PS: algumas mudanças quanto ao tal Erik, no seriado ele é um garoto, na fic já é um adulto.
Agradecendo, mais uma vez, as reviews recebidas.
Sadie, como sempre presente. Obrigada por ler os meus textos.
Juni: depois de um tempo sem me dar notícias finalmente reapareceu. Obrigada por continuar vindo aqui!
Bom, aqui, as coisas começar a mudar de rumo, já caminhando para o final.
Post. 8 /11
MP Ministério Público
CAP. X – Sim... há luz.
Todos pensavam em um modo de como pegar esse aparelho legalmente, e foi James quem viu a luz no fim do túnel:
"E se... nós tivéssemos acesso ao sigilo de ligações do Erik na prisão. Quer dizer... lá, em tese, ele não pode ter um celular, e ele é ex namorado dela, foi preso pelo Ty. Nós podíamos ver se o número das contas dela, dele e do Ty batem. Se fizermos ele admitir que ainda fala com ela, que deu um celular de presente ... conseguimos um mandado de busca e apreensão para procurar o tal celular no apartamento dela." – Tinha de admitir que sua sugestão soou um tanto quanto insegura, mas foi a melhor das idéias que lhe ocorreu, sem que ele próprio se contestasse.
"Se você não fosse homem eu te beijava."- comentou Bosco.
Naquela tarde eles ficariam elaborando os pedidos, pondo em prática a idéia no dia seguinte. A audiência estava próxima e eles tinham que reunir todas as provas até três dias antes dela.
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Naquela noite Faith chegava em casa com cara de poucos amigos.
"O que foi?" – Fred perguntava ao perceber a expressão da esposa.
"Fui suspensa por três dias sem pagamento." – repetiu essa triste sentença, como se tivesse sido enviada ao corredor da morte.
"Por que?" – perguntou ele preocupado com a notícia.
"Bosco!" – Respondeu ela com raiva.
"Como assim?" – Fred pensava 'será que até outro departamento esse cara ainda causa problemas prá minha mulher?'
"Lembra que eu denunciei ele e o Ty para a corregedoria por causa daquela história que eu te falei? Pois é... eles disseram alguma coisa que os inocentou, só que eles jogaram o Candy o Sully e a mim na fogueira. Ele quer acabar comigo." – Faith via quão longe aquela situação estava indo, terceiros alheios aos seus problemas estavam sendo envolvidos no meio dessa história.
"Não será que eles fizeram algum acordo e em troca eles denunciaram vocês?" – Sugeriu Fred, não sabendo que tipo de situações a esposa esteve envolvida no trabalho. Faith falava pouco sobre suas ações diárias.
"Não, o tenente disse que eles apresentaram defesa, e era uma história plausível. Depois eu soube que eles não negaram nada do que disse, só que se defenderam. A corregedoria não pode puní-los." – constatou ela decepcionada. Detestava perder.
Emily ouvia a conversa dos pais, aquilo não era bom. Sua mãe podia perder o emprego, aquilo estava indo longe demais. Pensou consigo que talvez o cerco estivesse se fechando. Por que Borscorelli, o 'Tio Bosco' ia defender o Ty contra ela, a quem ele conhece desde pequena se não tivesse certeza de alguma coisa? O que estava acontecendo?
Esse pensamento corroeu-lhe a mente durante toda a noite.
CAP. XI – Fechando o cerco.
Na manhã seguinte James entrava na prisão para fazer um 'visita'. Boscorelli tinha instruído-o sobre como agir, já que Ty ou ele não poderiam aparecer: Ty seria considerado uma tentativa de intimidação, e Bosco, porque simplesmente não podia aparecer.
James estava confiante, como solicitado ele tinha como testemunhas um funcionário da penitenciária e mais dois guardas, além de um representante do Ministério Público.
Erik era trazido com cara de poucos amigos e James seguiria o conselho do Boscorelli... a pressão psicológica era a melhor arma, tinha que deixar o tal Erik nervoso e inseguro, mantendo-se calmo, com um leve ar de deboche, insinuando que já sabia de tudo... refazer as mesmas perguntas em contextos diferentes para conseguir alguma contradição, se fosse necessário.
A verdade era que nunca tinha agido assim e tinha que admitir que a situação criava um nó em sua garganta que tirava-lhe o ar, uma pedra em seu estômago, mas tinha que dar conta do recado. Erik não era nenhum garoto, como ele havia imaginado, já era um homem feito, quase que intimidador. Na verdade ele intimidava, mas James tinha mais medo de enfrentar a fúria do Boscorelli do que qualquer outro sujeito. Isso era ponto pacífico.
Erik por sua vez, estava calmo. Típico de quem já está acostumado com a pressão feita pelos delegados de polícia. Sempre a mesma ladainha... 'você o conhece?' ... 'onde estava?' ... A última era fácil de responder: 'na prisão!'. Com a mesma cara amarrada com que foi tirado da cela ele se sentava frente aos presentes.
"E aí, chefia... o que você manda?" – perguntou sarcástico, mascando um chiclete que fazia um ruído irritante.
"Senhor Erik... este é o representante do Ministério Público, Oliver Jhonson e eu sou James Farell, advogado do Senhor Tyrone Davis Júnior.
"E kiko? " – disse entre risos, antes mesmo de alguém dar a chance de ele terminar a piada do 'kiko tenho com isso'.
"O senhor conhece meu cliente?" – questionou James, olhando-o diretamente.
"Nunca vi mais gordo. Nem ouvi falar." – respondeu debochado.
"Não faz mesmo idéia de quem ele seja?" – James apertava. Como combinado. O representante do MP já sabia da história toda.
"Não." – respondeu com som nasal.
"Sabe que o senhor está obstruindo um investigação... a obstrução da justiça é crime. O respeitável membro do Ministério Público pode te indiciar." –esclareceu James.
"Respeitável... pfst!" – Erik estava fazendo piada deles! Disse isso com ar de pouco caso, o que foi suficiente para que Oliver reagisse:
"Senhor Erik, além da obstrução da justiça, posso processá-lo por desacato... você está me ofendendo no exercício da minha função." – disse sério, inclinando-se para frente. Oliver, o representante do Ministério Público, até então era um senhor de aparência pacífica, mas que se revelou um tanto ameaçador naquele instante.
Erik começou a ver que o senhor de óculos não estava brincando. Eles queriam alguma coisa.
"Só que eu já estou preso! O que pode ser pior?" – respondeu sem dar atenção.
"Ficar aqui por mais um tempo, que tal?" – questionou Oliver em tom de ameaça.
"Ei... ô da toga... take it easy! Já fui condenado, você não pode fazer nada!" – respondeu rindo, como se a ameaça não tivesse sido levada a sério.
"Engano seu, mesmo preso uma pessoa pode cometer outros crimes e pode ser condenado por eles. Você está aqui por tráfico de entorpecentes... a acusação agora é obstrução e desacato. Dois crimes!" – esclareceu James, em sua função de advogado.
"Isso se o Dr. Oliver, aqui, não quiser te processar por injúria também, você ofender a função e a pessoa dele. Agora são três crimes..." – complementou James, se divertindo com aquilo, afinal.
"Então, Sr. Erik... tenho várias testemunhas de tudo o que acontece aqui, e agora você não pode mais alegar que não sabe das consequências de seus atos. Não acha que já é hora de cooperar e retirar pelo menos a 'obstrução' da sua folha?"- perguntou Oliver.
O preso estava pensativo, começava a sentir a pressão. Eles não estavam brincando, começar a pressionar assim, logo de cara não era bom sinal. Estariam dispostos a tudo.
"O que querem?" – perguntou finalmente.
"Saber se você conhece Tyrone Davis Júnior." – disse Oliver.
"Não, já disse que não conheço." – a negativa era a melhor das tática. Sempre disseram que 'não' não se escreve.
"Essa é sua última palavra?" – questionou James.
"É." – Erik foi seco nessa.
"Bom, eu tenho aqui um documento, mais precisamente uma lavratura de prisão em flagrante contra você por tráfico de entorpecentes. Adivinha quem foi que assinou isso? Ela foi lavrada e relatada pelo policial Tyrone Davis Júnior, meu cliente. Se lembrou, agora?" – James era irônico, gostava desse tipo de jogo. Estava descobrindo isso!
"Tá, tá... eu conheço, foi o puto que me jogou no xilindró! E daí?" – Depois dessa não tinha mais o direito de negar essa acusação.
"Que bom... vejo que estamos progredindo! Próxima pergunta: Você conhece Emily Yokas?" – James era direto ao questionar. Sabia que milhões de coisas se passavam na cabeça dele. Erik pensava 'será que ela o tinha delatado?', 'até onde eles sabiam?', 'como chegaram até ele?'.
"Estamos esperando! Conhece Emily Yokas? Pense bem antes de negar, porque tem uma queixa da mãe dela contra você. Ela é menor e você é o namorado dela..." – Oliver estava sendo enérgico e direto, dando a entender que sabia mais do que demonstrava. Isso deixava o rapaz inseguro, exatamente como Bosco tinha falado que aconteceria. James apenas observou a ação do outro.
"Nós namoramos por um tempo, mas agora não estamos mais jun..." – mal teve tempo de terminar a frase.
"Cuidado com obstrução. Nós temos informação de que vocês ainda se falam." – Oliver cortava as frases sem qualquer cerimônia. Assim fazia com que o interrogado não tivesse chance de concluir seus pensamentos e nem formular a próxima mentira.
"Mentira!" – Erik estava sendo enérgico, estava claro que eles sabiam a verdade e ele não sabia por que continuava negando tudo.
"Sério!... porque nós temos informações de que você e ela se falam por telefone." – riu James sem a menor cerimônia. Erik já estava borrado e isso era um bom sinal.
"Como?" – tentou um último golpe, para ver se era só um blefe.
"Celular. Você tem um... que provavelmente será recolhido já que os presos não tem esse direito. Há essa hora algum de seus colegas de cela deve ter entregado o tal aparelho. Nenhum deles vai se comprometer por você. Ou arriscar a perder um celular quando o guarda só quer o de uma pessoa." – Oliver estava pressionando com mais vontade... parece que a coisa do 'respeitável' mexeu com a cabeça dele.
"Vá em frente, mas o que isso tem a ver com o tal policial?" – fez-se de desentendido.
"Achei que você não queria saber, e nem tem esse direito por que o processo não é seu. Mas será em breve, se tivermos as provas que queremos." – respondeu Oliver, deixando Erik no escuro.
O rapaz estava pálido. Tinha que falar com Emily, a casa tinha caído. A vaca tinha feito alguma coisa de errado.
"Até lá você fica longe dos outros presos, até a perícia acabar, só para garantir que não vai falar com ninguém lá fora." – acrescentou James, ao ver o pânico que o preso demonstrava.
"Eu quero meu advogado!" – exigiu ele, vendo o quanto a situação tinha se complicado.
"Não vai precisar. A informação que nós queríamos já temos." – dizia o membro do MP, quando um terceiro guarda entrou, trazendo um celular.
Erik se viu num beco sem saída, não podia negar mais nada, eles sabiam de tudo.
"Para quem você costuma ligar?" – questionou Oliver.
"Não tenho que responder." – foi seco e ríspido.
"Tem razão! Nós vamos descobrir quando quebrarem o sigilo das ligações..." – riu James.
"Para Emily Yokas! Ela tem um celular que eu dei prá ela, sem os pais dela saberem!" – Erik respondeu sem pestanejar. Quem sabe, quando tudo viesse à tona, ele receberia alguma clemência por ter colaborado com a investigação, ou coisa assim.
James estava surpreso. Ele não era tão durão assim. Não foi difícil conseguir o que queria. O Ministério Público começava a ter sérias dúvidas quanto a história contada pela garota, naquele caso. Ali tinha muito mais.
Bosco e Ty estavam na porta do fórum com o pedido de quebra de sigilo e um de busca e apreensão a ser realizado no apartamento dos Yokas, apenas aguardando James chagar com o resultado de sua 'visita', a cópia do depoimento assinado por Erik confessando a existência do tal celular.
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Alguém batia à porta e Faith atendia, estava passando um dia como dona de casa normal, por causa da suspensão.
"Sra. Yokas?" – Um dos oficiais de justiça perguntou.
"Sou eu." – respondeu ela, sem entender o que todos aqueles homens faziam em sua porta.
"Eu sou o oficial de justiça Walberg e tenho uma mandado de busca e apreensão de um telefone celular nessa residência, por ordem do Excelentíssimo Juiz de Direito dessa comarca."
"Mas... já foi feita a verificação em todos os aparelhos daqui." – respondeu ela a fim de terminar o assunto.
"Cremos que a senhora não tem conhecimento deste aparelho. Ele foi dado por Erik Mitchel, prisioneiro na penitenciária do estado, à sua filha Emily, conforme ele disse em depoimento hoje de manhã." – esclareceu o oficial.
"Não podem entrar aqui." – disse ela.
"A senhora pode ser presa por impedir a execução de uma ordem judicial." – respondeu ele, seco e direto.
"A Emily e ele não estão mais juntos." – afirmou ela.
"Não segundo o senhor Erik. Com licença" – e foi entrando, acompanhado dos outros.
"Onde fica o quarto de sua filha?"
"Lá." –respondeu Faith, apontando a direção.
"Senhora, pedimos que todas as pessoas na casa fiquem a vista enquanto fazemos a busca."
A polícia e o oficial de justiça entravam no quarto da garota, revirando tudo, até que buscando no colchão onde ela dormia, encontraram uma abertura estranha, e dentro dela, o celular. Faith estava pasma, o tal celular existia, ela não tinha terminado o namoro ... outras dúvidas iam surgindo e Emily teria que explicar.
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A notícia corria mais rápido do que rastilho de pólvora dentro do 55º departamento de polícia. Em pouco tempo todos já sabiam que um celular tinha sido encontrado dentro da casa de Faith e que nem ela sabia da existência. Esse aparelho não teve o sigilo quebrado como os outros, atitude um tanto suspeita.
Boatos de todos os tipos e tamanhos surgiam, falando as mais diversas coisas. Fofoca era uma coisa terrível, falava-se de tudo e sem fundamento. No boca a boca, quem conta um conto aumenta um ponto. Logo Sullivan passou a saber da notícia. Recebeu um telefonema de um dos colegas de trabalho, contando o que houve.
A campainha tocava na casa de Maggie.
"Atende prá mim Ty!"
Ao abrir a porta lá estava Sullivan. Davis continuava mudo. Não queria conversar com ele, mas não deixou de sentir uma curiosidade infantil sobre o que o trazia até a sua porta.
"Oi Ty..." – disse ele, um tanto desconcertado.
"Oi." – respondeu o outro, sem o menor ânimo. Não tinha motivos para ser simpático com quem sequer lhe deu o benefício da dúvida.
"Bom... eu vim aqui, porque queria saber uma coisa..."
"Você sabe a resposta, eu não vou repetir."
"Foi o que eu pensei." - constatou mais para si mesmo do que para o outro, mas Ty ouviu sua afirmação, sua tentativa de auto convencimento.
"Quando? Quando o Bosco foi o único que ficou do meu lado ou quando descobriu que a Emily e o Erik ainda se falavam? Ou foi quando soube que ela tinha um celular escondido dos pais? Ou será que foi quando você, ela e o Candy tentaram fritar o Bosco e eu na corregedoria e caíram do cavalo?"
Sully podia entender o motivo da frieza de seu ex – parceiro, quase raiva.
"Eu sei que você está chateado, mas eu queria dizer que sempre tive dúvidas sobre a sua culpa e vim te pedir desculpas por não ter te apoiado." – era difícil dizer aquilo. Repreendeu Ty uma vez por não dar direito a dúvida quando Candyman foi acusado de roubar um cafetão, e agora incorria no mesmo erro.
"Tá... eu sei que você "sempre" duvidou depois que o Bosco ficou do meu lado, quando ele nunca ficou contra a Faith, foi aí que você passou a ter dúvidas! É só isso?" – Ty não tinha humor para conversar com nenhum deles, estava deduzindo toda a situação.
"Eu só queria saber se... nada não. Deixa prá lá. Tchau." – Não tinha como se desculpar pela situação que criou. Ele era o parceiro de Ty, e no entanto, foi Bosco, parceiro da mãe da 'vítima' quem ficou do lado dele na hora dos problemas.
Ty não se deu ao trabalho de responder, simplesmente fechou a porta, no momento em que esteve na pior, o apoio que mais lhe fez falta foi o de seu parceiro.
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Rose estava na cozinha, Maurice estava dormindo profundamente. Ela não podia deixar de se sentir feliz por ele estar se dedicando novamente à advocacia dessa forma, mesmo que isso o desgastasse tanto.
No fundo ela tinha esperanças de que ele recuperasse a fé no sistema, perdida há tantos anos, e largasse a polícia de uma vez. Nunca foi taxativa com ele, mas sempre deu a entender que tinha medo que ele se machucasse seriamente, ou que fosse perseguido por algum maluco. Como mãe tudo o que ela queria era manter seu bebê a salvo do mundo que o cercava.
Pensou em tudo o que ele estava fazendo por Ty Davis. Jamais chegou a se questionar se ele era mesmo culpado do que o acusavam. Se Maurice o defendia dessa forma não podia ser verdade. Não se lembrava dele se enganar com o caráter das pessoas, só que dessa vez ela sabia que ele estava pagando um alto preço pela decisão que tomou. Estava perdendo uma longa amizade e arriscando seu emprego (do qual ela não gostava muito, por mantê-lo em segredo na polícia por tantos anos).
Ela sabia que muitas vezes seria assim, e que ele teria de se afastar das pessoas a quem amava para defender seus ideais, e que essas pessoas nem sempre seriam tão compreensivas. Ela própria sabia que não o era, muitas vezes, mas sabia que ele precisava de apoio no que decidia fazer, e muito desse apoio ela sentia que devia a ele, fosse por seu amor por ele ou para compensá-lo da difícil infância que seu filhos tiveram embora ele jamais tenha cobrado isso diretamente.
Foi até o quarto, sentando-se do lado dele, observando-o como quando ele era criança. O rosto semi escondido pelo travesseiro, calmo, tranqüilo. Deu-lhe um beijo no rosto, deslizando os dedos pelo cabelo curto, mantido assim desde o tempo do exército. Sabia que em pouco tempo ele ia acordar e os dois iriam para a casa da Maggie. Queria apenas aproveitar esse minuto que ela tinha com seu garotinho. Ele nunca ia crescer prá ela.
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Emily chegava em casa, encontrando a mãe séria.
"Oi mãe." – cumprimentou, estranhando.
"Oi, como foi na aula." – respondeu ela, tentando pensar numa forma mais suave de abordar o assunto, mas nada lhe ocorria.
"Nada de anormal." – respondeu ela, enquanto jogava a mochila no sofá.
"Emily... eu quero saber o que significava um celular escondido dentro do seu colchão. Não foi seu pai nem eu quem te deu. Quem foi?" – perguntou ríspida, esquecendo-se de que é mãe, bancando a policial em interrogatório.
Emily não esperava aquela pergunta direta. Sempre achou que ninguém descobriria.
"É de uma amiga. Ela pediu para eu guardar, só isso." – respondeu com a desculpa mais velha do que andar prá frente.
"Ah é... então por que a polícia estava interessada nele? Essa sua amiga tem contato com algum criminoso chamado Erik? Por que foi ele que te deu, certo?" – Faith não queria saber até onde aquela mentira podia ir.
"Tá, é meu. Você não tinha o direito de fuçar nas minhas coisas!" – respondeu a garota revoltada com atitude da mãe.
"Não fui eu quem descobriu." – Faith justificou, não muito certa do motivo por que fazia isso.
"Charlie... aquela pestinha! Foi ele quem contou?" – rosnou Emily.
"Não foi o seu irmão. E isso quer dizer que ele sabia... Só que se ele não contou alguma coisa você fez prá ele. O que?" – Disse Faith, percebendo que aquela situação ia muito mais longe do que ela foi capaz de imaginar de início.
"Nada! Me devolve, não é da sua conta!" – Emily esta nervosa, estendeu a mão, eperando receber o celular de volta, mas não aconteceu.
"Emily...a polícia veio aqui, com um mandado de busca e apreensão e o levou. E sabe como eles souberam? Por que o Erik, seu querido foi quem entregou você prá eles. Mas porque ele faria isso? Você está me escondendo alguma coisa, e eu quero explicações." – Faith estava séria, olhando a menina, os braços cruzados, aguardando a resposta que não veio.
Emily estava pálida, a casa estava desabando e ela se sentia traída pelo namorado. Ele entregara o segredo deles. Talvez ele sempre tivesse sido o fracote que a mãe dela tinha falado. Ele a entregou quando a situação ficou ruim. O cerco tinha fechado e ela começava a ver as coisas que sua mentira tinha causado.
Mas o fato era que não se importava com isso. Ela queria se vingar da mãe por nunca estar presente, culpava-a por tudo, e levaria isso até o fim.
"Emily, estou esperando a resposta da minha pergunta." – Faith queria saber o que estava por trás de tudo aquilo, e algo lhe dizia que se arrependeria de muitas das coisas que fez até aquele momento.
"É ele me deu. Ele gosta de mim e eu dele." – Justificou a jovem.
"Gosta de você! Que piada! Ele entregou que mantinha contato com você na menor pressão que fizeram nele! Ele não vai hesitar em tirar o dele da reta e deixar você sozinha no que quer que vocês tenham aprontado!" – Faith tentava fazer a filha ver que o que havia entre ela e Erik não era sério, não era verdadeiro.
"O que tem demais em nós nos falarmos? Você nunca está aqui mesmo, prá saber." – Emily não pôde conter a vontade de dizer aquelas palavras.
"Não estamos falando de mim. Estamos falando em por que o advogado do Davis ia querer um depoimento do Erik e seu celular?"
"E eu sei lá! Por que é doido?"
"Não minta Emily! Você está escondendo alguma coisa! Só falta o Bosco ter razão... você mentiu!" – Faith estava decepcionada com as coisas que estava descobrindo.
"Não estou, não! Vai acreditar neles ao invés de mim, que sou sua filha? Eu te odeio!"
Dizendo isso Emily se trancou no quarto. Achava que ficaria bem, já que estava fazendo o que queria, mas sabia que não seria assim.
Faith buscou Charlie na casa de um amigo e decidiu que tinha que saber o que realmente estava acontecendo. O advogado que ela pagava para acompanhar o caso de Emily no tribunal já tinha comentado que a defesa de Ty estava reunindo provas fortes. Agora era a surpresa do celular.
Dirigia concentrada em sua tarefa até que ouviu Charlie perguntar:
"Aonde vamos, mãe?"
"Ver uma pessoa Charlie."
&&&
CONTINUA...
Direito é assim, se você quer uma prova que não pode ter diretamente, como esse bendito celular, você tem que alcançá-la por vias oblíquas, tangenciar até ela cair no seu colo. Se não conseguir não pode obter ilicitamente, você cai na teoria dos "frutos da árvore envenenada" – Teoria muito utilizada nos EUA, onde tudo o que se produz a partir de uma prova ilícita é ilícito por conseqüência.
Sempre que alguém é preso tem o direito de saber quem foi que efetuou a prisão: nome, patente e número de inscrição do policial.
Bom, mais um detalhe... quanto a esperança do Erik em ser apenado com menos rigor por colaborar com a investigação, chama-se "delação premiada", o mesmo artifício que alguns dos corruptos da CPMI do mensalão estão usando para se safar. Só que, até onde eu me lembro, nos EUA essa prática é proibida, os policiais fazem, mas é contra as normas, tanto que nem são preenchidos relatórios nesse caso.
Lembram da primeira aula? Horário para as buscas domiciliares serem efetivadas? Pode ser ou não com ajuda policial.
Beijos da Kika-sama.
