Capitulo 10: Enfim O Final Feliz

19 h: 45 min.

Mitsukake tentava com muita dificuldade se manter acordado, sabia que se dormisse correria o risco de ser devorado por ratos ou nunca mais acordar. Perguntou-se o porque de tanta demora para a ambulância chegar e ouviu uma sirene ao longe.

Olhou para o céu escuro, conseguira abrir a tampa da lata de lixo para que pudesse descrever o lugar que estava para seu interlocutor, um enfermeiro do hospital e aguardava impacientemente sua chegada. O celular tocou e ele disse que deveriam estar perto, pois já ouvia a sirene.

Mais dez minutos de espera e foi resgatado e levado para o mesmo hospital em que trabalhava. Logo estava inconsciente na sala de operações.

20 h: 17 min.

Chichiri aguardava ser interrogado quando seu celular tocou. O enfermeiro que encentrara Mitsukake ligara para ele, a pedido do próprio. O policial que estava com ele na sala, correu para acudi-lo quando viu seu rosto empalidecer. Correu para dar a noticia à Hotohori mesmo sob os protestos do policial e teve permissão para ir ao hospital ver Mitsukake. Mais tarde Hotohori estava com o amigo no hospital e foi informado que Mitsukake estava bem, apesar de ter perdido muito sangue a bala não havia atingido nenhum órgão vital..

Hotohori ficou muito feliz quando ouviu, mais tarde, Mitsukake perguntar a Chichiri se este queria ser o seu namorado e o pintor aceitou, e não quis de jeito algum sair do hospital enquanto o namorado não se recuperasse.

Já havia passados três dias desde que a fita foi exposta na TV. Desde então, os homens citados na fita foram presos, ou estavam soltou por hábeas corpus ou mesmo foragidos.

Os pais de Hotohori deram-lhe uma grande bronca por ele te fingido estar morto e deixar que eles sofressem por sua morte e depois contratarem os melhores advogados que consegui que ele, Mitsukake e Chichiri não respondesse a processo criminal por ter mentido sobre dois óbitos e um deles duas vezes.

No sábado, ele ainda estava no hospital quando viu Nuriko correr em sua direção com Nakago em seu encalço. Nuriko parou ofegante em sua frente e lhe deu um tapa no rosto que o fez ficar sem reação.

- Você acha que tem o direito de brincar assim com as pessoas, seu desgraçado! – ela disse quase gritando. – Sabe o quanto Tamahome sofreu por pensar que você tinha morrido?

Seu coração disparou quando ela falou sobre Tamahome. Então Tamahome ficara triste com sua falsa morte? Será mesmo que, como Chichiri havia dito, Tamahome ainda gostava dele? Hotohori baixou a cabeça, Nuriko tinha razão, mas tudo o que fizera era para proteger a sua própria vida e a vida daqueles à quem amava.

- Tamahome... ele não tem o direito de sofrer por mim.

Nuriko levantou o braço para lhe dar outro tapa, mas Hotohori a segurou com força.

- Como pode dizer isso! – Nuriko já estava gritando. – Vocês dois são dois cabeças duras! Não entendo isso. Eu sei que vocês se amam. Hotohori...

- Por favor, será que vocês podem parar de gritar! – reclamou uma enfermeira.

Nuriko baixou os olhos envergonhada, assim como Hotohori. Nakago também ficou envergonhado mesmo sem que a mulher não tenha reclamado com ele.

- Hotohori... se eu disser onde Tamahome está nos EUA, você iria atrás dele? – Nuriko perguntou ainda de cabeça baixa.

Hotohori sussurrou um sim e Nuriko levantou a cabeça sorrindo. Nakago também sorriu, afinal a idéia fora dele.

Segunda-feira, 25 de junho. 07 h: 28 min.

Hotohori estava apreensivo, Nuriko lhe dera o endereço de Tamahome nos Estados Unidos e também Chichiri o aconselhara a procurar o ex-namorado, mas tinha muito medo de que Tamahome fosse insensível ao ponto de não recebe-lo quando chegasse.

Olhou para o relógio, marcava 7:30 seu vôo partiria às 8: 15.

Segunda-feira, 25 de junho. 06 h: 40 min.

A secretaria eletrônica ainda não terminara de falar quando Nuriko saiu de casa correndo. Nem avisou a Nakago para onde iria, mas se não corresse, seus planos e do marido iriam por água à baixo, ou melhor, vôo à cima.

Teria que impedir Hotohori de embarcar no avião e desceu correndo as escadas, com sua saia esvoaçando e quase se prendendo na grade de proteção, rezava para que o transito não estivesse engarrafado.

07 h: 48 min.

A voz que ecoava pelo aeroporto avisara que houvera um atraso no embarque para o próximo vôo com destino aos Estados Unidos. Hotohori ficou furioso quando viu que o vôo era o seu, isso só prestava para retardar mais ainda seu encontro com Tamahome.

Ficou andando de um lado a outro impaciente quando ouviu anunciar a chegada de um vôo vindo dos Estados Unidos da América e instintivamente olhou para o portão de desembarque como se esperasse ver alguém.

Seu coração quase pulou do peito quando viu a pessoa que mais queria encontrar no mundo. Um jovem alto e moreno passava por entre os outros passageiros devagar, procurando por alguém no meio de toda aquela multidão.

Tamahome procurava pela irmã e fez uma cara de contrariado quando não a encontrou. Depois de tanto tempo afastados "sua querida irmã" nem mesmo viera encontrá-lo! Seus olhos pararam num rapaz de longos cabelos negros e soltos parado a pouco mais de quatro metros de si, este tinha os olhos cheios de lágrimas o que fez seu coração se apertar.

Engoliu em seco para impedir que as sua lágrimas também descessem e devagar aproximou-se dele, tentando manter-se frio e desinteressado. Queria gritar com ele e dizer-lhe o quanto fora egoísta quando fingiu estar morto. Xingá-lo por fazê-lo sofrer por sua falsa morte... queria... queria... Queria abraçá-lo, beijá-lo... o amar.

Hotohori estava preso ao chão, suas pernas tremiam e suas lágrimas rolavam sozinhas, embora ele não emitisse nenhum som. Viu Tamahome aproximasse e segurou-se para não desmaiar de emoção e estragar tudo. Sim, agora tinha certeza de que era Tamahome, podia ver seu rosto que tentava manter sério e sentir o seu perfume, que invadia suas narinas mesmo no meio de tanta gente.

- Olá! Está de viagem, Hotohori? – Tamahome perguntou devagar, apontando com a cabeça a valise que o outro carregava.

Hotohori sorri atrás da cortina de lágrimas e olha para as malas dele.

- Estava. Mas agora acho que não estou mais.

Tamahome molha os lábios com a língua e sente seu coração disparar. Será que Hotohori pretendia ir atrás dele? Seu coração amolecia diante da imagem do ex-namorado tão frágil, tão desprotegido no meio de tantas lágrimas. Como queria abraçá-lo, sabia que Hotohori ainda o amava pois ele é quem vivia o afastando, e fora para vê-lo que voltara para seu pais afinal, mas agora que estava diante dele, todas as coisas que viveram juntos e todos os motivos que o levaram a terminar o namoro vinha-lhe a mente. Será que agora seria diferente?

Hotohori estava parado olhando para eles bem dentro de seus olhos, não conseguia dizer nada, só espera pela reação dele.

- Eu estou de volta, Hotohori. – Tamahome finalmente falou, a calma em sua voz chega a uma quase inexpressividade, mas ele levanta a mão para tocar no rosto de seu amado. – De volta para você... Você ainda me quer de volta?

Hotohori fecha os olhos sentindo a mão de Tamahome acariciar seu rosto. Queria que o mundo parasse naquele exato instante. Ele apertou os dedos nas mãos e se jogou nos braços de Tamahome, quase o derrubando no chão e chorando alto, embora seu choro fosse abafado pelo peito de Tamahome.

- T-Tamahome... eu te-te amo t-tanto. – soluçava desesperado. – Nunca, nunca mais me deixe! Nunca mais...

Tamahome o abraçou com toda sua força e beijou a cabeça dele.

- Eu prometo que nada nesse mundo vai nos separar novamente, meu amor. – ele disse deixando as lágrimas correrem por seu rosto agora. – Eu te juro que nunca mais vou deixá-lo.

Os dois olharam-se e o beijo tão esperado aconteceu. Foi como se se beijassem pela primeira vez e ao mesmo tempo como se fizesse uma eternidade que acontecera seu último beijo. Hotohori sentiu a língua quente de Tamahome explorar cada cantinho de sua boca, enroscando-se na sua, fundirem-se, tornarem-se uma só. Seus corpos unidos, tocando-se, um sentindo o coração do outro tentar arrebentar o peito e chocar-se contra seus corpos grudados.

Gritos de "uhuu", assovios e palavrões eram ouvidos no meio da multidão que naquele horário entupiam o saguão do aeroporto. Os dois não deram nenhuma importância aquilo, era come se estivessem sozinhos ali, num espaço vazio onde o tempo não existia.

Sentiram tanta falta um do outro que com a emoção do reencontro as lágrimas continuavam a rolar por seus rostos.

- Eu te amo tanto, Hotohori. Eu te amo muito, meu amor. – disse Tamahome ao pé do ouvido de Hotohori que continuava grudado em seu pescoço.

- E eu te amo mais do que tudo nessa vida, meu amor, meu Tamahome. Não me deixe nunca mais. – respondeu Hotohori, preso no abraço cheio de amor e desespero de Tamahome. E se beijaram mais uma vez.

07 h: 55 min.

Nuriko correu desesperada pelo saguão do aeroporto e só respirou quando viu no painel que o vôo havia se atrasado, Procurava loucamente por Hotohori quando ouviu gritinhos e várias pessoas se aglomerando. Ela pediu licença e quase soltou uma exclamação de felicidade quando viu o irmão e o namorado abraçados e se beijando. Depois de um tempinho resolveu interferir.

- Ham, ham...- ela disse, chamando a atenção dos pombinhos. – Acho que poderiam fazer isso em local mais reservado.

- Oi, maninha! – Tamahome soltou um dos braços que envolviam Hotohori e abraçou a irmã. – Pensei que tinha esquecido seu irmão. – disse beijando-lhe a testa.

Hotohori era só sorriso. Todo o seu sofrimento estava acabado. Estava de volta aos braços do homem que amava e nunca mais iria deixa-lo escapar.

Saíram do aeroporto de mãos dados, ignorando os diversos olhares que lhes eram lançados. Nuriko ia à frente e praticamente saltitava de felicidade. Nem precisou que Hotohori viajasse, o destino encarregou-se de juntar aquele casal que nasceu para ser feliz.

FIM

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Bem... eu não pretendia exatamente fazer a continuação de Complexos Desencontros, mas uma históira envolvendo os outros personagens da primeira fase de FY, mas acho que termineir centrando outra vez no Hotohori, eu acho...

Bem, se alguém quiser dar um opinião, tô agradecendo...

Bjinhos!