Capitulo Cinco - Chuva (parte 2)
- Xeque-mate!
- Ah, Aluado, tenha dó! - Mary Anne cruzou os braços, o cenho franzido - Eu desisto de jogar com você!
- Bom, se você quiser eu te deixo ganhar uma vez só, então... - ele sugeriu, rindo da expressão que ela fazia.
- Não, assim não tem graça! Mas não é possível, você fica treinando sozinho, ou algo assim? Cara, é impossível ganhar de você!
- Vou levar isso como um elogio, ok? - ele disse, ainda rindo. Mary riu também.
A relação dos dois era única. Um era o oposto do outro, Remo era sempre o certinho, o quieto, tímido. E Mary Anne era muito impulsiva, agitada e ria por qualquer coisa, além de ser toda extrovertida. Mesmo com gênios tão diferentes, adoravam estar na companhia do outro, era como se Mary Anne se acalmasse, e Remo se soltasse. Um completava o que faltava no outro.
- Vai, só mais uma partida... - insistia Aluado.
- Nem pensar! - ela dizia, imparcial. - Perder três vezes já é humilhação!
- Hahaha eu prometo que te deixo ganhar.
- Já disse, nada disso!
- Hum...Tudo bem. Mas então, o que iremos fazer? Agora estamos só nós dois aqui.
- Kathy e Chris estão, a gente pode chamá-los pra jogar Snap Explosivo.
- Ah, não acho muito conveniente atrapalhar um casal apaixonado, eles devem estar curtindo juntos, vamos deixa-los lá.
- É, ta certo. Vamos comigo lá em cima um minutinho? Estou ficando com frio.
- Vamos, sim. Deve ser a umidade - disse Aluado, enquanto os dois se levantavam das cadeiras e iam à direção das escadas - A Lily estava certa, vai chover logo.
- Verdade, e nossos queridos amigos vão voltar encharcados.
- Com certeza.
- Bom, eu é que não vou limpar o chão depois.
Mary Anne abriu a porta do quarto onde ela e as outras meninas estavam dormindo.
Era um quarto espaçoso, com três camas de madeira polida, mais ou menos na do tamanho das de Hogwarts. Havia uma espécie de banco logo embaixo da janela, onde as pessoas se sentavam para observar a paisagem.
Anne foi até o guarda-roupa e tirou um agasalho para ela e outro para Remo.
- Bom, eu não sei se vai servir, mas é o maior que eu encontrei ali dentro.
- Ah, obrigado - disse Remo. Realmente o agasalho ficou um pouco apertado, mas pelo menos serviu para esquentar um pouco.
Ambos se sentaram no banco da janela.
Uma chuva fina começava a cair, balançando a copa das arvores com um vento leve.
- É uma bela vista daqui, não? - comentou Aluado.
- Aham...Eu costumava passar horas aqui quando era criança...É legal pra ficar um pouco sozinha, pensar.
- Eu imagino.
Permaneceram em silencio por alguns minutos, apenas ouvindo a água bater no vidro da janela, cada um com seus pensamentos.
- Remo...? - disse Mary, de repente.
- Sim.
- Você me acha bonita?
Remo foi pego de surpresa com a pergunta, e piscou algumas vezes antes de pronunciar alguma coisa.
- Hã? - foi o que conseguiu dizer.
- É, você acha que eu sou bonita?
- P-Porque essa pergunta agora, Mary Anne?
- Ah, é que...Bom, nenhum menino olha pra mim, sabe. Poxa, eu já fiz dezesseis anos e não tive um namorado sequer. Quero dizer, eu tenho algum problema, ou coisa assim?
- Ah, é isso... - ele disse, internamente aliviado - Não, nada a ver, Anne. Você é uma garota muito bonita, e muitos garotos olham pra você, você é que não percebe.
- Ah, ta falando sério, Remo? Porque você pode falar sério comigo, sabe, não precisa mentir só pra me agradar.
- Claro que é sério, fica tranqüila.
- Hum... - ela suspirou, triste - Remo, você já sentiu como se a pessoa que você gosta só te vê como uma amiga e nada mais?
Ele passou a encarar seus sapatos.
- Infelizmente sim.
- É horrível, não é? Quero dizer, estar do lado dessa pessoa o tempo todo, e ela nem te enxergar.
Aluado concordou silenciosamente.
- Sabe, o Tiago só me vê como uma irmã mais nova dele, e eu sei que isso nunca vai mudar, ele nunca vai me ver como algo mais. Isso me dói muito, porque...Bem, eu gosto dele, e ele gosta da Lily, todo mundo sabe disso...Eu queria que acontecesse comigo, igual essas histórias dos trouxas, como é mesmo? "Contos de fadas..." Às vezes é como se...Bom...Todo mundo tem alguém...E eu me sinto totalmente sozinha. Eu to cansada de ser assim. Eu queria alguém pra mim também, Remo, a pessoa certa, entende? Que goste de mim pelo que eu sou... - ela falou tudo isso muito rápido.
Remo voltou a encara-la, desta vez muito profundamente nos olhos negros da garota.
- Às vezes essa pessoa está bem na nossa frente, mas nós não somos capazes de enxerga-la - ele respondeu, sério.
Mary Anne sorriu pelo canto da boca.
- É, é verdade...Sabe, obrigada por me ouvir. Eu fico sem graça de conversar sobre isso com outros amigos, eu só me sinto à vontade com você, eu não sei porque...E é diferente falar com um garoto. Desculpe se eu te deixo sem graça com esses assuntos.
- Que isso, eu fico feliz de poder conversar com você também... -Você é uma pessoa muito especial, Aluado. Espero que você encontre uma garota muito linda e muito bacana pra ficar contigo, você merece - ela disse, animando-se.
Ele esboçou um sorriso, tentando ao máximo parecer feliz.
- Remo, você gosta de alguém?
- E-eu..?
- É! Me diga quem é, quem sabe eu não possa ajudar?
- A-ah...Não...Eu não gosto de ninguém.
- Das centenas de garotas de Hogwarts, você não acha nenhuma bonita, não sente um friozinho na barriga por nenhuma? Isso é impossível!
- Hum...Ah, eu acho algumas bonitas, mas...Mas nada de mais.
- Ah vamos lá Aluado, é alguém que eu conheça? Você também está sozinho, vamos, eu quero ajudaaaar...
- Hahaha, não precisa se preocupar comigo Mary, é serio - ele disse, rindo nervosamente.
Naquele momento eles escutaram um barulho de porta se abrindo no andar debaixo, e escutaram as vozes de Tiago e Lílian. Eles se entreolharam.
- Pelo jeito os dois devem ter chegado - Remo disse - Ensopados.
- Sim, mas...Escuta... - ela disse, prestando atenção no que os dois amigos falavam lá embaixo - Parece que há algo errado. -Será que alguém se machucou? -Vamos lá ver. - ela disse, levantando-se de um salto e correndo escada abaixo, com Remo ao seu encalce, e ao chegarem, encontrando Lílian e Tiago no sofá, a menina com o pé em cima de uma almofada, e ambos ensopados.
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- Lily, espera!
- Eu não quero mais papo com você, Potter - ela respondeu, andando a passos duros na trilha para a praia.
- Aonde você vai? Hei! - ele disse, correndo para alcança-la -Vai chover e é melhor ficarmos dentro de casa, a salvo, não é? Bom, quem está indo pra praia agora é você!
Lílian finalmente parou de andar, e virou-se para ele, o olhar zangado.
- O que você quer, afinal?
- Me desculpar! - Tiago disse, abrindo os braços como se esperasse um abraço, e sorrindo.
Lily apenas crispou os lábios, o que o fez continuar, porém sério.
- Lílian, é sério, me desculpa, eu não quis te ofender lá dentro, juro, não foi minha intenção - ele insistia - Essa é a última coisa que passaria pela minha cabeça.
- Você não ofendeu, é que...Eu não gosto desse tipo de brincadeira, e daí se eu me preocupo demais? Antes prevenir do que remediar! - respondeu a ruiva.
- Eu sei, Lily, e essa é uma das coisas que eu mais gosto em você! Por favor, não vamos voltar a ser como antes, estava tudo legal assim, sendo amigos, não? Eu prometo que nunca mais vou à praia quando chover, nem hoje nem nunca mais, palavra de Maroto! - disse ele, levantando a mão direita teatralmente.
Ela não pareceu querer ceder no começo, mas quem resiste àquela carinha de cachorro sem dono?
- Ta bom, ta bom, Tiago! Eu aceito suas desculpas.
- Sério? Jura mesmo?- ele vibrava de alegria - Você não vai se arrepender, Lily, eu juro! Eu vou ser o melhor amigo que você já teve!
Ele adiantou-se para ela, abraçando-a, porém o impulso fora forte demais. Lílian se desequilibrou com o peso de um garoto de 1,80m, e ambos caíram para trás, em meio às folhas e ao chão da trilha.
Eles riram da grande trapalhada, mas aos poucos as risadas foram cessando, os olhares se encontrando...E os rostos estavam a menos de centímetros de distância.
Os olhos castanhos de Tiago foram perfurados pelos verde-esmeralda de Lílian, como se um quisesse ler os pensamentos do outro. Os lábios foram se aproximando, e ao contrário do que ele pensara, Lílian correspondeu ao beijo.
Porém, logo a menina se deu conta do que estava fazendo, e empurrou-o de leve.
- Tiago! - ela exclamou.
- DESCULPA! - ele disse, desesperado, saindo de cima dela. - Eu não devia ter feito isso!
- N...Não mesmo! - ela disse. Tiago estendeu-lhe a mão para ajuda-la, mas ela levantou-se sozinha. - Que idéia foi essa de me beijar?
- Eu não...Não resisti, Lily, me perdoa.
- Argh, eu sabia Tiago, sabia que você tinha segundas intenções, não dá pra ter amizade contigo! - disse ela, saindo andando, mesmo que estivesse indo para o meio das arvores em vez de seguir a trilha.
- Ah, droga, eu sempre estrago tudo - ele resmungou - Lílian, ESPERA!
- Não, Tiago! Dessa vez eu não vou esperar nada, você mentiu, você não queria ser só meu amigo, você...AI!
- Lily!
A menina havia tropeçado na raiz de uma das arvores, e caíra no chão de mal jeito. Tiago correu até ela.
- Você ta bem? Você ta legal? Se machucou? - disse ele, abaixando-se ao lado dela, aflito.
- Ai, eu...Acho que torci o tornozelo...- Lily disse, numa careta.
- Deixa-me ver - Tiago disse, levantando a barra da calça da garota. - Está inchado.
- Ai... - ela murmurou, quando ele tocou o ferimento com a ponta dos dedos.
Um barulho de chuva começara a encher o ar, e a água caía por entre as folhas das arvores.
- Você deve ter torcido mesmo...Melhor te levar até a casa.
- Certo... - ela disse, com a mesma expressão de dor.
- Consegue andar?
- Não sei.
- Vem, eu te ajudo - Tiago ajudou-a a se levantar, porém assim que tentou dar um passo, Lílian perdeu o equilíbrio e pendeu para o lado. Tiago a segurou.
- Ai, não dá...Não dá, dói demais!
- Hum...Certo, ahm...Bom...Eu acho que... - Tiago pareceu embaraçado - Acho que só tem um jeito. Mas é só até a casa, é perto, você não se importa não é?
- Do que está falando? - disse ela.
Tiago passou o braço da menina pelo pescoço dele, e pegou-a no colo. Lily soltou uma exclamação ao sair do chão.
- Ou isso ou ir mancando até a casa, o que pode ser pior - ele ponderou.
- Tudo bem... - ela disse, enfim.
- Não se preocupe, a gente chega logo e vamos tratar isso aí... - ele sorriu, a água agora escorrendo pelos cabelos castanho-escuros.
Lily tinha os braços em volta do pescoço de Tiago agora, e sentiu a colônia do garoto, era uma ótima fragrância...E os braços fortes carregando-a.
Tiago fingia estar neutro, mesmo que por dentro estivesse sentindo arrepios constantes por tê-la em seus braços, e sentir sua respiração tão próxima...
Ao chegarem na casa, ele depositou-a num sofá e pegou a varinha mais próxima, conjurando uma compressa de gelo no tornozelo.
- Bom, eu não sou nenhuma Madame Pomfrey, mas...Eu espero poder te ajudar.
- Eu agradeço por ter me trazido até aqui. - ela disse.
- Não, era minha obrigação! Quero dizer, se eu não tivesse te aborrecido, você não teria saído andando, e não teria se machucado.
- Você foi muito legal, Tiago me ajudando, e me carregou até aqui, e eu...Te xingando, e falando aquelas coisas...Eu é que fui uma idiota.
- Não diga isso Lily.
- É sério, eu te devo desculpas. E agora tenho que agradecer também.
- Não foi nada. Você vai ficar bem?
- Tiago! Lily! - exclamou uma voz vinda da escada.
Mary Anne e Remo vinham descendo, e ambos pareceram preocupados ao ver Lily machucada.
- O que houve? - perguntou Remo.
- Eu tropecei, acho que foi num galho, e torci o pé...Estávamos sem varinha, então tivemos que vir correndo pra cá.
- Meu Deus! - exclamou Mary Anne. -Que loucura saírem pela mata assim - disse Aluado.
- Bom...Se não fosse o Tiago, eu não sei como poderia ter voltado pra casa... - Lilian disse, abrindo um sorriso sincero para o moreno. Tiago sorriu de volta.
- Hum, eu acho que Kathy saberá o que fazer - Remo falou - Ela fez um curso de enfermagem, não fez, Ann?
- É, fez sim, não se preocupe, Li, acho que não é tão grave também. Valeu Tiago, por tê-la trazido até aqui. - disse a loira.
- Não foi nada. Tem certeza que vai ficar bem, Lily? - o garoto repetiu.
- Vai sim, a gente cuida dela, não se preocupe - Mary respondeu por ela.
- Ok. Acho melhor irmos indo, Pontas, antes que a chuva piore de novo. - sugeriu Remo.
- Certo. Até amanhã meninas. Melhoras, Lily.
- Obrigada, ate mais.
Os dois garotos saíram da casa, enquanto Anne subiu as escadas correndo para chamar Katheryn. Lílian soltou um longo suspiro. Lembrou-se do beijo que recebera minutos atrás, e de ter sentido o perfume de Tiago, quase não sentiu a dor no tornozelo por um momento. E ele tê-la ajudado sem hesitar...Fora um gesto muito bonito.
Não achara que Tiago Potter, o garoto que ela tanto odiava, um dia fosse mexer tanto com seus sentimentos assim.
N/A: Ai keridos, mil desculpas pelas dimensões gigantescas desses capitulos auhahuhau eu sei q a maioria nem lê por eles serem tão compridos/
Mas eh q eu me empolgo...rs...fazer oq?
Praqueles q lerem, espero q vcs gostem, pq eu amei escrever, esse aki principalmente
Comentem, sim?
Bjoex
