Capítulo XI - Reunion II
"Eles mataram meu carro."
Era o que Soneca dizia repetidas vezes.
"Meu carro! Eles mataram meu carro!"
Matar o carro.
Sinceramente, eu acho que eles não quiseram matar o carro, mas sim a mim.
Oh, mas quem será que quis fazer tamanha maldade comigo?
Por acaso seria o Prof.Dom?
Não...
E o Draco?
Não, também não...
Mas e os HSWW Angels?
Ah-ha! Esses sim teriam motivos suficientes para ficarem contentes em me ver morta e por isso mesmo eu acho que foram eles os autores desse acidente.
A última coisa que eu lembro é que desmaiei, e quando acordei já estava fora do carro, deitada no chão. A ambulância chegou depois de alguns minutos e todos foram para o hospital, mas ninguém teve ferimentos graves. Aliás, a única pessoa que se feriu mesmo foi eu, quebrei o braço e bati a cabeça.
E sinceramente, eu estava acabada. Além de a falta de um braço limitar meus movimentos, sentia uma dor de cabeça quase insuportável. Em casa, logo depois do jantar (quando pude me livrar da minha mãe, que ficava me abraçando e dizendo o quanto estava feliz por eu ter sobrevivido), eu fui para meu quarto. Aproveitei que Suzie estava no quarto de Soneca (e espero que ela não esteja em nenhuma posição horizontal com ele) e chamei Draco.
"Draco!"
Nada.
"Draco! Cadê você? Eu preciso de você."
Nada.
Cheguei à conclusão de que fantasmas não são iguais a cachorros e quando esse fantasma é Draco (ou meu pai), só aparecem quando bem entendem.
Depois de muitos minutos depois, ele se materializou na minha frente:
"Nombre de Dios! Ginevra! O que houve?"
Certo, minha cara devia estar péssima.
Olhei para minha roupa e entendi o motivo do espanto: estava toda suja de areia e algumas manchas de sangue.
"Eu pensei que você estava sendo uma boa babá."
"Babá?"
"Sim. Babá dos Angels."
"Olha, eu não sou babá e eu passei o dia de olho neles, sim. Mas por quê? Não foi essa a ordem que você e o Prof. Dominic me deram?"
"Sim, mas eu acho que você não fez um bom trabalho."
"Como? Eu fiquei no pé deles até agora, só não estou lá porque você me chamou. Algo aconteceu hoje?"
"Sim. Os tais 'Angels' tentaram me matar."
"Ginevra, não podem ter sido eles. Eu os segui por todos os cantos, se eles tentassem algo contra você, eu saberia e não ia deixar."
"Só podem ter sido eles, ninguém mais me quer morta. Quer dizer, tem umas pessoas que querem isso sim, mas não nesse momento."
"Você tem certeza que quem fez isso queria te matar?"
"Claro que foi por causa de mim. Por exemplo, quem ia querer matar o coitado do Mestre?"
"Pense... não é o David...pode ser outra pessoa que estava no carro."
"Você sabe de algo, não é?"
"Não..."
"Certo. Então a Suzie, porque a Kelly e a Debbie estão meio 'fulas' com ela por causa do Soneca e do Dunga, mas eu não acho que elas iam querer matá-la. Agora, quem ia querer matar o Dunga e o Soneca? Eles são tão imbecis, ninguém ia perder tempo."
"Pode ser um dos dois..."
"Soneca? Ele é menos imbecil que o Dunga... mas...não poderiam querer matá-lo..."
"Não? Por quê?"
"Certo, eu sei que Brad e Michael não se dão bem, porque meu meio-irmão sempre fica humilhando ele, mas não é possível! Michael Meducci estava lá na hora, ele nos ajudou e quando eu entrei na ambulância, eu o vi todo preocupado..."
"Claro que ele estava...porque foi ele quem causou o acidente."
"Não pode ser. Ele não ia matar só o Dunga, mas também a mim, que sou a única chance de um encontro para ele. E também tinha gente inocente lá, o Mestre, a Suzie e até o Soneca. Michael não faria isso."
Draco riu, mas não tinha humor nenhum na risada, apenas sarcasmo.
"Não? Eu conheço quatro pessoas que pensam o contrário."
"Se ele fez isso, por quê? Qual o motivo? Dunga é um imbecil, idiota, insuportável, mas não chega ao ponto de alguém querer matá-lo."
Então eu me lembrei de algo que aconteceu naquele dia.
Coloquei minha cabeça entre as mãos.
"Não pode ser!"
"Você está bem, Ginevra?"- Draco disse preocupado.
"Sim, mas acho que vou ficar doente. Hoje eu vinha para casa com ele e quando Soneca disse que ia contar a minha mãe, os dois começaram a discutir, eu pensei que fossem brigar."
"Claro, você é a-única-chance-de-ele-ter-um-encontro, não é?"
"Mas por que o Dunga?"
Então eu parei.
E lembrei de uma coisa.
Dunga conhecia os Angels; e pior, eles tinham ido a uma festa na piscina que foi o motivo de tudo isso.
Saí sem falar nada para Draco e fui até o quarto de Dunga. Ele ouvia As Esquisitonas no último volume.
Bati na porta e esperei que ele viesse atender, mas Dunga apenas abaixou o volume e disse:
"Quem é?"
"Gina."
"Ah, eu não vou abaixar o rádio."
"Não é isso, quero conversar com você. Posso entrar?"
"Sim."
Quando entrei no aposento me assustei. Eu já tinha entrado no quarto do Mestre; sempre que tenho alguma dúvida nos deveres eu vou lá perguntar a ele e no quarto do Soneca, que eu sempre entro para acordá-lo; mas o do Dunga, nunca... e eu posso dizer que era assustador.
Certo, nem tanto. O problema era que o local estava muito escuro, não sei se era por causa das cores da parede. Cada parede era pintada por uma cor da sonserina, ou seja, uma era preta, outra verde e por aí vai. E também tinha o desenho de uma cobra, muito sinistro...
"Brad, você estava na festa em que Lilá Meducci caiu na piscina?"
"Do que você está falando?"
"Lilá Meducci. A irmã do Michael."
"Não sei, por quê?".
"Brad, é muito importante, por favor, me responde."
"Talvez sim, mas aquela garota estava muito perdida na festa."
"Perdida?"
"Olha, Gina, você quer que eu diga o quê? Se eu te contar você vai dizer ao papai e a mamãe. Não vai?"
Que coisa! A mamãe é só minha, ele não devia chamá-la assim.
"Eu não direi. Eu juro, mas me diga tudo."
"Para quê? Se eu disser você vai dizer aqueles seus amigos malucos, a Albina e o Gay, não vai?"
"Não, não vou."
"Ok, então. Você quer saber? Não me importo! Você quer saber sobre a festa? Eu estava lá sim! Eu estava perdido. Eu não vi a menina caindo na piscina. Quando eu vi, já estavam tirando-a da piscina. E não foi legal ver aquilo. Ela não deveria estar ali, ninguém a convidou. Ela bebeu demais e acabou fazendo isso para chamar a atenção da gente."
"Da gente?"
"Os populares. Ela queria ser como nós. Queria sair com os caras e ficar popular também."
Saí do quarto de Dunga sem dizer mais nada.
Agora eu sabia o que deveria fazer.
Voltei para o meu quarto e encontrei Suzie lendo uma revista:
"Onde você esteve?"
"No quarto do Dunga. Olha, você pode me dar cobertura? Se alguém perguntar por mim diga que estou tomando banho."
"Para onde você vai?"
"Sair."
"Sair, certo. Você está bem?"
"Ótima, mas preciso resolver umas coisinhas."
"Coisinhas?"
"Sim, como o acidente que aconteceu hoje."
"Você sabe quem fez aquilo?"
"Sei, Michael Meducci."
"Meducci? Você tem certeza?"
"Sim".
"Mas por que ele faria isso? Ele estava apaixonado por você, não estava?"
"Não foi para me matar, mas sim Brad."
"Eu te explico tudo quando eu voltar."
Troquei de roupa e desci; e logo depois fui até a garagem e peguei a bicicleta de Mestre.
Desci em direção contrária a da Escola e muitos minutos cheguei na casa de Michael.
Bati na porta e uma senhora atendeu:
"Oi, o Michael está?"
"Oh, claro, entre!"- disse a mulher que eu penso ser a Sra. Meducci.
Pouco tempo depois Michael estava a minha frente. Pálido e desconfiado.
"Oi, Gina. Você está bem?"
"Sim. Foi só um susto. Bem, eu queria que você me ajudasse a levar para casa. Sabe, eu fico com vergonha de pedir isso, mas minha bicicleta quebrou e como eu estava passando perto daqui, resolvi te ´pedir uma mãozinha."
"Ah, claro, Gina. Eu faço tudo por você."
Sim, faz mesmo, até tentar me matar, fazer o mesmo com meus meio-irmãos e minha melhor amiga.
"Espere só um minuto que vou pegar as chaves do carro."
Logo depois ele voltou e fomos para o veículo.
"Cara, eu fico tão feliz de te ver bem."- ele disse.
"Ah, eu também, ainda bem que estou inteira... bom, quase...hehehe."- eu disse rindo.
"Hehehe" – ele riu nervoso.
"Então, você quer ir para casa?"
"Não, na verdade, vamos para a praia."
"Como?"
"Para a praia. Você sabe, para olhar o mar. Eu adoro o mar, sabia?"
"Ok."- ele disse.
Minutos depois estávamos na praia. Mas continuávamos dentro do carro.
"Então, alguém se feriu no acidente além de você?"- ele disse.
"Não."
"Que bom!" - ele disse.
"E não é?" - perguntei.
"Como assim?"
"Você sabe... o Brad."
"Hm...Brad..." - resmungou Michael.
"Sim, ele às vezes é muito imbecil, sabe?"
"Eu posso imaginar."
"Tipo, você sabe o que ele me disse ontem? Ele me disse que estava na festa em que sua irmã sofreu o acidente."
"Sério?"
"Você devia ter ouvido o que ele falou sobre isso."
"O que ele disse?"
"Ah, não posso dizer."
"Não, sério...pode dizer."
"É tão mau..."
"Diga-me o que ele disse."- a voz dele tentava ficar calma.
"Bem, ele disse que sua irmã mereceu o que aconteceu, ela não devia estar naquela festa. Ele disse que ela não tinha sido convidada. Só os populares deviam estar lá. Você pode acreditar nisso?"
"Posso sim."
"Digo, pessoas populares. O que é popular? Eu gostaria tanto de saber. Quero dizer, sua irmã, por que ela era impopular? Por que não era bonita? Não era líder de torcida? Não tinha os sapatos certos? Por que?"
"Tudo isso."- Michael disse calmo.
"Tudo isso não importa. Ser mais inteligente não conta. Não, tudo que importa é se seus amigos são as pessoas certas. "
"Certíssimo."
"Mas isso é besteira. Então, todos entenderam que ela era culpada por ter caído na piscina, porque não foi convidada."
"Sim. Mas se minha irmã fosse uma Kelly Prescott, todos socorreriam-na, mas ao invés disso riram dela."
"Foi isso que eles fizeram? Riram dela?"
"Sim. Isso foi o que os caras da ambulância disseram a polícia. Todos pensavam que ela estava fingindo. Tudo que minha irmã queria era ser popular. Ser igual a eles. E o que eles fizeram por ela? Apenas riram enquanto ela estava morrendo."
"Mas todos estavam bêbados."
"Isso não é desculpa. A garota que organizou a festa fez os policiais abafarem o caso e minha irmã nunca mais acordou."
Ficamos em silêncio, que só foi quebrado depois que ele falou:
"A garota que deu a festa era Carry Whitman."
"Eu sei..."
"Carry Whitman estava no carro que eu bati no Sábado."
"Sei, o carro que você bateu, até ele cair no mar."
"Você sabe. Eu já imaginava."
"Depois de hoje, você quer dizer? Quando você quis me matar?"
"Desculpa, Gina. Eu não quis..."
"No sábado à noite você não perdeu o controle da direção, você fez tudo programado, tinha intenção de matá-los. Você sabia que eles viriam aqui depois da festa e esperou. Então bateu no carro deles e eles se afogaram."
Michael não disse nada.
"Eu sabia que você entenderia. Mas como você soube?"
"Eles me disseram."
"Eles lhe disseram?"
"Sim, Carry, Felicia, Mark e John, os garotos que você matou."
"Sei. Os espíritos."
Ele riu.
"Ria o quanto quiser. Mas a verdade é que eles querem te matar e todo esse tempo eu impedi que eles fizessem isso, mas agora estou com vontade de mudar de idéia."
"Gina, você está ficando louca. Espíritos não existem e hoje o que aconteceu foi um acidente. Eu queria matar Brad e não você."
"E David? Meu irmão menor? Ele tem treze anos! E ia morrer por causa de você, porque estava naquele carro. Você o queria morto, também? Ele é culpado por sua irmã ter quase se afogado? E Jake? Na noite que sua irmã caiu na piscina ele estava entregando pizzas, e por acaso isso faz dele culpado também? E Suzie, ela deveria morrer por estar passando férias aqui?"
"Eu não quis matá-los, apenas Brad."
"É, mas quase matou todos nós. E essa sua vida de crimes vai terminar. Agora."
"Sim, vai parar..."
Eu sabia que ele estava dirigindo, mesmo assim eu ri.
"Ah, nem tente, Michael. Nem tente me matar."
"Vai ser o jeito. Eu pensei que fôssemos amigos, que você era diferente deles, mas me enganei."
"Desculpe, mas não posso deixá-lo fazer isso."
"Por quê?"
Eu não respondi e apenas pensei nos Angels. Pouco tempo depois o carro parou com um estrondo e eu vi, os quatro parados em volta do carro. Abri a porta e saí do veículo. Tudo começou a tremer e eu percebi que Michael estava bem assustado.
O carro foi levantado do chão e começou a rodar. A cada segundo a velocidade aumentava e eu podia ouvir os gritos desesperados de Michael. Arrependi-me do que tinha acabado de fazer, estava agindo como ele, se por acaso ele morresse, eu seria a assassina.
Lembrei da mãe de Michael, toda risonha quando viu que o filho enfim levava uma menina para casa. Aquela mulher já estava sofrendo pela perda de uma filha, agora sofreria mais por causa do filho.
"Parem!"- eu gritei
Eles apenas riram e eu pude ouvir John dizendo "Vai sonhando."
"Olha parem! Ele tentou me matar também, e eu admito que queria que ele morresse, mas o perdoei."
"Fale por você mesma."- disse John.
Tentei empurrar John, mas levei um murro na cara, o que me fez cair no chão.
Quando me levantei pude ver Draco parado na minha frente, olhando com raiva para os Angels.
"Nombre de Dios, Ginevra!- ele disse me ajudando a levantar- "Você pensa que é assim? Traz o rapaz até aqui, diz para eles matá-lo e agora desiste?"
"Você não entende. Ele tentou matar Mestre, eu, Dunga...e..."
"Então você faz isso? Você não é uma assassina, então não tente agir como uma."
"Voltem para a praia."- Draco disse para os Angels.
"Você está brincando, né?"- John falou rindo.
"Não."
"Nem pensar."- Mark falou
"Olha, ela nos chamou. Ela disse que podíamos matá-lo."- Carry disse.
"Ela não quis dizer isso."- Draco disse sem olhar para mim.
"Ele nos matou e merece morrer."
"Não, ele vai receber castigo, mas das autoridades."
"Autoridades? Mentira! Tudo mentira! Ele vai pagar agora."
"Ginevra, vá embora. Eu cuido deles."
"O quê? Ficou louco?"
"Vá. Ou então eles vão te matar."
"Eu quero só que eles tentem."
E tentaram.
Começaram a me bater e realmente eu tinha esquecido como aqueles fantasmas eram maus.
Como eles desviaram a atenção para mim, Michael acabou fugindo. E aquilo fez que eles ficassem mais furiosos. E quem agüentou toda a fúria fui eu e Draco. E então eles me bateram de novo e mais forte. Não pense que eu não reagi, porque eu reagi e com muita força. Eu sou muito boa na arte da porrada.
Certo, talvez não tanto, por que eu era só uma, e enquanto Draco pega John, eu enfrentava Carry,Felicia e Mark. Eles estavam me matando.
"Gina."
Eu ouvi alguém me chamar e não reconheci logo por causa das pancadas.
"Gina, faça isso tudo parar."
Era Michael, sua voz estava cheia de medo.
Como se eu pudesse. Como se eu pudesse simplesmente dizer: PAREM! e eles parariam... até parece.
Mas um som me fez ir até o céu e voltar.
O som da sirene dos guardas da praia. Então eu me soltei dos fantasmas e segurei Michael, o que era quase um milagre tendo em vista meu estado deplorável. E foi aí que, pela segunda vez no dia, eu desmaiei.
Quando acordei senti alguém me tocar. E não eram mãos de fantasmas, eram mãos de alguém vivo.
"Não se preocupe moça. Vai ficar tudo bem. Você pode se levantar?"
Não podia por que sentia muita dor. E eu reconhecia aquela dor. Algo tinha quebrado.
Levaram-me de maca até a ambulância então eu ouvi uma voz familiar:
"Ginevra? Ginevra, sou eu, Prof.Dominic."
Eu tentei rir, mas a dor aumentou. Tudo doía.
"Suzannah me chamou. Ela me disse o que você ia fazer e para onde vocês deviam ter vindo."
"Olha, a menina parece pior que ele."
"Você está brincando? O rapaz está acabado."
Eu ouvi os caras da ambulância conversando. Não podia ser Draco, eles não podiam vê-lo, eles deviam estar falando de Michael.
"Como ele está?"- eu perguntei a um dos rapazes.
"Não se preocupe. Tão cedo ele na sai da cadeia, acredite."
Então ele confessou tudo.
"Ginevra, não se preocupe, vou avisar a sua mãe."
E isso não me confortava... minha mãe já estava cansada de receber esse tipo de notícias...
Mas eu não pensei mais em nada, por que uma dormência tomou conta do meu corpo e eu adormeci.
: A MEDIADORA :
"Ei, valeu por acabar com as minhas férias!"- Suziedisse.
"Eu já disse que foi sem querer, já pedi desculpas."- eu disse.
"Eu me diverti, mas não foi o que eu pensei."- ela disse.
"É, deve ser divertido me visitar no hospital."
"Só por mais algumas horas você vai ficar aqui. Eles precisam saber se está tudo bem mesmo com você. Ah... tem uma notícia. Alan está planejando comprar um carro novo."
"Mas ele já nos deu a Land Rover dele."
"Eu sei, mas é para ele e não para vocês."
"E...bem..."- eu quis perguntar sobre Draco, mas ela não saberia responder- "E Michael?"
"Bem, ele confessou tudo e você estava certa. Ele matou os garotos de Hogwarts e planejava matar Brad. Estava tudo traçado no computador dele, a polícia apreendeu. Ei, que tal a gente ir a praia amanhã? Eu sei que você não vai poder ir à Escola tão cedo e eu tenho mais quatro dias aqui, então, vou pedir a sua mãe que deixe você ir. O que acha?".
"Legal..."
"Bem, eu vou pegar algo para comer, você quer alguma coisa?"
"Não, obrigada."
"Ok, volto já!"
Fiquei sozinha no quarto pensando em Draco. Ele estava muito zangado comigo, eu sabia. Sempre eu tentava resolver as coisas sozinha e dessa vez quase que as coisas deram errado.
Ele não aparecia desde a noite do ocorrido. Estava com muita raiva de mim.
Fechei os olhos e fiquei pensando nele. Quando abri os olhos novamente o vi tentando se desmaterializar.
"Ah, nem tente!"- eu gritei, mas minha vontade foi de dizer 'Venha já aqui e sente-se.'
"Eu pensei que você estivesse dormindo, por isso não quis acordá-la."
"Besteira. Você sabe que eu estava acordada, então você decidiu voltar quando eu estivesse dormindo. Agora eu só recebo suas visitas quando durmo?"
"Eu ouvi sua mãe dizendo que você não pode receber visitas que a deixem mal."
"Você não me deixa mal."
Eu estava ferida. Draco estava sendo malvado comigo pelo que eu fiz, mas não falar mais comigo era demais.
"Ginevra..eu..."
"Não. Eu falo primeiro. Desculpe. Desculpe se eu fiz besteira ontem, foi tudo minha culpa e eu nunca vou me perdoar por isso."
"Ginevra..eu..."
"Eu sou a pior mediadora de todos os tempos. Mas eu tinha que defender minha família, ele tentou matar meu irmãozinho, você sabe disso. E tudo bem, eu agi de maneira errada e não te culparia se você não falasse mais comigo. Mas...eu não podia deixá-lo impune, você pode entender isso?"
Então, ele fez aquilo.
Que eu acho que ele nunca mais vai fazer.
Ele tocou minha bochecha. Desculpe se você pensava que era outra coisa, mas ele só tocou minha bochecha, a única parte do meu corpo que estava sem feridas.
"Sim, querida, eu entendo."
Meu coração batia tão rápido que eu estava certa que ele ia sair pela minha boca.
"E se eu fiquei tão zangado foi por que eu não queria vê-la machucada."
"Ah, mas eu estou bem. Nem vou precisar fazer cirurgia plástica."- eu disse.
E isso é uma coisa tão idiota a se dizer.
Mas então, a minha conversa com Draco foi atrapalhada por Suzie que entrava e dizia toda alegre:
"Olha que bom, você vai ter alta."
"Ótimo."
Eu simplesmente não podia conter minha alegria, não por causa da alta, mas por causa de Draco.
"Por que você está tão feliz?"
"Ah, Suzie, por que eu vou para casa...".
"Sim, você parecia feliz antes de eu dizer isso. O que está havendo?"
"Ah... Nada..."- eu disse sorrindo.
