—Ellen...?

—Eu vou sentir tanta saudade, John... Tanta, tanta...

—Ellen...

—Tanta, mas tanta mesmo... John...!

—Desculpa, Ellen... Eu... Eu só tenho que ir... Eu não consigo explicar... Eu só... Preciso ir...

—Eu sei disso... Eu sei...

A garota continuou a abraçar o jovem, e ele só a segurava, acariciando carinhosamente a cabeça dela.

—John... Eu... Eu queria te... Dizer uma coisa muito importante...

—O que foi?

—Eu... Eu...

—Sim?
—John, eu... Eu estou... – ela o olhou diretamente em seus olhos esmeralda – Eu estou... Apaixonada... Por você...

—O que...?

—Desde que a gente se conheceu, eu... Eu...

—Ellen...

—Desculpa... Eu vou embora... – mas John a segurou com força e a abraçou – John...?

—Eu sei que... Que é estranho, mas eu... Eu...

—O que?

—Eu também estou apaixonado por você, Ellen...

—Que...?

—Eu não consigo entender como é que você me faz me sentir desse jeito, mas você me faz... E eu...

—John...

—Eu te disse, já, Ellen... Você consegue fazer qualquer um se apaixonar por você... Até mesmo alguém mais velho que você, como eu... Afinal... São quatro anos de diferença...

—Eu sei...

—Ah, Ellen...

—John...

—Mesmo você sendo mais nova que eu, e... Bem, eu estou indo embora amanhã mesmo...

—Eu sei...

—Eu não... Não vou esquecer de você, Ellen... A primeira garota por quem eu me apaixonei...

—Eu também não vou me esquecer de você, John...

—E também... – ele a soltou e segurou o seu rosto molhado de lágrimas e corado – A primeira garota que eu já beijei.

—O que...? – ela foi calada quando os lábios trêmulos e macios de John encostaram nos seus levemente, por um instante que não durou mais que um simples segundo.

—A primeira por quem eu me apaixonei, que eu beijei, que... Eu amei...

—John...

—Pra sempre, Ellen, você será... O meu primeiro amor...

—Você... Também, John...

—Sempre e sempre, Ellen – chan...

—John...

—Agora... Eu acho... Acho melhor você ir...

—Tá...

—Eu... Eu não acho que... Eu tô sendo muito egoísta, mas... Eu não acho que eu vou conseguir olhar pra você desse jeito por muito mais tempo...

—Hã?

—Eu posso... Não querer... Ir embora...

—Ah...

—Então... Até algum dia, Ellen – ele a beijou no rosto e acariciou o seu rosto com a expressão mais triste que já havia visto em sua vida. Não... Não era a mais triste... Ele já vira uma expressão tão triste quanto a de Ellen naquele momento de despedida...

A expressão no rosto de sua mãe quanto seu pai foi embora para a Terra... Era a mesma expressão de dor... De amor... De perda... De saudade...

—Mas... Antes de você ir, Ellen... Você me promete uma coisa...?

—Claro...

—Nunca, nunca chore por mim, tá bom?

—Eu... Tá.

—A gente VAI se ver novamente, Ellen. Eu prometo do fundo do meu coração que vamos, tá bom?

—Tá bom, John. É uma promessa, então, né?

—É uma promessa, Ellen...

No dia seguinte, Ellen passou o dia inteiro olhando para o céu, imaginando John indo para a Terra e, enquanto isso, olhando para o mesmo céu que ela olhava...
John Seri...


Cara... Eu só olhei que eu nem postava desde Janeiro (dia 10), então achei que seria uma boa. E continou com a Ellen porque, bem o Joe ainda não tá terminado, e eu não queria continuar com a Jenny, que seria uma personagem já com pelo menos um capítulo completo, pronto pra postar. A Ellen tem dois, um outro tá ficando gigante, porque eu não consigo terminar, de jeito nenhum... Isso que dá querer contar uma história inteira num só capítulo, eu sei, eu sei...
Sobre o capítulo em si.

O John... Ah, o John. Um cara mais velho (eu geralmente faço os caras - e até as minas - serem mais velhos (as) porque, sei lá, simplesmente acaba ficando desse jeito, e eu funciono assim, então eu deixo quieto e ignoro), talentoso, que se comunica com Ellen de uma forma harmiona. O primeiro, aliás. Fora da família, pelo menos. Eu sei que talvez seja meio bizarro - cara de catorze, mina de onze, mas, bem, peguemos como exemplo os pedófilos de tipo dezoito, vinte anos, na facu, catando minas da oitava série, por aí. Sem comentários. Não quero ninguém mandando vírus pra mim por causa disso. Mas, de qualquer forma. Eu sei que a relação John/Ellen ficou meio que estranha, mas eu gosto dela. Eu acho que é sincera, ainda que sobre amor jovem, bem jovem. Mas, o primeiro amor pode acontecer na idade que for, por quem for, não é mesmo? Aliás, comoreferência: o John vai aparecer em capítulos futuros. Não tão cedo assim, não, ainda não, mas ele vai. E vai, claro, formar um polígono amoroso com Ellen, Trowa e outro cara do passado de Ellen, cujo capítulo ainda nem comecei... O Trowa também não tem muita competição. Aliás, nenhuma. O Wufei pelo menos tem o Shin, de alguma forma, e o Satori tá chegando. O Trowa vai poder aproveitar seu namoro com a Ellen calmamente por algum tempinho, enquanto nenhum cara do passado dela chega... nn


O próximo capítulo deve ser da Jenny - ou até do Joe, se eu FINALMENTE conseguir terminá-lo, porque ele tá parado faz um tempinho, já... Se for o da Jenny, vai ser um capítulo que eu considero fofo. Mas como eu considero MUITA coisa que eu escrevo como "fofa", então nem vale de muito, né?
Eu sei que tem MUITA gente no mundo que ODEIA Backstreet Boys, mas esta música é LINDA, e absolutamente se encaixou com na relação de John e Ellen, ao menos como o garoto se sente, e como ele é um daqueles que se expressam melhor pela ação e pela música... Junta um ao outro, e ele tá lá cantando sobre seus sentimentos mais íntimos em relação à garotinha que o admira e adora tanto, e que ele tão relutantemente adora de volta, mas não como irmã...
Uma coisinha a mais. Gostaria de um feedback sobre o John. Se ele tá fofo como tá. Porque eu não acho que dos catorze aos... Hum... Vinte, ele mudaria lá muito, mas, ainda assim, gostaria de umas opiniões dos poucos - creio - lendo isto daqui. nn