Ginevra Ambra
- Ruby, o que exatamente você quer dizer com isso? Gina perguntou tentando manter a calma embora sua voz soasse tremula.
- Exatamente o que parece ser. Bem talvez um pouquinho mais, deixa eu explicar. Ela olhou ansiosa para Gina que esperava em silêncio pelas respostas. – Certo, bem até aqui tudo o que você sabe é que foi adotada pelos Weasley. E bem, não faz muito tempo de que ficou sabendo disso, certo? – Gina apenas meneou a cabeça, não havia nenhuma novidade no que Ruby lhe falava a não ser o fato de que Ruby sabia muito mais do que ela imaginava.
- Acontece que há alguns dias atrás Arthur veio falar comigo. Ele marcou um horário estranho, presumo que foi pela falta de tempo mesmo, de qualquer modo ele me disse que você havia descoberto tudo e me entregou isso. – A menção da ultima palavra Ruby retirou do bolso uma fina corrente de ouro, nela havia pendurado um pingente em formato circular que reluzia intensamente embora estivesse visivelmente velho. – Ele disse que você o usava no pescoço quando ele e Molly vieram para te tirar do orfanato. No começo eu achei que seria impossível, mas então – e com um gesto rápido retirou de outro bolso qualquer a varinha escondida e apontou-a diretamente para o pingente que com um estalido tímido se abriu sem protestos – simples assim. Ruby o entregou com cautela nas mãos tremulas de Gina. Seus olhos, ela pôde ver, brilhavam com as lagrimas contidas.
-Lumus. Ruby sussurrou e aproximou a varinha do objeto, para que a ruiva pudesse visualizar seu conteúdo. Era um pingente antigo, daqueles comuns, dentro dele uma foto, o rosto de uma mulher ainda jovem. Os cabelos presos num coque baixo deixavam a mostra suas feições tão suaves e ao mesmo tempo tão intensas. A fotografia lembrava muito a pequena Gina que a observava atônita.
- Pois é. – Suspirou Ruby com uma cara indecifrável. Não eram preciso palavras, a mulher da foto era sem sombra de dúvida parente de Gina, para não dizer que era sua mãe biológica propriamente dita.
- Mas por que eles nunca me disseram? A pergunta surgiu com um pingo de voz.
- Isso você vai ter que perguntar a eles...
A conversa morreu, e por alguns minutos o silêncio latente envolveu a cabine. Gina olhava sem ver a foto em suas mãos. Divagava em como teria sido sua vida se ainda estivesse ao lado daquela mulher. Imaginava como teria sido o resto da família. Ao julgar pela aparência da mulher na foto ela poderia dizer que eram bem afortunados, que não teriam passado fome, mas então os flashes do sonho lhe retornavam à memória. E ela estava mais uma vez sozinha num porão escuro de navio. A fome e o frio tornavam-se autênticos.
Será que a mulher ainda estaria viva? Será que tinha algum irmão? Ou seria essa busca uma procura por respostas em vão?
- Arthur parecia bem arrasado quando falei com ele, acho que ele não queria que as coisas tivessem ido nessa direção – Ruby trouxe Gina de volta a cabine com uma sensibilidade que não lhe era característica – mesmo assim, ele insistiu que eu ajudasse você a encontrar o que procura. Claro, não era para eu ter dado na vista dessa maneira, mas ei, talvez seja melhor assim, você saber que não está sozinha, sabe. A morena sorriu-lhe de maneira carinhosa.
- Obrigada. Gina não pôde mais conter o choro. Apertou o colar fortemente em uma das mãos enquanto Ruby a abraçava.
- Shh. Tudo bem... – Ruby sussurrava em seu ouvido ao mesmo tempo em que afagava seus cabelos cor de fogo. – Gina, talvez você não tenha notado ainda, mas...
- O que? A jovem perguntou melancólica por entre as lágrimas.
- Me empresta o colar mais uma vez. Relutante, Gina abre a mão e lhe estende o colar. – Certo, deixa eu ver aqui...Olha só. E com a varinha novamente em punho Ruby iluminava a outra face do pingente aberto. Não havia fotografia alguma desse lado, e talvez por isso Gina não tenha lhe dirigido nenhuma atenção anterior, mas agora que Ruby gentilmente a conduzia, foi capaz de ler as palavras gravadas no ouro.
"Ginevra Caprice Ambra"
- É um nome... – balbuciou
- É um nome italiano. Completou Ruby. – É uma pista e tanto – incrementou com certo entusiasmo.
- Então você acha? A jovem não era capaz de completar a pergunta, mas não era necessário. Ruby parecia entendê-la completamente antes mesmo que abrisse a boca.
- Talvez. Talvez essa mulher da foto, Ginevra, talvez esse seja o nome dela e talvez ela seja sua mãe sim! Ruby disse isso com um sorriso encantado, como se fosse para si mesma que revelava milhares de hipóteses maravilhosas. Gina não se conteve de entusiasmo e deixou também que um extenso e genuíno sorriso preenchesse seu rosto marcado pelas lágrimas.
- Você entende agora porque estamos indo pra Itália? Ruby perguntou entusiasmada. Gina apenas balançou a cabeça positivamente, o sorriso que relutava em abandonar-lhe as feições. As coisas tornavam-se mais claras agora. Vindo dos sonhos o nome Ginevra se tornava consistente. Era o nome da mãe, e era o seu nome também, não era Virgínia como pensou ser por todos esses anos. Era Ginevra e de repente as coisas não pareciam ser tão ruins. Tinha o mundo inteiro a sua frente para desbravar (em dois meses de preferência) e mal podia esperar para desembarcar na Itália. E então a dúvida.
Era um país inteiro, por onde começar?
- Ruby... – estava prestes a por a pergunta em palavras.
- Desembarcaremos em Roma, a capital. Lá ficam mantidos muitos registros e documentos importantes, talvez diga algo sobre a família Ambra...
- Certo... – Toda essa gama de informações deixou-a calada novamente. Além das descobertas sobre sua família, havia ainda a revelação de Ruby ser tão bruxa quanto ela. Mas o que Ruby fazia exatamente? Seria uma auror ou o quê?
- Ruby, quantos anos você tem? Gina esperava parecer sutil com essa pergunta corriqueira.
- Vinte e um, por que? Ruby pareceu realmente intrigada, como se soubesse que havia uma segunda intenção por trás dessa pergunta, mas não era capaz de decifrá-la precisamente.
- Eu me pergunto, o que você faz da vida, quero dizer...você trabalha, certo? Ruby abriu um extenso sorriso e seus olhos azuis brilharam quase negros.
- Detetive do Departamento Internacional de Busca e Reconhecimento do Ministério da Magia a suas ordens, senhor. Quer dizer senhora, opa, senhorita! As duas permitiram-se rir da confusão de Ruby que parecia muito orgulhosa ao apresentar sua profissão.
- Eu nem sabia que esse cargo existia. Confessou Gina.
- Não é muita gente que sabe, geralmente tratamos de negócios escusos ou casos particulares como o seu. É meio que um submundo sabe, mas é a minha vida! E por Merlin eu adoro esse trabalho! A morena quase gritou a ultima frase tamanha a empolgação.
- E o que exatamente você faz?
- Ah, isso é muito relativo. Ás vezes nós investigamos atividades suspeitas, seqüestros, extorsão. É quase como ser auror, mas com menos chances de entrar em combate. Os detetives se contentam com a investigação...
Passaram o resto da noite conversando como velhas amigas, Ruby lhe esclarecia mais algumas dúvidas sobre sua profissão enquanto bebiam chocolate quente conjurado. Quando finalmente se cansaram, Gina tirou tempo para pensar. Antes ela era guiada por um sonho, uma espécie de visão. Ia atrás do pai. Agora tinha uma prova física da mãe. Ela sabia que ainda faltava muito para se descobrir, mas não pode deixar de sorrir para si na escuridão da noite. O colar envolto nas mãos de dedos delicados. Deitou-se, fechou os olhos e permitiu-se sonhar. Dessa vez sem medo do que seu subconsciente pudesse trazer a tona.
N/A.: Que tal? não demorou tanto dessa vez né? hee... espero que ainda estejam gostando.
taty - brigada pelo seu comentário viu? fiquei mto feliz d saber q você gostou
bjinhos
