Peguei a minha sacola com a "a minha vingança" e subi pro meu quarto. Já havia anoitecido e eu pretendia de tomar banho e trocar de roupa antes de ter que cuidar de Julie.
Guardei o meu biquíni num lugar escondido e pus o de Julie em cima da cama, pra depois colocar no armário. Tirei a roupa e entrei para um banho não muito longo. Assim que sai, me vesti e fui arrumar o quarto de Julie e separar sua roupa de dormi. As atitudes dele não me saiam da cabeça. Nós estávamos brigando demais ultimamente e isso era péssimo, não só pra nossa relação, como pra Julie.
Tentei não pensar mais nisso até ter de encará-lo de novo. Guardei as coisas de Julie, incluindo a camiseta que ele havia dado a ela. Aproveitei a peguei a minha, colocando em cima da minha cama, para guardar depois. Comecei a descer as escadas, vendo Julie de bruços no tapete, grudada na T.V.
- Julie, senta no sofá...- eu disse, quando passei atrás deles, indo pra cozinha. Ela não deu sinal de ter me escutado então eu repeti. Nada... Ele nad falava também. Ela só fazia rir com o desenho e não me obedecer.
- Julienne...- eu fui até o canto da sala onde ela pudesse me ver- agora! Pro sofá!- eu gritei e ela me olhou de bico, subindo imediatamente pro lado de Carter.
Fui na cozinha, coloquei uns pãos de queijo no forno, preparei um suco de laranja e aproveitei para alimentar o cachorro. Joguei o lixo fora e voltei, tirando-os do forno.
Separei na mesa queijo, presunto, patê, requeijão pra comer com eles e voltei a sala para ver se o filme havia acabado. Felizmente sim. Julie estava vendo os bônus e Carter continuava na mesma posição que sentou que o filme iniciou.
- Jantar tá pronto.. - me limitei a dizer e logo Julie se levantou vindo correndo em direção à cozinha.
Servi alguns no prato de Julie e sentei ao seu lado ajudando a colocar as coisas. Quando estávamos acabando de comer, ele finalmente aparece se senta a mesa e começa a comer em silêncio.
- Gostou do filme pai!
- Adorei.. - ele sorri para ela enquanto cortava um pão de queijo.
- Podemos rever depois do seu né!
Eu olho para ele que continuava sorrindo pra ela. Isso, agora escapa de uma filha curiosa.
- Podemos rever o seu agora.. o que você acha?
- Mas você não vai ver o seu? Não tem que entregar amanha?- ela pergunta toda preocupada.
- Eu vou ver mais tarde, Julie - ele pisca pra ela e quando volta a passar o olhar por mim, muda-o totalmente.
- Sobre o que fala o seu filme pai? É de amor?- ela pergunta toda inocente. Crianças...
- É sim, Julie- ele responde, mordendo o pão. Ok, eu diria que depende do que você entende por "amor".
- Legal!- ela pisca com os dois olhos demoradamente e olha pra mim, coçando os olhinhos, enquanto terminava de tomar o suco.
- Com sono, lindinha?- eu pergunto e ela acena - dormir cedo hoje para amanhã aproveitar bastante, hein? - eu pisco e ela acena, levantando da cadeira.
- Posso ir lá fora um pouquinho dar um beijo de boa noite no Carby?- ela pede, já no meio do caminho. Eu fico na dúvida se respondo ou deixo- responder. Era difícil decidir quando ela não especificava "mãe" ou "pai" e nós estávamos brigados. Eu achava que ele poderia pensar coisas...ou é só paranóia minha mesmo,.
Diante do silêncio, ela fica parada esperando uma resposta que não vem.
- Posso?- ela fica olhando pra nós.
- Pode...- nós dois falamos juntos. Que bom, nem discordamos nem nenhum disse no lugar do outro.
Ela sai e nós ainda podemos escutar de lá de dentro ela chamando o cachorro.
O silêncio toma conta quando ela vai mais pra dentro do quintal e eu não ouso dizer uma só palavra. Fico com o olhar parado em frente, enquanto ele terminava de comer, do outro lado da mesa.
Começo a bater meus dedos de leve na mesa. Cadê Julie que não voltava? Pensei em me levantar e atrás dela mas dei tempo ao tempo. Desviei o meu olhar de vez em quando a ele que permanecia mastigando aquele pão que deveria ter virado chiclete ja. Logo ela reaparece na cozinha e eu respiro aliviada me levntando indo em sua direção.
- Vamos nos ajeitar pra dormir... - eu toco sua cabeça de leve e ela sorri virando para Carter que ainda mastigava
- Boa noite papai...
Ele provavelmente deve ter acenado e ela vai subindo as escadas na minha frente.
Se eu pudesse a mantia acordada a noite inteira comigo. Mas eu sei que seria maldade e isso não resolveria nada as minhas desavenças com o seu pai. Entramos no seu quarto, ela tomou um banho rápido, escovou os dentes e logo estava na cama bem cobertinha pronta pra sonhar.
- Meu anjo da guarda.. - ela repetia olhando pra mim - meu bom protetor.. guardai minha alma.. para nossos senhor...
Eu beijei a sua testa e quase que instantaneamente ela pareceu cair no sono. Desliguei as luzes e recostei a porta do seu quarto.
Desci as escadas e fui ver se havia algo para limpar na cozinha. Ótimo, nada. Pelo menos iamos ter menos uma razão para conversar. Fiz uma horinha embaixo e logo tornei a subir as escadas.
Entrei no meu quarto e o vi assistindo televisão. Sem curiosidade para saber o que era, fui direto ao banheiro fazer algumas coisas. Eu também estava morta, acho que ainda não estava muito bem do outro dia. Escovei meus dentes, fiz minhas necessidades e tornei a voltar para o quarto.
Ele permanecia na mesma posição, parecia uma estátua. Eu fui até o armário e peguei minha bolsa, tirando o extrato do banco que tinha tirado a tarde. Peguei minha agenda no criado e fui percebendo os cheques que tinham caído. Fiz umas contas e ele permanecia lá. Aquele silêncio me fazia vomitar! Nem sobre o que se tratava aquele programa ele deveria saber. Eu não tinha direito de ver algo melhor?
Bem, acho que não. O melhor seria dormir. Essas oscilações de humor e discussões mal resolvidas ainda acabariam com o meu casamento. Fui até o armário depois de tudo e peguei a camisola. Pensei em ir até o banheiro pra vestir, mas era exagerar. Tirei a calça primeiro e depois a blusa, vendo-o sair da posição apenas naquele instante. Ele relutou um pouco, mas acabou virando a cabeça pro meu lado.
Era assim, é? Só quando interessa? Tudo bem, ele ia ver. Talvez fosse melhor se eu tivesse comprado o primeiro biquíni, apesar de que esse branco era o ideal. Branco sempre deixou Carter louco e louco de ciúmes também.
- Que foi?- eu pergunto tão seca quanto ele toda a tarde.
- Nada...- ele responde e volta a ver T.V. Quando eu me deito, sinto-o levantar e pegar ao em cima da escrivaninha.
Confesso que relutei para não olhar. O que ele estaria fazendo agora? De costas, eu só consigo escutar os barulhinhos. Não...ele deve estar de brincadeira. Se eu bem conheço esse é o som do... vídeo.
Não teve como. Tive que conferir se era aquilo mesmo. Olhei pra tv e incrédula vi ele colocando o "play". Larguei o meu olhar pra cima dele que fazia aquilo na maior naturalidade do mundo. Essa era demais de mim, se ele quisesse ver essa porra de filme que visse sozinho.
Pulei da cama e nem olhei pra trás. Sai do quarto batendo a porta e desci as escadas procurando o que fazer. Senti no sofá, liguei a tv e naquele instante me subiu uma raiva tão imensa que não me agüentei e comecei a chorar.
Chorei por um longo tempo evitando fazer muito barulho, eu não queria que de forma alguma ele me visse assim. Essa infantilidade passou dos limites. Temos que sentar e decidir o que faremos. Se nos trataremos como estranhos ou se tornamos a ser o que éramos.
Porque era tão difícil pra ele engolir o orgulho hein?
Fui a cozinha e preparei um chá para me acalmar. Me sentei na mesa da cozinha com o meu chá e fiquei pensando nos acontecimentos dos últimos dias. Julie não era boba, a qualquer momento ela iria deduzir tudo aquilo e ela iria acabar se machucando com essa historia.
Continua...
