Amor e ódio?
Por Kamui
II
Bom as respostas das minhas dúvidas começariam lentamente a ser esclarecidas.
-Karl! - a voz já tão conhecida por mim da minha mãe que revelou ao mesmo tempo preocupação e alivio- Que bom que acordou, os médicos me disseram que era impossível dar uma previsão de quando retornaria do coma.- Como se sente?
Havia retornando e ela nem sabia o que tive que aceitar, bem na verdade nem eu sabia direito. Ainda estava zonzo e os questionamentos de minha mãe não me ajudava, só consegui perceber que estava em um leito de hospital depois de alguns minutos. Apartir daí uma explosão de dores percorriam meu corpo, deve ser os primeiros sinais que retornei mesmo a vida.
-Vou chamar o médico- sai em disparada minha mãe pelo corredor do hospital.
Olho em direção a porta e vejo uma jovem me olhando, estranhamente ela esta chorando, fico penalizado com a cena, pois é uma jovem muito bonita com olhos verdes escuros que brilhavam, seus cabelos castanhos longos cascateavam em seus ombros, suas mãos alvas unidas parecia agradecer a alguém, percebi que seu choro aumentava.
-Moça... - mas nem mesmo esperou eu terminar a frase e saiu em disparada como a pouco minha mãe fazia, o que me deixou intrigado quem seria?
Mas nem pode pensar muito, pois logo em seguida minha mãe entrava com o médico, e a saraivada de perguntas, me deixou mais zonzo.
Depois de uma pequena estada no hospital e de todos os exames constatarem que poderia retornar a minha vida normal, hoje será o primeiro dia que retorno à escola.
Ao caminhar para a escola me relembro, daquele estranho fato que ainda persiste em ficar em minhas recordações com tanta nitidez. Talvez a pancada na cabeça tenha mesmo mexido com minhas idéias onde já se viu, acreditar que algo ou alguém me oferecesse uma segunda chance de retornar a vida. Talvez tenha sido algo que minha consciência criou para voltar do coma. E o acordo tivesse sido uma mera formalidade para retornar.
-Eu se fosse você não acreditaria muito nisso?- olho em direção da voz, feminina um tanto arrogante e atrevida quando olho para cima vejo uma garota de cabelos pretos sentada no muro, de uniforme escolar e um jeitinho maroto.
Este olhar penetrou em meu interior e me senti vasculhado, neste momento percebi que em minha frente encontrava uma garota determinada e forte.
-Fica sempre no muro ouvindo o que os outros falam?-digo isso furioso pela intromissão
-Não costumo fazer isso com todos não, só com os carinhas estranhos que por aqui passam a falar sozinho.- diz a garota em resposta a minha arrogância.
Continuo meu caminho deixando a garota para trás.
-É sempre mau educado com as garotas?- continuando a me provocar.
-Sim sou com as que não conheço-respondo
-Temos mais coisas em comum do que você pensa - me diz isso naturalidade.
-Ah é mais não estou nem um pouco interessado sobre sua pessoa- e continuo a andar agora já um tanto estressado pelo abuso daquela garota intrometida.
A garota corre e passa na minha frente me mostra a língua e grita:
-Nem sobre o acordo?
Aquelas palavras me fizeram ter um choque, então não era um sono, corro atrás da garota atrevida, a alcanço e pego no seu braço.
-O que sabe sobre o acordo?-pergunto quase sem folego, pois ela era uma boa corredora.
-Porque quando retornamos nada fica igual, você perceberá que coisas mudaram em você, pois comigo aconteceu a mesma coisa...
-Verdade? E como sabe o que aconteceu comigo?
-Todos nos que retornamos sabemos uns dos outros...
-E tem muitos como nós?
-Muitos não mas tem...
-Quem ?
-Você o conhecerá como me conheceu...falando nisso me chamo Carol, e agora que me conhece será que poderia me soltar?- em seu rosto um sorriso se abri mostrando seu lado espontaneo.
-Oi, me chamo Karl pelo que vejo pelo seu uniforme estamos na mesma escola.- e solto o braço da garota agora um pouco constrangido com minha atitude.
-Então acho melhor corrermos pois estamos atrasados...-me disse já saindo correndo.
Saio correndo atrás dela em direção de escola, muitas perguntas sem resposta vagavam pela minha cabeça, talvez Carol pudesse esclarecer...será que muitas coisas vão mudar ainda?