Sexta-feira, 25 de maio. 19 h: 25 min.
Faltam 13 dias para o coquetel.
No dia seguinte estava parado no transito esticando a cabeça para fora do carro tentando entender o motivo daquele engarrafamento, seu carro estava parado na esquina, esperando a oportunidade de dobrar a esquerda em direção a sua casa.
Um barulho de vidro quebrando chamou a sua atenção e ele girou a cabeça para trás ligeiro, mas nada viu. Então ele gritou quando algo foi atirado pela janela do carona para dentro do seu carro. Precipitou-se rapidamente para fora, contudo só viu um rapaz correndo na direção contraria. Um homem saiu do carro arás do seu e foi em sua direção. Outras pessoas botavam suas cabeças curiosas para fora tentando saber o que estava acontecendo.
- Você esta bem? Não se feriu? – perguntou o estranho olhando do carro para Hotohori como se procurasse algum vestígio de sangue ou algum machucado.
Hotohori ainda meio aturdido respirava forte, quem poderia ter feito isso?
- Estou sim, obrigado! – respondeu sorrindo para o homem. Atrás dele o trânsito voltou a andar e os carros começavam a aumentar a velocidade tentando tirar o atraso do engarrafamento.
O homem assentiu e entrou em seu carro, Hotohori ficou mais uns instantes olhando na direção que o agressor fugira e neste instante o sinal abriu, dando passagem para os carros parados na esquina da rua. Hotohori entrou no carro e seguiu para casa, embora ainda estivesse muito preocupado.
Quando entrou no estacionamento do prédio onde agora morava, relembrou o incidente quando viu a buraco na janela de seu carro, quando abriu a porta e a luz foi acesa viu um pequeno volume quase debaixo do banco do carona. Abaixou-se e pegou, era uma pedra envolvida por um papel, desenrolou rapidamente quando viu que havia algo escrito:
"É melhor você ficar quieto em teu canto, se não quiser evitar problemas maiores do que um vidro quebrado."
Hotohori mordeu a unha, estava mais uma vez sendo ameaçado, mas se eles pensavam que isso o deteria, estavam mais uma vez muito enganados.
Subiu o elevador, estava preocupado, foi a primeira vez que era agredido fisicamente, deveria começar a temer por sua vida? O bilhete dizia claramente isso. Deu de ombros, avisaria o seu chefe do bilhete, se algo acontecesse saberiam que ele fora ameaçado.
Mas não consegui deitar-se, decidiu que faria isso logo, olhou para o relógio e viu que a edição do dia seguinte ainda não fora impressa. Ligou para o seu chefe, que o atendeu de muito mau-humor e pediu para que eles se encontrassem na redação do jornal.
- Espero que tenha um bom motivo pra me fazer sair do conforto de meus lençóis. – resmungou.
Hotohori pôs uma cópia e o original do bilhete em cima da mesa.
- Mas o que é isso? – perguntou franzindo o cenho.l
- Fui ameaçado de morte. – disse simplesmente. – Quero que publique isso na edição de amanhã. É bom que saibam que eu não tenho medo.
O Sr Fujiro Tanaka sorriu para Hotohori. Era bem ousado o garoto.
- Viu, chefe. Essa é uma prova de que eu não estou mentindo. – disse confiante. – Eles estão com medo.
Sábado, 26 de maio. 08 h: 18 min.
Faltam 12 dias para o coquetel.
Na manhã seguinte, o jornal O Diário, estampava na primeira página:
JORNALISTA AMEAÇADO. É TUDO VERDADE?
Depois de denunciar o empresário, Hiroko Tatsumata, por abuso de menores e prostituição de meninos menores de 14 anos, ontem à noite, o repórter Hotohori Kishomoto, foi agredido enquanto aguardava a abertura do sinal numa esquina da cidade. Uma pedra foi atirada contra seu carro juntamente com o bilhete que dizia: "É melhor você ficar quieto em teu canto, se não quiser evitar problemas maiores do que um vidro quebrado".
... ou o repórter tem muitos inimigos ou tem alguém muito preocupado em mantê-lo de boca fechada. Resta saber quem pagará o vidro quebrado.
Hotohori sabia que o pequeno jornal de circulação local não faria tanto estrago, mas como o caso era divulgado por toda a mídia, logo os telejornais, jornais on-line e de rádio divulgavam a nota e o bilhete, aumentando a polêmica em torno da culpa do empresário que jurava inocência.
15 h: 36 min.
Sentindo satisfeito consigo mesmo, Hotohori voltou para casa. Ao passar pela portaria, o porteiro lhe chamou para entregar um pacote que chegara a poucos instantes, despreocupado abriu ali mesmo e quase desmaiou o ver seu conteúdo: um língua espetada a um coração sangrava dentro da caixa térmica, ele tapou a boca para não vomitar. Certamente era mais um dos presentinhos das mesmas pessoas que atiraram a pedra.
- Quer que eu chame a policia, senhor Kishomoto? – perguntou o porteiro tampando a caixa com nojo.
- Não. Eu vou chamar a imprensa. – disse se recompondo. – Se eles pensam que vão me assustar com isso, verão a minha vingança.
- Eu vou jogar isso fora...
- Ficou louco? – gritou com o porteiro que se assustou e largou a caixa no chão. – Deixa, deixa ai onde estar.
Ligou para o jornal e fotos e mais fotos foram tiradas, a policia apareceu em seguida junto com a o resto da imprensa, todos os presentes, inclusive Hotohori tiveram que responder as perguntas da policia, que começava a se preocupar com o caso. Isso certamente eram ameaças de morte.
Mais tarde estava de novo pendurado no telefone falando com as vitimas do caso. A policia ainda não tomara o depoimento de todas, então ele mesmo faria isso. Correu até o guarda-roupa e de um fundo falso retirou uma caixinha dali, abriu e olhou aliviado que as fitas estivessem ali. Decidiu esconde-las num lugar mais seguro. O que garantia que seu apartamento não seria invadido? Beijou as fitas e saiu de casa.
Domingo, 27 de maio. 17 h: 12 min.
Faltam 11 dias para o coquetel.
- Tudo bem, Hotohori? – perguntou Chichiri. – Tu pareces preocupado.
Ele sorri para o amigo, mas não tenta esconder sua preocupação. Ele encosta a cabeça no banco do jardim da casa de Chichiri, o sol quando está se pondo faz com que algumas árvores pareçam estar ardendo com o fogo, ele achava isso uma bela paisagem e lembrava de já ter visto algo parecido num quadro do próprio Chichiri.
- Para dizer a verdade eu estou, Chichiri. Sinto que eu me meti em algo muito maior do que eu poderia imaginar. Com peixes muito, muito grandes.
- Do que estás falando? – Chichiri o olhava intrigado.
Hotohori suspira e fecha os olhos.
- È melhor deixar para lá. – ele responde devagar. – Melhor ninguém mais ficar sabendo disso... pelo menos ainda não.
---------------------------------------------------
OI!
Capitulo curtinho...
Clima esquentando. Hotohori descobre que está mexendo com peixe grande quando tem um pequeno prejuízo em seu carrinho. Ele não sabe onde isso vai parar, mas desistir, nunca.
Beijinhos
