OoOoOoOoOoO
Capítulo VAo acordar no dia seguinte, Tonks permaneceu com os olhos fechados, desejando com todas as suas forças que os fatos do dia anterior tivessem sido apenas um sonho ruim. Contudo, ao abrir os olhos e ver o frasco de Sono sem Sonho em sua mesa de cabeceira, todas as suas esperanças foram varridas.
Ainda deitada, começou a repassar todo o ocorrido.
Primeiro, o beijo de Snape. De onde tinha vindo aquilo? Tudo bem que ultimamente ela vinha reparando bastante nele, uma atração passageira, imaginara, mas daí ao Snape beija-la... Aí já era outra história. Aquilo não podia acontecer. Se Severus correspondesse à atração, só iria aumentá-la, e isso definitivamente não podia acontecer. O que ela menos precisava agora era se apaixonar por alguém.
Agora, o que Sirius disse... Aquilo só podia ser brincadeira. Era estranho demais pra ser verdade.
Tonks passou muito tempo divagando sobre aquilo tudo e quando percebeu, estava atrasada de novo. Escolheu rápido uma roupa e correu para o banheiro.
Ainda não era hoje que ela experimentaria a banheira.
OoOoOoOoOoO
Meia hora mais tarde, já estava no Salão Principal tomando seu café. Severus ainda não tinha chegado.
Ela ainda estava imaginando como ele a trataria depois de sua saída intempestiva, quando ele entrou no Salão. Sem nem ao menos olhar pra ela, Severus sentou-se e começou a tomar seu café. Em menos de cinco minutos ele já terminara o café e estava indo embora.
Não sabia porque, mas mesmo aquela sendo a reação que Tonks esperava dele, não conseguiu evitar o desapontamento. Mas também, o que ela esperava? Afinal, sua própria conduta não havia sido das melhores. Uma das poucas vezes que o temido Mestre de Poções havia aberto seu coração, Tonks o tratara super mal.
- Tonks?
Perdida em seus pensamentos, ela nem vira Dumbledore tomar o assento de Snape.
- Sim, diretor.
- Por favor, passe na minha sala após o café. Sua turma é só à tarde, não?
- É sim, Dumbledore. Pode deixar que eu passo.
OoOoOoOoOoO
Assim que terminou de tomar seu café, Tonks foi ao escritório de Dumbledore.
Ao entrar, se surpreendeu ao ver Snape sentado em uma das cadeiras em frente à mesa do diretor.
- Sente-se, Tonks. – disse Dumbledore.
Ela obedeceu, tomando o assento ao lado de Severus e Dumbledore continuou.
- Bem, vou direto ao ponto. Hoje antes do café, o professor Snape me informou que Voldemort tem um novo plano.
Tonks prendeu a respiração ao ouvir o nome de Voldemort, mas continuou ouvindo em silêncio.
- Quer dizer, ele ainda não tem um plano exatamente, mas sabe muito bem quem ele vai usar no plano. – os olhos azuis de Dumbledore carregavam uma expressão preocupada.
- Eu? – perguntou Tonks incrédula.
- Sua sagacidade sempre me impressionou, Tonks. – respondeu Dumbledore.
- Mas por q... – e uma súbita expressão de compreensão passou pelo seu rosto. – Ele quer meus poderes!
- Exatamente. O professor Snape e eu ficamos até surpresos de que ele não tenha pensado nisso antes.
- Para falar a verdade, eu também já esperava alguma coisa do tipo. Mas, tudo bem, não tem como ele me pegar aqui em Hogwarts. Ou tem?
- Bem, muitos de nossos estudantes, na maioria Sonserinos dos últimos anos, têm servido de espiões e nada impede que eles tentem alguma coisa contra você. Mas, não sei se felizmente ou infelizmente, esse não é o plano dele. Voldemort sabe que você está lecionando aqui, então ele está planejando um ataque a Hogsmeade no próximo Dia das Bruxas, com a certeza de que você, estando tão próxima, vai aparecer pra ajudar.
- Como assim? Atacar Hogsmeade só para me pegar? Ele deve estar ficando maluco! E o que nós vamos fazer, Dumbledore?
- Não temos nada a fazer, a não ser nos preparar para a batalha. E você deve ficar no castelo durante o ataque.
Tonks ficou chocada com a resposta de Dumbledore.
- Mas eu não posso, Dumbledore! Não posso simplesmente ficar aqui assistindo enquanto todos vão estar lá fora na batalha!
- Você pode e deve. – Snape finalmente estava falando, embora fitasse um ponto além da janela da sala. – Eles não vão medir esforços para te pegar durante a batalha. Só para te dar uma idéia da situação, o Lorde das Trevas prometeu que quem a capturasse poderia divertir-se bastante com a senhorita, antes de te entregar. Depois disso, você teria apenas duas escolhas: se render e obedecer às ordens do Lorde das Trevas, ou resistir, o que faria apenas com que ele deixasse outros "brincarem" com você para te cansar mais rápido.
Tonks ficara branca enquanto Snape falava, mas ela não ia desistir tão fácil.
- Eu não me importo! Eu assumo os riscos, mas vocês não vão me impedir de lutar!
Severus deu um salto da cadeira e segurou Tonks, com força, pelos ombros. Dumbledore apenas assistia a cena.
- Você não vai! Você não tem a mínima idéia do que eles são capazes! Você não ia durar nem um dia! Caso ainda não tenha notado, isso aqui é o mundo real! Você não pode agir como se estivesse brincando com a vida das pessoas! As pessoas se machucam e morrem de verdade! Não é mais um dos seus treinamentos idiotas! A falha de uma só pessoa pode ser responsável pelo fim de várias vidas!
A próxima coisa que Tonks sentiu foi sua mão indo de encontro ao rosto de Severus. Antes que ele pudesse responder a agressão, ela saiu correndo da sala, deixando Dumbledore e Snape totalmente perplexos.
OoOoOoOoOoO
Alguns minutos depois, já em seu quarto, Tonks estava jogada na cama ouvindo rádio. Nunca se sentira tão furiosa na vida. Como ele ousava pensar que ela não sabia os riscos que todos corriam!
Long lost words whisper slowly to
me
Still can't find what keeps me here
When all this time I've been so
hollow inside
I know you're still there
Longas palavras perdidas sussurradas lentamente para mim
Ainda não sei o que me mantém aqui
Quando todo esse tempo estive tão vazia por dentro
Eu sei que você ainda está aí
"Ele é ridículo!" Pensou. "Eu sei muito bem que isso aqui é de verdade. Como poderia não saber, depois de tudo que venho sofrendo? Mas será que o esperto professor Snape sabe? Claro que não! Ele nem ligaria. Provavelmente diria que eu sou uma criança tola por ficar sofrendo pelos outros quando se tem coisas mais importantes a fazer."
Watching
me, wanting me
I can feel you pull me down
Fearing you, loving
you
I won't let you pull me down
Me vigiando, me desejando
Eu posso te sentir acabando comigo
Te temendo, te amando
Eu não te deixarei acabar comigo
"A culpa não é minha se ele não tem sentimentos. Sirius estava certo, o velho Snivellus é realmente um babaca seboso, incapaz de entender os sentimentos alheios. Mas se ele pensa que eu vou continuar bancando a boba para ele, está muito enganado! Não! Está na hora do Senhor Snape aprender a nunca se meter com uma mulher como eu!"
Tonks foi até sua escrivaninha e rabiscou uma nota em um pedaço de pergaminho e saiu.
Hunting
you, I can smell you alive
Your heart pounding in my head
Watching
me, wanting me
I can feel you pull me down
Saving me, raping
me
Watching me
Te perseguindo, posso sentir seu cheiro vivo
Seu coração pulsando em minha cabeça
Me vigiando, me desejando
Eu posso te sentir acabando comigo
Me salvando, me violentando
Me vigiando
Assim que chegou ao corujal, Tonks pegou uma coruja da escola e amarrou o pedaço de pergaminho em sua perna. Enquanto a levava a uma das janelas, ficou se perguntando se deveria mesmo fazer aquilo. Era tão infantil. Mas assim que a lembrança do ocorrido daquela manhã voltou à sua mente, teve certeza de que Severus Snape precisava aprender a não mexer com ela.
Watching
me, wanting me
I can feel you pull me down
Fearing you, loving
you
I won't let you pull me down
Me vigiando, me desejando
Eu posso te sentir acabando comigo
Te temendo, te amando
Eu não te deixarei acabar comigo
Algum tempo depois, Tonks ainda continuava no corujal, pensando melhor sobre seu plano e acabou não vendo a hora passar. Quando o sinal, indicando o início das aulas tocou, ela deu um pulo do banquinho onde estivera sentada e saiu correndo para sua sala.
- Vou dar a minha aula, que é o melhor que eu tenho a fazer. É melhor que eu chegue antes dos alunos, ou Moody provavelmente me transformará numa linda preguiça saltitante para demonstrar como ele não tolera atrasos.
OoOoOoOoOoO
A aula transcorrera normalmente. Moody notara que Tonks não estava muito bem, então conduzira a maior parte da aula.
Na hora do jantar, Tonks decidiu que seria melhor se fosse dar uma caminhada pelo castelo.
"Não quero ver a cara dele tão cedo" pensou, enquanto se dirigia à Torre de Astronomia, um de seus esconderijos preferidos. Ninguém nunca ia lá. Quase nunca, pois assim que terminou de subir o alçapão, reparou que havia outro alguém lá. O exato alguém que ela menos queria ver naquela hora.
- Que diabos você está fazendo aqui? – perguntou.
- E por que eu deveria responder uma pergunta feita de maneira tão grosseira? – retrucou a voz gélida do Mestre de Poções.
- Ai, francamente, como diria o Manny, será que não tem outra pessoa pra você perturbar? Amigos, parentes, répteis venenosos?
- Até tenho, mas perturbar sangue-ruins é muito mais prazeroso.
Pela primeira vez, Tonks não conseguiu dar uma resposta à altura. Estava chocada demais com o que havia acabado de escutar. Tudo bem que eles brigassem todas as vezes que se viam, mas daí a chamá-la de sangue-ruim já era outra história.
- Por que você me odeia tanto? – perguntou Tonks – Todas as vezes que eu estou por perto você faz questão de me fazer sentir completamente idiota. E, francamente, você não precisa se preocupar. Eu já me sinto uma idiota completa na maior parte do tempo!
Severus, que até então não havia se movido, virou-se na direção de Tonks e respondeu:
- A senhorita poderia ter me avisado isso antes. Certamente, pouparia muito o meu tempo.
Os olhos de Tonks revelavam uma imensa mágoa, mas não tão grande quanto a raiva que sentia. Ela não ia aturar mais aquilo.
- Quer saber? Vai se fuder seu imbecil seboso! Aproveita que tá por aqui e se atira da torre! Vai fazer um favor imenso ao mundo!
Tonks teve certeza de que Snape ia voar em seu pescoço, mas também não importava. Ela não estava nem um pouco arrependida do que havia falado.
Os dois ficaram se encarando por muito tempo. Era difícil saber qual rosto demonstrava mais fúria.
- Alguém se importa de me explicar o que está acontecendo aqui? – Sirius havia acabado de subir pelo alçapão e, no ápice de suas raivas, nenhum dos dois pareceu ter notado até então.
- Sirius? O quê que você tá fazendo aqui? – perguntou Tonks, enquanto Snape encarava o recém chegado com, se possível, mais ódio com que havia sentido antes.
- Nada. Eu só tava passando lá embaixo quando ouvi os seus berros. Agora, diz aí, Snivellus, o que você tá aprontando com a Dora?
- Nada que diga respeito a você, Black.
- Ah, mas se diz respeito a ela, diz respeito a mim também. Afinal, um cara deve zelar pelo bem-estar da sua namorada.
Tonks quase se engasgou, mas sua reação não foi, nem de longe, tão ruim quanto a de Severus. Ele estava lívido. E ela pôde perceber que não era nada parecido com a raiva que estivera expressa outrora em seus olhos. Era como se uma mão invisível apertasse a sua garganta, privando-o de todo o ar.
- Ahhhh nãããããão! Que cara é essa, Snivellus? Vai me dizer que você está apaixonado por ela? – perguntou Sirius, soltando a sua risada como um latido.
Mas Severus já tinha conseguido controlar as suas emoções.
- Ainda que eu não estivesse acima de tal sentimento, certamente consideraria mais a minha escolha. E com certeza não seria uma sangue-ruim.
Foi tudo muito rápido. Em alguns segundo Sirius sacara sua varinha, mas Snape fora mais rápido e, sem ao menos encostar em sua varinha, desarmou Sirius.
Seria difícil determinar naquele momento se o choque de Sirius fora maior do que a surpresa de Tonks. Mágica sem varinha era algo realmente difícil, mas afinal, anos e anos como espião devem ter valido alguma coisa.
- Espero que tenha sido suficiente para demonstrar como eu posso facilmente vence-lo, Black, em qualquer aspecto. É prudente que não me perturbe mais. – E saiu.
Foi Tonks quem encontrou a fala primeiro:
- Obrigada, Sirius, por me defender.
- Não foi nada, Dorinha. Eu sinto muito pelas coisas horríveis que aquele babaca seboso te fez escutar.
- Tá tudo bem. Mas você não precisava ter inventado toda aquela história. – Para sua surpresa, Sirius parecia um pouco sem graça.
- Na verdade, não foi uma história de todo inventada.
- Como assim, Sirius? – Tonks achava que já sabia onde aquilo ia dar.
- Ai, você sabe que eu sou péssimo com palavras. Tudo bem, então uma demonstração prática.
Quando Tonks percebeu, ele já havia passado o braço pela sua cintura e acariciava lentamente o seu rosto com o polegar. Então, sem mais aviso, inclinou sua cabeça para frente de modo a pressionar levemente seus lábios contra os dela.
Ela estava passando por um furacão de emoções. Severus, Sirius, aquilo tudo era demais para sua cabeça! Contudo, toda a sua carência emocional acabou levando a melhor e ela deixou ser beijada.
OoOoOoOoOoO
Algum tempo depois, os dois já estavam a caminho de seus quartos, sem pronunciar palavra alguma desde o beijo.
Quando chegaram na porta do seu quarto, Tonks resolveu se manifestar.
- Então, Sirius. Explica-me o que foi isso.
Ele fitou-a, intrigado.
- O que foi o que, Dora?
- O que é que está acontecendo, ué!
- Bem, suponho que a gente esteja namorando, né? Ou você não quer?
- Como é que eu vou saber? Você não me pediu!
- Então tá. – Sirius se ajoelhou na frente dela e pegou sua mão – Senhorita Nymphadora Black Tonks, aceitas, ó gentil donzela, ser minha namorada?
Tonks caiu na gargalhada.
- O quê? Foi tão ruim assim?
- Preciso mesmo responder? – disse Tonks entre um riso e outro.
- Tudo bem, mas você ainda não respondeu se aceita.
- Sim - disse tentando a todo custo manter a cara séria - ó nobre cavalheiro, Sir Sirius Black. Eu aceito.
Tonks ainda ria, mas Sirius estava mais sério do que nunca.
- Jura que você aceita, Dora?
- Não, só falei isso pra tirar uma com a sua cara. Pô, é claro que eu aceito, né?
Sirius não poderia estar mais feliz. Tonks agora tinha certeza que o que Lupin falara na noite anterior era verdade. Se Sirius se transformasse agora, com toda certeza seu rabinho ia balançar loucamente.
Com outro beijo os dois se despediram e Tonks foi deitar-se com a sensação de que se aquele dia durasse mais um minuto, ela enlouqueceria.
OoOoOoOoOoO
N.A.: Pequenas observações:
Snivellus – É o apelido que os Marotos deram pra ele, só que em inglês que eu, particularmente, acho muito menos feio. A tradução é Ranhoso.
Manny – O mamute do filme A Era do Gelo.
Agora, respondendo reviews:
Nicolle Snape – Muuuuuuuuuuito, muuuuuuuuuuuuuuito, mas muuuuuuuuuuito obrigada!
Cris Snape – Beijaram! Num foi lindo? Parece que o Sirius ainda vai atrapalhar um pouquinho... rsrsrsrs
Mary-Snape-Lupin – Putz! Bota sortuda nisso! Ai se fosse eu... hehehehe
