Como havia dito a algumas pessoas, aqui está o segundo capítulo.

Agradeço as que já leram e deixaram reviews...

Chell1: Já respondi suas perguntas, né! brigado pela leitura

Sadiesil: obrigado, e jah entrei no grupo )

Giby, a hobbit: brigado.. continue "conhecendo" esta versão P

Nimrodell Lorellin: q bom q despertei sua curiosidade... brigado

Abraços a todas...

E agora, sem mais delongas, o segundo capítulo...

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Passado algum tempo da ausência dos irmãos, Spidelhîn começou a sentir um cheiro estranho no ar, que foi tomando-o pouco a pouco, e logo percebeu que estava paralisado. Alguns minutos depois um vulto começou a aproximar-se dele, e foi avolumando-se até que Spidelhîn ficou totalmente sob sua sombra.

Apenas um rápido golpe, fatal, e o primeiro dos seis Filhos da Grande Aranha pereceu. E sob as garras malditas das Gorgoroth, todos os outros sentiram que haviam perdido um dos seus.

Helkamaik e Laracna voltaram imediatamente ao lugar onde haviam deixado o irmão, para não encontrarem nem os restos deste. Ungol e Artragor deixaram os planos de lado e começaram a fazer o caminho de volta para a montanha onde se encontravam todos os irmãos. Nimhîthel, mesmo longe, sentiu a partida do irmão, e só não voltou para as Montanhas Malignas devido ao clima.

Então Helkamaik e Laracna voltaram à Montanha dos Seis (esta é a que todos compartilhavam como lar coletivo), se encontraram com Ungol e Artragor e contaram tudo o que aconteceu.

Passado o inverno, Nimhîthel voltou de Anfauglith, e também ficou a par dos acontecimentos. Não só da morte do irmão, mas também sobre o encontro de Artragor com "uma outra aranha tão grande quanto Ungol, senão maior, de aparência terrível do mesmo modo, porém de maior imponência", e que agora deveriam ficar mais alertas, por não saberem se esta poderia se tornar um aliada ou inimiga.

Novamente os irmãos se dispersaram, pois Helkamaik migrou para o lado mais ocidental e setentrional das Montanhas, acima das Crisaegrim e do Poço do Rivil, procurando um ambiente mais frio, que Morgoth podia alcançar com seus longos e gélidos dedos; Laracna foi para o lado leste das Montanhas, perto da Passagem de Aglon; Nimhîthel foi novamente caçar nos ermos orientais da antiga Ard Galen, quase em Lothlann; Artragor ficou próximo ao lar comum; e Ungol saiu à procura de machos para a perpetuação da espécie maldita mais ao sul, nos precipícios.

Assim deu-se o encontro de Ungoliant com mais um de seus Filhos, pois no meio da viagem de Helkamaik, este deparou-se com "a aranha" descrita pelo irmão, porém, para sua sorte, não era o período fértil dela.

---Ora, ora, o que temos aqui? - começou Ungoliant - Carne fresca...

---Talvez até mais do que pensa, se quiser realmente provar - retrucou, frio, Helkamaik.

---Levemente apimentada, a meu ver... - continuou a Grande.

---Não; congelante. - cortou o filho - Já ouvi falar de você, Negra-como-a-noite... já encontrou-se com um dos meus irmãos... e pra falar a verdade, estranha-me muito que, com a sua aparência, não tenha prosseguido com o ato do cruzamento daquela vez... nem com o ato posterior, do aracnofagismo...

---Eu nunca ouvi falar de ti, Cintilante-como-a-noite, porém percebe-se que és irmão-de-ninhada do grande macho com o qual me encontrei outrora e que citas, pois assemelham-se em muitos aspectos. Não nego que foi estranho meu comportamento na ocasião, mas se conseguir comparar-nos em tamanho, eu e teu irmão, perceberás que trabalho mui grande eu teria para concluir o segundo ato do qual falastes, nas condições em que me encontrava.

---Sim, e trabalho mui grande também teria ele para desvencilhar-se de tuas negra teias, - replicou Helkamaik - pois embora acredite haver apenas uma outra aranha cujo poder rivaliza com o dele, acredito também que o poder de algumas pode ser grande o bastante para incomodá-lo... e você me parece uma destas, Imensa-devoradora...

"Ou, quem sabe, seu poder chegue realmente a rivalizar com o dele", pensou Helkamaik em seu íntimo.

---Sábias palavras, Gélido-articulador... Acho que este é o motivo pelo qual não nos enfrentamos: a batalha seria arriscada demais para ambas as partes.

---Sábia decisão... a manteve viva. - disse Helkamaik - Acho que já é hora de seguirmos cada um seu próprio caminho.

---Sim, sigas teu caminho, e torças para que não me encontres novamente... - Ungoliant fez uma pausa mais prolongada - Digas-me o teu nome, Céu-estrelado...

---Helkamaik, o Gelo Penetrante, cujo ferrão traz o frio das garras de Morgoth. - respondeu ele - Diga-me o teu também, Filha-da-escuridão.

---Sou Ungoliant, a Grande Aranha, Aquela que fez o próprio Morgoth tremer e gritar por socorro!

---Bom saber. - murmurou Helkamaik, já imaginando como relataria o encontro aos irmãos. E depois disse em alta voz: --- Então adeus, Ungoliant! - e novamente aos sussurros - Quem sabe no nosso próximo encontro, você precise gritar por socorro...

---Adeus, Helkamaik! E sejas cuidadoso para que Morgoth não te descubras, pois tenho para mim que ele ainda quer vingança pelos meus atos, e pode tentar extrair algo de ti. - disse Ungoliant - E há servos dele espalhados por todo Taur-nu-Fuin, por algum motivo obscuro.

E assim Helkamaik continuou sua rota rumo à noroeste, enquanto Ungoliant seguiu para seus propósitos no sul ocidental das Gorgoroth.

Passou-se a primavera, e com a chegada do verão, Laracna e Nimhîthel voltaram à Montanha dos Seis, porém Artragor nada falou a elas a respeito dos planos que tinha em mente. No fim do verão Ungol voltou do sul, pois seu período fértil havia acabado, mas apenas no início do outono, com a volta de Helkamaik, todos os cinco se reuniram para que Artragor expusesse seus pensamentos (apesar de que Ungol conhecia grande parte destes).

Antes de Artragor falar, Helkamaik contou sobre o encontro que teve com a mesma aranha descrita pelo irmão, o que acabou ajudando-o, inclusive com a descoberta do nome da até então desconhecida Grande Aranha.

---Ótimo, ótimo, muito obrigado, irmão, - disse Artragor, depois do relato de Helkamaik - suas informações são de grande valia para mim, e para nós todos no fim das contas. Ouçam: Andei pensando bastante, e discuti alguns pensamentos meus com Ungol, que é a mais ligada a mim de nós cinco, até que cheguei à conclusão de que esta aranha, esta Ungoliant, pode se tornar um inimigo muito poderoso para nós. E agora, com o relato de Helkamaik, acentua-se a percepção de que ela não nos vê com bons olhos. Temos a vantagem de que ela não sabe da existência nem de Nimhîthel nem de Laracna, e podemos tirar proveito disto.

"Podemos montar uma estratégia para detê-la dentro dos caminhos subterrâneos das Gorgoroth, e lá a encurralamos e a matamos. Temos que unir nossas forças, pois como foi dito, nenhum de nós sozinho conseguirá derrotá-la. Teremos que descobrir todas as rotas subterrâneas possíveis, do leste ao oeste e do norte ao sul das Montanhas, e teremos que agir com cautela."

---Certo, já estava realmente com vontade de me livrar daquela criatura... - disse Helkamaik - Então, como nos separaremos?

---Também já me adiantei e pensei nisto. - respondeu Artragor - Podemos mudar as posições, mas eu pensei desta forma: Helkamaik e Nimhîthel podem partir explorando a parte oeste, até porque Helkamaik esteve nas redondezas durante a primavera e o verão; Ungol e Laracna vão para o leste e sudeste; e por fim eu fico com a região central, e cubro-a do norte ao sul. O que acham?

---Bem, eu posso ir pela superfície, pois sou a mais tolerável aos olhos de Anar de nós cinco. - disse Nimhîthel - E se isto valer alguma coisa, estou disposta a ir por cima dos caminhos secretos, na mesma direção em que Helkamaik seguir, ou em outra, se for necessário.

---Bem lembrado, irmã. - disse Ungol - Mas Artragor, por que só você irá sozinho?

---Bem, não há um motivo significativo... - respondeu ele - pensei nisso apenas porque sou o maior de nós, com todo o respeito, e alguém teria que ir sozinho... então me arrisquei, por assim dizer, para não colocar em risco nenhum de vocês.

---Obrigado pela consideração, irmão. - disse Helkamaik - Então, quando começaremos nossa busca?

---Quanto mais rápido, melhor. - disse Artragor - Podemos partir ao anoitecer. Comida nas Montanhas é o que não falta. Alguma objeção?

Não havia nenhuma por parte de ninguém dos Cinco. A tarde passou, e quando os primeiros raios de Ithil banhavam os cumes das Ered Gorgoroth, um único vulto sombrio deixava a Montanha dos Seis, enquanto outros quatro seguiam por debaixo dela. Assim começou a Busca pela Grande Aranha, que não terminaria exatamente como o esperado, mas que também não falharia por completo.

Do Quenya: helka "gelado, frio como o gelo", e maika "agudo, penetrante" (O Silmarillion, pp. 454,455). (N. do A.)