Capitulo 8: Gêmeos Diferentes
23 h: 18 min.
- Doutor, ele morrerá? – perguntou Nuriko chorando.
Mitsukake estava com o olhar distante e com um ar pesado, olhou para a pessoa que ele sabia ser um rapaz, mas que naquele momento usava uma bata e saia indianas, seus cabelos, apesar de estarem presos num rabo de cavalo no meio da cabeça, deixavam soltos fios e mais fios em seu lindo rosto tão delicado e feminino.
O acompanhava um homem loiro e alto, bem bonito, Mitsukake achava-o muito bonito desde a primeira vez que o vira, mesmo ele estando muito machucado. Eles faziam um belo casal.
- Não posso confirmar nada. Eu sinto muito. – disse finalmente. – Mas por favor, façam o que ele pediu, ele será transferido do hospital sobre outro nome e tudo indicará que Hotohori Kishomoto está morto. Eu só rezo para que isso não se torne verdade.
Nuriko abraçou Nakago e chorou baixinho em seu peito. O marido afagou sua cabeça e também o abraçou com forças. Sabia que Nuriko sofria pelo irmão e também por sua culpa, as imagens das últimas horas passavam por sua mente e ele via como sua preocupação com seu ex-namorado deixara o marido triste, não queria magoá-lo porque o amava... amava Nuriko de verdade, mas não podia fingir que o amor que sentiu por Hotohori durante tanto tempo tinha simplesmente evaporado.
- Nós faremos isso, doutor. – falou limpando as lágrimas de seu rosto. – Vamos para casa, meu amor, precisamos descansar. Até mais doutor.
- Mas o que estás dizendo? – perguntou Chichiri assustado.
- O que ouviu, Chichiri... Mas eu não pretendo fazer isso de verdade...
Chichiri sentou-se, o que Hotohori estava armando dessa vez? Ainda estava muito fraco e sua voz continuava apenas um sussurro e fazia pausas em pequenos intervalos de tempo e dava longos suspiros ou inspirava profundamente. O coração de Chichiri estava apertado, sentia muita dor ao ver o seu amigo daquele jeito, ele parecia estar sofrendo tanto...
- Chichiri... um deles é um traidor... um dos gêmeos está do lado deles e tentou me matar, eu vi... não sei qual dele, mas eu vi... Por favor, Chichiri, me escute... as fitas, as provas de tudo estão com você... está em seu quarto, dentro do mini-system de seu quarto... Se acontecer alguma coisa comigo, entregue à TV se tiver a garantia de que eles a divulgarão imediatamente, entendeu?
- Hotohori, eu... eu...
- Por favor, Chichiri... me prometa, me prometa... esse pode ser meu último desejo. – Fez uma pausa. – Eu vi um deles num restaurante e gravei a conversa escondido... mas não sei qual deles foi... por isso, me prometa...
Mais uma pausa e ele fechou os olhos, estava muito cansado, mas não poderia dormir sem contar o que pretendia a Chichiri.
- As fitas que eu entreguei a Amiboshi eram apenas uma cópia da conversa... se for ele ali, e sabendo que eu não estou morto de verdade voltará para me matar... mas eu não ficarei esperando isso... me prometa Chichiri, me prometa...
Os olhos de Chichiri estavam cheios de lágrimas, só de pensar na morte de Hotohori ficava horrorizado, não, não queria pensar sobre isso, mas não podia negar um desejo do amigo nesse estado, apertou os olhos e encostou as palmas das mãos como se orasse.
- Eu prometo.
Recebeu um sorriso de Hotohori em troca e este logo adormeceu.
Sexta-feira, 14 de junho. 02 h: 15 min.
Nem os pais de Hotohori ficaram sabendo do plano de seu único filho e ficaram desesperados quando lhes chegou a noticia de sua falsa morte, que seguindo os desejos de Hotohori foi divulgada no mesmo momento em que ele era transferido sob um falso nome, há menos de uma hora atrás.
Nuriko e Mitsukake foram diretamente para casa e não quiseram falar com ninguém. Passavam das duas da manhã quando o telefone tocou. Nuriko sabia quem era, ele e Nakago estavam acordados, sentados na sala, olhando um para o outro.
O telefone já tocava insistentemente e mais de cinco minutos e quando Nakago fez menção de atender, Nuriko o impediu, respirou fundo e atendeu ao telefone.
- Nuriko?... – a voz de Tamahome soava fraca e desesperada.
- ...
- É verdade? É verdade o que estão dizendo no noticiário japonês?
- ...
- Por favor, Nuriko...
Nuriko respirou fundo novamente, apertou os olhos e mordeu o lábio inferior.
- Sim... é verdade Tamahome.
Tudo o que ouviu em resposta foi o choro desesperado do irmão do outro lado da linha, queira estar a seu lado para confortá-lo ou dizer ali mesmo que era tudo mentira, que Hotohori estava vivo... mas prometera não contar nada sobre o plano, além do mais do jeito que vira Hotohori da ultima vez, não tinha certeza que ele continuaria vivo realmente.
- Sinto muito, maninho... – desligou o telefone, sem saber se o irmão estava ou não ouvindo.
03 h: 15 min.
Amiboshi segurava as fitas que Mitsukake lhe entregara a mando de Hotohori. Ainda não as entregara a imprensa, pensava se ouvia ou não seu conteúdo. A quem ela incriminava? Será que era gente tão importante para quererem Hotohori morto?
Ela abriu as mão e olhou bem para as pequenas fitas, correu para a cômoda e pegou seu gravador e jogou-se na cama... mas ainda não as pôs no gravador. Pensou em Hotohori, o médico não dissera para que Hospital ele fora mandado, dizendo ser por medida de segurança, mas que diabos, acharam que ele poderia trair Hotohori?
Finalmente decidiu-se e pôs a primeira fita no gravador. Não havia nada, ele passou e repassou a fita, mas realmente não havia nada. Ficou revoltado. Era algum tipo de brincadeira? Pegou a outra fita.
Se essa também não tiver nada eu quebrarei a cara daquele doutor! – jurou a si mesmo.
Mas assim que a fita começou a rodar ele ouviu uma voz conhecida, seu irmão Suboshi. Ele falava com outro e sobre o trafico e abuso de crianças e... sobre a morte de Hotohori. Ele planejara tudo, inclusive sua chegava, mas o plano era encontrá-lo morto... atropelado pelo Sedan.
- Aquele maldito...
Amiboshi olhou para trás. Seu irmão estava encostado na porta com um sorriso maligno no rosto, que fez Amiboshi senti um frio na espinha.
- O que você fez?
Suboshi se aproximou e ajoelhou-se na cama em frente ao irmão, acariciou seu rosto delicadamente.
- Eu sei que você estava apaixonado por ele. – disse Suboshi, ainda alisando o rosto do irmão. – Mas Hotohori está condenado a morte. Mas se me der essas fitas e ficar a meu lado, poderá ter os homens que quiser, meu irmão.
Amiboshi fechou os olhos sentindo as caricias do irmão.
- E se eu não quiser? – perguntou e recebeu em resposta um tapa tão forte que o fez cair deitado no colchão.
- Serei obrigado a me livrar de você, meu irmão.
- Suboshi!... Por quê?
- Ora... Acha que eu iria viver para sempre com o salário miserável que ganho na policia! – gritou levantando-se da cama. – É claro que não! Eles vieram até mim e me deram em apenas um dia o que eu consegui em meses. Como você acha que eu sustento essa casa? Com o meu misero salário e com a piada que é o seu? Não, maninho. Dinheiro, tudo é uma questão de dinheiro.
Amiboshi segurava o rosto no lugar que recebera o tapa. Estava assustado com as atitudes de seu irmão. Não parecia se seu maninho, tão calmo e sempre cuidadoso com seu irmão gêmeo, xingava-o e até batera nele. Tentava engolir o choro, não chorar alto na frente dele, pela dor física e mais ainda pela emocional, mas as lágrimas corriam desesperadamente por seu rosto dolorido... seu irmão se transformara em um monstro.
- Levante-se. – ordenou Suboshi, apontando a arma para o irmão gêmeo. – Vamos embora... dar uma voltinha por aí.
- O que vai fazer, Suboshi? – Amiboshi perguntou assustado.
- Faça o que eu mando.
Engolindo em seco, Amiboshi obedeceu, eles passaram por um vizinho, mas Suboshi abraçou o irmão escondendo a arma por dentro de sua camisa, o vizinho os cumprimentou e nada percebeu. Desceram e Suboshi obrigou o gêmeo a dirigir, dando-lhe instruções para onde ir.
Suboshi não tirava os olho do irmão e quanto mais perto de seu destino mais seu coração se apartava. Teria que fazer algo a respeito, não era só sua vida e carreira que estavam em jogo, muita, mas muita gente importante também estava metida nessa história, não permitiria que ela fosse vazada assim.
- Não quer mesmo mudar de idéia maninho? – ele perguntou suavemente, levantando a mão para tocar o roto do irmão.
Amiboshi se afastou e ele recuou magoado.
- Não farei parte de suas sujeiras, Suboshi. – respondeu com segurança. – Prefiro morrer.
- Então eu não tenho outra opção, Amiboshi. – falou resignado. – Será como você quer.
Estacionaram numa rua deserta ás duas e cinqüenta da manhã e seguiram para um beco, sempre Suboshi seguindo atrás de Amiboshi com o revolver em suas costas. Amiboshi não queira acreditar que o irmão estava levando-o para a morte e que ele próprio a executaria, mas tudo indicava que era isso que estava acontecendo.
- Suboshi... você vai me matar?
Suboshi deu um riso triste.
- Você não deveria saber de certas coisas, maninho. – ele disse lentamente e colocou a arma na nuca do irmão. – Eu sei que Hotohori não está morto. Mas não se preocupe, já estão cuidando disso. – Ele calou-se e respirou fundo. – Mas se você ficar a meu lado tudo pode ser diferente...
- Não posso. – cortou o irmão. – Você participou daquelas coisas... com aquelas crianças...
Suboshi respirou fundo e disparou... silenciando o outro gêmeo. Fechou os olhos ao ouvir o barulho que o corpo pesado fez ao cair no chão. Abaixou-se e verificou o pulso e o pescoço. Morto. Seus olhos encheram-se de lágrimas e uma caiu de seu olhos, depositou um beijo na bochecha do cadáver do irmão e foi embora, sabendo que estava deixando uma parte de si mesmo para trás.
Continua...
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Penúltimo capitulo dessa minha fic. Como o titulo já diz, essa é a parte em que quase todos os ii encontram seus pingos. Tragédias estão prestes a acontecer e vidas prestes a serem salvas.
Brigadão pra quem já leu até aqui e agüentem firmes, já esta acabando.
