Mil perdões pelo atraso na postagem desse capítulo, mas infelizmente uma tia minha faleceu e o fim de semana passado eu estava em Minas Gerais. Mas agora volto a retomar meus afazeres e atualizo a fic novamente, sempre aos sábados.

Resposta rápida às reviews: Sadie, fazer a cara da Faith cair de vergonha e desgosto foi um dos motivos principais de eu escrever esse texto! Mas aqui eu tive que dar à ela uma certa redenção, pela 'humildade' demonstrada, embora eu ache que ela não sabe o que é isso.

Quanto a sua pergunta, do por quê dessas coisas acontecerem dentro de casa, tudo é um grande mistério! Psicólogos, psiquiatras... ninguém entende! Veja só: há casos de filhos que são maltratados pelos pais e jamais se voltam contra eles, e outros (citando aquele caso da garota que matou os pais aqui em SP) onde a pessoa tem de tudo e faz o que faz! Vai entender os humanos!

Juni: agradeço sua review... Parece que há uma grande vontade de ver a Emily atrás das grades, né! Bem que ele merece! Mas calma... o que é dela está guardado e já está escrito. Tenha só mais duas semanas de paciência, OK? Beijos.

Post. 9/11 – o antepenúltimo, enfim!

Frases em itálico lembranças

CAP. XII – A quem se direciona sua raiva?

"Charlie... você sabia do outro celular da Emily?" – Faith perguntava enquanto olhava o filho pelo retrovisor. Desde que saíra de casa estava com essa pergunta engasgada, e ao observar o comportamento inseguro do garoto, confirmou em muito o que tinha deduzido. Só faltavam as palavras.

O menino ficara em silêncio, intimidado. Remoendo a situação, pensando no que dizer e fazer, tentando se agarrar a esperança que o 'tio' lhe deu, dias atrás. Olhou para os dedos que se entrelaçavam continuamente.

"Ela disse prá eu não falar nada senão ela ia mandar o Erik me pegar." – respondeu quieto, como se tivesse medo do que ia acontecer, sem encarar olhar da mãe pelo espelho.

Essa foi demais, como se não bastasse tinha ameaçado o irmão! Cada vez quilo ficava pior. Naquele instante pensou nas palavras de Sullivan:

"Não sei, eu não estava lá. Mas você não pensa que o Bosco pode ter visto algo errado?"

"O que quer dizer com isso?"

"Que talvez o fato de ser mãe tenha te cegado em alguma coisa..."

Talvez ele tivesse razão. Talvez a necessidade que ela tinha de compensar a filha fizera com que ela fechasse os olhos aos detalhes. No fundo se sentia culpada cada vez que a filha demonstrava que ela não estava presente, embora não se arrependesse de trabalhar.

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Bosco e Ty estavam ocupados assistindo um jogo de futebol, enquanto Maggie e Rose conversavam.

"... e hoje o Sullivan, ex – parceiro do Ty e do meu falecido marido, esteve aqui. Pelo que o Ty me falou ele disse que estava em dúvida sobre a realidade das coisas e pediu desculpas." – Dizia Maggie, ao olhar pasmo da outra mulher.

"Maggie, eu nem sei o que dizer..." – e realmente Rose não sabia.

"Nem eu sabia na hora que o Ty me contou. Fiquei olhando prá ele com cara de boba e com a boca aberta."

Enquanto as duas riam a campainha tocava, mas ninguém se habilitou a atender. Até que ela tocou denovo, e denovo.

"Homem é bicho folgado, né!" – comentou Maggie, alto o suficiente para que os dois ouvissem, enquanto se dirigia à porta.

"Nem me fale, criei dois!" – respondeu Rose, enquanto Maggie abria a porta.

"Pois não?" –disse ela, até que foi interrompida por Rose, num pronto reconhecimento.

"Faith?" - Questionou ela num rompante típico italiano.

"Faith... Faith Yokas! É ela? A mãe daquela monstrinha? " – espantou-se Maggie ao ver a mulher que estava parada à sua porta, quase tão pasma quanto Rose, enquanto lhe apontava um dedo, numa atitude involuntária.

"Sra Davis... Rose..." – Faith não sabia por onde começar; até entendia a raiva da mãe de Ty, mas a da mãe de ex- parceiro era algo com o qual ela não esperava lidar tão cedo.

"O que você quer aqui?" – questionou Maggie indiferente, nem de longe lembrando a gentileza com que atendeu a campainha. Sua expressão era dura e fria, sem qualquer sinal de hospitalidade. Jamais pensou que pudesse agir assim. Quando ficava com raiva, como da vez em que Ty foi baleado por causa de uma atitude impensada de Sullivan, ela simplesmente deixava a coisa sair, mas estava se surpreendendo com esse novo jeito de ser.

"Eu queria... eu queria conversar. Sobre tudo o que está acontecendo." – Disse Faith, ainda tentando manter alguma dignidade em sua pessoa. A verdade era que o olhar das duas diante dela a desconcertaram.

"Achei que você só ia querer conversar no tribunal." – Maggie não estava mesmo gostando daquela visita.

"Eu sei, mas é que aconteceram muitas coisas e eu..." – não teve chance de completar seu pensamento, pois Rose a interrompeu sem qualquer cerimônia, ou educação.

"Como o fato de, para ferrar o Ty, você ter denunciado o Maurice para a corregedoria? Você é incapaz de respeitar a opinião dos outros?" – Dizia a italiana, com cara de poicos amigos e com um tom de voz já um tanto alterado.

"Rose..." – Faith podia sentir que ela não brincava e não pouparia ninguém de ver suas demonstrações de raiva. Faith sempre soube que Maurice era o filho preferido, e qualquer um que mexesse com ele ia se ver com ela.

"Não terminei, ainda!" – disse ela com o dedo em riste apontando para o rosto de Faith. – " Você não sabe direcionar sua raiva? Você quis atingir o Ty e feriu a todos que estavam em volta, inclusive o Maurice, quem sempre tratou você como melhor amiga. Não vou negar que fiquei puta da vida com você, e ainda estou, quando vejo meu filho triste por sua causa!" – Rose já estava dando um de seus clássicos rompantes. Era séria, mas quando resolvia fazer escândalo...

"EU SEI!" – gritou Faith, sentindo-se encurralada com a atitude da outra, sem reação.

"Não grite! Você não está na sua casa e nem de farda para exigir todo esse respeito. Sossega! Acho que não temos nada prá conversar com você."

Maggie estava sendo dura, pegando carona na visível aspereza de Rose. Realmente dava prá ver a quem o Maurice tinha saído quando ficava com raiva.

"Olha... eu não vim aqui prá brigar, eu só... só queria... Bom, hoje eu descobri que... " – Faith parava de falar ao avistar Ty e Bosco no corredor. O chilique de Rose foi mais atrativo do que o futebol!

Naquele instante percebeu que sem o Bosco ela não tinha mais ninguém em quem confiar o bastante para contar seus problemas, ele sempre estivera presente e ela tinha arruinado tudo. Não havia porque culpar Emily, sua filha estragou a vida do Ty, mas com Boscorelli a culpa foi toda dela. Não soube acatar a opinião dele, como se ela fosse influir em alguma coisa do que já tinha "acontecido". Ela já não sabia mais em quem acreditar.

Ele sequer a cumprimentou. Foi frio, estranho. Como se jamais tivessem se visto. Ele estava com a cabeça apoiada no ombro da mãe, dizendo prá ela maneirar no escândalo. O fato era que sem ele, ela não tinha mais ninguém, todos no 55 Distrito estavam contra ela, até mesmo os bombeiros e olhe que Jimmy Doherty não passava em baixo da mesma porta que o Boscorelli!

Ela queria cumprimentá-los, mas não sabia como, eram como perfeitos estranhos. Chamar de "Bosco" e "Ty" estava fora de cogitação. Não tinha mais intimidade para tanto.. Aliás, a frieza do ex- parceiro era o que mais machucava, e ele parecia não sentir nada, não havia mais nenhum traço de amizade, nenhum laço entre eles.

Estava parada, encarando todos eles quando Charlie passou por ela. O menino estava inadvertido sobre tudo o que se passava, e só sabia que sua mãe e o parceiro tinham brigado.

"Oi, tio Bosco!" – ele disse sorrindo. – "Oi Ty!" – cumprimentou da mesma forma, parado à porta.

Charlie se sentou aliviado em pensar que Emily teve seu segredo descoberto, e que Bosco era o provável responsável por isso. Sabia que poderia sempre confiar nele.

"Oi Charlie." – respondeu Bosco da forma carinhosa com que sempre tinha tratado o garoto.

"E aí." – Respondeu Ty, da mesma forma , só que um pouco mais inseguro, reservado, estranhando a atitude do outro que tratou o menino sem qualquer reserva. Ty seguia a premissa: cão mordido de cobra tem medo de lingüiça!

"Você mora aqui, Ty?" – Perguntou ingênuo ao clima pesado, olhando em volta.

"Moro." – respondeu tímido, mas mais confiante. Não era Charlie quem lhe causou problemas, por que descontar nele uma raiva que ele não merece?

"E o que o Tio Bosco tá fazendo aqui?" – perguntou ingênuo, aproximando-se deles.

"Ei! Que tal perguntar prá mim? Eu tô aqui. Sei que quase não dá prá me ver atrás dele, mas..." – brincou Maurice, divertindo o menino.

"Eu sei!" – disse ele, abraçando o policial.

Faith olhava aquela cena, o comportamento para com filho dela não tinha mudado em nada. Ty parecia um pouco distante, mas o outro não.

"Você não mudou nada com ele..." – comentou ela.

"Meus problemas são com você, não com ele." – Foi toda a resposta que ela recebeu.

"E o Fred?" – Arrependeu-se de fazer a pergunta quando ele a olhou atravessado, sem qualquer consideração.

"Não fede nem cheira. Não tenho nada contra." –respondeu no mesmo tom curto e grosso da resposta anterior. Estranhamente não se sentou mal em fazer aquilo, como acontecia das outras vezes. Talvez esse fosse o golpe necessário para que eles terminasse com a parceria. Maurice não acreditava que pudessem sobreviver para transpor aquela situação.

"Bom..." – Maggie falava – "Acho melhor você entrar se ainda tiver alguma coisa para dizer." – Não seria mau educada a ponto de fazer o menino pagar pelos atos da mãe e da louca da irmã, ainda mais ao ver o quanto a criança parecia feliz em estar junto dos dois rapazes.

"Não... eu só queria dizer que estava fazendo meu papel de mãe e defendendo minha filha, mas não tenho mais tanta certeza do que houve, e sinto muito." – Disse Faith, sem saber mais por onde começar um pedido de desculpas. Não achava que tinha que se justificar, mas algo dizia para que fizesse isso.

"Seria compreensível se você não começasse atingir meu filho por raiva de outra pessoa ou de você mesma." – Rosnou Rose, alto o bastante para que Faith ouvisse, cruzando os braço, esperando a resposta.

"De mim?" – questionou Faith, pasma com audácia da afirmação da italiana.

"De você sim. Você se sentiu a mãe ausente, que não cuidou de sua filha e quis fazer isso agora, só que sem poupar ninguém. Eu entendo que você tem que dar mais crédito à sua filha do que aos outros, mas o que o Maurice tinha a ver com isso?" – Rose foi impiedosa com essa afirmação, mas Maurice era seu neném, nenhuma mulher ia fazer o que fez com ele sem punição.

"A Rose tem razão Faith. Eu entendo e se estivesse no seu lugar, talvez fizesse a mesma coisa, e agora nós estamos fazendo nosso papel de mãe, mantendo nosso filhos afastados de você." – disse Maggie, aproveitando o gancho da outra.

"Tenho certeza de que você não ia gostar se Maurice ou Ty maltratassem o Charlie por terem brigado com você." – Rose estava irada realmente. Não pouparia palavras para fazê-la se sentir pior do que já estava.

"Bom, eu só quero dizer que, quando sair o resultado da perícia daquele celular, se foi dele que ligaram para o Ty, a queixa vai ser retirada. Venha Charlie... precisamos ir." – Disse ela. Precisava se distanciar rápido, senão ia desabar e chorar alí mesmo, em frente delas.

O garoto se despedia dos dois e saía correndo atrás da mãe. Faith começava a pensar nas palavras que tinha dito... "se foi dele que LIGARAM PARA O TY"... ela própria já acreditava nisso.

"Mil desculpas Maggie... por essa cena. Esqueci que não estou na minha casa!" – Disse rose, tímida, passado o rompante.

"Sem problemas." – No fundo Maggie admirava o modo como Rose defendia o filho dela, mas imaginou que se ela realmente estivesse em casa, algumas coisas teriam voado em direção da Faith. Não deixou de rir ao imaginar a cena.

CONTINUA...

Infelizmente esse capítulo foi curto, senão ia estragar a prévia do encerramento!

No próximo capítulo: a tão esperada audiência!

Beijo K's da Kika-sama!