Amor e ódio ?
Por Kamui
VII
Depois deste encontro não conseguimos nos afastar mais. Fui responsável pelos fatos que atingiriam-me. Carol tentava esconder toda sua dor pela perda de Fred, e imaturo como sou não consegui a ajudar muito. Mas ela já havia descoberto quem era o responsável pelos acontecimentos na cidade, um grupo da escola liderado por Daymon, um garoto novo que fazia pouco tempo que havia chegado na cidade, com seus cabelos loiros que quase pareciam branco e seu olhar frio, conquistou alguns jovens que já não tinha boa reputação, Carol com seu extinto de proteção não me revelou nada e seguiu seus objetivos de vingança.
Talvez o plano de Daymon sempre foi eliminar um por um. Em minhas mãos segurava mais um bilhete de ameaça, senti todo o pavor de que havia vivido a poucos dias. No bilhete a ameaça agora além de clara pedia minha presença no velho armazem.
Me encontrei rapidamente com Gabrielle ao fim da aula, e lhe disse que hoje não poderia a acompanhar até sua casa, pois tinha que resolver algo, mas que a tarde estaria a esperando na praça. Ela me questionou sobre qual era o problema, inventei que minha mãe havia me pedido um favor. Então nos separamos ali mesmo no portão do colégio, não me sentia muito bem em mentir, mas era uma mentira que a protegeria. Andava preocupado com Carol e com a ameaça do bilhete não queria perder mas ninguém. Cheguei ao velho local que me fazia ter velhas lembranças, caminhei lentamente, o local estava vazio sem nem ao menos um barulho para denunciar qualquer presença humana. Vou a cada passo para a penumbra do armazem, até perceber a presença de um corpo amarrado e amordaçado, era Carol que com seus olhos tentava me avisar da armadinha que havia caído, quando consigo tirar a mordaça de sua boca já era muito tarde para ela me avisar para fugir, acabava de levar uma pancada na cabeça que me fez cair ao lado de Carol.
Daymon sai do escuro em suas mãos se revela um pedaço de madeira, seu sorriso frio estampava seu rosto.
-Sabia que não se recusaria a vir defender sua amiguinha, Metraton- um riso toma conta do ambiente.
Depois de algum tempo vou lentamente recobrando minha consciência, me vejo preso por cordas grossas, Carol está ao meu lado.
-Você está bem?
-Sim...- respondo- Porquê não me pediu ajuda?
-Não queria que mais pessoas sofresse por aqui - foi a resposta direta de Carol- Mas pelo jeito não adiantou nada.
-Mas vejam Metraton acordou- diz o jovem loiro entrando na sala
Quem seria Metraton?
-Então o princípe prefere ficar escondido no corpo de um jovem? O que aconteceu com o poderoso Metraton? Agora tem medo? Acho que sim, pois deixa um jovem idiota tomar as decisões...-Daymon ri - É pelo que vejo agora quem dá as cartas para o jogo aqui sou eu.
Daymon caminha lentamente em direção de Carol, se ajoelha em sua frente e acaricia o seu rosto, ela luta para fugir de seu carinho.
-Sempre tão protetora e tão selvagem não é minha querida Camael?
Carol o responde com um gospe em seu rosto. Daymon se levanta e lhe dá um forte tapa em seu rosto, um filhete de sangue escorre de sua boca.
-Pelo que vejo a mocinha aqui é mais determinada em seus objetivos que você Metraton?-
Daymon desfere um chute no estômago de Carol que cai aos pés do demônio.
Porque chama por Metraton, Camael?
- Mas que ser idiota ainda não compreendeu que os Anjos Guardiões estão usado vocês com hospedeiro, utilizam seu frágil corpo para transitar pela Terra.
Vem em resposta ao meu questionamento, neste momento percebo que o demônio pode ler nossos pensamentos.O que mais ele pode fazer?
Em resposta:
-Posso fazer muito mais do que possa imaginar. Talvez se seu amigo saísse da toca poderia lhe mostrar mais os meus poderes.
Daymon abaixa lentamente ergue Carol pelo pescoço, seu corpo me lembra uma boneca na mão de alguém sem cuidado, seu rosto está inchado e o sangue continua a escorrer de sua boca. Sem dó ele a levanta a altura de seus olhos seus pés estão no ar balançando lentamente, Carol já não reague, só olha o demônio direto nos olhos como em um desafio.
Ele lentamente a levanta mais e mais, a sufocando o pescoço já tem a marca vermelha da pressão, penso porque Carol não reage, porque eu não reago, o que está acontecendo, neste momento escuto o som de algo se quebrando e olho para Carol, sua cabeça está frouxa caída para frente seu cabelo escuro caem sobre seus olhos valentes, o corpo é jogado pelo demônio ao meu lado, sem vida Carol me olha com seus olhos de guerreira que acabou de partir. Dentro de mim acontece uma ebulição de ódio, rancor, dor, medo é difícil explicar o que me acontece, uma força estranha emana de meu corpo um calor queima as cordas de de repente me vejo frente a frente com Daymon, mas numa fração de tempo tão rápida que é inexplicável de onde vem essa força. Minha mão está agora agarrando o pescoço do inimigo.
-Daymon!Seu maldito pagará com sua vida o sofrimento que vem causando a humanidade...-uma voz firme e determinada saia de minha própria boca, Metraton havia despertado para enfrentar o demônio.
-Metraton!Acordaste!- um riso sarcastico do demônio toma o recinto, segurando a mão de Karl, para evitar a tentativa de estragulamento.- O que pode me fazer agora que seus companheiros lhe abandonaram?
-Posso lutar com toda minha força para vingá-los!
-Tem certeza que consegui? Esquecestes que está em um corpo humano?
-Sei de minhas limitações e se for preciso sacrificar este corpo para acabar com você pode ter certeza que arriscarei tudo.
Enquanto isso estranhamente o corpo inerte de Carol emana um luz dourada, de seu corpo sai uma esfera de energia, a forma de um anjo aparece e em suas mão uma arma, uma espada dourada com o simbolo de vários sois ornamentam sua bainha.
-Metraton, lhe dou minha espada, ela foi a mim dada com o objetivo de proteger todos o seres vivos que habitam o universo, e é com este objetivo que a lhe dou, para irradicar tudo e todos que tentam quebrar tal equilibrio.
Minhas mãos seguram a espada, que emana uma energia quente e selvagem, incrivelmente ela é muito leve facilitando seu manuseio. A manuseio com a experiência de um guerreiro habilidoso, havia me esquecido que eu era um mero expectador de todo esse show, Metraton é quem conduz a luta.
Ao fundo mais um riso sarcástico sai da boca amarga do demônio, que ao fundo vi a cena de Camael com Metraton.
-Bom acho que agora que o show terminou podemos resolver nossas diferenças...Metraton seu maldito- uma rajada de energia se parecendo com laminas prateadas saem de sua mão indo em direção do meu corpo. Algumas atingem o corpo frágil e pequenos cortes se abrem. Filetes de sangue escorrem do meu corpo mas nenhuma dor sinto. Mas a maioria da energia foi repelida pela espada.
-Daymon, se passaram milhares de anos e você sempre com os mesmos truques.
-Você tem certeza? Se fosse você não acreditaria nisso, conheço um ponto fraco seu.
-Ponto fraco? Qual!
Neste momento Gabrielle é trazida desmaiada no colo de um dos jovens que faziam parte do grupo de Daymon.
-GABRIELLE!-o nome dela percorre a sala desta vez eu por algum momento consegui dominar meu corpo, mas não foi o necessário para ir ajuda-lá, Metraton ainda era quem mandava no meu corpo. Senti neste momento que até Metraton tinha medo, pois consegui ter o domínio de meu corpo, ele sabia que isso poderia ser uma desvantagem na luta.O inimigo sabia mesmo qual era os pontos fracos do adversário e aquela demonstração de falta de controle era tudo que o demônio queria ver.
Metraton sabia que aquela luta teria que ser resolvida rapidamente, pois se algo saísse novamente de seu controle não saberia que fim poderia ter.
Gabrielle é posta no chão pelo servo de Daymon e lentamente ela vai retomando os sentidos, fico aliviado em ve-lá se movimentando. Enquanto o servo deixa o recinto.
Metraton não está a fim de conversa e se põe logo em posição de combate com a espada empunhada pronta para luta. Corre em direção ao Daymon para desferir o primeiro golpe, mas o inimigo é ágil e se desvia com um movimento muito rápido. Metraton ao se virar para um novo ataque é atingindo por um soco no estômago, fazendo o perder o folêgo, o mesmo tenta se recuperar mais a velocidade com que o inimigo desfere outros golpes é muito rápido. Totalmente sem folego pelos golpes Metraton cai de joelhos, Daymon ri, e logo em seguida lhe desfere um chute no rosto, fazendo com o sangue jorrasse da boca.
-KARL- grita Gabrielle do canto da sala se erguindo para ir socorre-me.
-Fique aonde está garota idiota, não preciso de ajuda, não vê que está me atrapalhando- gritou Metraton em seu estado lamentável que se encontrava.
Gabrielle ficou chocada com as palavras que ouvia, pois não sabia muito bem o que estava acontecendo e nem sabia quem era que estava no comando em meu corpo.
Caindo em um choro silêncioso.
-Parabéns, Metraton para quem está lutado pelo amor, você está ajudando acabar com ele quem diria que quem faria mais mau aqui seria você- o sarcasmo é a marca de Daymon que sorri pois lentamente seus objetivos vão sendo conquistados- Quem diria que o principe dos serafins seria tão mesquinho.
Metraton em resposta ajunta todas as forças que encontra naquele corpo e se lenvanta, se coloca em posição de combate mais uma vez. Respira fundo e corri em direção do inimigo, com a espada erguida pronta para desferir mais um golpe é atingindo repentinamente por um violento soco no já tão ferido estomago, uma golfada de sangue fugi da boca do corpo utilizado por Metraton, sem perceber a espada é abandonada em seus pés, era o momento que demônio esperava, quebrar o lacre definitivamente com a morte do anjo com a arma sagrada. Metraton sentia a força daquele corpo lhe abandonar as pernas fraquejavam até cair de joelhos em frente do inimigo. Com a arma em suas mãos o demônio com num gesto desperado corri loucamente em direção de Metraton, corri em direção de sua total liberdade, para desferir o último golpe, o inimigo está a sua frente quase sem sentidos, aguardando o fim, Daymon senti a pressão da espada invandido a carne, a sensação de liberdade, tão esperada havia sido interrompida. Ali em sua frente de vez o corpo utilizado pelo seu inimigo, se encontrava o corpo da bela jovem de cabelos castanhos que agora cai ao chão.
Ao presenciar a cena que acontecia em minha frente, senti meu corpo emanar um energia quente, era toda a minha fúria e ódio por aquela batalha, nos usavam como fantoches para seus joguetes, estavam em embulição todos esses sentimentos, o grito que saía de minha boca tinha o tom de angústia pela perda de meu amor fez com que retomasse o controle do meu corpo. Seguro o corpo de Gabrielle em meus braços lhe dou o último abraço apertado, ela me olha nos fundo de meus olhos.
-Porquê fez isso?- sussurro entre as lágrimas que lentamente descem pelo meu rosto.
-Era a minha vez de defender o meu amor- murmura com o resto de forças que ainda lhe resta, e com um sorriso nos lábios meu anjo partir.
O ódio que senti naquele momento era algo tão grande, puxei delicadamente a arma que estava cravada nela.Ajeito o corpo de Gabrielle no chão frio. Ergo-me e fico em posição de combate sem medo de nada pois neste momento não tinha mais nada a perder, já havia perdidos todos na verdade, sabia que Metraton agora só me observava mas sentia que todo o conhecimento do anjo guardião agora corria em minhas veias, a fúria e ódio eram meu combustível, a energia que emanava de meu corpo era quente como o fogo, a espada com essa energia tomava a forma de um labareda, Daymon ainda chocado com esse repentina mudança me esperava, seus olhos frios esperava o momento para atacar, sentia o medo do demônio, olhos no olhos era a batalha talvez mas tensa que ambos haviam enfrentado até aquele momento, num piscar de olhos via o demônio me atacava com seu golpe de energia cortante que por mim foi facilmente repelida, em uma atitude desesperada ele corre em minha direção faço o mesmo e ambos se chocam as energias se contrastam e um grande choque ressoa pelo armazem, sinto a pressão da carne invadindo a espada, sinto a viscosidade do sangue escorrendo em minhas mãos. Daymon com seus olhos frios me olhavam pela última vez, se apoio em meu ombro.
-Eu só queria ter a chance de ser amado, Metraton...-um filhete de sangue escorre de sua boca já sem vida.
-Daymon, o amor não é algo a ser conquistado pela força, e nunca será, talvez um dia você aprenda que o amor é algo simples e não é preciso o uso da força.- foi a última coisa que Metraton disse antes de abandonar meu corpo.
O corpo do demônio também desaparece, toda a marca dessa luta desnecessária é apagada. O único que carrega as verdadeiras cicatrizes sou eu. E são nestas folhas velhas de um caderno, que deixo registrado a luta entre o ódio e o amor, aonde nenhum dos dois lados tevem vitoriosos. É aqui que deixo todo meu aprendizado para vocês não cometerem os mesmos erros. São nestas velhas folhas que deixo a fé que meus amigos tiveram em mim. E é através das cicatrizes que carrego que aprendi uma coisa.
¨Agora, porém, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.¨(Corintios 13:1-13)
