Amor ou ódio?

Por Kamui

V

Como presentia as coisas estavam mesmo para mudar e talvez definitivamente para todos. A garoa fina caía, o céu parecia refletir o dia cinzento que teríamos pela frente descobriríamos o real motivo de estarmos de novo vivos.

Na saída da escola Carol grita meu nome, saiu da confusão que se aglomera no portão e me enconsto no muro, esperando ela chegar a mim, com seu jeito, rápidamente ela me alcança, e atrás deixa um rastro de pessoas reclamando de seu comportamento grosseiro, pois saiu empurrando todos. Seria uma cena até engraçada se ela não tivesse com aquele olhar de pavor, a chuva neste momento resolveu nos castigar, corremos para um local aonde pudessemos nos proteger.

-O que aconteceu para estar neste estado? -vendo nos olhos de Carol a angústia que ela guardava.E a primeira vez que senti que ela estava realmente assustada.

Ela não falou somente me entregou uma folha toda amassada e naquele momento um pouco molhada que estava em sua mão.Tirei o papel dela e comecei a leitura percebendo o motivo, nosso amigo estava em perigo.No papel amassado e respigado pela chuva estava escrito: VOCÊS NÃO SENTEM FALTA DE ALGUÉM? SE REALMENTE SENTIREM ACHO MELHOR VOCÊS IRIEM ATRÁS DELEAinda me lembro do dia em que Carol me arrastou para a biblioteca sem revelar o motivo da visita. Não era por mim meu local preferido, principalmente porque o bibliotecário sempre me olhava torto, por causa de um atraso na entrega de um livro.

-Anda logo!-me motivava Carol, pegando em meu braço e me arrastando pela biblioteca.

-Calma para que tanto alvoroço, o que está aprontando?- perguntei

-Pronto! -falou Carol parando em frente de uma mesinha com um jovem com um enorme livro a sua frente, suas mãos pareciam acariciar as bordas do livro-Este é Frederico, ele também é um dos que aceitaram o acordo.

-Fred este é Karl, o garoto que te falei- Carol estava muito animada com o encontro.

O garoto se levantou e estendeu a mão para mim.

-Pode me chamar de Fred, também- abrindo um sorriso.

Apertei sua mão. E aí foram uma tarde toda de explicações de como podiam reconhecer outras pessoas que tinham aceito o acordo, me explicaram que era atráves da aurea dourada que o escolhido tinha, questionei que não via nada e me explicaram que era assim mesmo demorava um tempo para adquirir esse dom, e que foi no mesmo local em que estavamos que Carol e Fred se encontraram. As lembranças eram muito novas na minha cabeça.

A ameaça estava feita, Carol de cabisbaixa me pergunta o que faremos. Abraço ela e falo que daremos um jeito.Mas neste momento vejo uma garota de cabelos longos castanhos correndo, é ela meu anjo fugindo de mim mais um vez.

Carol também percebe a garota correndo.

-Vai atrás dela...não deixe o sentimento que sentes por ela guardando aí !- aponta para meu peito num tom de voz triste- Não cometa o mesmo erro que o meu.

Sai correndo, mas não dou muitos passos a frente, pois me lembro do garoto de olhos frios e da ameaça que estava em minhas mãos, neste momento resolvi que ir procurar Fred era um problema mais importante, volto para onde está Carol.

-Vamos procurar o Fred!

-Mas...

-Vamos logo, isto agora é mais importante no momento.

No coração um aperto me atingi, mas era necessário ser frio neste momento.

Andamos em todos os lugares que conhecíamos, e que sabíamos que Fred também frequentava, com a chuva a nós castigar sem parar, mas não pensavamos em desistir na procura do nosso amigo. Já haviam se esgotados todos os possíveis lugares aonde poderiam procurar, até chegarmos em frente ao velho prédio da biblioteca, olhei para Carol e ela teve o mesmo pensamento, pois seguiu em frente, avançamos as pesadas portas de madeiras, estranhamente o local estava deserto, talvez pela chuva que não desistia de cair nem um minuto.

O silêncio do local chegava a me incomodar pois presentia que algo não estava certo, Carol apertou meu braço e apontou para a mesa do bibliotecário que estranhamente estava com sua cabeça enconstada em um estranho ângulo na mesa, seu corpo flácido nos mostrava que ele não estava mais entre a nós, o aperto de Carol em meu braço se tornou mais forte, olhei em seu rosto, na qual a mascara de pavor estava estampada, segui seu olhar, e ao ver a cruel cena que se apresentava a nossa frente, nosso amigo estava sem vida, seu corpo estava crucificado em uma das paredes livres da biblioteca, uma enorme parede branca aonde constratava com o vermelho do sangue, estranhamente o sangue fazia um desenho de um par de asas em saindo de suas costas, parecia mesmo um anjos nos esperando de braços abertos, um baque surdo me tira do meu transe, Carol deixa seu corpo cair no assoalho de madeira da biblioteca, com as mãos em seu rosto, ela chora.

-Por que justamente você...- Carol sussurava entre o choro- Você nem me deu a chance de dizer que te amava...

Fiquei chocado com a confissão, foi por este motivo que ela pediu para ir atrás da garota, ela estava passando pelo mesmo que eu, mas nunca deixou transparecer.

Algo chama a minha atenção ao nosso amigo, seu corpo emana uma luz dourada que ilumina toda a sala, Carol se controla e também presta atenção ao fato que esta acontecendo a nossa frente.

A luz emanada do corpo sai lentamente do corpo e toma a forma de um esfera que paira no ar, após alguns segundos a esfera toma a forma do corpo do nosso amigo, um ser brilhante com asas, é a figura de nossa amigo personificado a de um anjo.

-Sei que estão tristes, com medo e até com ódio de quem me fez isso - diz olhando quase exclusivamente para Carol, com um olhar terno a figura parece tentar acalmar nossa amiga.-Mas minha missão era essa, quando aceitamos o acordo nossa essência se misturou com a essência de nosso Anjo Guardião, eles precisavam vir a Terra para completar uma missão que a tempos atrás não haviam terminado, seria a batalha final, mas não poderiam vir a Terra com seu corpos astrais e nos somos agora neste momento seu Guardiões emprestamos nossos corpos a eles, invertemos os papéis.

-Mas qual a necessidade de tudo isso?-pergunta Carol

-Foram obrigados a voltar.- respondeu - Com o crescimento da violência, do ódio, dos desintendimentos que os seres humanos vem cultivando a milhares de anos, os demônios que já foram expulsos uma vez aproveitaram essas fraquezas, e lentamente retornaram a Terra atrás das fissuras criadas no espaço tempo, mas um em especial está causando toda essa violência. Seu nome é Daimon, ele nasceu do desejo de um deus violento e de um homem ganancioso, pela conquista do amor de uma linda donzela, mas desta união estava claro que o amor nunca seria conquistado, e por ter sido rejeitado, preferiu espalhar a dor e a violência. Conseguimos lacra-lo, mas o ódio da humanidade atualmente anda tão grande que tal lacre se enfraqueceu, e ele escapou espalhando a dor, no pouco de amor que ainda humanidade possuía.

Foi neste momento que percebe que ele vinha comprindo sua missão, muito bem na minha frente tinha um exemplo claro como a dor tomava o lugar do amor, ao ver Carol ali do meu lado de joelhos ao chão.Nossa volta havia sido revelada, me sentia usado, era um mero hospedeiro, confesso que me senti mal mas eu era o culpado havia aceitado tudo aquilo.

Carol se levanta, lágrimas percorrem lentamente seu rosto pareciam acariciar lhe, ela caminha lentamente para o ser iluminado que se encontra em nossa frente. Para e o olha profundamente, aquele olhar é novo para mim, é olhar doce e sensual que transmitem todo o amor que sente.

-Fred...- toma coragem- neste momento não sei quem é que está me ouvindo, mas queria lhe dizer que pago pela minha burrice neste momento, pois pedi a chance de lhe dizer algo muito importante...que amo vc!

-Querida vc nunca foi burra, e não perdeu momento algum estou aqui e não sabe o quanto fico contente de ouvir isso...-gentilmente sua mão acaricia o rosto dela, a aconchega a seu corpo e os dois neste momento se entregam ao beijo de despedida.

A luz lentamente vai se apagando, e comigo a ânsia de ir atrás de quem fez isso aumenta em meu peito. Carol agora se encontrava sozinha no meio do salão da biblioteca. Caminhei até ela.

-Por que tinha que ser assim...- ela me perguntou

Não tinha a resposta para sua pergunta, bem para mim faltavam muitas respostas ainda.

-Melhor irmos embora.