Capitulo 2: Situações embaraçosas

Sábado, 19 de maio. 15 h: 36 min.

Hotohori achava um pouco estranha a forma de como se desenvolvia a amizade entre ele e Chichiri, iniciada de uma discussão, os laços que se estabeleciam entre os dois ficavam cada dia mais forte, Hotohori se divertia quando estava com o novo amigo, descobrira que ele era alegre afinal. As vezes ficava apenas sentado e quito observando-o pintar, outras conversavam sobre todo o tipo de coisas.

- O que te atormentas? – Chichiri preparando as tintas e pinceis para pintar pergunta para Hotohori.

Hotohori deitado no sofá que fora colocado ali especialmente para ele, senta-se sobre as pernas, puxa uma mexa do cabelo e fica o enrolando com o dedo e olhando para o chão. Chichiri fica apenas a observa-lo. Então ele apóia o queixo na outra mão e diz já com os olhos cheios de lágrimas.

- Tamahome. – fala com voz distante.

- Quem é ele? – pergunta Chichiri, colocando as tintas no lugar, sabia que esse era o nome do ex-namorado de Hotohori, mas era como se não soubesse. Já notara as lágrimas querendo descer dos olhos de Hotohori e estava pronto para conforta-lo se precisasse, mas o outro desviou do assunto.

- Meu ex-namorado. – ele responde, passando a mão no rosto para limpar a única lágrima que ele não conseguiu conter e voltando a sorrir, não gostava de falar sobre isso, porque sentia-se um lixo ainda mais por correr tanto atrás de Tamahome e ser ignorado por este. - Mas porque não saímos um pouco?

Depois de um mês que se passara praticamente sem graça, Hotohori tentava ainda em vão, fazer Chichiri sair sem a máscara, se ao menos pudesse convencê-lo a pôr a cara na porta já seria um grande avanço.

Chichiri balançou a cabeça e virou-se para começar a pintar. Hotohori evitava falar sobre isso sempre. Contou toda a vida dele, menos as partes que envolviam Tamahome. Se ele não queria falar não o forçaria, até porque não queria vê-lo chorar.

- Não acha chato ficar aqui nessa casa tão grande o tempo inteiro? – Ele perguntou deitando-se novamente no sofá e esticando-se preguiçosamente.

Ele parou e sorriu par Hotohori.

- Não se eu tenho coisas para fazer. E minha nova exposição é uma dessas coisas. Se sente-se entediado podes ir embora.

- Hunf.. tá me mandando embora é? – Hotohori pergunta se fingindo de magoado.

- Sabe que não é isso.

- Eu gosto de te ver pintar – Ele diz sorrindo agora. – Você coloca tanta paixão nisso. Quando eu escrevo acho que faço a mesma coisa.

- Tu não parecias tão empolgado quando veio me entrevistar pela primeira vez.

- Primeira e única. Espero nunca mais ter que te entrevistar. – Disse rindo. – Mas esse não é o meu trabalho, não entrevisto artistas chatos como você. Mas... pelo menos agente se conheceu, não seriamos amigos agora se eu não tivesse vindo aqui aquele dia, não é mesmo?

O rosto de Chichiri se avermelhou. Hotohori tinha a voz tão doce que mesmo quando lhe dirigia certas ofensas ele o fazia com uma voz tão suave que era como se fosse um elogio.

- Então... quando vai me pintar? – Hotohori pergunta, levantando-se e fazendo poses. – Quero que me pinte sem roupa como a Rose de Titanic – fala sorrindo deitando-se no sofá novamente e fazendo mais poses.

- O que? – O rosto de Chichiri se torna mais vermelho ainda. Não estava acostumado a esse tipo de brincadeira e Hotohori as fazia de um jeito tão firme que para ele era como se estivesse falando sério.

Hotohori percebe o constrangimento de Chichiri e ri da cara que ele fazia, tentando entender o amigo.

- Ora, Chichiri! Era só brincadeira. – Fala sentando-se novamente esticando as pernas. – Além do mais, se me visse sem roupas nem conseguiria segurar um pincel... iria querer segurar outra coisa. – E deu uma gargalhada ao ver que Chichiri deixara cair o pincel no chão, deixando-o com mais uma mancha de tinta o chão que mais parecia um quadro impressionista de tantas cores. – Você é tão engraçado Chichiri...

- Eu não quero ser engraçado. – diz ele fazendo cara feia. – E pare de rires de mim! E pare de ficares sentando e levantando, está me dando agonia!

- Ora bolas! Não estou rindo de você. – diz Hotohori levantando-se novamente – Você é que não precisa me levar tão a sério. Agora você é quem está implicando comigo. Fique aí com suas tintas que eu vou assistir um pouco de TV.

Hotohori deixa o ateliê ainda rindo. Chichiri acompanha atentamente o som do riso dele, que é tão doce e delicado quanto sua voz. Sacode a cabeça tentando voltar a realidade. O que está acontecendo com ele? Não consegue deixar de pensar em Hotohori.

16 h: 42 min.

Hotohori deita-se na cama de Chichiri e liga a TV, com o controle remoto começa a passar rapidamente os canais, até que o controle cai de sua mão.

Parando justamente num canal de esportes, que está passando uma luta de kickboxing, ele reconhece imediatamente Tamahome Sanokino no canto da tela enquanto seu oponente era apresentado pelo juiz. Ele pula da cama e seu rosto fica a meio centímetro do aparelho de TV. Sofre por cada pancada que Tamahome leva e vibra a cada vez que ele acerta seu oponente. A luta acaba com Tamahome sendo o vencedor, a câmera focaliza bem o seu rosto e Hotohori abraça a Televisão enquanto lágrimas fluem por seu rosto.

- Tamahome, meu amor... por que está tão longe de mim? – pergunta para a TV.

- A quem dedica mais essa vitória Sanokino? – pergunta o repórter

- Essa é mais uma para minha irmã Nuriko... Ela é a pessoas mais importante em minha vida...

- E eu, Tamahome? E eu onde fico nessa história? Será que já me esqueceu? Será que está com alguém? Eu não sou importante para você? - Hotohori se encolhe ao pé da cama, abraçando os joelhos e soluçando baixo para não chamar a atenção de Chichiri. – Por que nunca fala de mim? Eu ainda te amo tanto, tanto...

Do lado de fora, Chichiri o observa chorar, não queria interferir, achava que não tinha o direito, mas ao ver Hotohori chorando daquele jeito, sozinho, indefeso, não agüentou e entrou no quarto. Tamahome ainda aparecia na televisão, em replays de seus melhores golpes e o momento de sua vitória.

- Então esse é o homem por quem tu tanto sofres? – Chichiri pergunta, dando um susto em Hotohori que não o viu entrar. Ele tenta enxugar as insistentes lágrimas e Chichiri desliga a televisão e lhe oferece um lenço. – Quer falar sobre isso agora?

Hotohori abraça o amigo chorando. Chichiri sem saber muito o que fazer o abraça devagar e afaga timidamente o cabelo de Hotohori. Por quase cinco minutos tudo o que Hotohori faz é chorar e soluçar no ombro de Chichiri, então o solta e sentasse na cama enxugando o rosto como lenço de Chichiri.

- Tamahome e eu namoramos por mais de dois anos. – Ele começou ainda soluçando. – Terminamos a menos de um ano e oito meses e deixamos de nos ver e nos falar totalmente. Mas por parte dele, que fugia de mim o tempo todo. Ele deixou de falar comigo e depois de uns quatro meses eu deixei de procura-lo também. As poucas informações que tinha sobre ele vinham através de Nuriko, o irmão/irmã dele... – ele deu de ombros, limpando as lágrimas. – A última vez que nos vimos foi a quatro meses antes de ele viajar para os Estados unidos, eu fui assistir a luta e depois fui atrás dele e tudo o que ele fez foi me olhar com desprezo.

- Acha que ele não gosta mais de tu? – Chichiri, perguntou sorrindo. – Talvez...

Hotohori o olhou indagativo.

- O que você quer dizer? Que Tamahome ainda pode gostar de mim?

- Talvez sim. – confirmou agora ficando mais serio. – Se ele não gostasse realmente, talvez ele te enfrentasse cara à cara... Por acaso ele já disse que deixou de gostar de tu?

Hotohori piscou o olho tentando processar as informações corretamente em sua cabeça, realmente Tamahome nunca lhe disse que deixara de ama-lo, só disse que não queria mais vê-lo. Podia ainda ter chance com ele.

Chichiri sorria ao ver que Hotohori fazia o mesmo, mas ao mesmo tempo seu coração se apertava, ao mesmo tempo em que sua amizade com Hotohori se fortalecia, sentia como se a distância entre ele e Hotohori também aumentasse. Ele alisou devagar o rosto do amigo que o abraçou ternamente.

- Obrigado Chichiri. – ele disse com carinho. – Você me faz sentir muito melhor.

Quinta feira. 24 de maio. 21 h: 40 min.

- O que? Na casa dos Nakarashi? – Hotohori perguntou caindo sentado no sofá.

Chichiri balançou a cabeça confirmando, também um pouco confuso.

- E por que lá?

- Parece que o dono do ateliê onde meus quadros ficarão expostos é algum tipo de parente ou amigo da familia Nakarashi, recebeu o convite e achou interessante que o Coquetel de Lançamento ocorresse na casa de umas das mais importantes famílias da cidade. – respondeu sério. - Se isso te incomoda tu não precisas ir.

- Mas é claro que eu vou. – Afirmou indignado. – Minha relação com Nakago não me abalou tanto assim. – Ele mordeu o lábio inferior. – Não falava muito com Nakago desde que terminaram, embora mantivessem um relacionamento bem formal quando por ventura se encontravam. Ele parecia estar indo muito bem com Nuriko e não queria se intrometer entre os dois. Não que ele sentisse mais alguma coisas por Nakago, mas temia que o outro mesmo depois de tantos anos ainda sentisse por ele, pois não sentia um naturalidade em Nakago quando se encontravam.

Chichiri sorriu para ele.

- Sabe que tua presença é muito importante para mim, não é mesmo? – ele disse meio tímido. – Ter alguém ao meu lado me ajudou muito e me deu muita inspiração...

- Que bom saber que eu te inspiro Chichiri – ele disse e sorriu malicioso. – Só espero que seja apenas inspiração artística...

Esse comentário fez Chichiri corar violentamente, por que Hotohori brincava com ele desse jeito? Hotohori debruçou-se na grande janela que dava para o quintal, a lua cheia brilhava no céu ofuscando o brilho das estrelas, ele achava a natureza impressionante e a Lua mais ainda, seu brilho que nem era realmente seu o hipnotizava, havia algo de sobrenatural ali.

Chichiri ficou o observando. Hotohori despertou nele algo que jamais esperava sentir por alguém, seu coração disparava e suas mãos suavam quando ele se aproximava, sabia ele serem isso sintomas de paixão e tentava esconder isso ao máximo possível, teria que deixa que sua paixão pelo amigo se tornasse apenas um amor platônico, não iria querer perder a sua amizade só por causa disso, ainda mais sabendo que o coração do jovem repórter já tinha dono.

Hotohori por sua vez gostava de provocar Chichiri, mas só porque o achava muito tímido e com isso queria faze-lo soltar-se mais, então fazia certas insinuações que o deixavam vermelho de vergonha, mas tomava cuidado para não ir longe demais e acabar o magoando e perdendo sua amizade para sempre.

Quando um besouro pulou para a janela, Hotohori soltou um grito e caiu para trás, corou muito quando viu que havia caído em entre as pernas de Chichiri, numa posição não muito confortável para ele que eram a apenas amigos. Chichiri também corou e virou o rosto para não ter que olhar para Hotohori. Ambos levantam ao mesmo tempo e Hotohori termina batendo a cabeça no queixo de Chichiri, fazendo-o cair de novo, ao ajuda-lo a levantar-se seus olhos e bocas ficam muito próximo de modo que um sentia claramente a respiração do outro.

- Bem e quando vai ser? – perguntou Hotohori desviando o rosto. Ainda estava corado, pensando que podia ter despertado em Chichiri algo mais do que uma simples amizade. Não que se sentia um conquistador de corações, mas depois de ter namorado dois homens lindos como Nakago e Tamahome seu ego ficou um tanto mais inflamado, contudo temia brincar com os sentimento de Chichiri.

Ainda desnorteado pela pancada e pela aproximação de Hotohori, Chichiri o olhou um pouco espantado.

- Quando vai ser o que? – retrucou, alisando o queixo.

- Como o que? – gritou Hotohori – O Coquetel?

- Ah! Em duas semanas. – respondeu desviando o olhar, lógico que Hotohori tentava fugir da situação embaraçosa em que ambos estiveram segundos atrás.

Ficaram calados por uns instantes e Hotohori olhando no relógio viu que já estava ficando um pouco tarde, despediu-se dele e foi embora.

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OI!

Capitulo dois chegando...

Espero que tenham almas vivas acompanhando a fic e continuo esperando comentários, criticas e reclamações, é sério mesmo...

Então, parte 2 no ar e clima rolando também... onde vai dar a amizade desses dois?

Então, beijinhos e até o capitulo 3.