Anime: Saint Seiya

Casal: Mu e Shaka

Classificação: Yaoi, Angst, Romance, Lemon

Status: Andamento

Iniciada: Maio 2005.

Disclamer Saint Seiya pertence a Kurumada e cia. Este fic é sem fins lucrativos. Infelizmente se Mu fosse meu, ele seria mais...(calando a boca para não estragar a fic) e se Shaka fosse meu, eu não o deixaria... (calando-se novamente)

Nota0.1: Espero que gostem deste capítulo. Foi complicado escreve-lo pela carga de sentimentos(principalmente vindo do Shaka), e também pelo conteúdo explicativo que vocês verão ao final do cap. Boa leitura


- Chance de amar -

Cap III

Em algum lugar ao longo do caminho...


"Nenhum aviso de uma canção tão triste

De corações partidos

Os meus sonhos de contos de fadas e fantasia

Foram destruídos

Eu perdi a minha paz de espírito

Em algum lugar ao longo do caminho...".

oOo

"Como assim? Eu não estou acreditando nisto". Era a voz com um timbre de incredibilidade de Aldebaran. "Ela fez isto? Realmente Fez isto?" Perguntava a Mu que simplesmente balançava a cabeça confirmando o triste fato.

"Fez Aldebaran, e eu gelei imaginando que ele fosse perder o controle e partir para a agressão". Realmente Mu não poderia nem imaginar algo deste porte.

Aldebaran teve que rir da situação deixando o ariano um pouco entre constrangido e levemente irritado. "Carneiro, você está com duas bombas nas mãos hein? Eu realmente gostaria de ter visto a cara do Shaka. Ainda não consigo imagina-lo fazendo isto tudo que tens me descrito. Agora...". Deu mais um sorriso que os olhos de Mu era sinal de algum pensamento nada convencional do amigo brasileiro. "Por que você não se meteu eles os dois para amenizar os resultados?".

Suspirou com a pergunta. Realmente poderia se meter entre Shaka e Mireia e acabar com aquilo tudo, mas... "Porque Shaka é o homem que eu amo e já o magoei demais, e Mireia é a mãe de meu filho. Não nego que por dentro me deu vontade de tomar uma atitude, mas se fizesse isto... Os dois iriam se virar contra mim. Conheço o gênio forte dela Mireia e também com o Shaka deixando todos os sentimentos vindo a tona... amigo, eu seria estraçalhado". Falou em um resmungo.

"É amigo, como falei antes, estás com duas bombas nas mãos". Concluiu balançando a cabeça ainda com um sorriso nos lábios grossos. "Mas agora falando um pouco mais com ousadia". Mu sentiu sua espinha gelar com o que poderia ser dito pelo brasileiro.

"Se o Shaka anda tão esquentadinho assim, creio que o dia que vocês... sabe... o dia...". Era ousado, mas nem tanto. Comentar certas coisas com o ariano era divertido porque Mu sempre ficava envergonhado, mas ele também ficava da mesma forma.

"Ai, Deba... por favor, não me fale algo assim. Ele me odeia e não posso pensar coisas do tipo". "Não poderia pensar coisas assim? A quem eu quero enganar com isto?" Pensava consigo mesmo.

Sempre se imaginou com Shaka. O virginiano desde que se tocaram pela primeira vez, era parte integrante de seus sonhos, dos mais singelos como troca de olhares, aos mais pecaminosos. Sempre que sonhava com Shaka, era como se um vulcão dentro de si estivesse entrando em atividade. O loiro conseguia em seus sonhos lhe deixar sedento, querendo-o possuir de forma intensa.

Aldebaran notando o leve distanciamento dos pensamentos do ariano teve que brincar um pouco mais. Detestava ver seu amigo tão para baixo como este se encontrava. "Oh carneiro, deixa para sonhar com o pequeno Budha depois. Onde já se viu ficar neste estado de alerta estando ao lado de uma pessoa pura como eu?". O tom era de divertimento, mas teve que dar boas gargalhadas ao ver a cara de espanto do ariano enquanto este puxava discretamente a túnica para frente.

"Deba, você não presta". Disse tentando soar sério, mas não resistindo e deixando um leve sorriso no rosto corado e sem graça.

"Eu que não presto né, carneiro? Sei, sei..." Disse se levantando, era hora de fazer a última ronda pelo Santuário, que naquele dia havia lhe ficado a cargo. "Deixa me apressar, antes Saga me irrite dizendo que sou preguiçoso. Aquele lá adora tirar os outros do sério". Caminhava enquanto falava, deixando um largo sorriso para o amigo da primeira casa.

"Humf, e agora o que devo fazer? Se é que devo fazer algo né". Perguntava para si mesmo, sem obter respostas.

oOo

"Como aquela... aquela... Ai eu nem ouso dizer mais nada". Estava andando de um lado para outro dentro de sua casa, se segurando para não dizer mais impropérios contra a mulher que lhe bateu. Pior de tudo era que não se encontrava nas melhores condições nem para meditar e se acalmar. Seus olhos, não respondiam ao comando de ficarem cerrados. Todas vezes que os fechavas via o rosto do ariano e em seguida o rosto daquela mulher, então para evitar que isto se transformasse em uma constante, ficaria com eles bem abertos.

"Ela me bateu, simplesmente me bateu e ele nada fez. Ele ficou lá parado sem tomar nenhum partido... aquele cretino". Só percebeu que chorava quando sentiu as grossas lágrimas que caiam em suas mãos em abundancia.

Largou-se em cima de sua estreita de meditação, sentindo-se cansado e vencido. Amava demais aquele ariano, sentia-se parvo com aquela situação descabida. Sentia ciúmes de Mu estar ao lado daquela mulher. Desejou ser ela para estar ao lado dele, para carregar um filho dele, mas de nada adiantava já que ele era um homem, já que o ariano havia o traído. Ciúmes e inveja, sentimentos mesquinhos.

Tocou lentamente o lado do rosto que levara o tapa, não doía na pele, mas sim na alma. Apesar de tudo aquela mulher fora a única que ousara lhe enfrentar para defender o ariano. Sua mente se lembrou das palavras que trocaram, das alfinetadas que ele mesmo desferira e algo em sua mente gritava e ria. Ria lhe dizendo que ele mesmo provocou aquilo tudo, que ele mesmo cavou aquela situação e que somente ele poderia mudar. Claro que a voz dentro de si falava com sarcasmo, rindo de sua situação. Qual seria o seu pior inimigo senão ele próprio? Estava tão entorpecido em pensamentos estava que nem sentiu a presença próxima de si a lhe fitar com preocupação.

Afrodite havia entrado na casa de Virgem, pois sentia uma grande oscilação de cosmo dentro da casa e ficou penalizado ao ver o loiro jogado na esteira em meio aos prantos e alheio ao seu redor. Abaixou-se com cuidado e sem muito pensar – porque se pensasse não estaria fazendo aquilo – puxou o corpo de Shaka para os seus braços. Era o que poderia fazer naquele momento. Acalentar o mais novo 'amigo' e faria isto, afinal notícias dentro do Santuário corriam na velocidade da luz, e Afrodite já estava a par da situação de Mu, dos sentimentos de Shaka e claro daquele inesperado encontro na vila que provavelmente era o causador do estado do loiro.

"Shiiii, calma Shaka, calma". Parecia uma mãe cuidando de um filho choroso em seus braços. A voz de Afrodite era um sussurro calmo, uma forma de acalmar o estado de Shaka. "Não fique assim, as coisas vão se arrumar". Tocava lentamente as mexas que estavam na frente do rosto do loiro.

Shaka, não estava nem ligando com que o outro cavaleiro o encontrasse naquele estado. E quando Afrodite tomou aquela iniciativa de lhe puxar para o abraço, desejou internamente que fosse Mu e não o cavaleiro de peixes, mas mesmo assim não deixava de ser algo bom.

"Não... não vão". Disse entre soluços sem levantar o rosto. "Não existe volta... Não existem chances". Sentia as lágrimas ainda em seu rosto e uma crescente dor em seu coração.

Afrodite suspirou e segurando uma pouco forte nos braços de Shaka, o afastou para que pudesse assim lhe fitar e falar. "Escute aqui Shaka de Virgem, não admito que você se dê por vencido. Sinceramente desejo que você e o carneiro se acertem, mas para isto você tem que deixar de ser orgulhoso". Falou de uma só vez, a voz não era de repreensão, ao contrário, era uma voz ainda calam e carinhosa.

Shaka não conseguia fitar os olhos de peixes. Realmente o seu orgulho não deixaria dar algum passo. "Como vamos nos acertar se ele preferiu ficar com aquela mulher?" Comentou baixo fitando um ponto qualquer na esteira.

Afrodite voltou a abraçar Shaka deixando um longo suspiro ser ouvido. "Será uma longa jornada esta" Pensou consigo mesmo ao se ver tentando fazer um teimoso virginiano entender os fatos que estavam gritando bem a sua frente. "Shaka, quero conversar com você seriamente sobre tudo o que esta acontecendo, mas você também tem que colaborar sendo principalmente receptivo e procurando deixar o seu orgulho ferido de lado".

"O que mais posso fazer Afrodite? Já estou aqui certo? Então fale que te escuto". De maneira cansada se afastou um pouco dos braços acolhedores de Afrodite.

"Ok, então para começarmos, não ouse mais a me chamar de Afrodite, me chame de Dite, entendeu? Depois de ser testemunha disto tudo, faço questão que me chame por este apelido". Disse com um sorriso vendo que o loiro apenas meneou a cabeça censurando algo.

oOo

Os dias se passaram de maneira lenta e torturante. Shaka repensava a conversa que havia tido a quase duas semanas atrás. O cavaleiro de peixes tentou lhe explicar que Mu ainda o amava, que o fato de Mireia estar grávida, não era motivo para que eles ficassem separados, que era besteira de Virgem ficar remoendo toda aquela raiva e insegurança, ciúmes e inveja. Mu o amava e também estava sofrendo com tudo isto. Mas aos ouvidos dele, na cabeça de Shaka, o ariano havia lhe traído, havia lhe enganado. Agora ele estava preso a outra pessoa por um elo que não poderia ser negado. Um filho. Um filho que em seu interior desejava ter, mesmo não podendo. Era sempre assim. Tentava meditar e sempre se pegava pensando naquela situação toda, na dor que estava sentindo, na falta, na ausência que sentia de Mu.

O céu estava ainda mantinha a bela cor alaranjada de um entardecer, mesmo sendo época de clima mais ameno, lá o clima sempre parecia acolhedor. Já era final de janeiro e no mês seguinte teria que participar de algumas reuniões já previamente marcadas pela Deusa, e isto ocupariam todo o mês de fevereiro. Sua preocupação era certa. Findando o segundo mês do ano, e logo em março seria a época de nascimento do filho de Mu. Não queria pensar nisto, mas quanto mais se aproximava este mês, mas se coração se apertava.

Deixou seu corpo tragar uma boa quantidade de ar e ainda sentado começou a entoar um mantra para achar seu equilíbrio.

"OM MANI PADME HUM" ¹

Shaka passou o restante do entardecer até mesmo o cair da densa noite em sua meditação e entoação. Suas mãos estavam na posição de Dhyana Mudra ². Queria poder se livrar tão facilmente de todos os sentimentos mesquinhos que havia adquirido, mas para isto teria que se concentrar nos ensinamentos de Budha e era isto que estava determinado a fazer.

oOo

Já era a quinta reunião que Athena convocava, e não era nada fácil ter que se deparar sempre com o Cavaleiro de Areis. O ariano sempre olhava para Shaka como se estivesse a espera de uma brecha, como se desejasse algo. Shaka sabia muito bem que Mu queria lhe falar, mas mesmo com todas as meditações, mesmo com todos lhe pedindo para que ele desse uma única chance para que o ariano lhe explicasse tudo, Shaka não conseguia. Doía olhar para ele, doía ver aqueles olhos verdes, os mesmo olhos que tanto desejava. Mas doía mais ainda saber que em pouco menos de um mês, o fato de que Mu teria uma pessoa ligada a ele pelo sangue, lhe atormentava.

"Eu gostaria de estar marcando mais uma reunião neste mês de março, mas não desejo estar atrapalhando alguns cavaleiros que tem obrigações". Era a voz de Saori que falava em direção ao Cavaleiro de Áries. "Mu, sei que este mês você estará ocupado com o nascimento de Amal. Gostaria de ajudar com o que for preciso, custo de hospital ou quaisquer necessidades. Você é um de meus Cavaleiros e acredito que um dia Amal também estará herdando as responsabilidades que hoje você possui perante o Santuário". Falou firme, sem se impor.

Shaka apenas se retesou ao escutar aquilo. Então o nome da criança era Amal? Era um nome que poderia ser usado tanto para meninas ou meninos, mas a deusa falou de que no futuro poderia ter o mesmo posto de que Áries? "Será que eles já sabem que vai ser um menino? Se for eu terei que sempre estar perto desta criança?". Pensava Shaka ainda tenso na cadeira aveludada de vermelho da sala de reuniões.

"Sim, Deusa. Agradeço a sua oferta, mas não será necessário. O parto é feito de forma natural para preservar os costumes de meu povo e serei o parteiro como manda a tradição lêmure, só peço que me seja disponibilizado no dia algumas servas para me ajudar". Sua voz era calma, não queria tocar neste assunto ali, logo na frente de Shaka, mas como negar isto a Athena? Afinal era um acontecimento diferente do que o santuário estava acostumado. Fora que os demais cavaleiros estavam todos curiosos, sendo que alguns já haviam conhecido a mãe de seu filho e já estavam as pares de muita coisa. Tentou fitar Shaka, mas este nem se deu o trabalho de lhe olhar.

"Se não temos mais nada a discutir todos estão liberados". Saori já se levantava para se retirar da sala quando ouviu a voz baixa do Cavaleiro de Virgem ao seu lado.

"Deusa Athena, eu poderia solicitar uma conversa em particular?". Falava baixo enquanto os demais cavaleiros se retiravam da sala, mas claro que um certo grupo estava curioso em saber o que Virgem iria conversar com a Deusa, já que ultimamente Shaka estava tão mais calado e recolhido do que costumava fazer.

"Claro Shaka de Virgem, por favor, vamos para a sala do trono, lá conversaremos melhor e a sós". Saori sabia de toda situação que envolvia o cavaleiro, sentia-se mal por isto, mas não poderia interferir em nada.

Caminharam até a Sala do Trono em silêncio. Athena sentou delicadamente no trono, deixando o báculo ao lado e movimentando a mão em um sinal de aproximação, chamou o cavaleiro para mais perto. "Aproxime-se Shaka. Diga-me, o que tens para me falar?". Sua postura de nada lembrava a menina mimada de outrora. Hoje era uma mulher mesmo em sua pouca idade, mas era digna de ser clamada por Athena, e não mais Saori Kido, a menina mimada.

"Perdoe-me Athena, mas tenho um pedido a lhe fazer. Nunca lhe pedi nada, nunca solicitei nada em prol de mim mesmo, mas sempre pelos demais". Estava curvado de cabeça também curvada em sinal de respeito.

"Shaka, por favor, levante-se ou sente-se aqui perto de mim". A voz saiu calma e até mesmo como uma mãe preocupada.

Shaka sentou-se mais próximo na posição que sempre usava, suas pernas cruzadas como se fosse meditar, e encarou a deusa. "Gostaria de poder me ausentar do Santuário por um período de tempo minha Deusa. Eu estou precisando encontrar o equilíbrio para voltar a ser digno de meu posto".

"Sei que estas precisando Cavaleiro, mas sabe quando pretendes ir? Ou quando pretendes voltar? Você é um dos cavaleiros que mais confio, não desmerecendo os demais é claro". Olhava as feições de Shaka que mesmo aparentando controle e tranqüilidade, deixava transparecer em seu cosmos a falta da mesma.

"Para lhe ser sincero Deusa Athena, gostaria de ir o mais rápido possível, mas sem alardes, agora quanto ao meu retorno, não posso lhe precisar, por que tenho que me restabelecer para estar pleno e digno novamente". Em seu interior desejava que Athena lhe liberasse, não queria estar no Santuário para presenciar o nascimento da criança.

"Neste caso Cavaleiro de Virgem, dou-te a permissão para se ausentar, mesmo que esta ausência se prolongue demais, aqui sempre será o teu lugar e o de suas obrigações. Só te peço que aguarde a próxima reunião quando Camus estará novamente conosco". Sabia que não deveria prende-lo ao Santuário, então a única forma seria deixa-lo ir. O Santuário encontrava-se em paz e por isto não se fazia necessário à presença de Shaka.

Shaka se aliviou pela permissão. "Agradeço a permissão Deusa Athena. Agora se me for permitido irei para as minhas meditações em meu templo". Levantou-se vendo a consentimento da Deusa e se retirou da sala deixando para trás uma Deusa, uma mulher que mesmo em sua posição se compadecia da dor que Shaka deveria estar sentindo.

oOo

Os dias se passaram rapidamente naquele início de mês de março. Camus havia retornado do Japão, aonde exercia funções burocráticas para a Fundação Kido e mais uma reunião estava para ser feita.

Shaka já estava com sua pequena bagagem pronta. O dia de sua viagem ainda não estava decidido, mas de todos somente Athena saberia o dia e claro de preferência em cima da hora.

A reunião transcorreu perfeitamente, apenas algumas informações acerca do Santuário, outras sobre prováveis discípulos. Camus estava ciente que treinaria mais Hyoga para que algum dia pudesse passar a armadura de Aquário para o jovem rapaz. Aioria explicava que na qualidade de irmão de Aioros, deveria estar apenas acompanhando o treinamento de seiya para a aquisição da armadura de Sagitário. Já Dokho, que se encontrava em sua forma jovial, ponderava em futuramente passar de direito a armadura de Libra para o jovem Shiryu, seu discípulo de longa data. Shaka não se manifestou sobre o treinamento de seu mais qualificado discípulo. Ele já sabia quem deveria herdar a armadura de Virgem. O jovem Shun era o mais puro para tal escolha, mas não poderia se prender a isto agora.

Shaka ergueu sua cabeça quando ouviu seu nome, para fitar Afrodite que já se antecipava a perguntar sobre este assunto.

"Shaka, você vai treinar o jovem Shun? Se não for, creio que ele poderia ser meu discípulo e futuro Cavaleiro de Peixes". Encarava Shaka aguardando uma resposta.

O Cavaleiro de Virgem franziu levemente as sobrancelhas antes de responder ao seu companheiro. "Tenho intenções em treina-lo para o posto da sexta casa, mas não posso estar fazendo este treinamento agora. Se desejar pode até trata-lo como discípulo, mas também devemos consultar o Cavaleiro de Andrômeda para saber se ele tem interesse em qual Casa Zodiacal". Falava calmo, sério mais calmo. Também não poderia estar de outra forma, uma vez que ao falar com Peixes, ao lado dele se encontrava Áries.

"Humm, você esta dizendo que enquanto não o treina eu posso estar tendo a tutela dele para treinamentos?". Afrodite estava estranhando aquilo. Desde quando Shaka deixava de cumprir suas obrigações?

"Sim, Se é assim que você deseja colocar desta forma". Não era necessário estar de olhos abertos para ver nitidamente os traços, a feição de Mu a lhe encarar com certa curiosidade.

"Bom, sobre os treinamentos e discípulos, podemos conversar em outra ocasião. Declaro agora que a reunião esta encerrada. Podem retornar as suas casas". Athena falou dando por encerrada qualquer outro tipo de questionamento sobre o discípulo de Shaka que agora estaria nas mãos de Afrodite.

Todos se levantaram calados e começara a se retirar, somente Afrodite ficou ainda na sala esperando Shaka se aproximar.

"Shaka, porque vai deixar Shun sendo treinado por mim?". Estava curioso demais, e sabia que o amigo não era de repassar responsabilidades.

Shaka suspirou e abriu lentamente os olhos para fitar Afrodite. "Você bem sabe que não estou em condições de treinar ninguém Afrodite. Não tenho tido concentração para os meus deveres, o que dirá concentração para ensinar a outra pessoa com calma e tranqüilidade". Estavam a sós na sala, então poderia falar desta forma.

"Entendo, se for assim, posso estar cuidado do jovem para ti, mas cuidado que posso rouba-lo hein". Tentou brincar para aliviar a tensão do amigo.

"Eu sei, mas ele também estaria em boas mãos se escolhesse ser seu discípulo". Deu um pequeno sorriso apenas.

"Ah claro. Além de aulas de moda, perfume, cuidados com aquela pele linda que ele tem, ensinaria a cuidar de meus canteiros com excelente perfeição". Disse rindo vendo que Shaka havia feito uma careta mínima perante tal imagem.

Ambos saíram da sala conversando. Na verdade Afrodite falava pelos dois e Shaka, somente ouvia.

oOo

Era uma correria na primeira casa. Kiki havia informado a Mu que Mireia estava em trabalho de parto e que o ariano deveria estar se preparando para ir até a casa na vila. Mu corria de um lado para o outro com preocupação de ter esquecido algum detalhe. Ainda estavam no primeiro decanato de Áries, mal havia se passado o primeiro dia. A realidade era que o dia do nascimento, não era calculado, apenas o mês em questão que poderia resultar no nascimento entre o primeiro e o terceiro decanato sob a constelação de Áries. E hoje era dia 23 de março, manhã do dia 23 de março. O dia em que Mu se tornaria realmente pai.

Kiki ria da atrapalhada do cavaleiro. "Mestre Mu, use sua telecinésia para juntar as coisas. Não podemos nos demorar, já era para o senhor estar lá desde o início das contrações". Comentava calmo, vendo a aceitação da opinião para agilizar as coisas. Não demorou muito e tudo já estava arrumado em ambos estavam usando o dom para chegar mais rápido a casa.

Durante todo o tempo o ariano permanecera ao lado de Mireia fazendo tudo que era necessário. Enquanto a criança não estivesse próxima ao nascimento, somente Mu poderia estar no quarto. Suas mãos encontravam-se sobre o ventre de Mireia em um ritual lêmure, o mesmo que havia feito durante todos os meses.

Quando pressentiu que era a hora, o ariano chamou as servas para lhe ajudar. Mu conduziu todo o parto, enquanto as servas apenas limpavam e lhe entregavam os panos e demais objetos.

Estava lá. Nos braços do ariano, seu pequeno tesouro, seu pequeno Amal. Tão alvo, tão pequeno, sereno, com a pele enrugada. Era uma cópia de Mu. As pintinhas na testa em uma tonalidade ainda não definida, as mãozinhas pequenas e fechadas, os cabelos...Ah sim os cabelos... Não que fosse muito cabeludo, mas dava para se ter idéia que ele seria como o pai. Mas os cabelos de Amal eram negros, tão negros quanto os da mãe.

Mu abraçou o filho com tanto carinho e com lágrimas nos olhos. As lágrimas eram de tanto de alegria, quanto de tristeza. A alegria era óbvia, mas a tristeza, era porque não conseguia deixar de pensar em Shaka. Afastou-se um pouco e fitou o rosto cansado de Mireia que já estava sendo cuidada pelas servas. Aproximou-se da mulher e lhe mostrou o filho com orgulho. Mireia sorriu esticando os braços para pegar seu filho. Estavam felizes. Mireia estava feliz.

Do lado de fora do quarto encontravam-se Afrodite, Aldebaran, Milo, Aioria e até mesmo Camus. Todos estavam ansiosos e curiosos, pois não ouviram nenhum choro de criança. Quando uma das servas saiu, a mesma foi abordada de perguntas e quando ela confirmou o nascimento de Amal e que a criança estava bem, todos sorriram aliviados.

Mu não demorou a sair do quarto carregando enrolado em uma manta azul escura o seu filho. Afrodite foi o primeiro a se levantar para ver. E todos os demais o seguiram.

O clima na casa era de alegria. Shura acabou se juntando ao grupo depois, mas a informação que ele trazia consigo não era algo a ser dita na frente do ariano naquele momento. Puxou Camus para um cano enquanto pensava que todos estavam distraídos com a paternidade do Cavaleiro de Áries.

"Camus, tenho que lhe contar algo. Acabei de vir da Sala do Trono". Falava baixo olhando de soslaio os demais cavaleiros, e notando que Camus estava prestando atenção. "Eu fui até a Casa de Virgem para ver como Shaka estava, sempre faço isto, mas ao chegar lá, encontrei a casa completamente vazia e as dependências fechadas. Resolvi então ir direto na Sala do trono ver se Shaka estava lá e... Bom, ele não estava. Quando perguntei para a Athena, a deusa me comunicou que Shaka havia deixado o Santuário ontem à noite para uma viagem que não tem previsão de retorno". Shura viu a feição de Camus se modificar e olhou para a direção que o aquariano fitava dando de cara com Mu próximo a eles, segurando o filho nos braços. No rosto que antes estava um sorriso, agora se encontrava a mais profunda tristeza.

"Ele foi embora?". Foi a única pergunta feita por Mu.

Continua...


Agradeço aos comentários ( Kitsune Youko, Ia-chan, Akai Tenshi e Dark Wolf 03) sobre o capítulo anterior.
Aqui estarei colocando as duas principais notas deste capítulo. A primeira é longa. Infelizmente não posso retirar nada para não perder o sentido. Se estiverem interessados em ler e saber sobre o mantra que Shaka entoa, é só ter paciência e sobre a segunda nota, a explicação esta embaixo também.

Nota ¹: o mantra OM MANI PADME HUM, mas enquanto você estiver fazendo você deveria pensar em seu significado, pois o significado das seis sílabas é grande e vasto. O primeiro, OM é composto de três letras, A, U e M. Elas simbolizam o corpo,a fala e a mente impuras do praticante, elas também simbolizam o corpo, a fala e a mente exaltadas de um Buda. O corpo, a fala e a mente impuras podem ser transformadas no corpo, fala e mente puras, ou elas são totalmente separadas? Todos os Budas são casos de seres que eram com nós e então na confiança do caminho se tornaram iluminados; o Budismo não afirma que existe alguém que desde o princípio está livre de faltas e possui todas as boas qualidades. O desenvolvimento do corpo, fala e mente pura acontece gradualmente deixando que os estados e os seres impuros se transformem em puros. Como isso é feito? O caminho é indicado pelas próximas quatro sílabas. MANI, que significa jóia, simboliza os fatores do método - a intenção altruísta de se torna iluminado, compaixão e amor. Tanto quanto uma jóia é capaz de remover a pobreza, ou dificuldades, da existência cíclica e da paz solitária. Da mesma forma que uma jóia preenche os desejos dos seres sencientes, a intenção altruísta de se tornar iluminado preenche os desejos dos seres sencientes. A duas sílabas, PADME, que significa lótus, simbolizam sabedoria. Da mesma forma que o lótus cresce da lama, mas não se imunda pelas faltas da lama, a sabedoria é capaz de colocá-lo numa situação de não-contradição apesar de que haveria contradição se você não tivesse sabedoria. Existe sabedoria que percebe a impermanência, sabedoria que percebe que as pessoas são vazias, de serem auto-suficientes ou substancialmente existentes, sabedoria que percebe a vacuidade da dualidade - que quer dizer, da diferença da entidade entre sujeito e objeto - e sabedoria que percebe a vacuidade da existência inerente. Portanto existem muitos tipos diferentes de sabedoria, e a principal de todas elas é a sabedoria de se perceber a vacuidade. A Pureza deve ser conquistada por uma unidade indivisível de método e sabedoria, simbolizada pela sílaba final HUM, que indica indivisibilidade. De acordo com o sistema sutra, esta indivisibilidade de método e sabedoria se refere que sabedoria afetada pelo método e ao método afetado pela sabedoria. No veículo mantra, ou tátrico, ela se refere à consciência única na qual existe a forma completa de ambos, sabedoria e método, como uma entidade indiferenciável. Em termos das sílabas sementes dos cinco Budas Conquistadores, HUM, é a sílaba semente de Akshobhya - o imóvel, o que não vacila, aquele que não pode ser perturbado por nada. Assim, as seis sílabas, OM MANI PADME HUM, significam que na confiança da prática de um caminho que é uma união indivisível de método e sabedoria, você pode transforma seu corpo, fala e mente impuras no corpo, fala e mente exaltadas de um Buda. É dito que você não deveria sair em busca do Budato fora de si mesmo, as substâncias para a aquisição do Budato estão dentro. Como Maitreya diz em seu Continuum Sublime do Grande Veículo (Uttaratantra), todos os seres naturalmente possuem a natureza de Buda dentro de seus próprios continuum. Nós temos dentro de nós a semente da pureza, a essência de um Assim Partiu (Tathagatagarbha), que pode ser transformada e completamente desenvolvido para o Budato. Prece composta por S.S. Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama

Nota ²: Mudras - Os Mudras são posturas feitas com as mãos usadas na Ioga na dança e nas imagens sagradas do Budismo para despertar e harmonizar os centros energéticos do corpo. Usados na iconografia Buddhista e no Vajrayana, cheios de simbolismo e beleza, esses gestos criam uma conexão do praticante com a energia do Budha que é invocado pela repetição dos mantras. Eles podem ser praticados a qualquer hora, trazendo calma e concentração para sua vida. Dhyana Mudra - Gesto da Meditação - O canal nervoso associado com a mente da Iluminação (Bodhichitta) passa pelos polegares. Assim, juntando os dois polegares nesta postura, com a mão direita sobre a esquerda, é de um significado auspicioso para o futuro desenvolvimento da mente de iluminação. Associado à meditação do Buda Shakyamuni e do Dhyani-Buddha Amitabha

Testos retirados de: Grande Fraternidade Branca; 21 TARAS e Ensinamentos de Dalai Lama.

Comentários respondidos em meu próprio blog Sweet Dreams, link:

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