É Weasley pra você!
O trem locomovia-se rapidamente ainda que sutil com seus sacolejos suaves enquanto a paisagem transformava-se lentamente do cinza triste das grandes cidades para o verde fresco e primaveril dos intermináveis campos.
Se ainda estivesse em seu estado racional, calmo, pacifico e quem sabe talvez até mesmo amigável Gina provavelmente estaria nesse momento bebericando de seu chá, tranqüilamente sentada em seu vagão, lendo um bom livro ou apenas observando aquela não tão sutil mudança de cenário. E quem sabe até mesmo alegrando-se com o fato de o Sol estar dando sinais de querer aparecer para tornar seu dia um pouco mais feliz. Ou talvez fosse melhor dizer: (...)'para tornar seu dia ao menos suportável'.
Mas Gina não estava nem próxima do seu estado pacífico e bondoso, para dizer a verdade ela estava nesse exato momento bufando e soltando labaredas pelas narinas enquanto seus olhos dardejavam a uma impressionante velocidade de cinqüenta metros por segundo.
Pois agora ela corria, corria incessantemente pelo estreito corredor. A primeira vista isso poderia parecer estranho e até mesmo sem sentido (como de fato era), mas o que era realmente estranho era que toda essa correria justificava-se. Ela estava afinal perseguindo um vulto, um vulto com uma peculiar cabeleira louro platinada. "Eu não acredito! Mas será possível!" exclamava para si mesma, incrédula e desconfiada. Seria esse vulto o insuportável Draco Malfoy? O garoto maldito que sempre fazia de tudo para que o Harry se desse mal? E se fosse, por que diabos Gina o estava perseguindo?
A verdade era que ela própria não fazia idéia. A única coisa de que se lembrava era que Ruby a havia colocado no trem errado, que a levaria rumo à Itália, quando na verdade ela deveria estar indo para a Rússia. Até aí tudo bem, seu dia já estava um completo desastre, não poderia ficar pior, certo? Não tão certo assim. Aparentemente aquela imitação de gente loira havia invadido sua cabine e roubado sua passagem, que segundo Ruby era a prova de que Gina não estava ali clandestinamente.
Mas o que Draco estaria fazendo num trem completamente trouxa? E da onde ele tirou a idéia de roubar sua passagem? Nada fazia sentido, e isso incomodava Gina. Muito mais do que ela gostaria de admitir.
Onde é que estava Ruby quando realmente se precisava dela? "Mas que droga! Merlin me ajude a não cometer um homicídio".
Bufando descontrolada Gina acelerou a velocidade de seus passos na esperança de acabar o mais rápido possível com essa idiotice. Nem precisa dizer que de nada adiantou, sempre que ela investia com toda a velocidade Draco dava um jeito de ser ainda mais rápido, e saía rindo com aquela voz rouca e debochada, metros à frente.
Estavam quase chegando ao final do último vagão. Logo não haveria mais para onde Draco pudesse fugir, e a perseguição finalmente chegaria ao fim. A essa altura do campeonato, o ar custava a adentrar os pulmões de Gina, suas costelas doíam terrivelmente e em pouco tempo ela foi ficando para trás "estou tão perto, não posso desistir agora!" pensava desesperada agarrando-se as paredes para continuar andando.
Por um momento até chegou a pensar em desistir, afinal não havia lógica nenhuma nisso que estava fazendo...Ela já estava quase se arrastando quando, abruptamente, ele parou. Virou-se em sua direção e sem mais nem menos a agarrou pela cintura. Devido à aproximação deles, Gina notou que ele nem sequer estava cansado de correr, o que a deixou terrivelmente perturbada, e ainda mais irritada. "Mas afinal como que essa imitação de gente consegue ser tão ridiculamente resistente? Aposto que ele usou algum feitiço, esse trapaceiro nojento! " A resistência física de Draco ajudou a indigná-la ainda mais e com o pouco de energia que lhe restava Gina tentou a todo custo esbofeteá-lo, mas para sua infelicidade percebeu tarde de mais que Draco já havia previsto essa reação e tomado a precaução de segurar firmemente seus braços. Ele aproximou perigosamente seu rosto ligeiramente corado do rosto ofegante e vermelho de Gina tornando possível que suas bochechas se encostassem. "Estamos quase chegando Gina..." ele sussurrou de maneira etérea em seu ouvido. "É Weasley pra você Malfoy!" Revoltada, ela tentou gritar, mas percebeu que não havia voz.
O apito do trem soou ao longe "Gina, Gina..." ele não parava de repetir em seus ouvidos a voz cada vez mais feminina à medida que sussurrava.
"Gina, Gina!" O apito tocou mais uma vez..."Gina, acorda!"
Gina sentiu-se cutucar e de repente seus sentidos voltaram à realidade, seus olhos abriram-se de supetão e a sensação de gravidade tornou-se clara quando ela caiu do assento do trem.
- Ai meu Deus! Gina você tá legal? – disse Ruby acalorada.
- Ai! – resmungou a ruiva enquanto se levantava esfregando a cabeça dolorida. – O que foi que aconteceu? – parecia desnorteada.
- Aparentemente você caiu da cadeira, quer dizer do banco...ah você entendeu! – esperneou Ruby tentando ajudar Gina a se levantar.
- Onde é que nós estamos? – Gina perguntou, ainda um pouco atordoada.
- Quase na metade do caminho. Em todo caso é hora do almoço, por isso vim aqui chamar você.
Gina respirou profundamente, tentando fazer com que a cabine parasse de girar. Ruby ajudou-a a se levantar, dessa vez em silêncio e as duas dirigiram-se para o vagão restaurante.
Fazia três dias que estavam viajando juntas. Sem descanso, haviam trocado de trem durante a madrugada para que não perdessem tempo. Olhando agora, parecia que as coisas sempre haviam sido dessa maneira. Ruby uma companheira, embora meio atrapalhada, e Gina...bem Gina era Ginevra. E não pertencia a família Weasley. Ela não tinha uma, ela estava atrás de uma. Deveria ter pegado o trem para Rússia, entretanto seu novo destino era a Itália e ela agora entendia porque. Entendia também a intervenção de Ruby. Algo que ela lhe revelou duas noites atrás:
- Gina, você tá acordada? A ruiva manteve os olhos teimosamente fechados, na esperança de que Ruby desistisse de incomodá-la.
- Ei, Gina! Ruby sussurrou enquanto a cutucava.
- O quê? Grunhiu mal-humorada.
- Você sabe por que a gente tá indo pra Itália? A morena perguntou, como se houvesse esquecido que ela mesma tinha tomado essa decisão. Antes de responder Gina respirou profundamente tentando manter as lagrimas de desespero à distância. Respondeu com ironia:
- Porque você me derrubou no chão e decidiu me seqüestrar? A essa resposta Ruby soltou uma risadinha debochada.
- Não bobona, é por que eu tenho pistas sobre a sua família. O mal-humor de Gina pareceu sumir, sendo espontaneamente substituído por uma total surpresa.
- Co-como você sabe? O que..? Mas...
A pobrezinha estava completamente desnorteada. Como Ruby poderia saber alguma coisa sobre ela? As duas jamais haviam se visto antes. Seria isso Legilimência? Não, impossível. Ruby não era nem mesmo bruxa... Ou será que..?
- Calma Gina, respira. Isso, agora senta aí que eu te explico tudo. Disse Ruby, com um sorriso encantador no rosto. Os olhos brilhando de animação. Enquanto Gina, bem, ela nem sequer havia notado que estava em pé. Todos os pêlos de seu corpo arrepiados, tamanho o susto e a surpresa. Ainda meio atordoada sentou-se e encarou a morena à sua frente esperando pela misteriosa explicação.
Certo, faz muito muuuiiito tempo eu sei e não me orgulho disso também, mas é que tem tanta coisa acontecendo na minha vida que mal dá tempo de parar pra escrever o próximo capítulo. Sem falar que quando a gente põe as lindas e maravilhosas idéias no papel percebe que não são tão lindas assim...ou pior percebemos que não tem coerência nenhuma e então dalhe reescrever a história. --
Mil e uma desculpas pra todas aquelas pessoas maravilhosas que leram a fic até o cap anterior. (e que sem muita fé, espero que continuem lendo)
sério mesmo, eu sei que nada justifica esse atraso terrivel e eu me sinto muito envergonhada.
mas em todo o caso espero que gostem desse cap. o proximo eu prometo, não vai demorar tanto.
marie-moores
