Capítulo 5: Vidas Que Se Encontram
Quinta-feira, 31 de maio. 19 h: 35 min.
Uma semana para o coquetel.
Faltava uma semana pra o coquetel de Chichiri e Hotohori parecia estar mais nervoso do que ele próprio. Queria, porque queria que Chichiri fizesse uma grande surpresa para todos, revelando seu rosto na festa.
- Vai. Chichiri. – pedia ele ajoelhado na frente do pintor – por favor!
- De jeito nenhum, Hotohori. – retrucou. – Eu já disse que não farei isso.
- Então não vai arrumar nenhum gatinho. – Ele disse levantando-se e cruzando os braços.
Chichiri ficou vermelho.
- E quem lhe disse que eu estou procurando um "gatinho"? – Ele perguntou imitando o jeito de falar "gatinho" de Hotohori.
Mas Hotohori não se deu por vencido e voltou a se ajoelhar e enlaçar a mão como se estivesse rezando.
- Vai, Chichiri. Todo mundo precisa ver que rosto lindo você tem.
- Não tem nada de lindo. Em meu rosto, só essa cicatriz horrível. – replicou.
- Não seja bobo. – Hotohori mostrou a língua para ele. – Você é cego de um olho só então deveria enxergar-se melhor no espelho.
- Isso não foi engraçado. – ele disse como se estivesse aborrecido.
Chichiri sentia-se bem melhor quando estava perto de Hotohori, ficava imaginando se as outras pessoas reagiriam como ele se vissem sua cicatriz, com tanta naturalidade. Gostaria sim de poder respirar um pouco de ar de verdade e sentir no rosto o ar fresco dos lugares por onde passava. Gostaria de ir a praia sem ter que colocar a máscara correndo assim que sentia a aproximação de alguém.
Será que chamaria a atenção de rapazes, apenas por ser Chichiri, o homem e não Chichiri Yoshinaka, o artista? Seria atrativo apenas pela beleza que Hotohori diz que ele possui. Talvez conhecesse alguém mesmo, alguém que pudesse gostar dele de verdade e pra quem ele poderia entregar seu coração sem medo de ser feliz. Queria esquecer a paixão platônica que tinha por Hotohori, já que esse ainda tinha Tamahome fixo em sua cabeça, depois achava realmente que o amor entre eles não teria futuro, Hotohori precisava de alguém mais confiante do que ele.
- Me achas mesmo bonito? - ele perguntou de cabeça baixa.
Hotohori levantou a cabeça dele com a mão e suspendeu o pé para beija-lo no rosto.
- Já disse que sim. – respondeu sorrindo. – E se não fosse Tamahome eu namoraria você. Mas... – Hotohori mordeu a unha. – Se essa cicatriz lhe preocupa tanto, porque nunca fez uma cirurgia par atentar removê-la ou amenizá-la?
Chichiri senta-se na cama dando um longo suspiro.
- Medo. Tenho medo de ir para uma mesa cirúrgica e sair de lá pior do que entrei. – confessou. – Além do mais... esse é meu estigma, para lembrar-me sempre que eu sobrevivi e meus pais não, como se esse fosse o símbolo, a prova de que meus pais deram a vida por mim...
- Tive uma idéia! – grita Hotohori de repente. Chichiri falava tristemente e ele não queria vê-lo triste. – Você vai sem máscara sim, mas se não quiser mostrar o rosto todo, pode por um tapa-olho, o que acha?
Chichiri ri da idéia dele.
- Vais me vestir de pirata, é? – brinca ainda rindo.
- Tô falando sério! – diz Hotohori, fazendo cara de aborrecido. – Na faculdade eu tinha um professor que usava um olho de vidro e depois ele passou a usar um tapa-olho. No começo agente estranhou, mas depois nos acostumamos tanto que nem reparávamos mais no fato. Vai Chichiri, não má idéia!
Hotohori deitou-se na cama.
- Claro que vão estranhar logo, será a primeira vez que verão seu rosto. – disse sorrindo. - Mas será apenas isso.
- Até que essa não é uma idéia tão absurda. – Chichiri disse mais para si mesmo.
Sexta-feira, 1° de junho. 18: 32 min.
Faltam 6 dias para o coquetel
Hotohori entrou no Hospital, pensando em falar com um médico e sair dali o mais rápido possível, mas logo viu que isso não seria tão fácil.
- Oi gatinho, tá procurando alguém? – um rapaz chagou junto dele piscando um olho.
Ele virou o rosto, não daria trela a uma cantada tão idiota. O cara deu de ombros e saiu de perto dele, resmungando que o que ele tinha de bonito tinha de grosso. Hotohori se dirigiu à recepção. Chegando ali, a recepcionista atendia ao telefone e não parecia nem um pouco interessada nele, mostrou a palma da mão pedindo para ele esperar e virou-se de costas continuando sua conversa, visivelmente tentando conter sua animação.
Hotohori encostou-se ao balcão e suspirou, médicos andavam de um lado para o outro meio apressados e sem nenhuma vontade de conversar. Ele andava de um lado a outro tentando falar com eles, mas toda a resposta que recebia era "Agora não", "Falamos depois", "Procure-me amanhã, sim?". Ele parou e sentou-se num banco de espera, cansado. Um homem vestido de negro aproximou-se dele.
- Olá. – ele cumprimentou sorrindo. – Vi você correndo atrás de meus colegas. Algum problema, Sr. Kishomoto?
Hotohori olha estranhando, onde já vira aquele homem de cabelos curtos e negros e todo vestido de preto? Então um flash de sua vida alguns anos antes passou por sua mente. Naquele mesmo hospital, inconscientemente fora parar no mesmo hospital para onde Nakago fora levado quando apanhou a mando de seu pai. Mitsukake for o médico que o atendeu, o médico que o deixara tão perturbado daquela vez.
- Como sabe o que nome? – perguntou meio confuso.
Mitsukake sorriu.
- Você tem aparecido na imprensa com bastante freqüência, sabia?
Ele sorriu também meio envergonhado.
- Só estava procurando uma informação. Queria um cirurgião plástico.
O medico levantou as sombracelhas.
- Por que um garoto tão bonito como você gostaria de fazer uma cirurgia plástica?
Hotohori levantou-se apressado e corando tentava explicar.
- Não, não é pra mim... É para um amigo... Ele tem uma cicatriz no rosto e tem vergonha de mostrar-se para as outras pessoas com o medo de suas reações... mas ele também não queria vir procurar um médico... e eu vim por ele então..
- Ahm...
- É verdade!
- Não estou duvidando de você. – Mitsukake disse com o rosto sério. – Mas eu não sou cirurgião, mas posso te encaminhar até ele e você e seu amigo podem resolver.
O rosto de Hotohori se iluminou. Até que enfim alguém bom naquele hospital de loucos.
- Vai haver um coquetel de lançamento na casa dos Nakarashi e esse meu amigo e eu estaremos lá. – falou Mitsukake. – Acho que você também estará não? Leve seu amigo, um encontro informal será bem mais confortável.
"Então ele estará no coquetel? Perfeito!", pensou Hotohori, deveria apresentar Chichiri a eles antes que ele fosse apresentado para o público. Despediu-se do médico e saiu. Contaria logo as novidades à Chichiri.
20 h: 03 min.
- FIZESTES O QUE? – gritou Chichiri?
Hotohori nem se abalou.
- Calma, Chichiri, os médicos vão te conhecer antes de sabe quem realmente você realmente é.
- Acho que isso não vai dar certo...
- Vai sim. – disse beijando o rosto do amigo. – Te vejo na casa dos Nakarashi.
Quinta-feira, 7 de junho. 15 h.
O dia do coquetel.
Chichiri respirou fundo antes de sair do carro. Estava na garagem da casa dos Nakarashi. Era o dia de seu coquetel. O Sr. e a Sra. Nakarashi o aguardavam ao lado de fora do carro e finalmente ele tomou coragem para sair.
Olhar para outras pessoas sem sua máscara era como estar pelado em público. Levantou a cabeça e deu com o olhar de espanto do casal. Pensou em voltar para dentro do carro, mas a Sra. Nakarashi lhe sorriu amavelmente.
- Ah! Como você é bonito! – ela disse. – Ficamos honrados em ter escolhido nossa casa para sua recepção.
- Faço minha as palavras de minha esposa, senhor Yoshinaka.
Chichiri ruborizou, não vira nada demais nisso. Ficou aliviado sem saber direito o porquê, e lembrou que Hotohori disse sobre a primeira reação das pessoas quando o vissem sem a máscara. Compreendeu a reação dos Nakarashi quando o viram. Curvou-se ligeiramente para o casal.
- O prazer é todo meu, Sr. e Sra Nakarashi.
Os convidados começaram a chegar com o pôr do sol, Chichiri falara com o casal Nakarashi para manter sua identidade sem segredo, que ele iria ficar entre os convidados apenas como um deles e deixaria a revelação para mais tarde.
Em cinco minutos de caminhada pelos jardins recebera uma cantada de uma mulher que o deixara com o rosto pegando fogo e o fez sair correndo. Logo depois um cara tentou beijá-lo dizendo que ele ficara muito sexy com aquele tapa-olho.
Uma música suave e romântica começou a tocar e ele se encostou a um canto com medo de que alguém o convidasse para dançar.
Um homem alto, moreno, todo vestido de preto vinha em sua direção e ele tratou logo de desviar os olhos, ma o homem estendeu a mão para ele, que corou desesperado.
- Conceder-me-ia a honra dessa dança? – o homem perguntou curvando-se educadamente.
Chichiri congelou.
- E-eu não sei dançar... – mentiu.
- Então será que posso ficar aqui com você? – o homem perguntou sorrindo para ele.
Ainda corado ele fez que sim.
- Meu nome é Mitsukake. – ele disse estendendo a mão, quando Chichiri fez o mesmo para cumprimentá-lo Mitsukake beijou-lhe a mão, fazendo o pintor corar mais ainda.
Chichiri esticou a mão ligeiro surpreendendo Mitsukake que apenas sorriu.
- Se importa se eu não disser o meu nome? – ele perguntou. – Tenho certeza que saberás mais tarde.
- Você conhece o artista homenageado? – perguntou Mitsukake distraidamente.
- Sim. – respondeu tentando manter-se sério. Achava engraçado as pessoas olharem para ele e não saber de quem se tratava. – Conheço-o bem.
Mitsukake sorriu.
- Ao contrario de mim. – ele explicou meio envergonhado. – Vim por ser convidado pela familia Nakarashi...
Chichiri não quis continuar a conversa, mas não queria que Mitsukake se fosse, ele parecia ser uma pessoa bem agradável e uma companhia enquanto Hotohori não chegava não seria de todo o ruim. Uma música ainda mais romântica começou a tocar e ele caminhou devagar para a pista de dança.
- Pensei que não soubesse dançar... – comentou Mitsukake entendendo o que ele queria.
- Eu menti, me desculpe. – falou baixando os olhos, mas levantou a cabeça e sorriu.
Mitsukake caminhou até ele e segurou-lhe o queixo com uma mão e pôs a outra em sua cintura. Aproximou bastante o rosto do dele e tocou-lhe a boca levemente. Chichiri surpreendeu-se, mas deixou-se beijar e também beijou-o sem saber ao certo porque correspondia ao beijo daquele estranho.
Corou quando olhos nos olhos de Mitsukake, mas este sorriu para ele o arrastou para pista de dança. Por várias musicas ficaram a dançar, trocando olhares e aconchegos e selinho vez ou outra.
19 h: 55 min.
Hotohori evitou chegar muito cedo, afinal não estava ali como jornalista e sim como amigo do artista e também como amigo dos Nakarashi. Ainda sentia-se um pouco envergonhado com isso, depois de algumas confusões, as diferenças foram esquecidas e até mesmo Nakago perdoara o Sr. Kishomoto (o pai), pela surra que este lhe mandou dar. Parecia não haver mais ressentimentos entras as duas famílias.
Uma música leve fazia um belo pano de fundo para os casais que dançavam juntinhos na pista de dança. Uma imensa dor atravessou o coração de Hotohori quando ele lembrou de Tamahome e ele balançou a cabeça devagar enxugando uma lágrima dos olhos.
- Isso não é hora de começar a chorar, seu bobo. – disse para si mesmo. E foi em frente, procurar Chichiri.
Qual não foi sua surpresa quando viu Chichiri dançando na pista abraçado a outro homem, sua cabeça estava delicadamente deitada em no ombro deste, e teve que se segurar para não cair ao constatar que com quem ele dançava era o Dr. Mitsukake. Ficou a observá-los por algum tempo e deixou o queixo cair quando viu eles se beijarem.
Começou a aproximar-se, mas parou antes que o vissem. Não iria atrapalhar Chichiri, mas este levantou a cabeça e o viu e desvencilhando-se de Mitsukake o chamou.
Quando Hotohori se aproximou ele estava completamente corado e ele sorriu da vergonha do amigo. Olhou para Mitsukake e sorriu par aos dois.
- Vejo que vocês já se conheceram. – comentou tentando não ser indiscreto.
- Tu o conheces, Hotohori? – Chichiri pergunta sentindo-se mais ainda envergonhado.
- Ele é o médico de quem lhe falei. – Hotohori disse sorridente. – Mas vejo que o destino se encarregou de fazer vocês se encontrarem antes que eu o fizesse.
- Quer dize que é ele o amigo que você falou? – perguntou Mitsukake surpreso, então sorriu abraçou Chichiri pela cintura, dando um beijo em seu cabelo.
Hotohori percebera que o amigo estava muito envergonhado com aquela situação, aproximou-se e o abraçou, beijando-o na bochecha.
- Acho que hoje é seu dia de sorte, meu amigo! – sorriu.
Saiu logo depois deixando os dois a sós. Caminhou pelo jardim da casa e resolveu entrar e terminou parando na varanda da casa. Estava feliz por Chichiri e esperava sinceramente que ele e Mitsukake dessem certo juntos. No fundo tinha medo de ficar sozinho novamente, medo de que Chichiri fosse agora reservar o seu tempo para seu possível namorado e esquecesse dele. Mas se isso acontecesse nada poderia fazer. Só queria mesmo que Chichiri fosse feliz.
- Pensando na vida Hotohori? – Uma voz bem conhecida, mas que não ouvia já há algum tempo chegou-lhe aos ouvidos.
- Tasuki? – ele virou-se e deu de cara com o irmão de Nakago. Parecia bem mais velho, seu rosto estava mais bronzeado e os cabelos maiores, e três medalhas de ouro enfeitava-lhe o peito. – Gostou? – ele perguntou segurando as medalhas para demonstrá-las. Mamãe fez questão que eu usasse. - disse e riu de alguma coisa que só ele achou engraçado.
Hotohori ia se retirando, mas Tasuki o segurou pelo braço.
- Calma aí. Pra que tanta pressa? Continua não gostando de mim? Deixa tudo o que aconteceu para trás, Hotohori.
Tudo o que Hotohori fez foi olhar pra seu braço e suspirar. Realmente não fazia sentido continua a não gostando de Tasuki, ele nunca lhe fizera nada de verdade, e só piadinhas ditas há anos atrás não eram motivos para continuarem com a inimizade que existiam entre eles. Ele voltou para onde estava, apoiando-se mais uma vez na varanda da mansão. Observou por alguns segundos as pessoas lá embaixo, que conversavam e dançavam alegremente e voltou pra Tasuki.
- Tem razão. – disse estendendo a mão para que Tasuki apertasse. Por um instante pensou ter visto um brilho nos olhos de Tasuki, um brilho de contentamento, mas logo apagou isso de sua memória. – Faremos as pazes então?
Tasuki segurou a mão de Hotohori com cuidado. Estava mesmo muito feliz, ms não deixaria isso transparecer.
- E essas medalhas? – perguntou Hotohori apontando para o peito dele, não tinha assuntos em comum com Tasuki e também não estava muito a fim de puxar um papo, então a melhor maneira era fazer Tasuki falar e falar.
Seu intento foi conseguido, Tasuki começou a contar como conseguira suas medalhas, como pegara as melhores ondas e deixara os outros para trás e o mais importante como trouxera a taça do Campeonato Mundial de Surf do Havaí.
A mente de Hotohori vagava e ele tentava parecer interessado na conversa de Tasuki. Lembrara de que na época que Tasuki disse aos pais que iria se dedicar à carreira de surfista como os Nakarashi ficaram furiosos com o filho e depois que este trouxera a primeira medalha e um reconhecimento aceitaram ainda que contrariados a opção de vida do filho.
Suas vistas desceram e seu coração acelerou quando viu um moreno alto com traje a rigor e de cabelos presos atrás. Teve a impressão de que o homem lhe olhou e sorriu.
- Tamahome? – ele disse de repente tirando Tasuki de sua narração. – Desculpa Tasuki, conversaremos mais tarde. – e desceu correndo.
Tasuki engoliu em seco. Lembrou-se do nome que Hotohori gritara, sabia ser do namorado dele, mas não tinham terminado?
Hotohori olhava para todos os lugares a procura de seu amado Tamahome, quando pensava ser apenas uma alucinação viu o homem que lhe sorriu e riu de si mesmo. Nakago veio em sua direção de mãos dadas com o rapaz moreno, que ele imediatamente identificou como Nuriko.
- Que bom que veio, Hotohori! – disse Nakago lhe beijando no rosto, seguido por Nuriko que fez o mesmo.
- Mas por que esta me olhando com essa cara, Hotohori! – perguntou em seu tom alegre de sempre. - Ah! Já sei, está me achando parecido com Tamahome, não é verdade?
Hotohori fez que sim com a cabeça, estava aturdido demais para falar, como eles dois se pareciam, não costumava ver Nuriko vestido daquela forma e isto lhe deixou abalado. Pareciam-se demais ele e Tamahome.
- Acredita que Nakago quase me pediu para usar um vestido? – ele disse piscando o olho para o marido.
Nakago virou o rosto envergonhado. Era verdade, não gostava muito de seu cunhado e ver Nuriko tão parecido com ele dava-lhe arrepios.
- Não fique com essa cara, cunhadinho. – disse Nuriko o abraçando. Mesmo depois de seu irmão ter terminado o relacionamento com Hotohori continuava a chamá-lo de cunhadinho, sabia que isso deixava Hotohori um pouco mais contente. Era como se fosse a confirmação que ainda tinha uma chance com Tamahome. Ele e Nuriko não conversavam muito sobre isso, até porque nenhum dos dois tinha tempo, mas sempre que podia falavam-se por telefone, falavam sobre Tamahome, é claro.
Hotohori sorriu ao ouvir a palavra e retribui o abraço.
- Obrigado, Nuriko... Ah olha, Chichiri está me chamando, tenho que ir.
Passavam das três da manhã quando festa encerrou-se definitivamente. Hotohori despediu-se de Chichiri que saira com Mitsukake, que insistiu que eles fossem a uma outra festa, já que esse era seu dia de folga. O artista resistiu, mas acabou convencido pelo amigo a ir se divertir no meio de outras pessoas.
Quando pensou em ir embora, a senhora Nakarashi o impediu, dizendo que ele poderia amanhecer o dia ali. Sem ter como recusar, ficou.
Mitsukake não conseguia tirar o sorriso bobo da cara. Ficou entusiasmadíssimo por Hotohori ter conseguido convencer Chichiri a sair com ele.
- Para onde vamos, Mitsukake? – Chichiri perguntou timidamente. Não era costume seu sair assim com um cara que acabara de conhecer, mas não estava preocupado.
- Uma festa de uns amigos do hospital. – Mitsukake explicou. – É bem diferente dessas festas formais que você costuma freqüentar.
Chichiri ficou vermelho.
- Ficou aborrecido por eu não ter dito quem eu era da primeira vez? – ele perguntou.
Mitsukake sorriu para ele e deu-lhe um beijo na bochecha, que o fez corar mais ainda.
- Claro que não. – respondeu. – Talvez tenha sido melhor assim.
Chichiri estava na mais completa felicidade. O coquetel fora um sucesso e ele gostou muito de ver as caras que as pessoas faziam ao vê-lo sem a máscara, algumas pessoas conhecidas foram lhe indagar se ele era mesmo o Chichiri Yoshinaka. Mas a melhor parte foi mesmo os elogios que recebera de homens e mulheres dizendo como tinha um rosto bonito e alguns até mesmo lhe perguntaram na maior naturalidade como obtivera a cicatriz. Não que fosse de modo algum ficar convencido, pois sabia que tinha uma cicatriz feia, mas só pelo fato de as pessoas não lhe repudiar por isso já o fazia imensamente feliz.
Mitsukake fora o seu maior presente. Ficara angustiado quando olhou para ele ao subir ao pequeno palco de apresentação e viu a cara de surpresa que ele fazia. Chegou a pensar que ele ficara magoado, mas sua dúvida foi sanada a poucos instantes. Ficou batendo os dedos um no outro, estava nervoso e não queria ir para festa alguma. Abriu a boca diversas vezes para falar, mas sentia seu rosto arder e ficava quieto. Não era comum ficar tão tímido na frente de alguém, mas talvez fosse pelo fato de estar enfrentando alguém cara a cara, sem a máscara. Contudo finalmente tomou coragem e quando Mitsukake parou num sinal vermelho, tocou-lhe o braço devagar.
- Eu não quero ira para festa alguma. – ele disse baixinho. – Prefiro ficar só com você.
Mitsukake deu graças a Deus por estar parado, se não teria batido o carro. Sentiu um nó na garganta de tanto nervoso. Encarou Chichiri que estava com um sorriso bem malicioso no rosto e num impulso puxou-o para um beijo.
- Quero ficar só com você, Mitsukake. – Chichiri repetiu separando-se dele por um instante. – Você não quer ficar comigo? – Agora nem ele mesmo se reconhecia, como conseguira ser tão provocante?
Mitsukake beijou-lhe novamente e correu a boca por seu pescoço, beijando cada parte por que passava com voracidade. O sinal abriu, mas eles não perceberam, Mitsukake abriu os primeiros botões da camisa de Chichiri e alisou seu peito, então guiou a mão até sua calça.
Quando Chichiri tocou-lhe Mitsukake sentiu sua ereção aumentar mais ainda, mas eles foram distraídos por um motoqueiro que passou e buzinando pelas ruas desertas. Mitsukake então se deu conta de que ainda estavam no trânsito, no meio da rua. Sorriu sem graça para Chichiri que também desviou o olhar e fechou a camisa, ajeitando os botões.
- Tudo bem se formos para minha casa? – Mitsukake perguntou olhando para a frente.
Chichiri esticou o braço e tocou em seu membro ainda em ereção e beijou seu rosto. Mitsukake segurou bem o volante para não derrapar. Chichiri não conseguia se conter, Mitsukake lhe deixava com um fogo muito grande e ele começava a perder a noção de si mesmo. Só queria ele, ser possuído por aquele homem tão gostoso e que também lhe desejava.
- Vou para qualquer lugar. – ele sussurrou em seu ouvido.
Passaram pela orla e Chichiri ainda acariciava o corpo de Mitsukake.
- Para aqui... na praia. – pediu.
- Mas... – Mitsukake tentou contestar, mas ao ver o rosto vermelho de prazer de Chichiri, fez o que ele pediu, escolheu um lugar escondido para estacionar o carro e desceram.
Ele segurou Chichiri em seus braços e o colocou em cima do carro, fazendo ele abri as pernas e colocando-se entre elas. Terminou de tirar os botões de sua camisa e abriu seu zíper, beijando o peito branco de Chichiri, deixando-o excitado com os seus toques.
Chichiri abraçou Mitsukake e jogava a cabeça para trás delirando com os lábios de seu amante. Com uma das mãos apertava os dedos no cabelo dele e com a outra deixava pequenas marcas de unhas por suas costas. Levantou-se um pouco para que Mitsukake pudesse retirar sua calça e sua cueca foi junto. Ele mesmo retirou sua camisa e agora estava completamente nu no capo do carro.
Mitsukake olhou para o corpo de Chichiri e ele sentiu um frio na espinha. Será que Mitsukake o acharia feio e o rejeitaria? Mas não foi o que fez, Mitsukake retirou suas próprias roupas e avançou para Chichiri tomando-o nos braços novamente, fazendo o outro esquecer seus receios.
Chichiri sentiu o pênis ereto de Mitsukake tocar-lhe a entrada do ânus e ficou tenso de repente, mas seu amante lhe tomou os lábios num beijo ardente e começou a masturbar-lhe, fazendo movimentos rápidos e prazerosos.Quando Chichiri gozou, Mitsukake fez com que o líquido escorresse para seu ânus e massageou o lugar enfiando o dedo na abertura com delicadeza. Chichiri gemia e gritou de prazer ao sentir o membro de Mitsukake entrar em seu corpo.
Primeiros foram movimentos lentos, Mitsukake queria que Chichiri se acostumasse com ele em seu corpo e depois começou a aumentar os movimentos ao ver que ele também queria isso. As estocadas ficaram mais fortes e mais rápidas e ambos gemiam pondo todas as suas forças nesse ato carnal que lhes davam imenso prazer.
Chichiri gozou novamente, jorrando sêmem em seu corpo e no de Mitsukake, logo depois sentiu o líquido quente dentro de si. Abraçou com força o corpo de Mitsukake e afrouxou-o bem devagarinho a medida que o êxtase ia diminuindo.
Mitsukake saiu de dentro de Chichiri e abaixou-se para catar a roupa de ambos, colocou-as dentro do carro e foi até ele. Beijou-o e acariciou seu corpo mais um pouco e o carregou para dentro do carro.
- É melhor irmos antes que sejamos presos por atentado ao pudor. – ele disse beijando-o no pescoço.
Chichiri sorri maliciosamente e baixa a cabeça para entrar no carro. Mitsukake deita por cima dele no banco traseiro.- Eu não me importaria em ser preso com você. – disse sussurrando.
Mas Mitsukake parou com os beijos e saiu de cima dele, fechou a porta do carro, e Chichiri fez beicinho de aborrecido, ele olhou pelo retrovisor e riu amorosamente.
- Continuaremos em casa. – ele disse, vestindo a camisa, embora continuasse sem roupa embaixo. Engatou a marcha e saiu com o carro, piscando para Chichiri pelo retrovisor. Com muito mais segurança e conforto para nós dois.
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É possível esconder um sentimento por toda uma vida? Quais são os limites do amor e os limites para amar? Tasuki descobre isso tarde demais e mais uma coisa para abalar a vida de Hotohori.
Beijinhos para todos
Mandem-me comentários!
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