Olá! Estudaram e se lembram da primeira aula desta fic? Pois é... hoje vamos rever em uma situação mais prática algumas coisinhas.

OBS: aqui tem mais nó cego dado por mim... hi, hi. Solução: aguardem novos capítulos. (kika com cara de má!)

Estou aqui com mais um breve capítulo sobre essa fic. O tema é meio sombrio desde o início, mas já estava escrito há algumas semanas. Caso contrário eu não conseguiria escrever nessa, porque estou muito feliz... e escrever tragédias em dia de humor para comédias não dá muito resultado.

Feliz, saltitante e contente, rindo até o último dente, porque minha amiga Pollyana tornou-se mamãe nessa semana, de um lindo garotinho, o Arthur. Uma graça! Beijinhos !

Outra coisa importante: Muito obrigada pelas reviews, e espero que a história continue mantendo o interesse de vocês.

Parte: 4/11

CAP IV – Liberdade.

Ao fim da tarde o guarda voltou.

"Tyrone Davis Júnior. Pegue suas coisas. Seu HC saiu, você vai dormir em casa hoje." – disse sério, não fora o mesmo que o tinha deixado naquela cela... sua voz parecia aliviada. Provavelmente sabia o que acontecia com os policiais que caíam na carceragem comum, e muitos dos guardas penitenciários dali se compadeciam por sua situação.

Será que ele tinha ouvido direito? Ele ia sair de lá até o julgamento? Sentiu uma lágrima de alegria correr por seu rosto, ao passo que seus 'colegas de cela' estavam decepcionados, pois ele tinha sido recém recolocado lá.

Na saída ele estava sendo esperado por sua mãe e irmãs, emocionadas e abraçadas uma à outra, Boscorelli e seu advogado também estavam lá. Mas ele, embora feliz, sabia que começariam os problemas, até que provasse sua inocência. Bosco também sabia disso. Ele ia ter que enfrentar uma Yokas muito chateada e seus colegas de trabalho irados com ele. Conseqüências de se pensar o contrário em um ambiente de mentes feitas. Aqueles que não seguem o líder, ou aquele que 'sempre' tem razão, terminam por ser excluídos, não importando se seu ponto de vista é o correto ou não. Uma verdadeira hipocrisia, pois se estiver certo ao final de tudo, todos agem como se nada tivesse acontecido, e sequer um pedido de desculpas é ouvido.

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A notícia chegava rápido ao 55º Departamento de Polícia. Faith e os outros estavam abismados em saber que Boscorelli tinha ficado do lado de Ty, e que este tinha conseguido sair da prisão, por causa da concessão de habbeas corpus.

O Tenente Swersky, prevendo o que ia acontecer providenciou a transferência do policial para o 23º Distrito, no Brooklin, todos estavam irados com ele, não o ajudariam se ele tivesse problemas, e sendo quem era, isso não ia demorar para acontecer. No fundo sentia certa necessidade de preservar aquele policial. Não sabia muito bem em quem acreditar, e já que era o chefe daquele departamento não podia tomar lados, até que o julgamento ocorresse.

Faith estava irada, seu parceiro, sempre fiel como um cão, lhe dava as costas e ainda por cima desconfiara de sua filha. Bateu a porta de seu armário com força, e chegou em casa com a mesma raiva, batendo a porta e fazendo Fred desgrudar os olhos da TV.

"O que foi?" – perguntou com a mesma cara de sempre, voltando os olhos para o jogo de futebol que assistia.

"Bosco!"

"O que ele fez dessa vez?" – Fred já estava acostumado a ver a esposa ter ataques por causa do parceiro cabeça dura.

"Ele teve o disparate de me dizer que acredita no Ty e que tem algo errado, tipo, acusando a Emily de mentir para prejudicar o Davis." – Faith não sabia o que doía mais: ver sua filha ser acusada por quem a viu crescer, ou sentir que foi apunhalada pelas costas por seu parceiro, que tentou jogá-la contra a filha, por outro colega.

"Pouco importa o que aquele idiota acha." – respondeu ele, com ares de 'eu sempre te falei que ele era um imbecil'.

"Eu sei, mas o pior não é isso. Davis conseguiu liberdade provisória e saiu da prisão agora à tarde!" – Dizia ela, indignada com as "falhas do sistema". –"Justiça em ação." – disse ela com ênfase na primeira palavra de sua sentença.

O Poder judiciário não era perfeito nem de longe, nem em seu rascunho, e aquela situação era uma prova disso. Não acreditava estar sendo intransigente com isso, na premissa do 'justiça é tudo aquilo que me beneficia', mas também, fosse por ela, ninguém que é acusado sairia da prisão até o julgamento.

Emily ouvia à tudo incrédula. Ele tinha ficado livre!

"O maldito escapou dessa! Mas ele me paga." – Pegou um celular e ligou para o namorado na prisão. De repente as coisas não pareciam mais tão perfeitas.

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Ty chegava em casa. Parou à porta, olhando para cada canto de um ambiente do qual ele sentiu tanta falta. Não ia morar com Carlos até que tudo estivesse resolvido. Sabia que o paramédico, seu amigo, podia desconfiar sobre as informações, suspeitar dele, mas se manter longe foi o meio que encontrou de tentar ocultar a verdade, caso essa situação de fato existisse. Preferia pensar que Carlos estava lhe dando um voto de confiança, assim como Davis fez com ele, quando foi acusado de abuso sexual por uma paciente, o que quase lhe custou o emprego.

Agora bem sabia o que era ser acusado sem merecer, vendo todos aqueles que um dia te chamaram de amigo, dando as costas, sem sequer lhe dar o benefício da dúvida.

Estava feliz por estar livre novamente, agora teriam que provar a inocência dele. Não pôde evitar de se sentir um pouco deprimido. Foi acusado de algo que não fez, sem saber o motivo, e sua liberdade estava custando mais de 10 anos de uma parceria, amizade e confiança. Sabia que Boscorelli ia ter problemas no departamento, não ia ser fácil para ele. Mas por outro lado estava feliz... se essa amizade não acabasse, talvez ele ainda estivesse na prisão, a mercê daqueles monstros.

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Faith e Fred estavam conversando. Ela estava determinada a acabar com a carreira do parceiro, ex – parceiro. Na manhã seguinte ela iria a corregedoria denunciá-lo por algo acontecido tempos atrás. Ty seria arrastado para fora da polícia junto com Boscorelli, já que estavam juntos na hora do ocorrido. Sully e Candyman já haviam manifestado seu apoio e afirmaram que seriam suas testemunhas. Ninguém ia acusar a filha dela, ela era uma vítima!

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Bosco estava na casa da mãe. Rose conhecia bem aquele olhar triste, ele estava quieto, sentado à mesa, sem dizer nada. Ele não aparecia sem mais nem menos, sempre tinha um bom motivo, e quando seu agitado primogênito estava quieto e pensativo, algo não ia bem.

Ela deslizou os dedos pelos cabelos curtos dele, que não se moveu, estranho. Enlaçou-o em um forte abraço, como se ele ainda fosse um garotinho, sentindo-o tremer enquanto respondia o gesto. Quem quer que tivesse feito isso com ele ia ter o que merecia.

"O que foi?" – Rose sentiu seu coração ser despedaçado ao ver as lágrimas brotando dos olhos dele.

"Briguei com Faith hoje." – ele respondeu de forma simples. Estava sofrendo, sempre que ele não enrolava para responder é por que estava muito mal.

"Já aconteceu antes. Depois vocês superam." – disse ela numa tentativa de melhorar o ambiente, muito embora tivesse vontade de esbofeteá-la, por fazer seu bebê chorar e parecer tão miserável quanto naquele momento.

"Dessa vez não. Aconteceu uma coisa..." – Maurice falava baixinho, quase que como para si mesmo.

"O que? Me conta Maurice. Vai se sentir melhor." – Como ele gostava de ser chamado assim por ela, era tão carinhoso, embora ele não gostasse muito do som do nome quando outras pessoas o pronunciavam.

A medida que o filho ia contando a história Rose ficava cada vez mais horrorizada com a situação, mas sabia da escolha que ele tinha feito. Maurice nunca tinha se enganado com as pessoas a quem ele conhecia e ela esperava que essa não fosse a primeira vez. Rose sabia que ele ia sofrer muito por causa disso, ela não podia fazer nada, além de ficar do lado dele.

CAP IV – Teorias e provas.

Os últimos dias Ty, Bosco e James passaram olhando as provas e analisando a acusação do Ministério Público e do advogado particular contratado pelos Yokas, para que impugnassem ponto por ponto. A acusação era forte e contava com o testemunho da vizinha, presente no local depois que Ty foi nocauteado.

Ainda não era hora de descansar. Estavam prontos para começar a revirar os autos, provas e situações, depoimentos e o que mais fosse preciso para encontrar as pistas que levassem a conclusão de sua inocência perante o juiz.

Bosco fazia a mesma pergunta a Ty várias vezes, fizera-o repetir o ocorrido mais de 10 vezes, cada vez se atendo a um detalhe diferente, vendo fotos da perícia e laudos médicos anexos.

Ty e James estavam admirados com a capacidade que o outro tinha de ver pistas onde não parecia haver nada. Já devia ter sido promovido a Detetive há muito tempo, mas se escondia atrás de ares de panaca, sabe Deus, por que motivo.

Naquela tarde Maggie e Rose estavam na casa dos Davis conversando. Ficando cada vez mais amigas e Maggie não se cansava de agradecer pelo que o filho de Rose estava fazendo por Ty.

A cada dia ele parecia mais empolgado com a possibilidade de ir para a Universidade, aquilo era um incentivo, mas ele também parecia um pouco deprimido por saber que Bosco estava arriscando uma amizade longa por ele.

Maurice estava fazendo um inventário, do que ele tinham de provas:

A arma de Ty sobre a bancada da cozinha, com a coronha virada para dentro da mesma e não para o lado onde ele estava;

O copo com vinho que tinha as digitais de Ty e Emily, continha traços de refrigerante, então o vinho não foi o único líquido dentro do copo;

Se Ty pegou a garrafa de vinho, como Emily disse, por que só havia digitais dela na garrafa,

O exame de sangue de Ty não acusou álcool, só substância alucinógena, então ele não bebeu vinho, como a garota afirmou;

"Davis... de onde você acha que pode ter tomado essa substância?" – Bosco perguntou, olhando mais uma vez aquele laudo. Não conseguia entender de onde veio aquele resultado.

"Não sei, a única coisa que eu tomei foi o tal refrigerante." – respondeu Ty. Tentava ajudar o mais que podia, mas não entendia os métodos obtusos que os outros dois estavam utilizando. Enquanto estava na prisão pensava que provar sua inocência era uma mera questão de ver os fatos. Nem tudo era tão simples. Agora via o quão complexo era aquele trabalho. Exaustivo.

"Que ela te deu lá?" – Bosco perguntava, mas aquilo era quase uma afirmação, já que o mesmo trecho tinha sido contado e recontado muitas vezes.

"É." – o que mais poderia dizer. Sentia raiva por suas respostas serem tão limitadas.

"Vai ver foi aí. Só que na perícia do copo só tem relato de vinho e refrigerante." – Disse James, olhando novamente o relatório que estava nas mãos do outro há poucos instantes atrás.

"Se não foi aí, eu não tenho idéia de onde pudesse ser." – disse Ty. Aquilo parecia ser um problema.

"James, faz uma solicitação por um novo exame pericial no copo, pedindo prá informar se há alguma outra substância além das duas já descritas." – pediu Bosco, a fim de clarear essa obscuridade.

"Acha que eles vão refazer?" – questionou Ty.

"Eles são obrigados a refazer." – Afirmou James. – "Se eles se recusarem nós podemos pedir para outro laboratório, por ordem judicial." – respondeu enquanto elaborava um requerimento.

"Ty... Outra coisa, aqui não tem o exame de corpo de delito dela. Se ela te acusa de estupro tem que ter o exame, por que é um crime que deixa vestígio." – Nada passava em branco, e nem poderia, um ponto não contestado é presumido verdadeiro, mesmo que não haja muitas provas.

"Mas ela não fez, ela tomou banho prá sumir com qualquer coisa que estivesse ali." – respondeu Ty resignado, imaginando um monstro maior do que era.

"Não é suficiente prá sumir com todas as provas. Quando desaparece o sêmen do local só não dá prá saber a autoria, por que muitas vezes não dá prá fazer um exame de DNA, mas as feridas internas de atrito permanecem, essa é a prova do estupro. Ela não fez, e depois de tanto tempo qualquer coisa "já teria sumido". – Disse Boscorelli , fazendo sinal de aspas com os dedos indicador e médio.

"Então, disso ela não pode me acusar, ela não tem como provar." – Pensou Davis, em voz alta, mas percebendo a consternação no rosto do outro.

"Não é tão simples assim. Tem a coisa de você estar lá, à noite, sozinho com uma menor de quem você é conhecido e tem acesso livre à casa. Você não reportou para a central a sua parada e nem uma possível chamada particular... é aí que complica. Eles nunca entendem como boa coisa. Eu preciso de uma prova de que ela te chamou lá, que te ligou, prá poder dizer que você não foi lá sem motivo. Esse é meu problema agora. Talvez o maior deles." – Bosco estava queimando a cabeça com essa coisa do telefonema.

"E se a gente pedisse a quebra do sigilo telefônico?" – sugeriu James.

"Pode ser, só que, bom... temos duas hipóteses: eu ter uma prova de que essa chamada foi feita para apresentar para o juiz autorizar, ou a mãe e o pai dela autorizarem, o que eu acho difícil." – respondeu Bosco.

"E por que o juiz não pode autorizar?" – questionou Ty.

"Ty, a coisa é a seguinte, muito juiz não quer segurar uma bucha dessas... dá a entender que nós estamos tentando incriminar a vítima ou fazer parecer que ela foi culpada, e bom... você é o policial negro que "atacou" (novamente entre aspas) a garotinha branca filha de uma amiga sua." – Bosco estava tentando fazer Ty perceber a sua situação. Racismo era uma coisa velada, ninguém admite, mas a maioria tem sérios preconceitos. – "Mas pode pedir para o James ver se os pais dela autorizam, num pedido amigável, entende?."

"Por que os dois?" – Questionou James.

"Bom, eu não sei quem é o assinante da linha, esse tem que dar o consentimento, senão não vale nada. Não se esqueça dos celulares." – respondeu Bosco, dando mais uma incumbência ao jovem advogado. – "No mais é só esperar o resultado da nova perícia. Se encontrarem o que queremos, já temos como descaracterizar o fato de você ter chegado drogado lá." – Bosco bocejava de sono, foi um longo dia. Todos sentiam os corpos moídos, costas doendo, olhos pesados de sono e pelo excesso de leituras. Todos estavam cansados e isso era visível.

"Ty... sabe de algum motivo que ela tenha para não gostar de você?" – Questionou James. – "Ela fez um serviço bem feito com as provas."

"Bom... ela nunca se deu bem comigo e passou a me evitar depois que eu prendi o namorado dela." – Respondeu Ty, atraindo a atenção de Bosco imediatamente.

"Prendeu ele?" – Bosco questionava incrédulo, muito mais acordado. "E você só diz isso agora?"

"Acha que ele poderia estar por trás disso?" – Ty não sabia o que pensar.

"Não digo com certeza, mas acho que a Emily não seria capaz de planejar isso sozinha, a Faith não criou ela assim. Mas sei lá... a gente conversa amanhã."

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E nós na semana que vem. Beijocas.