Até que enfim... antes tarde do que nunca! O último capítulo! Agradeço as reviews de vocês Juni e Sadie, mesmo. E agradeço por vocês terem, acompanhado esse fic até aqui, espero que o fim não seja decepcionante... nunca sei como terminar um conto, mas estou tentando melhorar (esqueci que tinha uma semana de provas me aguardando no meio do caminho.)
Post. 11/11. - Final
CAP. V – 'D' de defesa.
James sentiu um frio na barriga ao iniciar a exposição de sua tese de defesa, era algo um pouco pior do que a apresentação de seminários para a turma da faculdade, alguém dependia muito dele naquele momento..
"Inicialmente, Excelência, a defesa concorda com a acusação no que tange a falta de comunicação do, então policial de serviço: Tyrone Davis Júnior, para com a central de polícia.
Entretanto, não foi por qualquer motivo, ou má intenção de meu cliente, e sim por uma razão, não tão simples como parecerá: Tyrone Davis, assim, como quase todos os policiais do 55º Distrito tem problemas pessoais com o sargento Jason Cristopher. E isso é público e notório. Se quiser, excelência pode perguntar a própria mãe da vítima, que o conhece bem. Esse sargento é tão mau visto que recentemente foi transferido de distrito.
Como se tratava de questão pessoal, como a própria defesa argumentou, meu cliente não informou a central por receio de uma reprimenda pessoal a qual viria a manchar sua conduta nobre. Foi uma decisão infeliz, concordo. Mas ainda assim, não dá a acusação o direito de deduzir o que se passava na mente do acusado no momento em que não informou a central.
Ainda sobre a questão do telefonema, informo ao senhor que essa chamada foi feita de um aparelho celular que a adolescente mantinha, em segredo até mesmo de seus pais, para conversar com o namorado, preso na penitenciária do estado. Esse celular foi descoberto em confissão do próprio namorado, Erik Mitchel, em depoimento assinado. Da linha desse celular, que continuava em posse da adolescente depois da data do fato, foi feita uma chamada para o aparelho do meu cliente, pouco antes do desenrolar da situação.
Agora, atente para o detalhe: Erik Mitchel foi preso, cerca de dois meses antes da acusação, pelo próprio Tyrone Davis Júnior, por posse de entorpecente. Mas voltando ao fato: Ao chegar Davis encontrou a porta entreaberta, daí, nenhum sinal de arrombamento, mesmo se fosse um desconhecido nada seria encontrado.
Segundo meu cliente, ao entrar na residência, Emily lhe serviu um copo de refrigerante, e nesse copo, foi encontrada dissolvida, a droga encontrada no exame de sangue de Ty Davis, feito na mesma data.
Levando em consideração a quantidade encontrada no sangue do policial e a do copo, dadas as proporções, foi alí onde ele ingeriu a substância, não tendo chegado em estado psico-motor alterado na casa da vítima. Nem, tampouco, ingerido vinho, uma vez que a substância não foi acusada em seu exame de sangue.
Segundo todos os testes periódicos feitos pelo departamento de polícia, nunca foi encontrada substância estimulante, o que nos faz crer que meu cliente não tem histórico de uso de narcóticos ilegais, diferente da vítima, que sofreu uma overdose há pouco tempo, motivo pelo qual sua mãe, Faith Yokas, aqui presente, registrou queixa contra Erik Mitchel, então namorado de sua filha."
"Protesto, Excelência. A Urina dos testes pode ser de qualquer um, e ele pode ter levado a droga até o apartamento." – disse a acusação.
"Excelência, isso é só especulação. Não se pode afirmar nada, e eu aqui alego o princípio do 'in dubio' – persistindo dúvida esta deve beneficiar o réu." – Afirmou James com categoria.
"Negado." – disse o juiz ao advogado de defesa. – "Prossiga Doutor."
"Obrigado excelência. Quanto a afirmação feita pela vítima, de que ela estava tomando refrigerante no copo onde Davis teria se servido de vinho, tenho a dizer que: como ela poderia ter utilizado aquele copo para tomar alguma coisa se apenas foi encontrada uma impressão labial nele, correspondente a do acusado?"
O juiz começava a encarar a suposta vítima. Sua convicção suspeitava de uma desforra pelo acontecido com o namorado, com quem ela ainda mantinha contato, e agora a questão do copo. A defesa estava bem preparada, mas ele tinha que aguardar, para ver se iam impugnar a acusação de estupro. Caso não o fizessem era como aceitar a culpa. James continuava:
"A acusação afirma que por ser conhecido da família e ter acesso freqüente a casa, Ty serviu-se de uma garrafa de vinho que estaria atrás do balcão, que era onde a menina estava. E como, por Deus, ele pode ter pego esta garrafa se foram encontradas apenas as digitais da família, mas nenhuma dele? Assim como em seu exame de sangue não acusou a presença de álcool no organismo?
Isso me faz concluir duas coisas: Primeira: Ty Davis nunca tocou naquela garrafa e a vítima nunca pôs a boca naquele copo.
Emily, por meio de seu advogado também afirma que foi coagida sob mira de uma arma de fogo, a mesma que era portada pelo policial em suas rondas, e que foi deixada sobre a bancada. Mas quem é que ameaça alguém com um objeto desses, e o deixa com a coronha e gatilho virados contra si mesmo?
Excelência, atente para a posição da arma sobre o balcão: a menina do lado da coronha e Davis do lado do cano, conforme foto da reprodução simulada. Quem ameaça alguém assim?
O último tópico a esclarecer é o em relação a violência física: Não foi feito exame de corpo de delito na queixante, o que seria a prova cabal da existência do estupro afirmado. Sem prova não há crime. Quanto as marcas no pulso da moça, tenho a dizer que, conforme Ty me relatou os fatos e seu depoimento durante o interrogatório, ela se atirou em cima dele, enquanto estava com as roupas sujas de vinho, motivo pelo qual sua farda ficou impregnada com o odor da bebida. Além do mais, Davis afirma que ela o agrediu, e que para se defender segurou-lhe os pulsos, momento em que ela começou a se debater machucando-se propositadamente.
Quando se soltou, ela pegou o taco e acertou-o na cabeça, fazendo com que ele caísse inconsciente. Foi nesse momento em que a vizinha entrou, e conforme o próprio testemunho da senhora, foi tudo o que ela viu, nada de estupro, ou de agressão.
Pedindo que todas as provas e fatos sejam levados em consideração, eu encerro, excelência."
Para o juiz aquilo bastava para absolver Ty, mas ainda restava uma coisa, obter a confissão da jovem.
"Emily Yokas. Está ciente de que foi arrolada como testemunha e de que o falso testemunho é crime?" – questionou o representante do Ministério Público.
"Sim, senhor." – respondeu ela, passando uma falsa sensação de segurança.
"Como me explica o celular que você ocultava de seus pais? E o fato de não mencionar ele quando foi solicitada a quebra do sigilo telefônico, por você mesma autorizada." – ele questionou.
"Meus pais não queriam que eu namorasse mais o Erik. Então ele me deu, assim nós poderíamos conversar em segredo." – respondeu ela, sentindo a pressão aumentar, mas como se não tivesse nada a esconder.
"No seu depoimento inicial disse que o réu apareceu em sua casa sem motivo, o que tanto seu advogado quanto o dele, concordam em não ser verdade. Você o chamou. Como explica isso?"
"Eu liguei para ele e pedi que ele fosse em casa." – respondeu ela, se contradizendo da afirmação inicial.
"E por que negou isso?' – dessa vez era o próprio juiz que questionava a menor.
"Por que eu não quis que soubessem que eu o chamei." – respondeu inocente.
Faith não podia acreditar que aquela era sua filha, o desgosto a corroía como um ácido voraz.
"E por que não?"
"Por causa do que ele fez."
"Insiste na acusação do estupro." – questionou o representante do Ministério Público, observando a insistência da garota nessa afirmação já descaracterizada.
"Ele FEZ." – Gritou ela.
"Certo, só que se você não fez o exame eu não tenho a prova, sem prova não há crime, e sem crime eu não posso condená-lo." – afirmou o juiz com dúbio sentido, ou ela mostraria novos fatos ou ela se entregaria numa contradição.
Emily olhava pasma para todos ao redor... aquilo tudo tinha sido prá nada?
"Emily... como você explica a história das digitais na garrafa e do copo?" – o Juiz a olhava frio, analítico.
Emily estava desestabilizada, sabia que não tinha desculpa para aquilo.
Olhou para o juiz que esperava a resposta da pergunta que fizera, os advogados e os demais presentes, encarou Ty mais uma vez. Seus pais a olhavam com desaprovação, não tinha saída.
"Emily Yokas... você já afirmou estar ciente de que o falso testemunho é crime eu ainda aguardo a minha reposta." O juiz não estava sendo condescendente.
Faith não conseguia mais olhar para ninguém ali dentro.
"Eu... eu... eu menti!" – dizia Emily, enquanto caía num rompante repentino de choro. Maggie estava aliviada ao ouvir aquela confissão, assim como Ty e seu advogado. Os pais dela também se sentiam aliviados por ela ter dito a verdade, por mais dolorosa que fosse. Pelo menos sabiam que ninguém inocente seria condenado, afinal.
Emily entregava todos os planos que tinha feito com Erik, os motivos de ter raiva de Ty, por prendê-lo e de sua mãe, por se dedicar mais ao trabalho do que à família... Tanto juiz, quanto o representante do MP, quanto advogados estavam surpresos com a engenhosidade do plano, que foi levado até o tribunal , quando deveria ter sido solucionado ainda durante a investigação.
Após breve recesso, o juiz retorna à corte para dar seu veredicto, com base nos pedidos da defesa e do Ministério Público. Faith e Fred já sabiam o que esperar, assim como os prepostos de ambas as partes.
"A corte judicial da 7º vara criminal do Estado de Nova York, encerra o caso presente: Yokas x Davis. Diante da confissão da adolescente, outrora queixante, reconhece-se a inocência do réu, Tyrone Davis Júnior, de todas as acusações feitas contra sua pessoa, devendo este ser reintegrado novamente à força policial da qual fazia parte, devendo toda e qualquer menção deste ato ser retirada de seu histórico civil e criminal, assim como qualquer observação dessa natureza, concernente a este autos, de seu registro policial, e sem prejuízo de seus numerários.
No mais, a adolescente Emily Yokas, tendo confessado crime, será denunciada por falso testemunho e submetida a penalidade de tratamento médico até prolação de sua sentença, como medida cautelar, em razão de sua atitude, conforme solicitado pelo Ministério Público.
Essa decisão servirá de prova em possível ação perante o juízo cível, em ação de danos morais, caso Tyrone Davis Júnior entenda cabível. Sessão encerrada."
Faith e Fred choraram ao verem Emily ser algemada e retirada do tribunal. A mãe de Ty chorava de pura felicidade. Enfim a justiça se fazia presente, mesmo que o sistema fosse desacreditado.
James respirava aliviado pela primeira vez em horas, a sensação do dever cumprido, tantas horas de dedicação e empenho haviam sido, finalmente, recompensadas.
Ty estava feliz, e começava a pensar se realmente retornaria a polícia, ou retomaria seus estudos, pensava no que Boscorelli tinha lhe dito, tempos antes, no modo como ele perdera a fé no sistema. Nada era garantido... era uma profissão de risco. Não tanto quanto a de policial, por se trabalhar na segurança do fórum e não nas ruas. Só que alí, Ty aprendera a conhecer a força das palavras e meios de expô-las, com elas ele poderia tanto fazer surgir a verdade por trás dos fatos, quanto consolidar mentiras... absolver um culpado ou condenar um inocente.
Um jogo nada previsível, sem movimentos determinados, onde o vencedor era sempre quem fazia valer seu ponto de vista, fosse qual fosse.
Talvez a polícia fosse mais garantido, lá ele pegaria os criminosos, relataria coisas sem sombras de dúvidas e deixaria o tribunal para quem tem o dom.
Talvez ele não fosse tão bom advogado quanto era policial. Seu senso de justiça ia além do que se pode provar ou não, ao ponto de que sua virtude se torna sua fraqueza.
Boscorelli já sabia o resultado da sentença. Ty o havia informado assim que as comemorações e abraços o deixaram com um braço livre. Aquele era um dos motivos que o levara a cursar direito, e com isso ele recobrou um pouco da fé que tinha no Poder Judiciário e nele mesmo. Claro que ele sabia que o trabalho tinha sido bem feito, mas cada vez, era sempre a primeira vez. Cada caso era um caso, mas será que ele voltaria para o tribunal? Não. Com certeza não... deixar um carro potente, com o tanque cheio de gasolina paga pelo governo e uma arma, para usar toga?
E a diversão onde fica? Agradeceu em silêncio por ele poder fazer as duas coisas, mesmo que uma fosse só por debaixo dos panos.
No dia seguinte se reapresentaria ao serviço, pedindo seu retorno para o 55º distrito, que era sua casa.
FIM.
Acaba aqui! Assim, sem mais nem meio mais?
Eu sei que é irritante, mas o que acontece com Faith e os outros, tem duas opções: ou não acontece nada, ou alguém se habilita a fazer uma continuação. Não escrevo romances. Fica a cargo de vocês. Nessa história eu não mexo mais.
Agradeço as amigas sempre presentes que acompanharam essa história, a meus professores, excelentes mestres, que me ensinaram muito bem a arte do direito, e dedico esta história aos meus colegas de classe que são policiais, e aos colegas da minha futura profissão, advogados, delegados, promotores, procuradores, juízes, desembargadores, etc.
Beijo K's
Kika-sama.
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A impressão dos lábios é como a digital, não existem duas iguais.
A jurisdição é inerte, se você não provoca, com pedido, ela não concede nada, o juiz não pode decidir nada, além do que foi pedido, e se a pessoa não contesta um ponto, ele é tido como verdadeiro.
Reprodução simulada reconstituição do crime (que é uma forma errônea, mas virou um vício de linguagem).
O fato de ter que buscar a confissão da jovem refere-se ao fato de que o juiz tem que buscar a verdade, onde quer que ela esteja.
Bom, no momento não estou com muita inspiração para outros contos sobre esse assunto, mas assim que tiver novidades eu aviso, OK? Cadê as fics de vocês?
Agora sim...
FIM
