Capítulo 7 – Passeios, sobremesas e brigas

O almoço foi tudo, menos tranqüilo. Tyson comeu até não poder mais, e mais de um ali achou que ele ia explodir, ou fazer voltar metade sobre a mesa. Suki tratava de dar de comer a Kai, e ele se esquivava como um menininho de 3 anos que não quer comer, enquanto ao mesmo tempo se esquivava às tentativas dela de limpar os triângulos azuis pintados no rosto do garoto. Os outros que estavam à mesa não sabiam se riam, se se espantavam ou vomitavam (esse último cabia somente a Tyson). O único que parecia seguro de como reagir era Aki, que mantia um sorriso muito mal dissimulado ante as tentativas de Suki, e a comilança de Tyson não o ajudava a recompor-se. Ele só havia visto porcos com piores modos à mesa.

Ao fim, tão peculiar almoço terminou com chave do ouro: um sonoro arroto de Tyson, que deixou Suki pasma. Até aquele momento ela não lhe havia dispensado atenção, por estar muito ocupada chamando a atenção de Kai. Mas tal mostra de "cultura" chamou-lhe a atenção.

— Kai – lhe disse num sussurro para que ninguém ouvisse – Onde achou tão "refinado" amigo? Um chiqueiro?

— Nem pergunte, Asuka, nem pergunte. – murmurou Kai. – E me deixa em paz.

Suki acabava de enfiar uma colherada de comida em sua boca, conseguindo assim tempo suficiente para os triângulos, até já começara a limpar um. Kai lutava para tirar a colher da boca, e Suki de cima dele. Quando conseguiu, se levantou sem dizer palavra, e se dirigiu ao banheiro mais próximo, para voltar a pintar o rosto, suponho. Suki o seguiu fazendo um pequeno escarcéu e quando ambos saíram, Tyson teve campo livre para rir até cair da cadeira.

— Nunca imaginei uma garota como ela se aproximar nem sequer a 200 metros de Kai – disse entre risadas – Muito menos que seria sua prometida.

— Isso não é muito legal de se dizer, Tyson. – repreendeu Kenny

— Eu se fosse você, Tyson, me acalmaria – advertiu Aki – O último que riu de Kai por esse motivo, teve que pagar um grande dinheiro ao dentista para ter os dentes de volta. Mesmo Suki provocando Kai, no fundo, ele a quer, creio eu.

— Diga-me, Aki, por que ela é a prometida de Kai, e não sua? – perguntou Max – Não é por nada, mas ela tem uma personalidade mais parecida com a sua, e não com a de Kai.

— Muito bem observado. – ele respondeu com um sorriso – Primeiro, os opostos se atraem. Segundo, Kai é mais velho que eu.

— Mais velho? Não eram gêmeos? – foi a pergunta geral

— Por 5 minutos.

— Com razão. – disse Ray

Kai voltou arrastado por Suki, que queria averiguar se o resto dos Bladebreakers eram tão mal-educados quando Tyson e se poderiam ser uma má influência para seu precioso e divino Kai.

Aki propôs, "muito inocentemente", que fossem dar um passeio pelos jardins para ajudar a digestão. A todos pareceu uma boa idéia, menos para Kai, claro, que estava farto de estar com eles. Mas como não pôde escapar do laço de Suki, se viu novamente obrigado a acompanhá-los.

Saíram pelas portas de vidro do salão principal que davam para o terraço, e de lá para os jardins de trás. Os Bladebreakers estavam assombrados. Já haviam visto os jardins na hora do café-da-manhã, mas não prestaram grande atenção dele. Agora podiam apreciar o jardim de estilo combinado francês e inglês, muito frondoso e elegantemente retilíneo, com vários detalhes aquáticos, como fontes.

Mas estavam mais assombrados com o espetáculo frente a eles: Suki ia à frente do grupo, montada de cavalinho nas costas de Kai, que não estava muito feliz, e dava cotovelas nas costas de Tyson para tentar acalmar as sonoras risadas que tentavam escapar.

O passeio durou algumas horas, e lhes deu tempo de observar todos os detalhes dos arredores da mansão, não só os jardins, fontes e laguinhos, como o jardim dos fundos, onde estava a piscina, a quadra de tênis e a garagem com todos os carros.

Voltaram para a casa, para descansar um pouco. Suki desceu dos ombros de Kai, e este aproveitou que estava livre do peso para fazer uma rápida desaparição. No momento em que ela viu que o havia perdido novamente, saiu para ver se o encontrava, deixando os Bladebreakers sozinhos com Aki.

— Ela me parece simpática – disse Max

— Sim, a maioria das pessoas gosta bastante de Suki – assegurou Aki

— Suponho que Kai não está nessa maioria – exclamou Kenny

— Kai a protege, mas não vou negar que, se está louco por ela, é no mal sentido, se é que me entendem. O vovô não está exatamente feliz em relação à noiva que escolheu para Kai. Se a aceita é porque prometeu

— Nossa... esses casamentos arranjados são um problema. – disse Ray.

— Sim, sobretudo quando não se tem nem idéia de como é a pessoa com que se casa. – disse Aki – Kai e Suki convivem bastante para estarem seguros de que não vão ter surpresas desagradáveis quando chegar o momento do matrimônio. Mas eu acho que Kai preferiria que fosse eu a casar com ela, afinal, sempre conspiramos contra essa união.

Nesse instante, Suki entrou novamente. Percebe-se que tinha encontrado Kai, pois o trazia arrastado.

— Já que estamos todos aqui, se quiserem podemos ir ao salão para tomar chá.

— SIIIIM! – foi a entusiasmada exclamação de Tyson

Todos se encaminharam ao salão principal, onde estava sendo servido o chá, e se acomodaram nas poltronas de frente para a janela. Kai não estava muito feliz, já que faltava pouco para Suki sentar-se em seu colo e lhe dar de comer como a um bebê.

Tyson, novamente, estava devorando tudo o que havia em sua frente. Isso foi a gota d'água para Suki. Poderia permitir aquela atitude no almoço, mas nunca no chá. Com um movimento rápido, fez o que Kai e Aki esperavam que ela fizesse desde a hora do almoço: pegou uma colher e bateu fortemente com ela na cabeça de Tyson.

— Tem que ter modos à mesa, certo? – lhe dirigiu um olhar ameaçador, fazendo Tyson parar na hora.

— Ok, ok. – ele respondeu, tentando manter a calma ante o olhar feroz que aparecia nos olhos da jovem.

Aki e os outros não tiveram mais que esconder as risadas, e Kai estava sério como sempre, a não ser por um pequeno sorriso que começava a se desenhar em seu rosto, mas que desapareceu tão rápido quanto veio, para fazer a pergunta que o atormentava desde o momento que ouviu a voz de Suki no almoço.

— Asuka?

— Me chame de Suki.

— Suki. – ele disse com um suspiro.

— Sim, Kai?

— Que diabos você está fazendo aqui, e quando vai embora?

Os Bladebreakers se assustaram com o tom de voz usado por Kai com sua própria noiva prometida, e Max já ia recriminá-lo pelo comportamento, quando se espantou ainda mais com a resposta de Suki.

— Kai, Kai... bobinho! – disse a menina entre risadas – estou aqui porque seu irmão me convidou a ficar aqui alguns dias, para conhecer seus amigos. Vou embora depois de amanhã.

— Você só pode estar brincando. – a expressão de Kai dizia algo como "por que sempre eu?"

Enquanto Suki continuava a rir, Kai tomou alguns minutos para se tranqüilizar e dirigir um olhar mortal em direção a seu irmão. Aki, sentindo a força do olhar do outro, decidiu que era melhor dar um tempo das provocações de Suki, e deixar que os Bladebreakers a conheçam melhor.

— Kai, por que não me acompanha para pegar mais sanduíches?

— De acordo. – ele disse o mais tranqüilo possível, mas se notava um certo alívio escondido em sua voz.

Os Bladebreakers, agora sozinhos com Suki, se sentiam um pouco incomodados. O silêncio reinou por vários minutos. Ray foi o primeiro a quebrá-lo.

— Diga-me, Suki, não é algo incômodo estar comprometida com Kai?

— Na verdade – ela confidenciou – muitas vezes é sim.

— Como é isso? – perguntou Max interessado – Parece que você aceita sem problemas toda aquela arrogância dele.

— Eu aceito porque sei que esse casamento é mais incômodo para ele, que tem que cumprir pela honra de sua família e eu não facilito me comportando tão... alegremente. Mas eu sei que bem lá no fundo ele é muito mais simpático do que aparenta ser, é só questão de chegar adequadamente.

— Pois deve ser muuuito no fundo. – disse Tyson, petulante

— Repita isso! – Suki se enraiveceu

— Não, eu só queria dizer que... ah... – o menino estava cercado pelos amedrontadores olhares de Suki. Para sua sorte, nesse momento Kai e Aki entraram com mais bandejas de sanduíches.

O chá continuou como o esperado. Suki se esqueceu de Tyson para dedicar-se inteiramente a Kai e os outros puderam descansar tranquilamente, pelo menos por um tempo.

----------------------------------

N/T: Oioi, gente! Eu sei, eu sei, faz muuuuuito tempo que eu não atualizo e nem todas as desculpas do mundo seriam suficientes para encobrir essa mancada. Mas sabe o que foi? Meu computador passou por um tempo difícil, em que eu perdia todos os meus arquivos de dois em dois meses. E aí eu desanimava a voltar traduzir, tendo que refazer tudo de novo, e de novo. Eu sei que é uma desculpa furada, mas... é o melhor que eu tenho. Prometo que daqui pra frente não vai demorar tanto. E para aqueles que me perguntaram, sim, eu vou traduzir essa fic inteirinha, todos os 13 capítulos dela, e talvez a continuação. Mas quanto a essa última não prometo nada.

Agradeço de todo o coração àqueles que deixaram review, pq se não fosse por elas, eu nunca teria tomado coragem para continuar com isso. Agora... curtam a fic, okay?