Creio que dormi por tempo indeterminado. Acordo com uma luz forte na minha cara. Agora eu iria testar como estava minha situação. Abro meus olhos lentamente e o vejo andando de um lado para o outro no quarto. Quase o vejo.. isso se minha vista não tivesse embaçada e minha cabeça ainda latejando. Mas isso é um "detalhe".
- Cadê a Julie? - eu pergunto fechando meus olhos novamente antes que o elefante voltasse a me massacrar.
- Já esta dormindo.. estava cansada.. - ele entra no banheiro e logo retorna - e você sabe que horas são?
- Que horas? - eu nem sei como soou minha frase, só queria terminar aquele assunto para que ele me tornasse a sair do quarto, ou pelo menos desligasse a luz e ficasse em silencio.
- Quase nove horas Abby.. te chamei pra jantar.. Julie veio aqui.. e nada.. o que esta acontecendo hein? Você passou o dia hoje todo no mundo da lua.. e mal olhou pra minha cara! - Opa.. Senti o tom de voz se elevar ao excesso na ultima afirmação.
Me viro na cama e abro meus olhos vendo-o trocando de roupa
- E pra completar.. ta dando uma de criança e dando uma de brincar de gelo comigo é? Você acha que assim se resolve alguma coisa? Vê se cresce Abby!
- Vai se fuder você!- ok, o barraco ia começar - eu to desde que acordei passando mal! Aquele hospital me deixando louca, aqueles pacientes mais complicados do que eu mesma! Minha cabeça tá latejando, minhas costas tão doendo! Eu não tô nem enxergando de dor!- ele ficou meio quieto mas não deu o braço a torcer.
- E por isso dorme tanto assim?- eu percebi algo meio irônico. Seria fruto da minha imaginação?- porque não disse, não tomou um remédio?- ele disse, sentando na cama.
- E você acha que eu fiz o que? É lógico que eu tomei, porque se for depender de você e tô é ferrada, né?- eu levantei na cama e comecei a andar pelo quarto.
Aproveitei pra fechar a porta. Tudo o que eu menos queria é que Julie levantasse e começasse a nos encher de perguntas - você não tá nem aí! Eu posso morrer aqui do seu lado que você só vai notar na semana seguinte... Se notar!
Eu ficava cada mais mais nervosa e minha cabeça mais pesada e dolorida. As malditas lágrimas começaram a cair e eu fazia de tudo para parar de chorar.
- Não exagera, Abby- ele veio mais pra perto de mim mas eu fui pro lado contrário- quer tomar alguma coisa pra cabeça? O que você tomou?- ele perguntsa, já mais sereno.
- Não, não quero nada!- eu não sabia se chorava de raiva ou de dor.
- Que foi que você tomou?- ele foi até o banheiro e pegou a caixa do remédio, que nós dois sabíamos o quanto era forte- isso?- eu acenei com a cabeça, limpando o rosto molhado.
- Da próxima vez tomo a caixa toda...- eu disse baixo pra ele escutar.
Deitei na cama de novo, agora de bruços e senti ele vir até mim.
- Desculpa...- ele disse baixo e passou uma mão pelo meu cabelo.
- Agora é fácil, né?- eu ainda chotava um pouco- dá pra ser um pouquinho mais conpreensivel? Eu me esforço, tento fazer tudo pra você ficar bem e quando eu preciso de você, você só sabe me criticar, ir contra o que eu falo...- eu disse, me aliviando aos poucos, mas a dor só aumentava. Meu estômago embrulhado dava sinais de que eu deveria ir pro banheiro.
Ele ia começar a falar quando eu senti o que eu não tinha comido voltar. Corri pro banheiro deixando-o com cara de "não sei".
Me escorei na parede e o vi entrar no banheiro dando a descarga e logo sentando ao meu lado.
- O que realmente você esta sentindo? - ele pega uma toalha e limpa minha boca de leve. Eu abro meus olho e vejo que agora, depois de eu "quase morrer" que ele vem se tocar que eu não estava de brincadeira.
- Se eu soubesse ja teria resolvido.. - eu me recosto na parede e ele trata de colocar a mão na minha testa.
- Febre você não tem... ta com dor de cabeça e indisposição... o que você comeu hoje?
- Eu tomei café... bebi agua... nada alem disso.. não estava com animo para comer nada.. - quanto mais eu ia falando, meu estomago recomeçava a embrulhar. Eu precisava me deitar, mas ao mesmo tempo não podia sair do lado do aparelho sanitário. Senti ele me abraçar tentando achar alguma resolução para aquilo tudo. Examinou meu pescoço, passou a mão nos meus braços e não achou nada.
Depois de um longo silencio e eu vendo que estava um pouco melhor decido me levantar dali.
- Você quer tomar um banho? - ele pergunta quando eu me mexo para me levantar.
- Quero minha cama.. nada além...
Ele me ajuda a me levantar e vai me conduzindo ate a cama. Eu me deito e ele senta ao meu lado, passando as mãos pelo meu cabelo.
- Qual foi a ultima vez que você menstruou?
O que tem a ver menstruação com isso que eu to sentindo? A cada dia que passa eu entendo menos o que se passa na mente desses homens.
- Abby.. você menstruou tem o que? Mais de um mês? - depois de muito raciocinar, talvez eu tenha encontrado a fonte de sua duvida.
- Nem vem que não tem.. - eu ainda acho forçar pra falar - nem condições viu? - eu solto uma risadinha leve - Só se fosse do espirito santo.. Se é que você me entende...
- Ei, também não é assim...- ele sorri um pouquinho também- tudo bem que nossa vida não está da mais agitada nesse sentido, mas não exagera. Existe essa possibilidade, sim...- ele me olha- não existe?
Eu sorri pra carinha que ele fez.
- Não, John...- "John"? Porque eu chamei ele assim? Agora ele vi achar que está tudo bem.
Ele passou mais uma vez a mão pelo meu rosto e beijou meu cabelo.
- Quer tomar alguma coisa mais forte pra essa dor?- ele pergunta, quase sussurrando. Eu o encaro em dúvida e ele vai até o banheiro, passando primeiramente pelo espelho da luz pra diminuir sua intensidade.
Logo ele voltou com um copo de água e dois comprimidos. Eu nem me dei ao trabalho de perguntar o que era e tomei.
- Quer uma sopa?- ele pergunta e eu o respondo com uma cara enjoada - alguma coisa você tem que comer...
Eu fico em silêncio e o vejo sair do quarto e voltar em seguida com um prato de sopa de ervilha bem quentinha. De repente, ao bater os olhos naquilo, me deu uma fome louca e eu comecei a atacar o prato tomando até a última gota.
- Tava boa? - eu o vejo sorrir e ele acena colocando o prato no criado-mudo. - Ja se sente melhor! - eu aceno positivamente e ele sorri deitando ao meu lado. - Me desculpa tá? Prometo tentar ser mais atencioso de hoje em diante...
- Tudo bem.. eu so espero que você avalie direito o que eu estava falando a respeito da festa...
Ele se ajeita na cama e começa a fazer cafuné em mim. - De eu ser o palhaço? - ele sorri e eu me mantenho seria apreciando meus segundos de paz.
- Você de palhaço? - eu repito vendo-o sorrir. - Bom.. eu pago pra ver...
- Você duvida?
Pronto. Finalmente, de uma forma ou de outra eu acho que ele havia me entendido e cedido aos meus "apelos".
- Duvido.. - ele balança a cabeça e fica me encarando com um sorriso safado.
- Se eu for você faz o que eu quiser?
- Não vem com sacanagem Carter... - eu me sento um pouco na cama. Meu sono definitivamente, havia sido matado nessa tarde de sono.
- Não é sacanagemm.. vou fazer o que você me pediu e alegrar nossa filha...
- Eu não pedi.. - eu o corrijo - eu mostrei o problema e esperava que você me compreendesse mais fácil... você sabe que eu quero que nossa filha tenha a melhor educação possível..
- Eu sei, tá bom...- ele beijou minha testa- você tá certa..- eu me surpreendi com a afirmação. Bem, na verdade não. Ele sempre me dava razão quando eu estava asssim. - vamos dormir?- ele pergunta e eu aceno.
Eu me arrastei até o banheiro para escovar os dentes e me olhar no espelho. Deus, que horrível. Estava mais branca do que o usual. Uma praia não cairia nada mal aqui.
Voltei para cama e fechei a janela do quarto. Aquele ventinho só pioraria tudo. Me deitei na cama já me sentindo um pouco melhor. Com certeza acordaria melhor no dia seguinte.
A noite foi um pouco longa. Me levantei algumas vezes na cama e tive lguns problemas intestinais. Amanha eu ja sabia que John não me deixaria ir trabalhar. Amanhece e me acordo antes do alarme. Me levanto da cama e logo John tambem acorda ouvindo meus passos.
- Melhorou? - ele se espreguiça e eu me viro vestindo um moletom.
- Penso que sim.. - eu me viro e me dirijo ate a porta do quarto - Hoje é sábado? - eu me viro e ele sorri se levantando da cama.
- Graças a Deus sim...
Descemos as escadas juntos e ele praticamente fez o café todo. Sentamos a mesa e aproveitamos que Julie estava dormindo para finalmente resolver aquilo, agora sem brigas.
- Tem que incluir roupa de palhaço.. - eu falo vendo a nova lista que ele havia feito.
- Então esta tudo Ok com essa ne!
Eu passo meu olhos por ela e finjo uma reclamação. Ele arregala os olhos e eu sorrio.
- Tudo ok...- ele sorri aliviado e me dá um torrada na boca.
- Acho que vou ficar doente mais vezes...- eloe sorri e puxa a cadeira mais pra perto de mim e me dá um beijo mais longo. Quanto tempo! Esse beijo me fazia muita falta. Ele não tinha idéia do quanto eu precisava. Ficamos nos beijando até que eu ouço uns passinhos entrando pela cozinha.
- Bom dia, bebê...- eu digo, sentindo qual expressão iria encontrar depois de ser flagrada por ela.
- Bom dia, mocinhos...- eu e Carter sorrimos pela forma a qual ela nos chama sempre quando nos pega no flagra.
- Oi, Julie - Carter diz, saindo da mesa para preparar o café dela também.
Ele fez um sanduíche para ela e eu preparei seu leite com chocolate.
- Que vamos fazer hoje, pai?- Julie perguntou enquanto mordia o pão.
- Eu vou trabalhar de manha e você vai ficar cuidando da mamae pra mim...- Carter disse e ela ficou com uma carinha preocupada.
- Que mamãe tem?- ela pulou da cadeira e veio perdo de mim. Ficou na pontinha dos pés e pôs a mão na minha testa.
- Tá com febre?- ela pergunta na dúvida. Eu nego mais isso desperta a curiosidade Carter que vem do meu lado e faz o mesmo com a mão.
- Não Julie... - ele pegou na minha mão e se sentou de novo- sua mãe só está quentinha...- ele piscou pra mim.
Eu me controlei pra não falar bobagem e vi Julie voltar a comer.
- Pode deixar que vou cuidar direitinho...- ela piscou pra Carter. Eu sorri e vi Carter tirar nossas xícaras até a pia.
- Vou tomar um banho, entro em uma hora...- eu fiz uma cara desanimada em saber que era verdade o trabalho dele- eu volto na horas do almoço..
- Você quer comer o que ? – eu pergunto antes que ele subisse as escadas.
- Deixa que eu trago... deixo a manha livre para as minhas mulheres... – ele solta um beijo e Julie faz o mesmo. Era impressionante como ela se empolgava com tudo.
- Então poderemos ver desenho a manha toda? – ela se vira com os olhos arregalados.
- A manhã toda? - eu repito não acreditando muito que eu teria que fazer isso.
- A gente vê cartoon.. - ela começa a se empolgar e tagarelar tudo de uma vez - bob esponja.. meninas super poderosas.. e depois brinca de boneca.. você prometeu aquele dia que ia brincar de boneca...
- Com calma a gente faz tudo isso e ainda sobra tempo para as obrigações caseiras...
Ela sorri e logo trata de terminar o seu café.
Logo ela havia terminado de comer e eu joguei tudo na pia. Subimos as escadas e fomos ver o papai temrinar de ser arrumar. Entramos no quarto em silêncio e ela logo se empolgou abrindo a porta do banheiro e gritando alto para assusta-lo. Ele volta ao quarto "semi-vestido" colocando ela na cama e indo até o armario pega ruma camisa.
- Veste a azul pai... - Julie se senta proximo a mim e começa a virar a sua consultora de moda.
- A azul mesmo mãe? - ele se senta na cama e Julie olha pra mim esperando que eu concordasse.
- Claro.. - eu concordo vendo a sua felicidade.
- Pai.. hoje eu e mamãe vamos fazer um bolo para você...
- Ah, é?- ele pergunta e eu olho surpresa pra Julie.
- Bom saber...- eu digo e ela me olha esperando um apoio- a senhora vai fazer sozinha então..Não pediu antes, não vou te ajudar...- eu digo, segurando o riso vendo a carinha decepcionada dela.
- Mas mãe- ela se ajoelha na cama, e pega com as duas mãos no meu rosto- eu não sei fazer bolo!- a expressão dela é como se tivesse o pior problema do mundo. Na bem da verdade, pra ela deveria mesmo ser.
- Nem a sua mãe - Carter cochicha pra ela o qua faz com que eu levante pra dar um cascudo nele.
Julie rolava de rir pela cama quando Carter veio me dar um beijo, porque já iria sair.
- Até mais tarde...- ele me beija na boca e vai até ela, fazendo o mesmo.
Assim que ele saiu, Julie se esparramou pela nossa cama e pegou o controle ligando a TV no canal de desenhos.
- Agora senta aqui, mamãe...- ela bateu no colchão me chamando.
Me sentei ao seu lado e comecei a ver o tal do Bob esponja. Enquanto ela morria de rir eu bocejava com aquele desenho. Aproveitei e fiquei pegando no seu cabelo, acho que estava na hora de cortá-lo estava muito grande. Assisti dois desenhos inteiros e me levantei da cama deixando-a ali na cama se distraindo. Fui recolhendo a roupa suja que estava nos quarto e joguei tudo no cesto de roupa suja. Amanha colocaria elas pra lavar. Voltei ao quarto e ela ainda estava na mesma posição vendo televisão.
Tornei a sentar do seu lado e ela se levantou pegando na minha testa.
- Hum.. – ela diz sem entender bem o que estava procurando – acho que vou pegar o remedio...
- Remédio? – eu a encaro e ela sorri.
- Espera... – ela sai correndo para o seu quarto e logo volta armada com sua maletinha de medica. – Tenho que olhar melhor...
Ela joga tudo na cama e começa a usar todas as suas ferramentas em mim. Por ultimo, me manda deitar e usa seu estetoscópio, mas não antes de sentar por cima da minha barriga.
- Cheira a florzinha e sopra a velinha...
Eu não me controlo e nem ela e começo a rir do que ela estava fazendo.
- Você precisa pra ficar boa.. tomar sorvete...
- Tomar sorvete, Julie?- eu pergunto, rindo do que ela falava.
- É mãe!- ela diz toda convicta- deixa eu ver- ela põe a mão no meu rosto e me encara bem- acho que está faltando sorvete de...chocolate no seu sangue!- eu rio mais de tudo aquilo. O dotes médicos tinham começado um pouco cedo de mais... E meio tortuosas, a proósito.
- Vai mãeeeeee!- ela pega no meu braço e começa me arrastar pra fora da cama.
- Tá, tá bom...- eu penso um pouco em tudo o que tinha passado na noite anterior, mas até que tomar sorvete não era uma má idéia. NADA má.
- Ebaaaaaa!- ela gritou, me dando um beijo apertado no rosto.
- Só que tem uma coisa...- eu pensei melhor- papai não pode saber...
- O que você quiser, mamãe...- ela sorri e pisca pra mim. Assim seria melhor. Se ele soubesse, talvez ficasse falando meia hora no meu ouvido sobre isso.
Tratei de levantar da cama e trocar de roupa. Ela correu pro quarto, fazendo o mesmo. Quando termieni de vestir a roupa e arrumei o cabelo, fui até o quarto dela, que estava toda embolada na roupa.
- Eita, Julie- eu sorri, vendo ela pedir ajuda com os olhinhos. Fui até ela e a ajudei, terminando longo ems eguida. Escovei se cabelo e prendi uma trança com ela pediu mais uma vez.
- Mãe! – ela me para na porta do quarto e sai correndo pra pegar alguma coisa.
- Pronta? – eu pergunto quando a vejo pegar algumas moedas e rio comigo mesma. – Deixa o dinheiro Julie.. hoje é por minha conta..
- Certeza? – ela sorri e eu aceno vendo-a largar as moedas em cima da mesa. – Então estou pronta...
Nós descemos as escadas juntas e antes de sair deixo um recado na geladeira, caso ele apareça mais cedo em casa. Tranco a porta, coloco-a no banco de trás do carro e dou a partida rumo a nossa saúde.
- Você quer comprar pra tomar em casa ou comer fora? – eu olho pelo retrovisor e ela olha para os lados, na maior indecisão do mundo – Julie!
- Pode comer fora? É que tem caldinha...
Eu tomo meu rumo a sorveteria mais próxima a qual sempre freqüentávamos. Julie era um pouco "viciada" em sorvete. Como eu também sou, nos aliamos escondidas do papai e vamos tomar sorvete de vez em quando fora. Mas ele sempre acaba descobrindo. Julie tinha um chama pra se resfriar e ele vinha me encurralar na parede falando que sabia de onde vinha aquilo.
Descemos do carro e ela segurou minha mão entrando na sorveteria. Fomos direto ao caixa, compramos dois sorvetes de uma bola e já a vi salivar pelo sorvete de chocolate que estava sendo colocado na casquinha.
- Toma de vagar, Julie- eu disse, vendo-a demorar com vontade, já sujando toda a mãos e o rosto- calma...- ela sorriu toda lambuzada, passando a lingüinha na casca e chupando a casquinha.
Ela sorriu de novo e logo eu pude ver tudo terminado. Metade do sorvete ela tinha tomado e a outra, estava espalhada por seu rosto e mãos.
Eu joguei os guardanapos no lixo e fui até o banheiro, lava-la pra ver se diminuía mas a roupa denunciava nossa arte. Ela só ria enquanto eu tentava me safar. Olhei pro relógio e já passava das 11:0. Tínhamos que ser rápidas se eu não quisesse levar uma bronca.
- Vamos, vai- eu tratei de ir levando-na pro carro- antes que seu pai nos mate..
- Eu queria mais uma- ela disse, encarando os potes de potes de sorteve.
- Nem pensar- eu disse sorrindo e entrando no carro. Não seria louca de dar sorte ao azar.
Ao invés de sorvete, parecia que ela havia tomado pó de guaraná. Se é que fosse possível, ela ficou ainda mais elétrica. Sinceramente, não sei de onde ela tirava tanta energia e não fazia a mínima idéia de quem ela tinha herdado isso. Eu e Carter éramos a disputa do mais mole,.
Chegamos em casa e fomos correndo as duas para um banho em conjunto. Naquela brincadeira de se sujar, ela acabava sempre fazendo alguma arte em cima de mim e eu ficava puro a doce. Corri com ela no colo nas escadas e fui tirando sua roupa, enquanto esperava o chuveiro esquentar um pouco. Ela, pra não facilitar mesmo, ficou correndo nua pela casa, morrendo de rir com a situação e gritando "O papai ta aí!"
- Julie.. – eu gritei da porta do meu banheiro – volte pra cá agora!
Logo ela apareceu rindo e se jogou embaixo d´água me puxando pra baixo do chuveiro. Ótimo, perfeito. Alem de ainda não ter tirado a minha roupa toda, evitando que eu as tivesse que lavar de imediato, ainda sou arrastada pelas loucuras de uma filha de três anos.
Pego o sabonete e entrego nas suas mãos enquanto tirava minha roupa. Ela ficou segurando-o na mão e deixando-o cair só para ter que pegar de novo.
- Bora mocinha.. – eu me abaixo, pego o sabonete e começo a dar um banho direito. Porque se dependesse dela, a caixa d´água secava e ela continuava aqui brincando debaixo do chuveiro.
- Mãe.. – de repente ela fala virando o seu olhar para a porta.
- Eu sei Julie.. o papai ta chegando... – eu sorrio pra ela que continuava olhando para a porta.
- Chegando não- ela mantém seu olhar fixo. Não poderia ser o que eu estava pensan..
- Oi- escuto ele dizer e pelo seu tom de voz já percebi que vinha chumbo grosso.
- Ops! - Julie percebe que eu estaria com problemas, mas não perde o riso. Continua se levantando e eu, como desculpa de ajudá-la, evito olhar pra trás.
- De novo, Abby?- ele se posta no batente da porta, onde eu poderia ver seu vulto me secando.
- De novo o quê?- será que me fazer de besta pioraria as coisas?
- Você sabe muito bem. Além de deixar ela resfriada, você também está doente, caso não se lembre- Julie só fazia rir enquanto brincava com o chuveirinho.
- E quem disse que eu também tomei?- eu pergunto, virando o rosto pra ele pela primeira vez.
- Sua roupa, seu cabelo...- ele sorri pra mim- essa cara de safada. Eu não me contenho e sorrio também, não deixando de virar os olhos enquanto prendo o lábio inferior com os dentes.
- Cai na tentação- eu faço cara de santa- você sabe que eu tenho um sério problema com sorvete- ele acena- ainda mais sendo de chocolate- sinto ele se aproximando de nós, chegando bem perto agora.
- Isso me soa mais como uma chantagem...
- Chantagem? Como assim?- num primeiro momento eu realmente não entendo sobre o que ele falava.
- Pra você parar de chocolate...- ele diz meio baixo, evitando a atenção de Julie.
- Entenda como quiser.. – eu falo desligando o chuveiro e ele se aproxima trazendo uma toalha.
- Eu gosto de chocolate.. – Julie fala quando eu abro a porta e a enrolo com uma toalha.
- Todos gostamos.. – Carter sorri e eu dou uma intimada pra ele sair logo daquele banheiro.
- Vou tomar o resto do meu banho... – eu fecho a porta do Box e ele vai levando Julie ate a porta.
- Você não me escapa, viu? Deixe anoitecer.. – ele sorri da porta do banheiro e eu me finjo "amedrontada" tornando a tomar o meu banho.
Continua...
