marie!

ele saltou pelo meio da poeira, desesperado. ele não podia perdê-la, não podia.

a fênix tinha se descontrolado e estava atacando cegamente quem quer que chegasse perto dela; amigo ou inimigo, não fazia diferença: todos representavam uma ameaça. e a pobre marie fora uma das primeiras a provar a fúria de jean renascida e enlouquecida, logo depois de charles xavier cair desacordado tentando controlar sua primeira aluna.

guria, cadê você?

ele gritava desesperado e meio cego no meio da poeira e sentiu um suspiro de alívio quando a enxergou, perigosamente desmaiada em cima de uma grossa coluna de pedra cortada ao meio. finalmente. ele só esperava ter chegado a tempo...

não! não!

ele se desesperou e acelerou o passo, uma rajada óptica de ciclope, mal-direcionada, tinha atingido a coluna, que começava a desmoronar. e naqueles poucos segundos em que tudo caía ele viu a vida deles dois juntos passando por sua mente. a ligação deles. a confiança. a compreensão. a admiração. tudo era recíproco... tudo era raro e especial demais pra acabar tão cedo. e não ia acabar. resoluto, ele enfrentou a chuva de pedras e se colocou debaixo da coluna, preparado pra interceptar a queda.

ela caiu quase em pé nos seus braços, mas inconsciente e terrivelmente machucada. ele sentiu algumas lágrimas escorrendo por seus olhos, tristeza e alívio misturados. ela estava a salvo, sim. ele a tinha agora, e ela teria seu fator de cura muito em breve. logan se ajoelhou, preparado pra desmaiar depois de tocá-la, com ela mal e mal apoiada sobre seu corpo. de joelhos ele tentava tirar uma das luvas dela, mas antes que ele conseguisse, o corpo dela começou a escorregar, e foi descendo até parar de joelhos entre as pernas dele... ele a segurou pela cintura, meio desajeitado, e ficou paralisado quando sentiu aqueles lábios carnudos tocando o canto da boca dele, e depois se fechando completamente sobre os seus. e foi tudo o que ele sentiu nos instantes antes de desmaiar.

os lábios. e esse tinha sido o começo do fim. o começo da perdição, do sofrimento, do labirinto de mentiras e dúvidas e falhas e pisadas em falso. ele tinha ficado completamente obcecado pelos lábios dela desde aquele dia. sonhava em sentir outra vez o toque macio deles; que mesmo que tenha durado apenas alguns segundos, tinham sido segundos que mudaram completamente seu jeito de pensar sobre ela.

um beijo. aquilo havia sido um beijo... e ele nunca havia imaginado que eles pudessem se beijar. ele sempre tinha visto marie como uma protegida e também como uma igual, uma parceira pra toda a vida... não como um objeto de desejo. claro que ela ia muito além da definição de "objeto de desejo", mas ele simplesmente nunca havia pensado nela nesses termos... relação física. sexo. mas... isso seria possível? não nos termos "técnicos", exatamente, porque mesmo com a mutação dela ele conseguia pensar em jeitos de se relacionarem... mas seria possível que eles dessem certo também como amantes?

ele tirou mais uma baforada do charuto e entrou na sala vazia, escura no meio da tarde por causa da tempestade de neve que caía. sua cabeça dava voltas e ele não chegava a nenhuma conclusão. ele se sentou no sofá, confuso e irritado por não conseguir se entender. e um tempo depois ele desistiu, e suspirou olhando pra baixo, e seus olhos bateram num pedaço de tecido fino esquecido por ali... e ele imediatamente o reconheceu. era dela. um dos muitos meios que ela usava pra se proteger.

ele pegou a echarpe meio distraído e o levou até o nariz.

o cheiro. o cheiro dela estava entranhado em suas lembranças... era embriagante, viciante... ele fechou os olhos, e uma imagem dela veio à sua mente. sorrindo no meio das folhas secas de outono, os cabelos voando, as mãos nas dele. ele engoliu em seco. o sorriso dela. como era lindo e doce e provocante... como eles se davam bem. como seu sangue parecia correr mais rápido toda vez que ela estava por perto. como era bom sentir o abraço dela, o toque das mãos em seu corpo quando eles andavam de moto. como seus corpos se encaixavam perfeitamente... e seu solhos se arregalaram, surpesos. como ele nunca havia notado isso? eles se encaixavam... fisicamente, psicologicamente... sentimentalmente. céus.

ele abriu os olhos, e descobriu que havia feito, sem perceber, um buraco com a brasa acesa no tecido fino em suas mãos.

um buraco na fina trama do tecido. um buraco na trama do destino, era do que ele precisava.

logan sacudiu a cabeça tentando espantar o sono. fazia quatro dias que ele estava na estrada, e só então resolveu parar pra dormir. porque ele tinha um objetivo e nada conseguia fazer ele se desviar: fome, cansaço, sol, noite. mas ele ia precisar de energia quando chegasse no seu destino. estava anoitecendo, mas ele pensou que o cansaço era tanto que não teria problema com pesadelos. logan escolheu um hotel razoável, não sem antes consultar alguém... como ele vinha fazendo desde que saiu da mansão.

"marie?"

alguém em sua mente. como de costume, também, ninguém respondeu suas indagações e ele sentiu o desespero ameaçando aparecer.

"mas foda-se. eu tou indo buscar ela".

ele parou num pequeno hotel nos arredores de uma cidade qualquer, se registrou e foi pro quarto, sempre quase calado, com um ar obstinado no rosto, falando só o necessário. ele entrou, trancou a porta, jogou a mala no chão e se sentou na cama. logan nem se deu ao trabalho de acender a luz, mas não precisava. a lua cheia entrava pela janela, inundando tudo com sua luz fria e prata. como os cabelos dela. ele olhou pro pequeno quarto banhado naquela luz fria e pensou que aquela seria a noite perfeita pra pedi-la em casamento.

"... no jardim. o luar vai estar te iluminando... seus cabelos, as mechas brancas vão estar quase brilhando no luar. emoldurando seu rosto. seus olhos castanhos, seus lábios corados... sua pele tão branca... a gente vai parar na nossa árvore. e então eu vou tirar a caixa do meu bolso e... se for preciso, eu me ajoelho na tua frente, baby..."

ele suspirou e sacudiu a cabeça e, tirando os sapatos e a roupa, resolveu se deitar.

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até agora não entendi direito essa história de presente, logan...

ele deu um meio-sorriso e ergueu a sobrancelha esquerda.

ora. só me deu vontade de te dar um presente. não posso?

ela meneou a cabeça, olhando incrédula pra ele.

você queimou minha echarpe... bom, como, eu não sei e o sorriso dela era de derreter adamantium naquele instante mas não precisava ter me dado outra. de verdade. eu tenho tantas...

marie ainda era especial e querida, e ele se sentia na obrigação de substituir o que tinha estragado. simples assim, era o que ele continuava repetindo pra si mesmo. e agora ele via seu presente no pescoço dela, e não sabia se abençoava ou amaldiçoava o que estava vendo. depois do quase-beijo, e depois de ter começado a pensar nela como mulher parecia impossível parar. seus olhos desceram disfarçadamente pro decote, mas ela logo se afastou pra jogar e ele sentiu um rosnado baixo de frustração em sua garganta. seus olhos a acompanhavam. se pegou analisando cada uma de suas curvas, nas quais ele mal havia notado até então; era como se tivessem aparecido ali de repente, num piscar de olhos. analisando como sua calça de couro grudava no corpo, realçando ainda mais seus passos sensuais por causa do salto. ela andava quase como um animal selvagem e perigoso. seu decote ora revelava ora escondia a pele muito clara e a curvatura dos seios... e, entre eles, a sua dogtag. 'minha'. era como se ela fosse propriedade dele, e logan tentou se lembrar se ela sempre havia se vestido assim e não conseguiu. e, horror dos horrores, ele se sentiu ficando excitado.

ele abriu os primeiros botões da camisa pra respirar melhor, bebeu uns goles de cerveja e olhou em volta. e então ele reparou que ela era realmente a mulher mais olhada dali. mulher. mulher. e não apenas porque era bonita e esperta, mas porque era SEXY. ooh deus. sim, sexy. sexy discutindo com o cara gordo do outro lado da mesa, com uma das mãos na cintura e um ar de desafio no rosto. com seu esmalte preto e seu cinto de tachas, que delineava perfeitamente as formas do quadril.

não encosta em mim!

o que é que há, gatinha? tá com medo d'eu te machucar?

até parece.

ela riu meio irônica da ignorância do homem gordo e se afastou, e logan achou que devia se colocar no meio deles quando notou a forma roliça do jogador seguindo sua garota e estendendo a mão pra tocar seu braço nu.

ela disse pra não encostar. tá surdo, xará?

as palavras e os olhos do canadense foram suficientes pra espantar a ameaça, e quando ele se voltou pra marie ela sorria e tinha um ar divertido no rosto.

meu herói.

e então ela o abraçou e recostou a cabeça em seu peito e tudo o que ele viu foram os lábios muito vermelhos dela se movendo.

não sei o que faria sem você... ainda bem que você tá sempre comigo.

ele respondeu meio incoscientemente, sem nem reparar no que estava falando, com a voz rouca e baixa e cheia de desejo enquanto a apertava contra seu corpo.

sempre, baby.

logan abriu os olhos e se sentou na cama de repente, suando. os lábios pintados, o corpo dela contra o seu... era tudo tão real, tão real... mas ele estava sozinho agora. ele enxugou o suor da testa e sentiu uma contração estranha no estômago.

quantos mais ele teria ainda? quando ele ia acordar de verdade? quando?

ele se deitou de novo, tentando pegar no sono, mas parecia impossível. desde aquela noite no bar, quando ele finalmente compreendeu que ela era uma mulher, e não mais a sua garota, desde aquela noite ele nunca mais teve paz; seus sonhos nunca mais foram os mesmos.

e se no começo tudo o que ele queria era beijá-la outra vez, logo seus pensamentos iam muito além. como seria... fazer amor com ela. sim, porque não era um simples transa e toda vez que ele pensava em ir pra cama com ela seria pra fazer amor. ele passou a imaginar como seria o corpo dela se movendo sob o seu, a carne dela em volta da sua... o cheiro e o suor dos dois se misturando e se misturando ao cheiro das folhas secas de outono lá fora, o sol entrando pela janela... toda aquela pele muito branca, sendo acariciada primeiro pelos raios de sol e depois pelos dedos deles, pelos lábios... toda aquela pele virgem, intocada... e ele sendo o primeiro e o único a ter aquela visão, aquela sensação, o primeiro e único a causar todas aquelas sensações nela...

e ele imaginava como seria acordar ao lado dela. ouvir aquela voz cheia de sono que às vezes ela usava no café da manhã quando não tinha dormido direito à noite por causa dos pesadelos dele. ouvir a voz cheia de sono murmurando o nome dele depois de uma noite toda ...

eu te amo, logan.

marie, eu te amo...

ele ouviu o som da própria voz murmurando o que nunca tinha tido coragem de dizer pra ela e abriu os olhos, irritado. e sentiu aquele começo de desespero, tão familiar, ameaçando aparecer. mas ele não ia se entregar... logan se irritou seriamente, sacudiu a cabeça e olhou pela janela. não estava nem amanhecendo ainda, só o céu um pouco mais claro no leste... ele viu o relógio marcando cinco e meia e resolveu partir.

"melhor assim. quanto menos tempo eu perder, melhor. e se tudo continuar como eu planejei, até amanhã a essa hora eu já cheguei... e encontrei minha garota..."

ele engoliu em seco. ele não queria pensar como seria esse reencontro, em que circunstâncias isso iria acontecer... nada. o único pensamento que ocupava sua mente era "encontrar marie". tudo o mais não existia. até o desespero que tentava emergir só aparecia às vezes, e logo era soterrado por toneladas de obstinação e certeza.

ela estava viva, ele sabia. ora, era lógico que estava... aquela cerimônia no jardim não tinha passado de uma encenação ridícula de alguma coisa.

imagens dela povoavam sua mente. ele estava tão próximo agora, tão próximo... seu coração queria explodir. mas...

"resta saber se ela vai me perdoar..."

me perdoa, marie...

falou comigo, uh... senhor...?

ouvir uma resposta depois de tantos dias de silêncio foi algo tão chocante que só uns segundos depois logan percebeu que tinha sido uma voz masculina que respondeu. ele olhou em volta da recepção. um atendente qualquer do hotel. como ele ousava se intrometer nos seus delírios? o rapaz, sentindo aquele olhar homicida em cima de si, deu uns passos pra trás, afastando os braços, com mil perguntas sobre a sanidade mental daquele homem estranho e triste aflorando em sua mente.

logan suspirou, saiu e parou na frente do hotel por alguns segundos pra observar o sol nascendo.

"é um presságio, eu sei: novo dia, vida nova. e eu juro que nunca mais vou deixar passar um minuto sem dizer o quanto eu amo essa garota, nunca deixar ela ter a menor dúvida de todo o amor que eu sinto por ela. nunca... deus, só mais uma chance... e eu vou fazer da minha marie a mulher mais feliz do mundo. eu juro."

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perigosa.

sim, definitivamente. tanto era perigosa que estava fazendo ele voltar pra casa menos de uma semana depois de ter saído, confuso pelos seus novos sentimentos por ela, pela rapidez e intensidade com que eles se modificavam.

'mas talvez eu tenha me precipitado.'

se ela o amasse, se ela o desejasse como ele a desejava, aí sim seria terrível. porque ela o teria na palma de sua mão se quisesse. ele se lembrava bem: poucas vezes tinha encontrado uma mulher que o fisgasse dessa forma, uma mulher que tivesse tudo o que ele admirava: era doce, frágil e feminina, mas ao mesmo tempo forte e decidida e independente. era atraente e sexy e carinhosa. e o entendia e o aceitava como poucos. uma mulher que o acalmava e o libertava de seus demônios interiores, que quase o fazia se esquecer do seu lado animal e ao mesmo tempo o excitava loucamente...

e isso era terrível. porque era muito intenso, e porque ele não sabia se queria se prender a alguém, mesmo que essa pessoa o fizesse se sentir tão bem quanto ela fazia. não... "não queria se prender" já não servia mais pra descrever a relação deles. a presença dela corria em suas veias, era tão necessária que ele se sentia incompleto quando ela não estava por perto. a lembrança dela povoava suas noites e seus sonhos, e ele frequentemente acordava no meio da noite esperando encontrá-la dormindo ao seu lado depois de algum sonho muito nítido. sim, ele já estava muito bem preso.

e sentindo sua liberdade ameaçada, ele fugiu. como um animal acuado.

mas ele tinha se lembrado de algo nessa viagem: muito tempo atrás marie tinha estado apaixonada por ele, jean havia lhe contado. mas a própria marie jamais tinha tocado nesse assunto... então podia ser que não, a ruiva devia ter se enganado ou a paixão tinha acabado... e por isso ele estava voltando. porque talvez ela não fosse tão ameaçadora assim, afinal.

ele precisava dela, era fato. mas isso não significava que ele ia pular alegremente nos braços dela na primeira oportunidade. ele não estava preparado... tinha muita coisa por trás. ele não se sentia bem colocando sua vida, seu coração nas mãos dela; e acima de tudo ele gostaria de estar no controle... e quem sabe isso fosse possível, sim. no controle... principalmente porque, como seu confidente, ele sabia do ponto fraco dela: ela tinha medo de se envolver. ela tinha plena consciência da sua mutação, e das limitações que elas trariam pra um relacionamento mais sério. sim, ele conseguia pensar em muitas maneiras de contornar essa mutação. sabia que seria possível eles terem um relacionamento quase normal. mas ela tinha medo, e ele podia muito bem usar o medo dela como escudo, como desculpa.

então ele ia voltar e esperar, analisando os fatos com mais calma. ele acelerou a moto, com pressa de chegar ao seu destino, de se encontrar com ela outra vez. logan tinha passado mais de metade do dia viajando. a paisagem tinha mudado radicalmente enquanto ele se aproximava do seu destino: montanhas altíssimas, picos cobertos de neve, florestas e animais selvagens. ele sentia uma certa paz, porque isso lembrava sua terra natal. mas era uma paz falsa, passageira, ele sabia. uns quilômetros mais à frente estava o QG do projeto sentinela.

"baby, eu já te contei do piquenique? hm... acho que não. na beira do lago. no pôr-do-sol. eu... eu amo tanto você na luz do sol se pondo, não sei o que é... ou melhor, eu te amo de qualquer jeito, mas..."

e de repente foi como se uma parede invisível surgisse do nada no meio da estrada. seus pensamentos se interromperam bruscamente. logan terminou de fazer a curva acentuada e viu. iluminados pela luz fria da lua cheia, cerca de cinco quilômetros na sua frente, ao lado de um grande lago, os restos da construção. a moto parou sem ele saber como, seu corpo se paralisou, ele mal conseguia respirar. tudo o que ele fazia era olhar.

ele nunca conseguirira dizer tudo o que passou por sua mente naqueles minutos em que ele ficou olhando, estático, pros escombros da fábrica. nunca. sua mente se alternando entre o vazio absoluto e tudo ao mesmo tempo... se alternando entre esperaça e desespero, otimismo e o pessimismo mais negro, entre amor e ódio... ódio de si mesmo, culpa...

tudo o que aconteceu naquele dia voltou, claro como se fosse num filme.

a confusão dentro do prédio, a fumaça, o cheiro de metal derretendo.

as pessoas correndo, aglumas fugindo, outras tentando salvar os planos e esconder os enormes robôs caçadores de mutantes.

mas era tarde demais, os x-men já tinham descoberto tudo.

ele estava lá, lutando ferozmente no meio de toda a bagunça, mal enxergando por causa da fumaça, se aproximando do fogo enquanto .

ororo estava lá. desmaiada, machucada, nos braços do fera. mas estava. jean e scott estavam lá, também... lutando. até o bobby estava.

ela não.

no momento em que ele não sentiu ela por perto começou a se preocupar.

no pequeno espaço de tempo em que o fogo aumentou demais e tudo começou a ruir a preocupação virou desespero profundo, ele largou os caras e foi atrás dela.

jean gritou. tudo já tinha caído daquele lado. e tudo estava começando a cair em cima deles.

eles precisavam ir.

logan resistiu e continuou a andar em direção ao último lugar onde tinha visto ela.

e então...

não. rrrrrr.

ele sacudiu a cabeça. não. não. o que tinha acontecido depois disso era delírio, ilusão. era apenas mais um de seus pesadelos.

ela conseguiu se salvar, eu sei! eu tenho certeza! rr.

sua voz se perdia na escuridão da noite, e as estrelas nada respondiam. a única coisa que o chamava eram os restos queimados logo em frente. ele suspirou, deu partida na moto e avançou mais um pouco. perto o bastante pra vigiar o local, longe o suficiente pra não perder as esperanças ainda nessa noite.

logan se sentou no chão duro debaixo de um pequeno grupo de árvores, as pernas cruzadas. e passou a noite toda assim, sentado em posição de lótus, de costas pras ruínas, esvaziando sua mente de tudo o que fosse possível, de tudo o que fosse ruim, conservando apenas as lembranças dela. o amor que ele sentia. isso seria seu combustível nas próximas horas ou dias, isso o manteria vivo e capaz de ir atrás do seu objetivo.

por fim o céu começou a ficar cor-de-rosa no leste. amanhecia. ele resolveu começar, enfrentar o que quer que fosse. logan respirou fundo. consciente de que, lá no fundo, começar pudesse significar a sua ruína. mas ele tinha tanta certeza de que a verdade era o que ele achava... ou pelo menos seu desespero pra acreditar que fosse realmente verdade era tanto... que o fazia seguir em frente.