Pedra, Flor, Espinho

- Epílogo -

"Hoje, eu não quero ver o sol , vou prá noite, tudo vai rolar
O meu coração é só um desejo de prazer
Não quer flor, não quer saber de espinho
Mas se você quiser tudo pode acontecer no caminho
Mas se você quiser sou pedra, flor, espinho"

Primeiro veio a sensação de calor humano, depois o cheiro de sexo e então a pressão de um braço ao redor de sua cintura. A mente foi acordando lentamente, tentando associar os elementos a seu redor com as lembranças que tinha das horas anteriores. Podia sentir uma respiração acariciando suavemente seu rosto. E enfim acordou.

Máscara da Morte abriu os olhos lentamente, piscando algumas vezes. Demorou alguns segundos até notar que o braço em sua cintura era de Shura e que a respiração que sentira também pertencia a Capricórnio. Percebeu que o companheiro estava apoiado no cotovelo, encarando-o enquanto dormia. Antes que pudesse pensar a respeito, Câncer afastou o toque do braço e levantou da cama. Estava vermelho, um bocado. Fôra pego de surpresa. Por que diabos Shura estava olhando-o? Passou a mão sobre os cabelos curtos, grisalhos, rearrumando-os ou tirando-os do lugar de uma vez. olhou ao redor, procurando as peças de roupa e achou-as jogadas em um montinho num dos cantos do quarto. Seguiria na direção delas se não fosse a mão de Shura, forte, ágil, segurando-o onde estava por alguns segundos.

- Mas o quê?

Shura sorriu e o puxou, virando o corpo em sua direção. Quando Máscara da Morte pensou que iria cair de cara no colchão, um par de pernas se elevou, enlaçando sua cintura, redirecionando a queda para por sobre o corpo do cavaleiro de Capricórnio. Pensou em reclamar, mas uma mão tocou seu rosto, cobrindo uma das bochechas, dedos escorregando para seus lábios, com um sorriso sacana adornando os lábios.

- Onde pensou que iria?

- Embora, claro.

- Ainda tá tão cedo... Você mal dormiu duas horas.

- Você ficou olhando esse tempo todo?

- Sim. – Shura sorriu calmamente diante do choque estampado no rosto de Câncer.

- Seu...!

- Você deveria agradecer aos céus por eu ser educado e não ter te comido enquanto você dormia. Estava tão convidativo...

- Você não seria capaz.

- Está duvidando?

Máscara da Morte engoliu em seco e calou-se. Já tinha tido a prova de que Shura não brincava em serviço, definitivamente. Respirou fundo afastando a idéia de como seria gostoso tê-lo enterrado dentro de si enquanto acordava. Shura sorriu, como que captando seus pensamentos e ergueu o rosto. Beijou-o a principio lentamente, acelerando o ritmo quando sentiu o membro de Câncer despertar contra suas nádegas. Rompeu o beijo com um sorriso pervertido adornando a face.

- Você já ia embora? Mas ainda tá tão necessitado... Vê? Ficou duro rapidinho... – e escorregou uma das mãos para o membro de Máscara da Morte.

O cavaleiro de Câncer gemeu com o toque e se afastou de Shura. O cavaleiro de Capricórnio tornou a sorrir com a recusa e empurrou Máscara da Morte, jogando-o de qualquer jeito a seu lado.

- Dessa vez eu não vou te deixar me comer. Nem vou te foder a menos que você me implore por isso. E pra te comer, primeiro eu tenho que ficar duro de novo.

- Quer que eu te chupe de novo?

- Isso é muito pouco. Eu quero mais.

- Por exemplo?

Shura sorriu enquanto corria o olhar pelo corpo moreno, totalmente exposto diante de si. Escorregou um dedo junto com os olhos. Passou pelo rosto, lábios entreabertos, pescoço, peito, os músculos definidos do abdômen, circundou a ereção sem toca-la e desceu à entradinha que ainda conservava a lubrificação da transa anterior. Escorregou o dedo ao redor da entrada, pressionando de leve. Observou a reação de Câncer. Este havia fechado os olhos, mordido o lábio inferior e franzido o cenho. Parecia segurar-se para não rebolar. Shura alargou o sorriso e retirou a mão, puxando a de Máscara da Morte até o local.

- Prossiga. – sussurrou no ouvido do italiano.

O cavaleiro de Câncer abriu os olhos rápido, sobressaltado e o encarou.

- Como...?

- Bate uma enquanto... brinca. Se fizer direitinho, eu vou ficar tão... animado.

O italiano piscou um par de vezes. O que diabos...? Sentou-se, determinado a deixar o quarto naquele exato instante. O que Shura estava pensando? Não podia trata-lo daquela forma! Capricórnio gargalhou e pôs-se a beijar as coxas de Câncer. Máscara da Morte pensou em protestar argumentando que não era um objeto para o prazer do outro, mas, antes que pudesse, uma boca envolveu sua ereção e um par de olhos negro se elevou, encontrando os seus com um ar sensual e divertido. O espanhol estava tão... diferente fazendo aquilo. Não se impediu de gemer, nem de estender a mão e tocar os cabelos negros, revoltos, acariciando gentilmente, enquanto era chupado de forma tão deliciosa. Jogou a cabeça para trás, erguendo o quadril, gemendo mais alto quando a fricção se intensificou. Até que Shura parou.

- Você não vai me deixar na mão, vai...?

- Vou.

Capricórnio limpou o canto da boca com a ponta dos dedos e sentou-se ao lado de Câncer. Máscara da Morte tremia, tentando raciocinar. Sair dali? A opção nem passou pela mente. Estava tão duro que tudo que podia querer era se aliviar e não importava nem um pouco se estava sendo observado por Shura ou não. Na verdade, o fato de ter um par de olhos sobre si enquanto fazia aquilo tornava tudo mais interessante.

Deitou novamente, abrindo as pernas de forma ampla e desceu a mão pelo corpo. Com rapidez encontrou o membro ereto e deslizou um dos dedos por ele, espalhando um pouco do sêmen que escorria pela glande. Fechou os olhos, tornou a morder o lábio inferior e fechou a mão sobre a ereção, sentindo a dureza sob a pele sedosa e a pulsação do membro, que parecia explodir de tão rijo que se encontrava. Suspirou e deslizou os dedos, apertando a carne com firmeza sentindo o resto do autocontrole que ainda possuía se esvair. A outra mão foi mais além, deslizando mais abaixo, tocando a pequena entrada ainda banhada de óleo de massagem e introduziu o dedo médio a princípio. Deslizou-o até encontrar aquele ponto dentro de si. O mesmo que Shura havia encontrado e estocado impiedosamente.

Capricórnio respirou fundo quando a cena começou a se desenrolar. Pôde sentir seu membro endurecer imediatamente e, sem maiores avisos, puxou a mão de Câncer do próprio membro para o dele.

- Huh?

- Bate pra mim... Que eu bato pra você. – a voz de Shura veio, rouca e baixa, provocativa.

Máscara da Morte apertou a mão em torno do membro de Capricórnio enquanto sentia sua ereção ser tomada pelos dedos fortes e ágeis do espanhol. Gemeram. Beijaram-se com fome, desesperados. Câncer continuou a se penetrar enquanto era manipulado pelo companheiro. Mantinha os olhos fechados, tanto por algum resquício de vergonha do que estava fazendo como também para saborear melhor o que estava fazendo. Os toques, os gemidos, tudo... Era informação demais. Era forte demais. Não conseguiu se segurar e acabou por sujar a mão de Shura, novamente. O espanhol sorriu com lábios e olhos entreabertos, fechando-os em seguida, tirando a mão do italiano de seu membro, usando sua própria mão, banhada no sêmen do outro para encontrar sua satisfação. Um sorriso adornava o rosto e a mão, banhada com o sêmen dos dois, escorregou pelo peito de Câncer, sinuosamente, subindo até os lábios deste. Máscara da Morte sugou os dedos, ávido, buscando o fôlego desesperadamente. Shura apreciou a cena, o coração voltando lentamente ao ritmo normal junto com a respiração. Assim que conseguiu reaver o controle total de suas ações, beijou o outro lentamente e ergueu-se da cama.

Máscara da Morte, ainda absorto no orgasmo que tivera há poucos minutos, limitou-se a erguer o rosto.

- O quê? Aonde você pensa que vai?

Shura vestiu a boxer preta, seguida da calça igualmente escura e voltou-se abotoando os botões da camiseta vermelha.

- Embora. Mas vou deixar o motel pago, não se preocupe.

- E eu lá to ligando pra isso?

- Qual o problema então?

-... Nenhum.

Shura deu de ombros e acendeu um cigarro. Estava um pouco amassado em função do maço ter sido esmagado assim que entraram no quarto, mas não fazia diferença. Tragou algumas vezes, sentindo o efeito da nicotina sobre seu corpo, sua mente. Segurou o cigarro entre os dedos e inclinou-se, beijando Máscara da Morte outra vez. Este enlaçou-o pela nuca e transformou o beijo em algo forte, desejoso. Romperam com dificuldade e encostaram as testas, sorrindo entre ofegos.

- Quando te vejo de novo? – Máscara da Morte estava corado. Se odiava profundamente por perguntar aquilo.

Shura sorriu e tornou a dar de ombros, tragando novamente. Soltou a fumaça e tomou a direção da porta. Deu-se ao trabalho de olhar por sobre o ombro e responder, enquanto saía:

- Quando? A gente se esbarra pela noite...

FIM


Por Mudoh Belial

18 de Setembro de 2005

18h 04min

N.A.:

Oka, aqui está o epílogo. Encheram tanto que eu fiz, viu? Dêem-se por satisfeitos e, sinto muito, mas essa fonte SECOU. Daqui não sai mais nada, ok?

Bye, crianças.

Comentários serão bem-vindos!