Título: Descending of Dark
Ficwriter: Kaline Bogard
Classificação: yaoi
Pares: YohjixKen, AyaxOmi
Resumo: Mais uma vez os gatinhos se deparam com o perigo. Será o sobrenatural ou coisa pior?
Descending of Dark
Kaline Bogard
Capítulo II
Em um duelo de Titãs...
(Omi) E então? Por onde quer que eu comece?
(Yohji) Que tal pelo Clerc?
(Ken) Caramba, acho que nossa conversa será bem longa...
(Omi) Mais ou menos.
(Aya) Hn. O que descobriu sobre o laptop?
O chibi respirou fundo e colocou o micro portátil sobre a mesa, para que todos pudessem ver a tela. A mesma mostrava a foto de um rapaz de vinte e poucos anos, muito parecido com Andrew Shevchenko. Os cabelos curtos eram mais claros que o do pai e os olhos eram negros. Parecia um garoto agradável.
(Omi) Este é Clerc. Vinte e três anos, formado em Harvard e com menção honrosa. Ele fez o discurso de formatura.
(Ken) Parece mais um atleta que um nerd...
(Omi)...
(Yohji) O que mais diz aí?
(Omi) Ano passado ele começou a ser treinado para assumir o posto do pai.
(Ken surpreso) Então esse Clerc será o novo executor?
O loirinho balançou a cabeça concordando. Ken acertara na mosca.
(Yohji) Se ele sobreviver...
(Aya) Hnf. Ele é forte demais pra morrer.
(Ken)...
(Yohji) Ah, é. Tinha me esquecido disso.
O loirinho e Ken não entenderam nada, porém antes que pudessem perguntar alguma coisa Aya fez um sinal de cabeça, dizendo que Omi devia continuar com as explicações. E foi o que o jovem hacker fez.
(Omi) A seita de darkers foi sua primeira missão. Clerc estava infiltrado como um espião dos ucranianos tentando descobrir o que se passava por trás de tudo isso.
(Aya) Hn...
(Yohji) Estranho...
(Omi) Não muito. Descobri que a maioria das vítimas são ucranianas.
(Ken) Os que tiveram seus corações arrancados?
(Omi) É. Poucos eram japoneses.
(Yohji) Então Andrew desconfiou e infiltrou o próprio filho como um espião.
(Omi) Na verdade foi Aere Shevchenko, irmão mais velho de Andrew e tio de Clerc que o escolheu para executar essa tarefa.
(Aya) E o que ele descobriu?
(Omi suspirando) Pouca coisa. Existem alguns relatórios sobre o andamento de suas descobertas, e vários e-mails. Em um deles Clerc faz referência a Koshiba. Pelo jeito o novo membro estará trazendo consigo uma carta de apresentação.
(Ken) Merda.
(Aya) Teremos que interceptá-lo antes de mais nada.
(Omi) Clerc tinha certeza de que Koshiba vinha com um propósito bem definido, só não conseguiu descobrir o que era. Em seu último e-mail para o pai, ele avisava que tentaria uma investida mais ousada.
(Ken) Deve ter se dado mal.
(Yohji) Ele especificou o que ia fazer?
(Omi) Invadir o sistema de arquivos dos darkers e ver se descobria algo sobre o novo braço direito do chefe.
O playboy deu um longo suspiro e passou o dedo indicador pela sobrancelha de maneira pensativa.
(Yohji) Mas... algo não se encaixa.
(Omi) O que foi?
(Yohji) Você não disse que a maioria das vítimas é ucraniana?
(Omi) Sim.
(Yohji) E como é que os darkers não desconfiaram que Clerc era um espião?
A pergunta possuía muita lógica, no entanto o chibi não se atrapalhou, tinha a resposta na ponta da língua.
(Omi) Também desconfiei disso. Mas... aqui está o porquê.
Clicou com o mouse no cantinho da tela e uma nova imagem surgiu. Era outra foto: mostrava um rapaz com cabelos loiros muito claros e lisos, chegando aos ombros, olhos verdes e cavanhaque também loiro. Num primeiro momento tiveram dificuldades para descobrir de quem se tratava.
Depois de analisar por meio segundo Ken matou a charada.
(Ken surpreso) Ei, é Clerc!
(Yohji) !!
(Omi sorrindo) Ken está certo. Clerc mudou completamente a aparência antes de entrar para os darkers.
(Aya) Bom disfarce.
(Omi) Desse jeito ele lembra mais um alemão que um ucraniano.
(Yohji) Ponto pro garoto.
(Ken) Mas isso não ajudou muito. Ele foi descoberto. Deve ter se descuidado e nesse caso a aparência não valeu de nada.
Todos concordaram com o pensamento do jogador moreno.
(Aya) Algo mais?
(Omi) Sinto muito. Clerc estava indo bem. Pena que o descobriram.
(Yohji) Esses darkers também pegam pesado.
(Aya) E sobre Koshiba...?
(Omi sorrindo) Ohhh, sim, o desafiante nesse duelo de titãs.
Os outros Weiss se entreolharam confusos, sem compreender a brincadeira que o jovem arqueiro havia feito.
(Yohji) Pelo seu sorriso misterioso acho que teremos uma revelação daquelas...
(Ken) Oh... Hiroyuki Koshiba é um alienígena?!
Yohji, Aya e Omi quase caíram para trás ao ouvir a pergunta animada e esperançosa.
O líder da Weiss fechou os olhos e respirou fundo. Yohji levantou-se do lugar onde estava e sentou-se ao lado do amante, passando as mãos em volta do ombro do jogador.
(Yohji) Ken, vou marcar uma hora com um psicólogo para você. Acho que o estresse das missões pode ser os responsáveis por sua... er... nova... mania...
(Ken) !!
(Omi suspirando) Ele não é um alienígena, Ken. Pelo menos não que eu saiba...
O chibi murmurou a última frase. Começava a se contagiar pelas preocupações do jogador... e se Ken acertasse em seus palpites...? Tanta insistência devia ter um motivo, mesmo que inconsciente... talvez fosse uma intuição? Ou talvez não fosse nada...
Aya notou que os grandes olhos azuis do amante se tornavam um tanto distantes. Trincou os dentes adivinhando os pensamentos que deveriam estar tomando conta da mente do seu querido amante.
O líder da Weiss realmente não precisava de mais um paranóico na equipe.
(Aya) Kudou, marque essa consulta para amanhã de manhã.
(Ken)!!
(Yohji)...
(Aya) Omi, continue com isso.
O loirinho piscou e obedeceu rapidamente. Clicou com o mouse mais uma vez, fazendo surgir uma nova foto na tela do laptop de Clerc. Dessa vez a imagem mostrava um rapaz talvez mais novo que o ucraniano, de feições japonesas. Tratava-se de um jovem ruivo, com cabelos lisos curtos e olhos azuis estreitos. A face era muito bonita, simpática. Ele trazia um sorriso alegre sobre os lábios finos.
(Ken surpreso) Não me diga que é Clerc?
(Omi) Não. Esse é Koshiba.
(Yohji) Uau. Que carinha lindo! Mas quero ver o Aya imitando o sorriso dele.
(Aya)...
(Ken sorrindo) Começa a treinar desde já, Aya!
O ruivo cruzou os braços e franziu as sobrancelhas, de um modo que só fazia quando começava a ficar muito irritado. Os Weiss conheciam bem os 'sinais' de aviso sobre uma futura e próxima 'mirada-do-olhar-shine' e trataram de se concentrar novamente nos detalhes da missão.
(Omi) Er... não foi fácil descobrir informações sobre Koshiba. Não existia quase nada a respeito desse rapaz... e eu estava prestes a desistir quando esbarrei em um arquivo da delegacia de Kawasaki.
(Ken) Kawasaki?
(Yohji desconfiado) Ei... espera aí, Omi. Você está dizendo que...
O chibi balançou a cabeça. Pelo visto Yohji estava muito bem informado sobre as atividades dos diversos cartéis do submundo mafioso.
Aya e Ken que não entenderam muita coisa.
(Omi) Koshiba estava sendo indiciado por coerção e estelionato.
(Ken) Caralho! O modelo aí não é de brincadeira.
(Omi) Mas o caso foi arquivado por falta de provas e por que a única testemunha do caso desapareceu misteriosamente.
(Yohji) Aposto que Koshiba era um dos cobradores...
(Ken confuso) Cobradores?
(Yohji sorrindo) Ken, esses documentários que você anda assistindo não estão com nada! Eles não explicam o que é um cobrador?
(Ken) Er...
(Aya) Isso é obvio pelas acusações.
(Yohji) É, tem razão. Um cobrador é a pessoa encarregada de recolher as "doações" principalmente de negociantes bem sucedidos.
(Omi) Eles alegam que fornecem 'proteção' às pessoas e cobram uma taxa para que essas pessoas não sofram 'acidentes'...
(Ken) Chantagista!
(Yohji pensativo) Kawasaki é uma cidade muito conhecida pelas investidas atrevidas da máfia. Pelo que eu soube as áreas mais ao norte faziam parte dos domínios da Yakuza.
(Omi) As disputas por Kawasaki parecem longe de acabar. Eles...
(Aya impaciente) E o que isso tem a ver com a missão?
(Omi) Bom, acho que tem muita coisa a ver...
(Yohji) Eu já liguei os pontos... corrija-me se estiver errado, chibi: de um lado temos a máfia ucraniana, do outro temos a Yakuza. Ambas brigam por Tokyo, que atualmente não tem nenhum cartel no comando. Sabemos que, primeiro, Clerc Shevchenko foi um peão eliminado do tabuleiro, e que, segundo, surge um novo peão: Hiroyuki Koshiba... muito provavelmente (quase com certeza) obedecendo ordens da máfia japonesa... o que tiramos disso tudo?
(Ken surpreso) Guerra entre máfias?!
(Omi) Nada mais nada menos. Vejam isso...
O hacker clicou mais uma vez no cantinho da tela, e a foto mudou, exibindo agora duas imagens lado a lado das costas e tórax de alguém. O corpo em questão estava totalmente tatuado.
(Aya)...
(Yohji) He, he, he... essa eu quero ver…
(Ken) Omi, não diga que é Koshiba?!
(Omi suspirando) Pior que é. Yohji estava certo sobre suas conclusões, exceto por uma coisa: não creio que Clerc e Koshiba possam ser considerados meros piões. Essas tatuagens provam que Hiroyuki é o cobrador mor, que coleta todos os impostos das regiões sul e leste do Japão. Clerc é filho do atual executor... são peças importantes demais para... isso que está acontecendo a não ser...
(Yohji) Caralho, a não ser que seja um truque. No fim das contas temos apenas uma investida mais criativa da Yakuza. Eles estão usando os darkers para causar baixas na máfia ucraniana e enfraquecer seu poder.
(Ken pensativo) E agora os ucranianos estão usando a gente para tentar dar uma rasteira na Yakuza dando um basta nas atividades dos darkers...
Os Weiss se entreolharam.
Agora tudo fazia sentido: felizmente não havia poderes sobrenaturais, nem culto a algum tipo de deus, ou mortos-vivos e coisas que normalmente não se pode explicar com facilidade.
Sobrava apenas a boa e velha disputa por liderança e dinheiro gerada por uma guerra entre duas máfias poderosas.
Mas isso não mudava o quadro geral da situação dos Weiss: os quatro entenderam que estavam com problemas.
(Ken) MERDA! A máfia ucraniana nos contratou pra atacar a Yakuza!
(Yohji) Hum, complicou tudo.
(Omi) Ambas estão praticamente equiparados...
(Aya) "Em duelo de titãs..."
O ruivo lembrou-se das palavras do loirinho antes de começarem as trocas de informações. Aya entendeu que a inteligência privilegiada de Omi já deduzira aquilo tudo: uma briga de bandidos.
Omi apenas os conduzira através de revelações para que os três também chegassem as mesmas conclusões. Mais uma vez o espadachim pensou em como seu jovem amante podia ser controlador e manipulador de maneira tão sutil e camuflada que era quase impossível de se perceber.
Sorrindo, Omi voltou os grandes olhos em direção a Aya, após a frase reticente dita em tom meio baixo.
(Omi) "...um grão de areia faz a diferença."
(Yohji) E nesse caso somos quatro grãos. O que vamos fazer? Investir contra a Yakuza ou abrir mão da missão?
Os três olharam para Aya, aguardando que o ruivo decidisse.
Aya cruzou os braços e fechou os olhos analisando tudo o que havia descoberto. Nenhuma das duas opções era muito boa. Já haviam firmado contrato com os ucranianos, e poderiam ter problemas após aceitarem o laptop de Clerc.
Mas a verdade é que eles não sabiam onde estavam se metendo... e pensando bem, talvez nem os ucranianos soubessem que tudo aquilo era apenas um 'xeque' por parte da Yakuza.
(Aya) Omi, existe alguma evidência(1) que revele se os ucranianos sabem o que está acontecendo?
(Omi) Shevchenko pode estar agindo levado pela desconfiança, afinal foram muitos ucranianos mortos em pouco tempo. E se eles tiverem um bom hacker em sua folha de pagamento (com certeza eles têm) então possivelmente descobriram sobre Koshiba na internet.
(Yohji) Estamos sendo usados, não há outra explicação. Mas convenhamos uma coisa: a maioria das pessoas assassinadas pelos darkers era ucraniana, mas não há provas de que tinham envolvimento com a máfia, ou tinham?
(Omi) Eu não pensei por esse lado, e não investiguei. Vou procurar algo na internet.
(Ken) Provavelmente elas eram inocentes. Eu vi em um documentário que ataques as colônias funcionam como represália.
(Yohji) Faz sentindo. A Yakuza atacava a 'base' dos inimigos, eliminando a própria concentração de ucranianos. Foi uma sorte que Clerc lhes caísse nas mãos e com isso conseguissem acertar um belo golpe na hierarquia adversária.
(Omi) Você tem razão.
(Yohji) E não se esqueçam que podem ser poucas, mas os darkers fizeram outras vítimas além dos ucranianos.
Com certeza era um fato que não podiam deixar de lado.
(Ken) Mas... uma coisa é meio estranha...
Os outros Weiss fixaram os olhos no moreninho, já imaginando o que ele ia falar. Yohji quase passou a mão pela face, num gesto cansado.
Aya pensou que se Ken mencionasse 'alienígenas' mais uma vez ia se arrepender amargamente pelo resto da vida...
Ignorando o incomodo que causou nos companheiros, Ken expôs suas dúvidas de maneira pensativa e intrigada.
(Ken) Não concordam que é estranho que enviem um cobrador para participar de tudo isso?
(Yohji)...
(Omi) !!
(Aya)...?
Não era bem o que esperavam...
(Ken) Se Koshiba fosse um executor ou algo do tipo, sei lá... faria mais sentido. Como um cobrador pode ajudar eliminando ucranianos? Ou será que ele vai começar a cobrar 'proteção' por aqui?
Encarou Omi esperando que ele desse alguma explicação. Porém o chibi surpreendeu-se ao seguir a linha de raciocínio de Ken. Tinha muito sentido no que fora dito.
(Omi) Eu não vi as coisas por esse lado. Vou procurar algo na internet.
(Aya) Faça isso.
Estava decidido: era tarde demais para voltar atrás mesmo que assim o quisessem. Agora teriam que continuar com a missão.
Aya ergueu-se, dando o assunto por encerrado. Haviam coisas mais importantes a serem feitas.
(Aya) Omi descubra o dia e o local previsto para a chegada de Koshiba. Hidaka encarregue-se de encontrar um especialista em tatuagens. Kudou comece hoje mesmo a tentar se infiltrar entre os darkers.
Os Weiss assentiram e ergueram-se dos sofás, dispostos a seguir as ordens ditas em tom de voz frio.
Ken estava quase saindo da sala quando ouviu um complemento à ordem que recebera.
(Aya) Hidaka... procure tatuagens que possam ser removidas...
O jogador franziu a sobrancelha ao ouvir aquilo. Existiria algo assim?! Provavelmente sim... tinha cada coisa nesse mundo.
(Ken) Vou fazer o possível.
(Aya) Não é suficiente.
(Ken)...
(Aya) Se não encontrar, VOCÊ vai no meu lugar.
(Ken surpreso) Mas...
(Aya) E vai tingir os cabelos.
Ken arregalou os olhos sem ter tempo de rebater. O líder da Weiss virou as costas e saiu, abandonando a sala das missões.
(Ken) Merda! Porque sempre sobra pra mim?!
Com certeza não queria tatuagens pelo corpo, e muito menos tingir seus lindos cabelos com aquele tom ridículo de ruivo! Ficaria horrível, e não combinava com a sua pessoa.
(Ken pensativo) Vou ver se Omi encontra algo na internet...
Era a melhor solução.
oOo
Yohji deu um gole na cerveja gelada e suspirou. Era sua segunda latinha, acompanhada de incontáveis cigarros.
Encontrava-se em uma agitada boate, controlando tudo ao seu redor, e tentando descobrir se havia alguma coisa suspeita acontecendo. Quer dizer, alguma coisa que fosse suspeita e interessante aos propósitos da missão.
Mas não tivera sorte. Aparentemente os darkers não freqüentavam aquele local.
(Yohji) Isso vai dar trabalho.
- Posso saber o que vai lhe trazer tanto trabalho?
O playboy surpreendeu-se um pouco com a pergunta feita muito próximo ao seu ouvido. Virou a cabeça e descobriu-se avaliado por uma bela ruiva, de cabelos lisos e curtos, meio espetados.
(Yohji sorrindo) Depende...
- Depende do que?
(Yohji) De quem pergunta.
A ruiva sorriu e pegou o copo pequeno, cheio de tequila. A garota deu um gole na bebida muito forte e apertou os olhos, denunciando um certo desprazer em ingerir aquilo.
- Meu nome é Kelly.
(Yohji) Americana?
(Kelly) Exato. Estou de férias na casa de meu irmão.
(Yohji) Ah.
Perdeu todo o interesse pela ruiva. Não era seu tipo. E não estava envolvida com os darkers. Seria perda de tempo alimentar conversa com ela.
A garota percebeu que não teria chances com aquele loiro magnífico e se conformou. Nesse momento ela viu alguém chegando pelas costas de Yohji, e abriu um sorriso de alegria.
(Kelly) Leigh(2)!! Por onde andou, safadinha?!
Yohji virou a cabeça tentando olhar para trás e quase caiu de costas com o que viu: a tal Leigh era uma garota jovem, alta e magra, de cabelos longos loiro mel e grandes olhos cinzentos. Teve certeza de que era estrangeira.
(Leigh) Safadinha? Eu?! E você atacando esse pobre e indefeso loiro?
Yohji não perdeu tempo estendeu a mão procurando cumprimentar a recém chegada.
(Yohji) Meu nome é Yohji, fico encantado em conhecê-la. Você é... ucraniana, não é?
Leigh estendeu a mão e correspondeu ao aperto de maneira firme porém calorosa. Yohji gostou do sorriso que recebeu. Sentiu no mesmo instante que aquela garota era legal.
(Leigh) Acertou! Sou ucraniana, mas moro com meus tios aqui em Tokyo, numa colônia.
O sorriso do playboy se alargou. Acabara de ter uma súbita inspiração: melhor que ficar perseguindo os darkers as cegas era ir direto ao ponto onde atacavam...
(Yohji) Meu tio era ucraniano. Ele faleceu o ano passado.
Eta playboy cara de pau. Seu sangue era cem por cento japonês, e ele nem tios tinha, pelo menos não que fossem de outra nacionalidade...
(Leigh) Oh, sinto muito.
(Yohji) Não importa. De qualquer maneira é reconfortante encontrar alguém que me faz lembrar os bons momentos...
(Kelly) Ecâ! Tô dando o fora daqui. Já vi que dancei nessa... boa sorte amiga, e olho vivo... esse loiro pode ser lindo, mas de indefeso não tem nada...
Yohji piscou um olho pra ruiva, enquanto ela se afastava rindo. Leigh corou um pouco e sentou-se no lugar que era da amiga.
(Leigh) Ela é doidinha de pedra.
(Yohji) Espero que possamos ser amigos.
A loira observou a face do playboy por alguns segundos, mantendo um silêncio reflexivo. Acabou relaxando.
(Leigh) Acho que podemos ser amigos... e quem sabe...
Ouviram um celular tocando. Era da ucraniana.
(Yohji) Com essa barulheira toda vai ser difícil atender...
(Leigh) Eu sei. Esse é o sinal dizendo que eu tenho que ir embora agora.
O sangue do playboy gelou nas veias. Não podia permitir que Leigh se fosse sem nem mesmo tentar uma aproximação! Era a chance perfeita de chegar aos darkers, pelo menos era melhor do que sentar no bar e... esperar.
(Yohji) Leigh, que tal um sorvete amanhã?
(Leigh)... não sei...
(Yohji) Ah, qual é? Traga sua amiga se preferir. Não quero perder o contato com você.
A loira sorriu ao ouvir aquilo, atribuindo erradamente tanto interesse à outras razões. Se ela soubesse das reais intenções do playboy não ficaria tão contente assim.
(Leigh) Esse é o número do meu celular. Qualquer coisa você me liga, está bem?
O ex-detetive balançou a cabeça concordando satisfeito. As coisas estavam caminhando melhores do que podia esperar. Talvez Leigh não o levasse até os darkers, mas já era uma boa isca.
Yohji a exporia em diversas boates até que um dos darkers tivesse a atenção despertada. Ele queria acreditar que seria mais ou menos como se caminhasse com uma placa dizendo: "Ei, ucraniana 'alvo' sobrando aqui!!".
Mas é claro que o loiro tomaria todo o cuidado para que a simpática garota não saísse machucada disso tudo.
(Yohji sorrindo) Combinado.
Leigh ergueu-se e se foi, depois de acenar um thau na direção de Yohji.
O loiro ficou observando enquanto a moça se afastava. Seus olhos caíram sobre um dos ombros... estranhamente algo lhe atraiu a atenção.
(Yohji)...
Leigh vestia uma blusa justa sem mangas, que marcava muito o corpo bem definido. Mas não foi isso que chamou a atenção do playboy. Era possível ver no ombro direito uma tatuagem negra, que lembrava muito uma pequena cruz. Uma cruz invertida e... quebrada...
(Yohji) Caralho!!
Leigh já era um darker.
Continua...
(1) Depoimento de uma viciada em C.S.I. - GRISSON, EU TE AMOOOOO!!
(2) Em homenagem a Stephen King.
