Capítulo 5 – A Conjunção Estelar

Mestre? Mestre?

O que quer?

Mestre! Vim lhe dizer que seus Yaksas estão quase prontos.

Já era hora. Agora falta pouco.

Ainda bem que o Mestre já está conseguindo falar.

Um criado falava com seu mestre. Era um palácio, escuro, sombrio. O tal mestre encontrava-se em um salão imenso, coberto de imagens e estátuas que lembravam sua cultura, seu povo. Remetiam a uma época em que o mundo curvava-se diante de seu poder.

Asura?

Sim, Mestre.

Conseguiram mais informações sobre eles?

Só sabemos sobre os cinco cavaleiros de Athena, além da própria, Mestre.

E o tal ser da profecia?

Nada, mestre.

Incompetente! Como acha que poderemos combate-los se não sabemos quem são?

Mas Mestre, assim como nós eles também não sabem nada sobre o Mestre e seus Yaksas...

Bem, isso é verdade... saia! Tenho que pensar. Diga aos meus Yaksas que estejam prontos para receber seus Shaktis assim que a conjunção acontecer. Quero que estejam o mais próximo possível deles, os inimigos, quando isso acontecer, entendeu? Quero lhes dar um susto. Será divertido.

Sim, mestre, comunicarei suas ordens a eles agora mesmo. Com licença.

Athena, seus cavaleiros e o tal ser da profecia não perdem por esperar. Ainda tenho três semanas para achá-los e me recuperar...

Shiryu! Shiryu! Tienlung chegou! Shiryu!

Luminessa chegava em Rozan. Apesar de receosa, decidiu fazer de conta que nada aconteceu entre ela e Shiryu. Não falaria nada sobre o acontecido, apenas treinaria. Esperava poder ser capaz de fazer tudo isso.

Olá, Shunrei!

Olá, Tienlung! Como foi de viagem?

Bem, obrigada!

Que bom, seja bem-vinda a Rozan! Shiryu já deve estar vindo. Shiryu!

Deixe-o treinar. Enquanto isso posso lhe ajudar, o que acha?

Claro! Claro que sim, Tienlung!

Por favor, não precisa me chamar assim. Me chame de Luminessa.

Pelo Grande Deus Dragão! Está em seu país de origem, se não a chamarmos de Tienlung aqui, onde mais será?

Está bem, se assim você deseja... vamos, eu lhe ajudo a preparar o almoço.

As duas seguiram para a cozinha. Preparavam o almoço e conversavam sobre os ancestrais de Luminessa. Parecia até que nada aconteceu ou aconteceria. Quando deu a hora, Shiryu saiu de seu treinamento e seguiu para sua casa, para almoçar. Ao chegar:

Shunrei, acho que hoje não me atrasei, não... é

Ah, Shiryu! Não me ouviu te chamar? Tienlung chegou.

Shiryu estava parado na porta. Percebia as duas mulheres de sua vida e não podia acreditar que estavam ali, preparando o almoço e conversando como se nada tivesse acontecido. Seu coração disparou, percebeu então que não tinha pensado em Luminessa desde que ela partiu com Saori e seus amigos. Muito mais que surpreso, Shiryu percebeu que estava com saudades dela. Em contrapartida Luminessa tentava disfarçar o nervosismo e quando olhou para Shiryu, sentiu-se muito melhor do que já havia se sentido nessas semanas de treinamento.

Mil perdões, Shunrei. Não lhe ouvi. Como vai, Luminessa?

Estou bem. Trago-lhe abraços de todos.

Obrigado. E como foram os treinamentos?

Ótimos, as técnicas que aprendi com eles são impressionantes.

Posso imaginar. Todos estavam ansiosos para saber como é que a Imperatriz dos Dragões luta.

Principalmente Seiya. Nem bem cheguei à Grécia e ele já quis começar os treinamentos.

Esse é o Seiya. Não muda nunca! E nós, quando começamos?

Após o almoço, o que acha?

Perfeito.

Ainda bem, pensei que já iriam iniciar os treinamentos sem almoçar! Espero que goste, Tienlung! E você também, Shiryu. Sentem-se!

Após o almoço, Shiryu e Luminessa se despediram de Shunrei e foram para o local que Shiryu costumava treinar quando criança. Treinaram e voltaram assim que o Sol se pôs. No dia seguinte meditaram, treinaram e assim foi a rotina de ambos durante vinte dias. No vigésimo primeiro dia, lá estavam os dois em frente a cachoeira de Rozan preparando-se para meditar:

Nem parece que já se passaram vinte e um dias. Com os outros passou rápido assim?

Passou. Sinal de que estava agradável para todos, não é?

É claro que sim... Luminessa?

Sim?

Não soube de mais nada do inimigo?

Não. Nada de novo. Depois daquele dia não vi mais nada. A única coisa que sinto é a sua proximidade, o que é bastante óbvio, a conjunção é amanhã.

Estranho, nunca lutamos com um inimigo assim, com data para chegar. É angustiante.

Posso te entender, apesar de nunca ter passado por qualquer outra luta senão esta.

Você ficou este tempo todo em Jamiel?

Não, eu também treinava em outros locais, mas adorava ficar lá.

Eu estive em Jamiel uma vez.

É, eu me lembro...

Luminessa engoliu sua última palavra. Não pretendia contar a história de como o conheceu para o próprio, não depois de ter decidido abdicar de seu amor. Seria um sofrimento desnecessário.

Lembra-se? Você estava lá quando fui levar minha armadura e a de Seiya para Mu consertar?

Eu? Não. Quer dizer, me lembro que o Mestre Mu me contou. É isso.

Como foi que você me conheceu então? Eu te conheci através dos sonhos... Por que é que você não me conta?

Ela levantou-se, mas antes que pudesse sair dali Shiryu segurou-a pelo braço, não queria que ela fugisse das perguntas:

Luminessa, passamos estes vinte e um dias fazendo de conta que nada aconteceu. Não é possível que você tenha esquecido. Eu não esqueci. Posso mentir para qualquer um, até pra mim mesmo, mas quando estou perto de você...

Pare, por favor! Esta é mais uma conversa total e completamente desnecessária. Este é o nosso último dia de treinamento, não pretendo desperdiçá-lo com algo que já está resolvido.

Não é porque tomamos uma decisão que o assunto esteja resolvido.

Por favor, eu não quero falar sobre isso!

Mas eu quero! Quero entender o que aconteceu.. me conte, por favor.

Não quero falar sobre isso!

Vamos conversar, Luminessa, é só isso que eu te peço. Eu quero entender! Além do mais, você começou com isso.

Para quê? Conversar e entender o quê? Entender que nunca ficaremos juntos? Para que continuar com essa conversa? Shunrei é sua mulher e ponto final.

Mas Luminessa, eu...

Além do mais, assim que esta luta acabar, eu vou embora para meu Império.

O quê? Mas...

Shiryu, Tienlung, eles chegaram!

Era Shunrei avisando que Saori e os cavaleiros haviam chegado. Ambos olhavam em direção à voz de Shunrei e Luminessa se assustou:

Mas é a Shunrei!

Ela não ouviu, não se preocupe.

Vamos recebê-los. Chega desta conversa, sim?

Sim, por enquanto... um dia vamos termina-la.

Luminessa olhou diretamente nos olhos de Shiryu. Tentava entender o porque dele querer saber daquele assunto. Para ela, era sofrer sem necessidade. Foi em direção aos amigos que haviam chegado. Shiryu foi logo atrás dela. Assim que Luminessa os avistou, tratou de esconder sua tristeza atrás de um sorriso. Cumprimentou cada um deles e passou o resto da manhã com sua irmã e Shunrei preparando o almoço. A tarde descansaram e a noite fizeram uma reunião com todos:

Amigos, finalmente o grande dia chegou. Amanhã saberemos quem é o nosso inimigo, pelo menos assim espero.

O que você sabe dele até agora, Luminessa?

Bom, Hyoga, a única coisa que sei é que a partir de momento em que a conjunção se completar, tudo pode acontecer. Ele se libertará de outros dois cosmos que são ligados a ele e que não fazem idéia da maldade que ele carrega em seu peito.

É pouco, mas com as informações que colhemos na Fundação já é alguma coisa.

Que informações, Seiya?

Enquanto você treinava aqui com Shiryu, descobrimos que a tal constelação de Apus tem quatro estrelas e é chamada de "O Pássaro do Paraíso".

Se levarmos em consideração nossas outras batalhas, podemos ao menos supor que enfrentaremos quatro cavaleiros. E desta vez temos você ao nosso lado. Talvez tenhamos alguma vantagem.

É verdade quanto ao padrão, Saori, mas desconhecemos suas forças. É difícil dizer se temos vantagem ou não.

Shiryu tem razão. Mas precisamos acreditar em Luminessa! Ela treinou conosco, tem totais condições de nos ajudar! – disse Shun.

Sabemos disso, ninguém aqui pensa o contrário. Não podemos ficar aqui especulando, devemos nos preparar para amanhã.

Hyoga esta certo. Vamos parar de especular e vamos nos deitar. Amanhã bem cedo começaremos os preparativos para a hora da conjunção, não é irmã?

Claro, Saori. Amanhã bem cedo. Boa noite a todos.

Todos se despediram e foram deitar. Luminessa ficou na sala processando todas as informações novas que tinha ouvido sobre o inimigo. Pensava em quem poderia ser. Quanto antes soubesse, mais armas teria contra ele. Ouviu passos:

Tienlung?

Pelo jeito que me chama, só pode ser você, Shunrei.

Sim, sou eu... não foi deitar? Não seria melhor que estivesse dormindo? Amanhã será um dia importante, não é mesmo?

É, você tem razão, mas ninguém está dormindo. Estão todos pensando no que pode acontecer amanhã.

Eu imaginei, mas não custa lembra-la de que amanhã e um dia importante e você precisa estar descansada.

Claro, Shunrei, claro. Obrigada por sua preocupação.

Tienlung, posso lhe pedir um favor? Se é que não estou sendo muito atrevida...

Claro que pode, vamos diga-me. Terei um imenso prazer em ajuda-la.

Cuide do Shiryu.

Luminessa olhou com estranhamento para Shunrei. Que tipo de conversa era aquela? Chegou a pensar que Shunrei zombava dela:

Como assim?

Cuide dele, por favor.

Na batalha que sucederá? Ora, não se preocupe, Shunrei, cuidarei dele e de todos, farei o que eu puder para...

Não só na batalha... para sempre.

Agora o assunto tinha se tornado sério. Do que Shunrei falava? Por que fazia esse pedido justamente para Luminessa? Tudo era muito estranho:

Mas, Shunrei...

Depois que eu me for, ele vai se sentir muito sozinho, mas se você estiver por perto, ele ficará bem. Muito melhor do que comigo. Por favor, me prometa que cuidará dele por mim! Que o amará e o fará feliz! Por favor!

Shunrei, isso é um absurdo! Assim que essa batalha terminar, ele voltará para você e vocês vão continuar juntos, nem que eu tenha que dar a minha vida para que isso aconteça!

Não faça isso, você é uma pessoa muito importante! Se você se for, todos morrerão! Por favor, apenas me prometa isso, por favor! Prometa-me que cuidará e amará Shiryu! O destino de vocês sempre foi ficarem juntos. Por favor, é a única coisa que lhe peço!

Luminessa não conseguia falar absolutamente nada. Apenas olhava Shunrei e indagava se ela estava em seu juízo perfeito. Sabia que quanto mais ele demorasse a dizer para Shunrei o que ela queria ouvir, mas coisas estranhas ouviria, então:

Já que você insiste tanto, está bem, eu prometo! Mas não sei o por que disso, ele voltará vivo, isso eu posso lhe dizer com toda a certeza, e voltará para você. Você está bem, Shunrei?

Agora estou, Tienlung. Eu lhe agradeço. Vou me deitar. Até amanhã!

Até amanhã, Shunrei.

Toda aquele conversa estranha havia deixado Luminessa pensativa. "Por que ela me fez jurar tal coisa? Deve ser o cansaço e o medo, só pode ter sido isso que deixou Shunrei tão preocupada, a luta nunca esteve tão perto dela, é isso!" Deixou o assunto de lado e foi se deitar.

Ao amanhecer, estavam todos em suas camas acordados, pensando no que estava para acontecer. Foram pouco mais de três meses de preparações, preocupações e poucas respostas. Ninguém estava mais ansiosa que Luminessa. Ela se levantou e foi em direção a cachoeira de Rozan. Precisava pensar, se preparar. Durante o caminho pensava que se não fosse forte o suficiente, se não estivesse preparada o suficiente, colocaria tudo a perder. Sentou-se em uma pedra e começou sua meditação. Em sua mente repassava cada gesto, cada palavra que seu mestre Mu lhe ensinou, lhe ajudou a descobrir. Era chegado o momento, nada poderia sair errado. Na casa, Saori estava preocupada:

Onde está Luminessa?

Está meditando, muito provavelmente. Vi quando ela se levantou e foi em direção á cachoeira. Duvido que alguém aqui esteja mais preocupado que ela.

Tem razão, Shun. Minha irmã esperou por esse momento sua vida toda. Apesar de ter sido treinada para ele por dois cavaleiros de ouro, tenho certeza de que não se sente preparada.

Se nós, que já lutamos tantas vezes não nos sentimos, eu posso imaginar ela.

É verdade, Seiya! Mas todos nós treinamos com ela, sabemos que Luminessa luta de igual para igual com qualquer um de nós! Quando esteve na Sibéria, mostrou-me que vai nos ajudar e muito. Tenho certeza que a vocês também.

O tempo que lutamos se iguala ao tempo de treinamento dela. É claro que ela está nervosa, cabe a nós a tranqüilizarmos e mostrar a ela que confiamos nela. E que ela pode confiar em nós para protege-la e ajuda-la a proteger sua irmã, Athena. Afinal foi para isso que ela nasceu, assim como nós.

Tem razão Shiryu, é isso que faremos! Todos de acordo?

Sim, Seiya!

Luminessa entrou na sala e percebeu que seus companheiros de luta, que tornaram-se seus amigos, olhavam-na como que se quisesse dizer alguma coisa a ela. Olhou nos olhos de cada um deles e sorriu. Seiya se pronunciou por todos:

A partir de agora, somos companheiros de batalha. Gostaríamos muito que você soubesse que mesmo que tenhamos que perder nossas vidas, nós combateremos e venceremos este inimigo, seja ele quem for. Foi assim que sempre lutamos, e é assim que lutaremos, e desta vez, com você ao nosso lado.

Eu lhes agradeço. E apesar de não ter a menor idéia de quem vamos enfrentar, eu lhes prometo que farei de tudo para ajuda-los.

Confiamos em você, Luminessa. – diz Hyoga.

Obrigada, amigos. Bem, daqui a duas horas ocorrerá a conjunção, acho melhor que a partir de agora fiquemos juntos.

Duas horas?Mas...

Calma, Saori. Eu e seus cavaleiros estaremos preparados. Minha sugestão é que estejamos o mais próximo possível da cachoeira. Tenho certeza de que lá estaremos mais seguros.

Mas lá fora? Não é melhor ficarmos aqui dentro? Estaremos mais protegidos!

Não, Shun. Perto da água eu e Luminessa temos mais força. Vocês sabem, a água é o elemento dos Dragões.

Exatamente, eu e Shiryu teremos mais chances. Vamos, cavaleiros?

Sim!

Saori, quero que você e a Shunrei fiquem aqui...

Mas irmã, eu quero estar com vocês.

Pode ser perigoso Saori, Luminessa tem razão.

Mas Hyoga...

Por favor, minha irmã. Qualquer problema eu saberei e eu mesma virei até aqui, eu lhe prometo.

Está bem, tomem cuidado.

Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Luminessa dirigiram-se para a cachoeira. Saori explica a situação para Shunrei e escondem-se no antigo quarto do Mestre Ancião. A tensão é imensa, ninguém sabe o que vai acontecer.

Duas horas depois...

E agora, Luminessa?

Não sei, Hyoga, temos que esperar.

Esperar, esperar! Estou cansado disso! Por que não aparecem logo, vamos! Nada acontece! Cadê essa tal conjunção estelar?

Relaxe, Seiya! Agora falta pouco. Se desesperar não leva a nada, além do mais nunca estivemos tão preparados para uma luta como para esta.

Shun tem razão, tenha calma, Seiya! Estamos todos aqui juntos!

Não seria melhor estarmos com nossas armaduras?

Talvez seja melhor mesmo, bem lembrado, Shiryu... vocês sentiram isso?

Uma energia imensa, poderosa e sombria invadiu o ambiente e fez com que todos ficassem alertas. Eles se olhavam, atônitos, não sabiam o que fazer. A situação parecia não se estender ao mundo, só afetava àqueles que sabiam o que estava acontecendo.

É a conjunção! Que energia terrível! Acho melhor buscarmos nossas armaduras, vamos cavaleiros!

Esperem, já está diminuindo... e nada aconteceu, Luminessa... talvez devêssemos ficar aqui mais um pouco.

Mas, Shiryu, e Saori e Shunrei?

Elas estão bem, Luminessa.

Está tudo bem, Luminessa! Mas agora que o Shiryu falou, é verdade... acabou. E nada aconteceu. Que estranho, será que nos preocupamos à toa?

Sei lá, Seiya. Essa história é tão estranha... vamos esperar mais alguns minutos e vamos voltar para dentro.

Certo, Hyoga!

Acabou? Que estranho, e nada aconteceu.

Mas o que aconteceu, Saori?

Nada, Shunrei.

E isso não é bom?

É esse o problema, eu não sei.

Onde estão Shiryu e os outros?

Devem estar na cachoeira ainda.

Quer que eu vá chamá-los, Saori?

Não. Vamos nós duas, o que acha?

Claro, vamos chamá-los.

Saori e Shunrei dirigem-se a cachoeira de Rozan. Estavam nervosas, mas ao avistar Seiya e os outros acabaram se acalmando:

Seiya! Estão todos bem? Nada aconteceu.

É, pelo jeito nada aconteceu. Estamos bem, ficamos aqui esse tempo e nada aconteceu. A não ser pela energia estranha que sentimos. Você e Shunrei estão bem?

Sim, nós estamos. Shiryu? Está tão quieto, apreensivo, tudo bem?

Estou bem, Saori. Mas isso tudo não faz muito sentido. Se o poder já foi dado ao inimigo, o que ele espera para atacar? O que ele pretende, afinal?

Talvez seja melhor irmos para a sede da Fundação, lá temos um controle maior do que anda acontecendo pelo mundo. Pode ser que ele já esteja agindo e nós ainda não sabemos. O que acha, Luminessa?

Acho que você está certo, Hyoga. E Shiryu também. O que acham de partirmos imediatamente?

Certo!

Uma energia novamente invadiu o ambiente, só que desta vez eram cosmoenergias, que deixaram todos em estado de alerta:

O que foi isso?

Não sei, Saori. Pegue Shunrei e volte para dentro da casa.

Mas, Seiya...

Agora!

Quatro misteriosos guerreiros cercaram Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Luminessa na base da cachoeira de Rozan. Era estranho, o cosmo negro e maldoso que eles emitiam escondia seus rostos e corpos, pareciam apenas vultos:

Quem são vocês? O que pretendem?

Cale-se! Você deve ser Seiya, o cavaleiro de Pégaso.

Mas, mas o que...

Você fala muito, garoto!

O tal guerreiro avançou em Seiya, assim como os outros, um em cada um dos cavaleiros de Athena. Seiya gritou para Luminessa para que ela fosse para dentro da casa. Hyoga, Shun e Shiryu lutavam com os outros três guerreiros:

Eles são muito rápidos! Quem são vocês?

Cale-se cavaleiro de Cisne! Sabemos que vocês são os únicos que podem atrapalhar os planos de nosso mestre. Vamos elimina-los antes de qualquer coisa, hahaha!

No momento em que se ouviu a risada estrondosa de um dos guerreiros, eles todos sumiram, deixando os cavaleiros de Athena atônitos:

Para onde eles foram?

Seiya, eles podem ter ido para a casa, atrás de Saori e Luminessa.

Essa não, Shiryu! Vamos até elas, agora!

Saori, Saori! Minha irmã! Shunrei!

Luminessa? Está tudo bem com você?

Sim. Ainda bem que estão bem também. Vamos, precisamos sair daqui! Eles podem querer pegá-la. Shunrei? Leve-nos embora daqui, para a aldeia.

Não, Tienlung. Devemos descer o rio. Vamos, eu conheço um atalho.

Tem certeza, Shunrei?

Sim, é mais seguro. E assim não colocamos as vidas dos aldeões em perigo. Vamos!

As três seguiram em direção a cachoeira e desceram o rio pelas suas margens cheias de árvores e plantas, que as impediam de serem vistas. Shunrei ia na frente, Luminessa ia de mãos dadas com a sua irmã, Saori.

Tienlung? Logo ali tem uma espécie de caverna formada pelas rochas, na beira do rio. Acho que ali poderemos estar seguras.

Está bem. Não se preocupem, eu estou aqui para protegê-las.

Ali está.

Saori parecia esperar o pior, mas olhava para Luminessa e se sentia segura. Não fazia nem dois minutos da chegada delas na clareira antes da tal caverna. Respiravam fundo para se acalmar:

Saori, Shunrei. Fiquem calmas, tudo dará certo. Esta clareira é muito grande, não estou certa de sua segurança. Vamos nos esconder na caverna.

Tarde demais, senhoritas.

Luminessa olhou para trás. Eram dois dos misteriosos guerreiros. Pediu que as duas seguissem em direção a caverna. Saori relutou, mas fez o que a irmã lhe pediu. Virou-se para os dois cavaleiros:

Muito bem, quem são vocês e o que querem?

O que acha, espertinha? Mata-las!

E o que os fazem pensar que conseguirão?

Hahahaha! Por que? Quem vai nos impedir? Os tais cavaleiros são lentos e estúpidos demais para nos vencer.

Nossa, estou impressionada! Mas que auto-confiança!

Pela petulância, ela só pode ser Athena, Ahankara.

É, o mestre já tinha nos avisado. Você tem razão, Viveka. Vamos pega-la!

Saori! Shunrei!

Luminessa! Saori!

Droga, onde é que elas estão? Saori! Luminessa!

Luminessa está com elas, acredito que estejam seguras, Seiya.

Mas temos que acha-las! E rápido!

Confie mais em Luminessa, Shiryu!

Eu confio! Mas com quatro cavaleiros contra ela, acham mesmo que elas estarão seguras?

Shiryu tem razão, Hyoga. Vamos atrás delas!

Onde pensam que vão, fracos cavaleiros de Athena?

Eram os outros dois misteriosos guerreiros. Pularam do telhado da casa e cercaram Seiya, Hyoga e Shun. Ficaram todos em posição de ataque e Shiryu teve uma idéia. Olhou para Seiya e ele entendeu tudo. Enquanto os amigos lutavam com os estranhos guerreiros, Shiryu procuraria Saori, Luminessa e Shunrei. Ele tinha um palpite e esperava muito que estivesse certo. Acenou com a cabeça para Seiya e ele disse:

Nem que seja um de nós amigo! Vá, salve-as! Ajude-as! Nós faremos o possível por aqui!

Imbecis, vocês não passam de vermes, cavaleiros de Athena!

Vá Shiryu, vá!

Shiryu virou as costas e começou a correr. Confiava nos amigos. Apesar da preocupação com eles sabia que precisava ajudar Luminessa.

E então, Athena... acha que vai resistiu até quando?

Tenho que reconhecer, vocês até que são espertos. Agora, digam-me, quem é seu mestre? O que ele pretende?

Cale-se! Não falaremos nada!

Os dois guerreiros cercaram Luminessa e passaram a ataca-la. Eram rápidos e atacavam em conjunto. Pareciam querer cansar Luminessa, mas estavam tendo uma certa dificuldade:

Ahankara, até que Athena luta bem, mas acho que devíamos começar com as duas que estão escondidas ali...

Não, eu não deixarei que vocês vão até lá!

Ahankara imobilizou Luminessa enquanto Viveka, o outro guerreiro seguia em direção a Saori e Shunrei. Luminessa se debatia tentando fugir de Ahankara e gritava, pedia a elas que fugissem. Mas o guerreiro não a soltava. Saori pedia para Shunrei que fugissem, mas ela não queria ir. Dizia que precisava estar ali para salvar uma vida. Quando Viveka chegou muito próximo à Saori e Shunrei, Luminessa atingiu Ahankara no estômago e conseguiu se livrar. Partiu para cima de Viveka. Ahankara partiu para segurar novamente Luminessa, que parou. Viveka virou-se para Luminessa, assim como Ahankara que começou a queimar seu cosmo. No momento em que pareceu atacar Luminessa, Shiryu apareceu. Vendo que ambos os guerreiros atacariam Luminessa, Shiryu não teve outra alternativa:

Cólera do Dragão!

Não, não venha aqui, volte para lá e fique com minha irmã!

Risos por parte dos guerreiros. Tinham se unido novamente, eram quatro. O riso parecia vir de cima, da copa das árvores. Ecoavam no ambiente. Shiryu e Luminessa olham para cima, procurando-os:

Hahaha! Seus idiotas! Athena, você vai entender que nosso mestre é muito mais forte que você! Seus cavaleiros não passam de um bando de fracotes! O que você vai fazer agora que o tal ser da profecia foi atingido mortalmente, Athena? E até quando vai conseguir proteger sua irmãzinha? Em breve nos encontraremos novamente...

Sumiram. Não era possível sentir nem mesmo seus cosmos cheios de maldade. Shiryu olha para Luminessa e percebe que ela está com uma certa expressão de dor.

Eles foram embora, Shiryu. Covardes.

Você está bem? Ferida mortalmente? Como você está?

Ele não se referiu a mim, procure por Shunrei, ela saiu do esconderijo e pulou em cima de mim..

Shunrei? Você deve ter se enganado...

Shi.. Shiryu...

Era uma voz fraca, baixa. Era Shunrei. Shiryu correu em direção a voz e encontrou Shunrei quase desmaiada, fraca. Estava com as mãos em seu ventre, em sinal de dor.Shiryu apoiou a cabeça de Shunrei em uma pedra e segurava firmemente suas mãos. Saori saiu do esconderijo viu que a irmã lhe apontou Shunrei e correu em direção a Shiryu:

Shunrei, você está bem? O que aconteceu?

Shiryu, eu... – um gemido de dor interrompe a frase de Shunrei. No mesmo momento, Saori chega e deita Shunrei em seu colo.

Luminessa me disse que você pulou em cima dela, por quê?

Para salvá-la. Eu também fazia parte da profecia, Shiryu... – mostrou o sinal da profecia para Saori e Shiryu - o Mestre Ancião me disse em sonho que eu salvaria o Dragão Celestial que nasceu para proteger Athena: Tienlung. Mas acho que não adiantou, Shiryu...

Shunrei, fique quietinha, precisamos leva-la para um médico. – diz Saori, preocupadíssima com Shunrei.

Pelo Grande Deus Dragão, isto não pode estar acontecendo... como assim, Shunrei? Não adiantou?

Shunrei quis responder mas não conseguia, doía-lhe muito o ferimento que lhe fizeram. Shiryu continuava segurando a mão de Shunrei e lhe acariciava os cabelos, sua preocupação era visível. Enquanto isso, Seiya, Hyoga e Shun chegaram até a clareira sem saber do que estava acontecendo:

Até que enfim achamos eles! Todos foram embora mesmo, Seiya!

É Hyoga, seus cosmos já deixaram Rozan, não consigo mais senti-los há alguns minutos.

Isso foi muito estranho... Estão todos bem? Saori? Luminessa? Shunrei?

Saori virou-se para olhar para Shun que a chamava, e os cavaleiros viram Shunrei no colo dela. Quando estavam para correr em sua direção, ouviram um lamento de dor que veio de alguém que estava logo atrás deles:

Essa não...

Luminessa!

Seiya só teve tempo de aparar a queda de Luminessa. Saori, ao ouvir a voz de Luminessa, resolveu ver o que estava acontecendo e deixou Shunrei nos braços de Shiryu. Foi até a irmã:

Ela desmaiou!

Mas o que houve aqui? Minha irmã!

Saori segurava as mãos de Luminessa e ela não reagia. Hyoga e Seiya olhavam para Luminessa e não entendiam nada. Shun foi até Shiryu para saber o que tinha acontecido, talvez assim pudessem entender o que estava havendo:

Shiryu, mas o que aconteceu aqui?

Não sei, Shun. Foi tudo muito rápido, eu...eu não sei. Talvez Luminessa saiba. Pergunte a ela por nós.

Mas... eu não posso.

Por quê não, Shun?

Porque ela esta desmaiada nos braços de Seiya e Saori. Eles estão tentando acorda-la, mas não conseguem.

O que?

Shiryu ficou aflito, temia por Shunrei e por Luminessa. Tentava pensar em uma solução mas a confusão em sua mente era tamanha que não conseguia organizar nada, até que:

Shiryu... o Cólera do Dragão... o Cólera...

O que tem, Shunrei? O que tem o Cólera do Dragão?

Você...atingiu ela, você atingiu...ela...

Não, é impossível! Eu nunca acertaria ela! Fique quietinha, nós...

Foi... foi uma... armadilha...

Armadilha?

Shiryu repassou o que tinha acontecido em sua mente e entendeu: Shunrei tinha razão, havia uma grande possibilidade dele ter acertado Luminessa. Ficou desesperado, não sabia o que fazer. Então ouviu-se o grito de Saori:

O coração dela não está batendo! E ela não está respirando!

Ele realmente não sabia o que fazer. Pediu para que Shun segurasse Shunrei e passou a andar em direção à Luminessa e voltava para Shunrei, estava confuso. A dor que ele sentia naquele momento era terrível: ele estava perdendo as duas mulheres de sua vida.

Shiryu.. Shi… ryu...

Não fale muito Shunrei, não gaste sua energia... – pedia Shun à Shunrei.

Diga a ele, Shun... ela tem que ter a tatuagem... a pata direita, a pata direita.. do Dragão...

Shun olhou para Shiryu que não estava entendendo nada. Hyoga havia acabado de chegar ao lado de Shun:

Não se desgaste, Shunrei. Nós vamos resolver este problema. – dizia Shiryu, desesperado.

Você acertou.. o coração... dela... Shiryu...

Shiryu, talvez a Shunrei tenha razão. Foi como aconteceu com você e Seiya na Guerra Galáctica!

O quê? Do que está falando, Hyoga?

É verdade, foi como naquele dia em que Seiya golpeou seu coração! Talvez se procedermos como naquele dia, você possa salvar Luminessa! - diz Hyoga.

Mas será que...

Você tem que golpear o lado contrário do coração, Shiryu! A Pata direito do Dragão. Hyoga, fique com Shunrei, eu vou até lá preparar Luminessa! Com certeza ela também possui uma tatuagem do Dragão. Shiryu, quando eu lhe chamar esteja preparado, temos que agir rapidamente.

Chegando lá, Shun contou aos outros o que deveria ser feito. Automaticamente tiraram a blusa de cima de Luminessa e constataram: ela também tinha um tatuagem nas costas, um Dragão Negro e um Dragão Branco, que protegiam o símbolo do Yin-Yang. Assim como a tatuagem de Shiryu na Guerra Galáctica, também estava sumindo. Enquanto isso, Shiryu pressionava o ferimento de Shunrei que não parava de sangrar. Não havia muito o que se fazer, e ele sabia disso:

Shunrei, por que você fez isso? Por que tinha de sacrificar sua vida? Podia ter salvado Luminessa sem correr tanto risco.

Salve-a e... fique... com ela...

Não! Você vai ficar bem! Você vai ficar bem!

Não vou... ficar bem... você sabe... disso...

Você não vai morrer! Vou golpear o coração de Luminessa e vamos levar vocês duas ao médico da aldeia, ele vai nos ajudar!

Shiryu!

Era Shun. Estavam todos preocupados, tal situação era algo que ninguém esperava. Seiya e Saori foram até Shiryu:

Salve a minha irmã, Shiryu. Eu e Seiya vamos levar Shunrei para a aldeia. Vamos tentar salva-las.

Está bem. Cuidem dela para mim. Eu logo estarei com você, Shunrei.

Shiryu... eu quero que você seja feliz com Tienlung... eu a salvei porque ela os ajudará a salvar Athena...e porque você não suportaria a vida sem ela agora que sabe que ela é real... você foi a melhor coisa que já aconteceu em minha vida...

Pare, Shunrei! Você não vai morrer e nós vamos ficar juntos! Você precisa ir para a aldeia logo!

Espere... eu pedi a ela que cuidasse de você... por mim... ela jurou. Ficarei feliz em ver vocês dois juntos... não descansarei se assim não o for... eu te amo, Shiryu...

Não me deixe, por favor.

Shiryu beijou Shunrei. Tinha esperanças de que ela sobrevivesse, apesar de ter consciência da gravidade de seus ferimentos. Seiya e Saori levavam Shunrei para a aldeia enquanto Shiryu corria em direção à Luminessa. Hyoga levou Shiryu até Luminessa, que era sustentada por Shun da mesma forma que Shiryu na Guerra Galáctica. Hyoga viu que a tatuagem sumia das costas da Imperatriz e avisou Shiryu, que passou seus dedos pelas costas de Luminessa e falou no ouvido dela:

Minha Imperatriz, me perdoe. Foi por querer te proteger tanto que ataquei sem perceber que você estava muito próxima. Eu também quero lhe salvar. Viva, por favor! Se você se for, eu não conseguirei suportar. Eu... eu nunca deixei de te amar, Luminessa...

Afastou-se guiado por Hyoga. Tomou a distância necessária e golpeou a pata direita do Dragão Branco de Luminessa. O impacto do golpe lançou ela e Shun para dentro d'água. Hyoga correu para tirá-los de lá. Shun se levantou, antes que ele chegasse, com Luminessa nos braços. Olhou para Shiryu e deu a noticia:

Está batendo... o coração dela voltou a bater, Shiryu! Ela está viva!

Só após ouvir a resposta de Shun é que Shiryu correu em direção a Seiya e Saori. Não tinham ido muito longe e estavam parados. Shiryu correu desesperado e ao chegar:

Ela perguntou se você tinha salvado Luminessa, nós respondemos que sim e..ela se foi...

Shiryu ficou em silêncio. Tomou Shunrei em seus braços, ajoelhou-se e chorou. Apertava-a contra seu peito, chorava e muito. Era uma cena muito triste, mais uma vez um inocente morria nas mãos de alguém que buscava poder e nada mais do que isso, e desta vez era Shunrei. Seiya e Saori o deixaram sozinho, para que ele pudesse chorar. Foram em direção a Shun e Hyoga que molhavam o rosto de Luminessa para acordá-la. Deram a notícia e todos ficaram muito abalados. Só o rio quebrava o silêncio daquele momento. Luminessa começou a acordar e quando abriu seus olhos, viu que estava nos braços da irmã e de Shun:

Saori? Shun? O que houve?

Você está bem, minha irmã?

Acho que sim, o que aconteceu?

Você esteve muito perto da morte. Seu coração parou de bater. – disse Shun.

Acho que estou lembrando... e Shunrei? Onde ela está, preciso vê-la!

Luminessa se levantou e se não fosse amparada por Hyoga e Seiya teria caído.

Calma, você acabou de voltar a vida! Precisa de descanso! – alertou Hyoga.

Eu quero vê-la, onde ela está?

Todos se olharam, temiam a reação de Luminessa. Hyoga apontou em direção a Shunrei e Shiryu. Luminessa se virou com o auxílio de Seiya para poder ver. E quando olhou naquele direção viu Shiryu de joelhos com Shunrei em seus braços. Sentiu-se culpada. Queria ver Shiryu, e tentar ajuda-lo com o que fosse possível.

Seiya, me leve até eles, por favor.

Tem certeza, minha irmã?

Sim.

É claro que levo, pode deixar.

A cada passo que Seiya e Luminessa davam, a tristeza e som do choro de Shiryu aumentavam. Luminessa pediu a Seiya que a deixasse a alguns passos de Shiryu. Queria ir sozinha. No pequeníssimo caminho que percorria com dificuldade, ela ouviu o que Shiryu dizia em um volume muito baixo a Shunrei:

Você perdeu a vida para salva-la, muito mais por mim do que pela profecia...você acertou, eu não conseguiria viver sem ela, mas não sei se vou conseguir viver sem você, eu também te amo. Se não fosse você ela estaria morta, assim como eu na Guerra Galáctica. Como pude ser tão imprudente, como pude...

Shiryu?

Luminessa... Graças ao Grande Deus Dragão que você está bem.

Não. Graças a você e a Shunrei. Eu sinto muito, Shiryu. Por favor, me perdoe.

Não foi culpa sua, Luminessa. Ela fez o que tinha que fazer e cumpriu sua missão. Não se puna, por favor.

O que posso fazer por vocês?

Você acabou de voltar a vida, não precisa...

Deixe-me ajudar, por favor...

Mas você mal pode ficar em pé, Luminessa.

Por favor... por favor.

Está bem. Me deixe aqui com ela mais um pouco. Leve os nossos amigos para casa e peça que um deles desça até a aldeia, procure por Lyn e diga a ela para vir aqui me ajudar, ela é amiga de Shunrei. E depois que você fizer isso, por favor, descanse.

Está bem, eu o farei.

Luminessa pegou a mão esquerda de Shunrei para lhe agradecer e lhe dar adeus. Depois de alguns segundos é que percebeu: tinha a marca da profecia.

Mas é a marca da profecia...

É, Luminessa. Ela também fazia parte da profecia.

Ela sentiu-se muito culpada, achava que não havia necessidade de Shunrei ter perdido a vida. Foi inevitável, as lágrimas desciam pelo seu belo rosto, que transparecia seu cansaço. Olhou uma última vez para Shunrei e foi fazer o que Shiryu havia lhe pedido. Era o mínimo que podia fazer. Levantou e andou com dificuldade até os outros amigos. Reuniu todos, explicou o que Shiryu havia lhe pedido. Apoiou-se na irmã e em Seiya, levou todos para casa de Shiryu enquanto Shun e Hyoga desceram na aldeia para chamar a amiga de Shunrei. Estavam todos abatidos, uma grande amiga tinha morrido.

Luminessa estava deitada. Apesar do cansaço e das dores, era a tristeza pela morte de Shunrei que mais transparecia em seu rosto, agora abatido.Seiya e Saori estavam sentados a seu lado, também tristes e abatidos. Para quebrar o silêncio e tentar melhorar o ânimo de todos, Luminessa começou a conversar sobre os acontecimentos:

Shiryu está se sentindo culpado. Acha que foi imprudente. Mas a culpa não foi dele, os guerreiros perceberam a confusão. O tal Ahankara, que era o que Shiryu golpearia, pulou bem na hora do golpe, chegou a se apoiar em mim para não recebe-lo. Eu tentei empurrar Shunrei para não receber o golpe também, mas acabei me desequilibrando e expus meu coração. E o tal Viveka, o guerreiro que estava atrás de mim, acertou o golpe que era destinado a mim em Shunrei. Depois disso os dois sumiram. Que covardes! Atacam pelas costas.

Apesar da covardia daqueles guerreiros, tudo o que aconteceu foi uma fatalidade e infelizmente uma grande amiga se foi.

É verdade, Seiya. Uma fatalidade horrível.

Quando estávamos nas árvores eu quis fugir pela floresta mas ela quis ficar, disse que precisava ficar ali pois ia salvar alguém. Instantes depois ela pulou e... aconteceu o que aconteceu. – explicou Saori.

Ela sabia? Será a profecia, Luminessa? – pergunta Seiya.

Sim, era a profecia. Ela tinha a marca em seu pulso esquerdo. Maldita profecia! Ela não precisava ter morrido. Por que isso foi acontecer!

Porque era assim que tinha de ser, Luminessa.

Shiryu?

Ele chegava com uma expressão muito triste e parecia estar só de passagem:

Vamos fazer o seu funeral. Já conversei com algumas pessoas da aldeia que fica abaixo da montanha e eles vão me ajudar, conheciam Shunrei. Daqui há algumas horas eu venho buscá-los.

Shiryu se retirou. Todos sabiam que precisavam agir. Decidiram que partiriam para o Santuário logo após o funeral de Shunrei, deixariam Shiryu ficar um pouco mais em Rozan, ele precisava. Enquanto isso colheriam dados sobre o inimigo. Ele não atacaria agora. Teve a sua primeira vitória e certamente usaria toda a noite para comemorar a tristeza de Athena e seus cavaleiros. Ao menos tinham uma vantagem: o inimigo pensa que Luminessa é quem estava morta e que ela era Athena.