A Invasão
Nota:
Tudo que estiver entre significa que o personagem esta falando a língua Kdar ou pensando em Kdariano.
K medida de tempo Kdariana:
1 kx equivale a 1 segundo 1 kr equivale a 1 minuto 1 k equivale à 1 hora 1 ano terrestre equivale a 63 anos em Kdariano 1 dia terrestre equivale a 5.25 dias em KdarianoCapitulo IV - Sentimentos Conflitantes
Dxmaell retornou a Terra pousando sua nave no mesmo lugar que estivera quando deixara Aleng e Tzen na compainha dos humanos. Ele saiu da nave, os humanos em volta pararam e se puseram em alerta. A voz de Heero foi ouvida e eles apenas se puseram a observar o Kdariano.
- Está tudo bem.
Heero se aproximou assim que a porta da nave apareceu. Seus companheiros tinham se colocado em alerta, prontos para atacar quem saísse da nave, e ele ficou com receio de que ferissem Dxmaell. O Kdariano havia entrado em contato avisando que estava retornando e Aleng o avisara que sua nave chegaria logo.
Heero resolver esperar Dxmaell do lado de fora do acampamento que eles haviam montado para o encontro com os Kdarianos. Ao ver o humano se aproximar Dxmaell acionou a camuflagem da nave a tornando invisível e caminhou na direção de Heero, tentando refrear as batidas de seu coração.
Heero ficou feliz de vê-lo retornar, ficara preocupado quando Tzen lhe dissera que o Conselho havia solicitado o retorno de Dxmaell a nave mãe. Pelo jeito dos Kdarianos sabia que Dxmaell poderia ter problemas com o Conselho, e pelo que Dxmaell lhe havia contado sobre o Conselho, o comandante das tropas Kdariana, poderia não retornar.
- Olá.
- Fico feliz que tenha voltado.
- Concordo. Onde estão Aleng e Tzen?
- Conversando com Wu-Fei, Trowa e Sally.
Dxmaell balançou a cabeça e evitou encarar Heero. Ele olhou ao redor, os humanos o encaravam com admiração e receio, o olhar frio e desprovido de emoções de Dxmaell fazia com que os humanos desviassem o olhar com medo dele. Ele inspirou fundo, já estava habituado as reações humanas a sua presença, no entanto isso ainda o incomodava. Dxmaell se virou para Heero novamente e o pegou admirando seu rosto o que o fez ficar vermelho involuntariamente.
- O que foi?
A voz de Dxmaell saiu ligeiramente baixa e tremula. Heero somente então percebeu que encarava o Kdariano. Ele balançou a cabeça e perguntou outra coisa para mudar o assunto.
- Como foi na nave mãe?
- Bem... eu gostaria de falar com meus oficiais se possível.
- Claro, venha comigo.
Eles atravessaram o acampamento em direção a uma barraca localizada próxima a um aglomerado de rochas. Heero ergueu o pano da entrada para que Dxmaell passasse. O Kdariano passou e sentiu o perfume de Heero, ele teve que fechar os olhos por alguns instantes, quando os abriu viu Aleng e Tzen junto com outros humanos. Os Kdarianos se levantaram quando Dxmaell entrou.
- Comandante.
- Eu preciso falar com vocês.
Dxmaell saiu da barraca acompanhado de Aleng e Tzen. Heero e os outros ficaram olhando os Kdarianos saírem. Heero sentia que algo havia acontecido na nave, pela forma como Dxmaell olhou para seus oficiais e saiu da barraca. Trowa se virou para Heero querendo saber se tinha acontecido algo.
- Heero aconteceu alguma coisa?
- Não sei Trowa, mas acho que sim.
Heero se calou e foi até a entrada da barraca. Dxmaell seguia em direção a sua nave, sendo seguido por seus amigos, ele precisava contar-lhes sobre o encontro com o Conselho e sobre a necessidade de se apressar seus planos.
Dxmaell entrou na nave e sentou-se atrás da cadeira de comando. Aguardando que Aleng e Tzen fizessem o mesmo. Eles podiam notar que algo havia acontecido no encontro de Dxmaell com o Conselho. Não que o olhar dele houvesse qualquer coisa que indicasse problemas, mas o silêncio dele era o suficiente para que se preocupassem.
- O que o Conselho queria comandante?
- Arcom falou ao Conselho sobre o que aconteceu no campo L2 e sobre a menina.
- O que o Conselho...
Dxmaell interrompeu Tzen e o que ele contou os deixou ainda mais preocupados.
- Eu tive que provar minha fidelidade ao Conselho.
- Mas você...passou pela prova não é?
A pergunta de Aleng foi feita com receio e expectativa. Dxmaell deu um sorriso cínico, antes de responder.
- Sim eu passei como eles esperavam.
- Mas...
Tzen sabia que havia algo a mais pela forma como Dxmaell havia sorrido antes de responder e da forma como seus olhos se escureceram quando ele disse que havia passado como o Conselho esperava que passasse. Dxmaell olhou para Tzen, sabia que não tinha como esconder a verdade de seus amigos. Ele se virou para eles e respirou fundo antes de continuar.
- Eu passei, mas o Conselho sabe que eu menti, que omiti fatos. Eles tentaram sondar minha mente e eu bloqueie. E eles sabem que não se faz isso a menos que se tenha algo a esconder.
- E agora?
- Agora...devemos ensinar o que pudermos aos humanos e o mais rápido possível. Eu tenho alguns planos em andamento. Terei que agiliza-los.
Dxmaell ficou calado por um momento. Seus oficiais o olhavam interrogativamente, de que planos Dxmaell falava. Dxmaell se levantou e fez algumas perguntas a Aleng e Tzen.
- O que vocês já ensinaram aos humanos?
- Não muito, Tzen estava falando sobre nossos sistemas de armas, quando você retornou. Eu ia ensina-los sobre como se defender de nossos ataques e principais ataque.
- Certo.
Depois de ficar em silêncio por alguns krs Dxmaell falou novamente decidido.
- Aleng.
- Sim comandante.
- Você vai ensinar aos humanos como pilotar nossa nave.
Aleng e Tzen olharam um para o outro, jamais outra raça havia pilotado qualquer uma de suas naves. Dxmaell notou pelo olhar que seus oficiais não acreditavam ser possível tal coisa, ele mesmo não sabia, mas tentaria tudo o que fosse preciso. A voz de Aleng cortou seus pensamentos e ele olhou para seu segundo oficial.
- Mas comandante acha que um humano pode fazer isso?
- Não sei, mas você deve descobrir se é possível ou não. Pegue um deles e ensine...aquele de olhos verdes. Qual o nome dele?
O rosto de Aleng ficou pálido e ele respondeu devagar o nome do humano.
- Trowa Barton.
- Ele mesmo. Ensine-o tudo que puder sobre pilotar uma nave Kdar
- Eu ensinarei algumas formas de ataques, e de defesa aos humanos. Tzen você continuar a falar sobre nossas armas. Dividiremos os humanos, para passar o máximo de informação possível a eles.
- Sim senhor.
- Vamos não podemos demorar mais.
Dxmaell se levantou se deixou a nave com seus oficiais o tempo estava correndo e eles não tinham um meio de faze-lo parar.
Algumas horas terrestres depois
Eles ensinaram tudo quanto puderam aos humanos, havia sido um dia proveitoso em sua opinião. Descobrir que os humanos podiam aprender facilmente, o deixara menos preocupado, a principal constatação disso, era o fato de Trowa ter se saído muito bem pilotando uma de suas naves. Não era uma nave exploradora, nem uma de combate, mas já era um avanço significativo. Dxmaell havia ficado surpreso com a capacidade de aprendizado dos humanos, eles aprendiam tudo tão facilmente.
"Talvez aja uma chance. Pela primeira vez eu acredito nisso."
Dxmaell olhava as estrelas, ele já havia se esquecido como era simplesmente ficar sentado e observa-las no céu. Fazia anos que ele não se permitia tal prazer. Um vento fresco soprava no lugar onde o Kdariano estava sentado, fazendo com que algumas mechas soltas de sua trança balançassem ao vento.
Heero caminhou pelo acampamento procurando por Dxmaell, seus oficiais o havia informado de que ele estava explorando as montanhas a oeste do acampamento, pois Wu-Fei lhe havia dito que havia um pequeno patamar onde se podia observar o céu. Ele seguiu a trilha pelas rochas chegando até o patamar onde sabia que o encontraria. Heero viu o comandante das tropas kdariana olhando para céu, a lua banhando suas formas. A visão do alienígena tão tranqüilo, com algumas mechas do cabelo castanho dourado balançando ao vento o fez desejar saber sobre a maciez deles.
Dxmaell se sentiu observado e virou o rosto encontrando o humano de olhos azul cobalto o observando. O Kdariano sentiu seu rosto se aquecer ao encontrar o olhar de Heero. Ele voltou sua atenção ao céu e Heero se aproximou de Dxmaell sentando-se ao seu lado.
O perfume de Heero chegou até as narinas de Dxmaell e ele teve que fechar os olhos para controlar as emoções que sentia e não compreendia. Ao ouvir a voz do humano, Dxmaell quase pulou de susto.
- O céu em seu planeta e tão bonito quanto o da Terra?
Dxmaell sorriu não apenas com os lábios, mas também com os olhos ao lembrar-se de Kdra.
- Eu diria que o céu da Terra a noite é igual ao céu de Kdra a noite. Embora as constelações a compor minha galáxia sejam diferentes. A beleza e paz que o céu me traz e a mesma.
- Você sente falta de seu mundo não é.
- Sinto. Anseio pelo dia eu que poderia ver Kdra novamente.
O olhar de Heero por um instante mudou ao ver o Kdariano falar sobre seu desejo de voltar a ver o seu próprio mundo. Sabia que era tolice querer que Dxmaell ficasse, mas não queria que ele partisse, não agora que se sentia atraído por ele.
- Você ira embora da Terra, se encontramos um meio de salvar as duas raças não é?
Dxmaell olhou para o humano sem poder responder. Se fosse a alguns meses terrestres atrás sua resposta teria sido imediata, mas agora ele estava dividido em deixar a Terra e permanecer nela para conhecer melhor o humano a seu lado. Ele abriu a boca para responder, mas parou ao sentir o toque dos dedos de Heero em seu rosto.
Heero não sabia o porque de estar tocando o rosto de Dxmaell. Ele quase não pudera refrear o gesto, não que realmente desejasse faze-lo, ele desejava e muito tocar o Kdariano. Ele viu o olhar assustado de Dxmaell e se permitiu sorrir devido a ironia ao pensar que o Kdariano, comandante da tropa mais poderosa que se planeta já enfrentara, temer uma simples caricia.
Dxmaell fechou os olhos, ao toque suave e quente dos dedos do humano em seu rosto. A suave caricia, o leve roçar dos dedos, fazendo sua pele arrepiar e seu coração bateu mais forte.
"O que está acontecendo comigo? Por que o toque dele me faz sentir-me em casa? O que é isso que sinto cada vez que estou ao seu lado?"
A voz de Dxmaell soou baixa e rouca aos ouvidos de Heero. O fazendo desejar ainda mais o Kdariano.
- Heero...
Dxmaell ficou encantado pela beleza do sorriso de Heero, a mão quente acariciando seu rosto, os dedos desenhando o contorno de seus lábios. O Kdariano não conseguia respirar, seu coração batia apressado e ele não sabia o que fazer. Seu olhar se perdeu no azul cobalto dos olhos do humano que possuíam um calor que ele jamais conhecera.
Heero podia ver a confusão nos olhos de Dxmaell. Ele desejava protege-lo, deseja...precisava beija-lo, tocar os lábios macios, mas não o faria. Não sem a permissão do Kdariano.
- Eu posso beija-lo?
Dxmaell olhou para os lábios de Heero. Ele nunca se sentira assim. Todo o seu corpo parecia queimar diante do olhar do humano, sua energia parecia que estava sendo absorvida pelo olhar dele. Ele também desejava beija-lo, mas ele nunca havia sido beijado por alguém, não da forma intima que o olhar de Heero prometia.
- Eu...eu nunca...ninguém...
Dxmaell se levantou e recuou um passo abaixando envergonhado a cabeça. Ele se sentia um tolo, ele era capaz de comandar um batalhão de Kdarianos em uma guerra, desenvolver novos sistemas de armas, criar estratégias de combate das mais variadas, capaz até mesmo de falar outras línguas e, no entanto era completamente ignorante nesta área em particular.
Heero não podia acreditar que uma criatura de tamanha beleza jamais houvesse sido tocada por outro ser. Ele se levantou e ficou em frente a Dxmaell levantando-lhe o rosto com uma das mãos.
- Você é lindo Dxmaell.
Heero colocou sua mão direita na cintura estreita do Kdariano e a outra atrás da cabeça aproximando seus rostos. Dxmaell colocou suas mãos no peito forte do humano enquanto via o rosto de Heero se aproximar do seu. Os lábios de Heero cobriram os de Dxmaell em um beijo suave. O Kdariano fechou os olhos instintivamente. Heero sentiu que Dxmaell tremeu ao toque e entreabrir os lábios, ele se aproveitou para invadir a boca de Dxmaell com sua língua descobrindo o recanto jamais explorado.
Dxmaell sentiu seu corpo amolecido e suas forcas faltarem tamanho o prazer que o beijo proporcionava. Heero puxou o Kdariano para si, apertando-o junto ao seu corpo. Suas línguas se enroscaram uma buscando conhecer a outra.
Dxmaell gemeu nos lábios de Heero sentindo seu corpo arder de desejo. Um desejo jamais sentido por seu corpo. Um desejo que sabia inconscientemente que seria preenchido apenas pelo humano que o beijava com ardor.
Heero sentia as formas de Dxmaell junto a si. Ele o queria como nunca desejara alguém antes. Afastando-se ligeiramente ele se encantou com a visão do Kdariano, com os olhos fechados e os lábios entreabertos. Dxmaell abriu os olhos o rosto ruborizado e a íris ametista com um brilho que Heero jamais vira no alienígena.
O corpo inteiro de Dxmaell tremia e Heero o abraçou envolvendo-lhe o corpo com os braços. Dxmaell repousou a cabeça na curva do pescoço de Heero tentando acalmar seu corpo. Heero deslizou suas mãos pelas costas do Kdariano enquanto falava ao seu ouvido.
- Eu sei que não deveria, mas eu desejo você Dxmaell. Por algum motivo eu quero conhece-lo muito mais do que deveria ser possível.
- Heero eu...
Dxmaell não sabia o que dizer. Era indiscutível que ele sentira prazer ao ser beijado pelo humano, seu corpo não era capaz de mentir. Heero olhou para o rosto de Dxmaell, ele precisava saber se ele sentia o mesmo.
- Diga que não sente o mesmo e eu juro não tocar em você ou no assunto novamente.
- Eu não...eu não sei o que sinto. É a primeira vez que eu deixo...que me toquem...dessa forma. Eu quero...mas...eu...eu não posso...
Dxmaell se afastou de Heero tremendo com a perda do calor do corpo do humano. Ele se virou e correu descendo a trilha da montanha, tentando colocar entre eles uma distancia que sabia não ser possível. Heero se condenou por ser tão apressado, sabia que Dxmaell estava assustado, tinha visto isso nos olhos dele, pouco antes de beija-lo. Mas ele não poderia deixa-lo ir, não assim. Heero se virou e desceu a trilha atrás de Dxmaell.
O coração de Dxmaell batia sem controle, com força, uma dor parecia quer abrir o seu peito. Ele sentiu que estava perdendo o controle sobre suas emoções, ele precisava deixar a Terra, voltar a sua estação de descanso e ficar sozinho. Ele olhou ao redor, os humanos o observando com interesse, uma vez que ele estava praticamente correndo pelo campo. Ele parou um instante tentando se acalmar e localizar seus oficiais, ele os viu junto a um grupo de humanos e se dirigiu até eles se controlando para não correr, mas caminhando o mais rápido que podia.
Aleng conversava com o humano de olhos verdes. Ele estava encantado com a beleza do humano de cabelos castanhos escuros.
- Aleng, Tzen esta na hora de irmos.
- Mas Dxmaell...
- Agora!
- Sim comandante.
Aleng se levantou e deu um sorriso a Trowa seguindo Tzen. Os dois olharam um para o outro certo de que alguma coisa havia perturbado Dxmaell, uma vez que ele parecia nervoso e ansioso para deixar o acampamento. Mesmo que sua voz tivesse soado fria, o brilho em seus olhos trazia medo e insegurança. Wu-Fei e Trowa se olharam notando que algo estava errado. Eles avistaram Heero que vinha correndo em direção a Dxmaell que já se encontrava próxima à nave dele.
- Dxmaell.
O Kdariano parou ao ouvir seu nome. Aleng sentiu que o nervosismo de seu amigo se devia ao humano, alguma deveria ter acontecido entre eles na montanha e as palavras ditas pelo humano apenas confirmaram suas suspeitas.
- Desculpe-me eu não pretendia.
- Esta tudo bem. Eu...não estou pronto..para isso. Eu sinto o mesmo Heero, mas..eu não posso...entende? Não nego que tenha curiosidade...em saber seria..em conhecer seus costumes.
Dxmaell vez uma pausa olhando para Aleng e Tzen parados na porta da nave. Ele abaixou a cabeça reunindo coragem para continuar. Ele olhou para Heero inspirando o ar e continuando a dizer o que pretendia.
- Eu...eu também quero conhece-lo melhor Heero, mas...
Heero se aproximou de Dxmaell e tocou seus lábios o impedindo de continuar. Isso era tudo que Heero precisar saber. Ele se inclinou no ouvido de Dxmaell surrando algumas palavras que o fizeram sorrir e sacudir a cabeça em acordo. Depois disso ele seguiu seus oficiais a bordo da nave sem olhar para trás. Aleng e Tzen ficaram intrigados e olharam para Dxmaell que olhava para o monitor que transmitia a imagem de Heero enquanto a neve alçava vôo. Aleng se virou para ele.
- O que ele disse?
Dxmaell ficou vermelho e sorriu olhando para seus amigos antes de responder.
- Que saberá esperar até que eu esteja pronto.
Na nave mãe da raça Kdar.
Já havia passados três dias desde a ultima vez que falara com Heero, o sorriso de Dxmaell aumentou ao se lembrar do humano e da forma como se sentira ao ser beijado por ele. Ele fechou os olhos se lembrando do toque de suas mãos, o calor que sentira ao ser abraçado por Heero, o gosto de seus lábios. Dxmaell estava tão distraído pensando no humano que não mais escutava o que Arcom lhe dizia, não que quisesse saber realmente o que o tenente estava lhe dizendo.
Arcom notou que Dxmaell andava diferente nos últimos dias. Ele não possuía a mesma expressão fria que era capaz de faze-lo tremer. Seu semblante andava sereno e isso o fazia ainda mais belo e agora com os olhos fechados e um sorriso que jamais havia visto antes ele estava incrivelmente atraente.
Dxmaell abriu os olhos e encontrou Arcom o observando, seu semblante imediatamente mudou, seus olhos se estreitaram e a mascara fria e desprovida de sentimentos novamente apareceu em seu rosto.
- É apenas isso tenente?
- Sim comandante
- "timo avise-me se tiver novidades. Pode ir.
Arcom se retirou em silêncio e Dxmaell se recostou na cadeira pensando.
"Estou ficando descuidado. Não posso ficar pensando nele dessa forma. Arcom notou que há alguma coisa comigo...quanto tempo ele ficou me observando? Muito tempo. Tempo suficiente para saber que já não sou mais o mesmo. Arcom não é burro para não perceber, não posso deixar que ele descubra ou desconfie de algo, isso seria o fim de seus planos."
Dxmaell se levantou e foi até o hangar, quando algo o fez parar. Um chamado em seu comunicador. Ele olhou ao redor e caminhou a passos largos até sua nave e se trancou nela. Ele acionou alguns botões no painel de uma das paredes bloqueando os sinais que vinham de seu traje. Algumas mudanças feitas por ele mesmo, permitiam que ele pudesse utilizar o comunicador sem que soubesse de onde partia ou chegava a comunicação. Ele foi até a estação de descanso de sua nave e sentou-se na coluna de energia que surgiu.
- Olá Heero.
Heero não conseguia esquecer o ultimo encontro que tivera com Dxmaell. A imagem do Kdariano não saia de sua mente, ele pensara em um meio de vê-lo novamente e descobriu uma forma de encontra-lo novamente. Ele pegou o comunicador e entrou em contato com o Kdariano, passaram-se alguns minutos até que ele obtivesse uma resposta. A voz e a imagem do Kdariano apareceram em sua frente e ele sorriu.
- Ola Dxmaell.
O sorriso de Heero fez o coração do Kdariano bater mais forte. Ele retribuiu o sorriso e abaixou a cabeça por alguns segundos.
- Queria falar comigo?
- Sim gostaria de convida-lo para dar um passeio comigo?
- Um passeio?
- Você disse que queria aprender algum de nossos costumes lembra?
- Sim, mas...
- Nós conseguimos manter um pouco de nossa cultura escondida em refúgios no subterrâneo de algumas cidades. Eu poderia leva-lo.
- Não acho aconselhável. Muitos de sua espécie não gostam de nós. O que você acha que fariam se soubessem quem sou?
- Eu não deixaria que fizessem algo a você. Se você usar roupas humanas tenho certeza de que passaria por um de nós. A menos é claro que não queira ser visto comigo?
- Não! Eu gostaria...muito. Quando?
- Quando você vira a Terra novamente?
- Não sei, mas eu acho que posso dar um jeito de descer.
- O que acha daqui a uma semana?
- Sim eu irei.
- Eu arrumarei roupas para você...
- Não é necessário. Eu cuido disso.
- Tem certeza?
- Tenho. Não confia em mim?
- Cegamente.
Dxmaell sorriu e seu rosto ficou vermelho diante da intensidade do olhar de Heero. Ele também confiava cegamente no humano, pela primeira vez desde que deixara Kdra se permitiu confiar e gostar de alguém, como estava gostando do humano.
- Nos veremos em 7 dias Heero.
- Estarei esperando.
Uma semana depois na Terra
Dxmaell deixou a nave com a camuflagem acionada atrás das planícies rochosas a cerca de 2 km do local combinado com Heero. O Kdariano decidiu caminhar até o local combinado sob a luz das estrelas e da lua, talvez assim a raiva que sentia diminuísse até encontrar o humano. Não havia sido fácil vir a terra, ele tivera que inventar uma exploração em Vênus, com o pretexto de verificar as chances de se instalar um campo de treinamento dos novos recrutas e a construção de uma colônia. O Conselho acabou por aceitar a idéia, apesar de Arcom ter tentado de todas as maneiras convencer o Conselho de que sua idéia era ilógica e sem sentido.
Felizmente o Conselho não ouvira Arcom e permitiram a Dxmaell quatro dias para a exploração do planeta. O tenente se candidatara a acompanha-lo, a principio Dxmaell não soube o que fazer, se não aceitasse a ajuda estaria levantando suspeita sobre o real pedido, mas se aceitasse não poderia se encontrar com Heero na Terra. No entanto não era isso que realmente o aborrecia, mas outra coisa.
Há dois dias atrás no calendário terrestre:
Dxmaell estava em sua estação de descanso tentando encontrar um meio de ir a Terra encontrar-se com Heero, já haviam se passado quase uma semana desde que o humano havia entrado em contato com ele o convidando para um passeio, onde lhe ensinaria um pouco sobre os humanos. O coração de Dxmaell batia forte cada vez que pensava no humano e a necessidade de vê-lo novamente crescia a cada dia, no entanto nenhuma idéia plausível lhe ocorria e isso já o estava aborrecendo. Senão conseguisse pensar em nada até o final do dia teria que dizer a Heero que o passeio estaria cancelado.
Exasperado saiu de sua estação disposto a ir até a ala de treinamento, talvez suar um pouco o fizesse ter novas idéias. Caminhando pelos corredores da nave mãe, os soldados o saudavam como era o costume cada vez que se encontrava um oficial. Dxmaell recebeu as saudações e continuou seu caminho passando pela ala KR06 que era a área de treinamento dos novos recrutas. Tzen era o responsável pelo treinamento deles no momento.
Uma idéia surgiu em sua mente, lembrando-se da reclamação que ouvira de seus oficiais. Alguns dos recrutas estavam reclamando sobre o treinamento dado por Arcom e seus oficiais, ele tinha ficado de verificar a veracidade das reclamações, mas acabara por não faze-la preocupado com algumas medidas que tinha que tomar nos últimos tempos. Elas eram necessárias, com elas os humanos, seus oficiais e os soldados que lhe eram leais não ficariam desamparados no caso de sua prisão. Sabia que era apenas uma questão de tempo até que se descobrissem suas ações e fosse julgado por elas.
Ele entrou na ala de treinamento para falar com Tzen. Assim que entrou os recrutas o saudaram. Tzen viu Dxmaell e mandou que os recrutas continuassem, pois eles haviam parado assim que o comandante entrou. Era a primeira vez que muito o viam pessoalmente, muitos apenas ouviam falar de sua força, beleza e como comandara cada uma das invasões sob as ordens do Conselho.
- Tzen preciso falar com você um instante
- O que é comandante?
Dxmaell olhou para os recrutas que lutavam uns com os outros. Ele fez um sinal para que Tzen o acompanhasse. O Kdariano pediu a um dos alunos mais antigos assumisse seu lugar e acompanhou Dxmaell. Eles caminharam em silêncio por alguns minutos até chegarem a uma das alas de treinamento que se encontrava vazia no momento.
- Eu tenho que me encontrar com Heero em dois dias e preciso de uma desculpa para me ausentar da nave.
- Se encontrar com Heero?
- Sim, ele vai me ensinar sobre seu povo.
Dxmaell sabia que estava sendo tolo. Tzen olhou para seu comandante e também seu amigo que tinha o rosto ligeiramente vermelho quando falou o nome do humano. Aleng já o havia dito que algo estava acontecendo entre Dxmaell e o humano, e agora vendo a forma como Dxmaell ficou quando falou no humano tinha que concordar com o amigo.
- Em que posso ajuda-lo Dxmaell ?
- Eu pensei sobre os treinamentos. Acha que seria possível administra-los em um outro ambiente?
- Que tipo de ambiente?
- Vênus.
- Vênus?
- Sim, poderíamos transformar em pouco tempo o planeta inteiro em um campo de treinamento para testar os novos recrutas. O que você acha? Eles seriam expostos as mais diversas dificuldades, de modo utilizassem todo o potencial deles. Não temos muito espaço aqui na nave e o planeta seria ideal, não há formas de vida nele.
- Seria possível, mas você teria que apresentar a idéia ao Conselho e isso não garante que eles acatem sua idéia.
- Eu sei, mas eu não consigo pensar em mais nada
- Existe outra alternativa, mas talvez você não goste dela
- Qual?
- Você poderia disser que vai se afastar para se preparar para o ritual de Caykradus.
O rosto de Dxmaell ficou pálido e ele teve que se sentar. Como ele podia ter esquecido do ritual de Caykradus. Tzen notou que o amigo ficou tenso e pálido, sabia o que o ritual significava, ainda mais para alguém como Dxmaell. Ele já havia passado por ele e Aleng passaria em 2 anos terrestres. Pelas ações dos últimos dias, sabia que o amigo havia esquecido dele, mas sabia que o Conselho não esqueceria, ainda mais com Dxmaell. O Kdariano se levantou e começou a andar de um lado a outro, não ele não faria o ritual, ele não queria passar por ele. Antes que pudesse se impedir, ele gritou enraivecido.
- Não. Nunca.
Tzen se aproximou dele colocando a mão sobre seu ombro. O olhar compreensivo e ao mesmo tempo triste. Dxmaell abaixou a cabeça sabendo que não havia escolha, ele teria que faze-lo, mesmo contra a sua vontade.
- Eu sinto muito Dxmaell.
- Eu sei. Não há uma forma do Conselho ter esquecido não é?
- Não acredito nessa possibilidade.
- Droga...bem e sobre a minha idéia? Acha que o Conselho acatara?
- Talvez
- Se o Conselho não aceitar... terei de recorrer a essa opção então.
- Eu sei o que isso significa para você e eu sinto muito
- Eu vou solicitar uma audiência com o Conselho
Dxmaell se encaminhou para a saída, quando Tzen o chamou, o fazendo virar-se.
- Dxmaell se não houver escolha, talvez eu posso ajuda-lo. Eu já passei pelo ritual uma vez.
- Obrigado Tzen se não houver um jeito e me for concedido esse direito eu pedirei sua ajuda
Dxmaell deixou a sala com a mesma expressão fria e sem emoção que lhe era característica. Enquanto se dirigia ao salão do Conselho, sua mente tentava encontrar um meio para escapar do ritual de Caykradus.
"Como eu pude esquecer sobre o ritual. Sei que não tenho escolha à não se passar por ele, se ao menos me for concedido o direito de escolher, talvez me sinta melhor se for com um amigo. Por que eu estou dizendo isso, eu sei que é mentira, não vou me sentir melhor mesmo com um amigo. Eu não quero fazer isso apenas porque é o costume de Kdra.
Dxmaell chegou em frente ao salão e conversou com o guarda responsável por vigiar o salão. O guarda pediu ao comandante que aguardasse, pois Arcom estava falando com o Conselho no momento.
- O Conselho está com Arcom no momento comandante
- Entendo. Ele está há muito tempo? Senão eu volto depois
- Ele esta a 5k senhor.
Dxmaell ficou pensativo por um momento 5k era muito tempo para se permanecer em audiência com o Conselho, algo não parecia correto. Ele precisava falar com Aleng e Tzen sobre isso. Quando estava preste a sair o guarda o chamou.
- Comandante o Conselho pede que o senhor pode entre
Dxmaell achou estranho, mas aceitou entrando no salão onde Arcom permanecia ajoelhado em frente ao Conselho. Dxmaell caminhou até o centro, antes que se ajoelhasse um dos membros do Conselho se pronunciou.
- Não é necessário que se ajoelhe Dxmaell.
- Arcom levante-se e fique conosco temos um assunto a tratar com Dxmaell, mas gostaríamos que você ficasse.
Arcom se levantou e depois olhou para Dxmaell com um sorriso cínico que o mesmo procurou ignorar. Dxmaell sentiu que o assunto não o agradaria, uma vez que o tenente estaria envolvido nele. A voz do Conselho o fez retornar sua atenção ao que falavam.
- O Guarda nos disse que você solicitou uma audiência.
- O que seria Dxmaell?
- Gostaria da permissão do Conselho para explorar o segundo planeta desse sistema.
- Por qual razão Dxmaell?
- Acredito que podemos transforma-lo em um campo de treinamento e em um posto de combate nesse sistema
- Isso é tolice
Dxmaell olhou para Arcom seus olhos brilhavam friamente e Arcom se sentiu intimidado. O Conselho observou as ações de Dxmaell, ele era um dos mais brilhantes e poderosos comandante do império Kdra. Sua inteligência ultrapassava aos dos demais Kdarianos. Eles sentiram a energia de Dxmaell oscilar perigosamente.
- Deixe que Dxmaell se explique Arcom
- Sim. Dxmaell não exporia tal idéia
- Se a mesma não fosse
- Benéfica a Kdra
- Conte-nos comandante
- O por que de se construir um posto de combate
- Nesse sistema solar e por que no planeta chamado Vênus
- Para afirmar a todos que o sistema pertence aos Kdarianos. Como uma prova de nosso poder. Quem desafiaria uma raça que conquistou um sistema solar inteiro. Façamos desse sistema um exemplo a outras raças. Vênus e o que mais se assemelha a Kdra. Não teríamos dificuldade em transforma-lo em uma nova colônia.
- Isso é um absurdo comandante. E totalmente inviável
- Apenas por que você quer assim Arcom. Nossa raça pode fazer o que quiser, mesmo que não acredite nisso.
- EU nunca disse isso comandante
- Não foi o que me pareceu tenente
O Conselho ficou em silêncio por alguns instantes, a proposta de Dxmaell tinha fundamento. Transformar o segundo planeta do sistema em uma colônia Kdariana seria uma conquista a raça Kdariana. Dxmaell continuava em silêncio aguardando a decisão do Conselho, ele sentia o olhar de Arcom sobre si o analisando. Sua vontade era a de mata-lo dolorosamente por ficar o observando, mas não podia faze-lo, pelo menos não no momento. Ao ouvir a voz do Conselho Dxmaell ergueu a cabeça.
- Nós já decidimos Dxmaell
- E acreditamos
- Que sua proposta
- Levará a raça Kdariana a gloria
- Que ela merece
- Tem nossa permissão para fazer do planeta chamado Vênus o que propôs
- Obrigado
- Quando tenciona começar?
- Eu gostaria de explorar melhor o planeta antes.
- Compreensível
- Peço permissão para acompanhar o comandante
Dxmaell se controlou para não olhar na direção de Arcom e esgana-lo com os olhos.
- Vê algum problema Dxmaell
- No tenente Arcom o acompanhar?
- Não. Nenhum problema.
Dxmaell sabia que sua voz traia o que realmente pensava, mas não tinha escolha no momento a não ser aceitar.
- Em todo o caso tenente pedimos que deixe Dxmaell ir sozinho
- Mas...
- Ele tem que se preparar para o ritual de Caykradus.
Ao ouvir o Conselho mencionar o ritual Dxmaell sentiu como se sua energia estivesse sendo esmagada, e sabia o por que. Ele tentou se acalmar, ficar com raiva não o ajudaria. Arcom olhou para Dxmaell por um instante e depois para o Conselho, o ritual de Caykradus não era algo para ser mencionado na frente de um outro Kdariano, isso significava apenas uma coisa, um sorriso se formou em seu rosto ao olhar novamente para o comandante.
Dxmaell respirou fundo e se dirigiu ao Conselho, tentando soar calmo.
- Peço para falar a sós com o Conselho
- Você tem esse direito comandante
- Tenente Arcom
Arcom se curvou e deixou o salão. Dxmaell aguardou a saída do tenente e se virou para o Conselho.
- Meu direito de escolha está negado?
- Sim
- Por que?
- Compreende o significado do ritual Dxmaell?
- Compreendo. O que não entendo e o por que de me ser negado o direito de escolha.
- Se lhe fosse dada à opção de escolher
- Entre passar pelo ritual
- e não passar por ele
- Qual opção escolheria Dxmaell?
- O Conselho sabe qual seria minha escolha
- Sabemos e é por isso
- Que optamos
- Por escolher Arcom
- Eu sempre fui fiel ao Conselho. Se não posso me negar a passar pelo ritual de Caykradus, ao menos tenho o direito de escolher meu parceiro.
- Nossa decisão foi tomada comandante
- E o Conselho não volta atrás
Dxmaell fechou o punho com força se controlando. Sua energia começou a vibrar em resposta a sua raiva que crescia. O Conselho observou com atenção a energia de Dxmaell crescer sem controle. Dxmaell sentia que sua energia estava se expandindo e colidindo com a energia do Conselho, ele podia sentir os sete padrões de energia reagirem a sua, mas sua raiva era tanta que ele não se ateve a esse fato. No entanto isso não passou despercebido ao Conselho. Dxmaell levantou sua cabeça e seus olhos ardiam tamanha a raiva que o consumia, ao falar sua voz trazia uma calma fria que fez o Conselho inconscientemente recuar.
- Peço que revejam sua decisão. Pois se ao volta de Vênus ela ainda for a mesma... eu matarei Arcom, mesmo que seja levado a câmara de Kexdra, mas ele não tocara em mim.
Dxmaell simplesmente saiu da presença do Conselho, sem aguardar permissão para faze-lo. Na saída encontrou-se com Arcom que aguardava para falar com ele, mas assim que a porta do salão foi aberta. Tanto Arcom como o guarda recuaram devida a energia que emanava de dentro do salão e da fúria que viam nos olhos de Dxmaell. Dentro do salão o Conselho assistia a saída de Dxmaell e o ar se tornar calmo.
- Devemos rever nossa decisão
- Sim ele não deve ser contrariado
- Não nesse caso
- O importante é que ele fará o ritual
- Ele está ficando perigoso
- Mas ainda não se deu conta disso
- É melhor assim, não teríamos como controla-lo
- Quanto tempo nós ainda devemos esperar
- Antes que ele entenda o que esta acontecendo
- Não muito
- Ele deve ser detido, antes que se manifeste e ele entenda
- Após o termino da colônia
- Dxmaell deverá ser detido
- Quem assumira seu posto?
- Cuidaremos disso quando chegar o momento
Dxmaell foi direto procurar seus oficiais, ele conversou com Aleng e Tzen a cerca da decisão do Conselho e de sua resposta a cerca da escolha feita por eles. Ele avisara aos amigos o que eles deveriam fazer caso O Conselho não voltasse atrás. O Conselho ainda não o havia comunicado sobre a decisão, mas ele não queria pensar nisso por enquanto. Mas do que nunca ele tinha que adiantar seus planos. No entanto sua decisão continuava a mesma, ninguém o tocaria sem o seu consentimento, muito menos Arcom.
Felizmente ele tinha quatro dias terrestres, um para passa-lo com Heero, dois para explorar o planeta e um para se preparar para o ritual de Caykradus. Pensar no humano o fez sorrir e esquecer seus problemas no momento. Ele olhou pra suas roupas, não sabia se havia feito a escolha correta.
"Espero que ele goste de como estou vestido. As roupas humanas são tão estranhas"
Heero estava sentado no capô do jipe aguardando a chegada da nave de Dxmaell. Eles haviam combinado de se encontrarem ali às 19:00 hs no horário terrestre. Heero olhou para o horizonte, ele estava a cerca de 150 km das ruínas da cidade de Sank. Era para lá que eles seguiriam assim que o Kdariano chegasse.
Heero estava ansioso pelo encontro com Dxmaell, ele olhou para o relógio faltava apenas poucos minutos para o horário combinado. Um barulho de pedras o fez saltar do jipe em alerta e com sua arma em punho na direção do barulho, seus olhos examinaram o local então Dxmaell surgiu da escuridão com as mãos erguidas.
- Desculpe-me se o assustei.
Heero guardou a arma e Dxmaell se aproximou. Heero correu os olhos pelo corpo do Kdariano moldado em uma calça preta que mais parecia uma segunda pele da forma como ela se moldava as pernas, quadris e cintura de Dxmaell. O Kdariano estava simplesmente maravilhoso, com uma blusa de lã vermelha de gola alta, uma jaqueta preta, que parecia ser do mesmo tecido da calça, uma bota e luvas pretas.
Algo brilhava na frente da blusa vermelha, quando Dxmaell ficou parado a sua frente ele viu que se tratava de um crucifico. O cabelo de Dxmaell estava solto com duas trancas finas pendendo uma de cada lado da cabeça, o restante de seu cabelo caia livre por sobre os ombros até a cintura.
Dxmaell parou em frente a Heero, seus olhos avaliavam os trajes do humano com interesse. Calças de um verde escuro, jaqueta da mesma cor, botas marrom e uma camisa mostarda. A voz de Dxmaell soou ligeiramente diferente do habitual, ela parecia um tanto tensa.
- Espero que minhas roupas estejam de acordo.
- Você está...maravilhoso.
- Obrigado...você também está...bem. Eu não sabia direito o que escolher. Você não disse onde iríamos.
- Vai depender de quanto tempo você pode ficar.
- Um dia apenas...eu tenho outras obrigações.
- Obrigações?
Dxmaell balançou a cabeça e Heero pode notar um brilho estranho em seus olhos, algo parecia aborrece-lo. Ele gostaria de ter mais tempo com o Kdariano, mas um dia inteiro na companhia do ser mais belo que já conheceu era o suficiente por enquanto. A voz de Dxmaell perguntando-lhe algo, o vez perceber que estivera admirando por tempo demais o corpo do Kdariano.
- Desculpe o que disse?
- Perguntei se é tempo suficiente.
- Espero que sim. Já andou em um veiculo terrestre?
- Não, mas já vi os de sua raça nele.
- Não é tão emocionante quanto um transporte Kdariano, mas é funcional. Vamos.
Dxmaell balançou a cabeça e contornou o jipe passando por Heero que teve a visão da forma arredondada e saliente das nádegas do Kdariano. Heero sentiu seu membro doer ao pensar em como seria maravilhoso tocar aquela região em particular. Ele se obrigou a mudar o rumo de seus pensamentos antes que fosse impossível esconder o desejo em seu corpo, tudo o que não desejava era afastar ou assustar o Kdariano. Dxmaell sentou-se no jipe ao lado de Heero, ele viu o humano transpassar uma tira sobre o peito e prende-la em um encaixe ao seu lado. Ele olhou para a tira ao seu lado e fez o mesmo.
Heero se virou para Dxmaell para colocar-lhe o cinto de segurança, ele pretendia explicar a ele como faze-lo, mas o Kdariano aprendera apenas o observando e imitando seus gestos. Ele ligou o jipe e se, pois a caminho da cidade de Sank. Dxmaell se mantinha calado sem saber o que dizer, de vez em quando olhava discretamente para Heero, observando as mãos do humano segurando o aro que guiava o veiculo.
Ele imaginou como seria senti-las em seu corpo. Então ele se lembrou do ritual de Caykradus e fechou os punhos, com raiva e não que se deu conta de que proferira algumas palavras em Kdariano.
Heero olhou para Dxmaell ao ouvi-lo falar depois de tanto tempo calado. O Kdariano tinha as mãos fechadas e parecia com raiva, ele não entendeu o que ele dissera em Kdariano, mas compreendera um nome.
"Arcom."
Heero sem tirar os olhos do caminho, decidiu saber se tinha acontecido, mas alguma coisa em relação a Arcom desde o episodio do campo L2. Saber que Dxmaell havia sido chamado pelo Conselho, por causa do Kdariano servia apenas para não gostar ainda mais dele.
- Dxmaell você pode falar comigo se quiser.
- Por que diz isso?
- Você falou algo em Kdariano, não compreendi o que falou, mas eu entendi o nome de Arcom. E você não parecia muito feliz mencionando o nome dele.
- Esta tudo bem não se preocupe.
A voz do Kdariano estava carregada de raiva. Heero olhou por um instante para Dxmaell que desviou o olhar.
- Hn... você mente muito mal.
- Eu nunca minto.
- Não?
Heero o olhou com uma sombracelha arqueada e Dxmaell cruzou os braços aborrecido. Ele ficou pensando se devia ou não contar ao humano sobre o ritual. Heero manteve sua atenção na estrada o silêncio reinando novamente entre os dois, foi com surpresa que ouviu a voz de Dxmaell após alguns minutos.
- Eu... em minha raça há um ritual...chamado ritual de Caykradus.
Heero olhou para Dxmaell que parecia pouco a vontade ao falar sobre o tal ritual. O Kdariano olhou nos olhos do humano e desviou o olhar para o outro lado observando a escuridão ao redor e retornando a conversa.
- Esse ritual...ele é realizado quando o Kdariano chega a uma determinada idade. Todo o Kdariano macho ou fêmea é obrigado a passar pelo ritual de Caykradus .
- Você já passou por ele?
Dxmaell olhou para Heero, o semblante triste e tenso e abanou a cabeça de um lado a outro. Por algum motivo Heero se sentiu feliz ao saber disso, pois da forma como Dxmaell fazia o relato era claro que ele não apreciava tal ritual. No entanto as palavras seguintes fizeram surgir uma angustia em seu peito.
- Mas eu fui chamado para realizar o ritual. Eu... havia me esquecido dele, mas o Conselho...nunca esquece nada. Eu atingirei a idade necessária em quatro dias.
Heero podia sentir o esforço que Dxmaell fazia para falar. A tristeza em sua voz e a forma como enrolava a ponta do cabelo nos dedos cobertos. Afinal do que se tratava tal ritual que o deixava tão triste.
- O que vem a ser esse ritual?
- Hã...é...
Dxmaell agradeceu o fato de estar escuro o suficiente para que o humano não visse o constrangimento em seu rosto.
- Uma preparação. De mente e corpo.
- Preparação para o que?
- Hã... para o Cyarpks
- Ciar...
- Não é Cyarpks
Dxmaell sorriu ao ver Heero tentando repetir a palavra, mas seu sorriso esmoreceu ao ouvi-lo pronunciar corretamente a palavra após a terceira tentativa e perguntar o que significava.
- O que significa Cyarpks?
Heero notou que Dxmaell ficou em silêncio. Um silêncio que já o estava incomodando, decidido ele resolver perguntar outra coisa.
- Qual a idade que o Kdariano deve ter para passar pelo ritual de que falou?
Dxmaell piscou ao ouvir Heero perguntar-lhe outra coisa, ele ainda estava pensando sobre como contar a ele o que era Cyarpks.
- Hã...um Kdariano deve ter 1201.
- 1201!?
Heero sabia que tinha gritado, mas como não faze-lo ele olhou pra Dxmaell, o Kdariano não parecia ter mais do que 18 a 20 anos. Dxmaell viu a surpresa no rosto do humano e riu. Heero o olhou de soslaio sem ainda acreditar que ele tivesse tal idade.
- Você tem mesmo 1200 anos?
- Ah hah...Tenho.
Heero ainda o olhava sem acredita que fosse possível. O som da risada de Dxmaell o encantou. Era uma risada clara e sexy. Dxmaell parou de rir enxugando os olhos, ele nunca havia rido tanto com alguém antes, por um momento ele sentiu algo aquece-lo por dentro e ele se virou para Heero.
- Desculpe-me eu deveria ter me explicado melhor. Pela contagem de tempo terrestre eu tenho 19 anos e farei 20 em 4 dias.
- Ah!
- Melhorou?
- Muito.
Dxmaell sorriu e Heero retribui o sorriso o fazendo corar e desviar o rosto. Ele sentia-se tão bem perto do humano que era até difícil lembrar que sua raça era responsável pela escravidão do povo de Heero. A tristeza em seu peito o fez olhar para o alto. Heero olhou para Dxmaell. O Kdariano olhava para o céu, os cabelos balançando ao vento. Heero diria que a visão ao seu lado era perfeita. Dxmaell olhou para o humano, seus olhos brilhavam e seu coração batia, seria possível o que Aleng o havia dito antes de sair.
Flashback
Dxmaell estava preparando o material necessário para a exploração em Vênus e para se preparar para o ritual de Caykradus. Aleng apenas o observava em emitir uma única palavra, sabia o quanto Dxmaell estava preocupado com o ritual, e não podia culpa-lo por isso. Ele viu Dxmaell jogar o Trapurks com raiva em vez de dobra-lo, Aleng se levantou e dobrou-o corretamente.
Dxmaell sentou-se exasperado, no momento ele era o próprio retrato da derrota. Ele deveria se sentir alegre, em alguns minutos estaria se encontrando com o humano e, no entanto sua mente não o deixa descansar, o lembrando a todo o momento sobre o ritual. Dxmaell sentiu a mão de Aleng em seu ombro e seu amigo sentar-se ao seu lado.
- Você deveria ficar alegre afinal você vai encontrar Heero
- Eu sei, mas depois eu terei que...eu não quero pensar nisso. Mas eu não consigo deixar de pensar
- Tzen me disse que é assim mesmo.
- É ele me falou sobre isso. Enquanto o ritual não for completado eu não deixarei de pensar nele...não é o ritual em si que me preocupa Aleng, mas quem o Conselho escolheu.
- É eu sei, você gostaria que fosse outro não é?
- O que quer dizer com isso?
O rosto de Dxmaell ficou vermelho e Aleng riu, mesmo que Dxmaell quisesse negar seria impossível faze-lo.
- Você já pensou nessa possibilidade?
- Eu...
Dxmaell se levantou e continuou a mexer nas coisas que ia levar, sim ele já havia pensado e isso o fazia sentir-se envergonhado, nunca um Kdariano realizou o Cyarpks com um parceiro de outra raça, era absolutamente impossível. Aleng olhou para Dxmaell sabia que ele já havia pensado nisso, mas não da forma que ele imaginava, ele sabia que era impossível que o Cyarpks desse certo com um parceiro não Kdariano, mas ele não precisava realiza-lo todo com um Kdariano, pelo menos não o inicio. Ele ouviu seu amigo falar com tristeza, e teve a certeza de que queria.
- Eu gostaria...muito, mas é impossível Aleng
- Talvez, mas pelo que eu sei o Cyarpks dura três dias, após você completar a idade para o ritual de Caykradus. E que eu saiba as chances de que se você o fizer ou passar o primeiro dia do Cyarpks com um humano, ele venha a dar "resultado" são nulas, então não haveria problemas
Dxmaell olhou para Aleng sem entender onde seu amigo queria chegar.
- O que você quer dizer Aleng
- Que você gosta do Heero e deve passar uma parte do Cyarpks com ele.
- O que?
- Dxmaell eu sei, Tzen sabe que você nunca fez isso antes. E nenhum de nos dois quer vê-lo sofrer da forma como esta sofrendo agora
- Eu não estou...
- Está...nós o conhecemos tempo suficiente para enxergar atrás dessa muralha que você ergueu a sua volta.
A voz de Aleng havia se erguido por um momento, quando ele voltou a falar sua voz estava calma.
- A sua primeira vez como os humanos costumam dizer, deve ser com alguém de quem você realmente goste ou com alguém de sua escolha. Não passe o primeiro dia do Cyarpks com alguém que você não deseje.
- Mas...
- Sem mais pense nisso. Agora é melhor você ir ou vai se atrasar.
Aleng saiu da nave de Dxmaell o deixando sozinho com seus pensamentos.
Heero notou que o olhar de Dxmaell parecia perdido em lembranças e se concentrou em dirigir, as ruínas já eram visíveis em poucos instantes, eles já se encontravam na antiga cidade de Sank, ou pelo menos o que sobrou dela. Dxmaell notou que o veiculo havia parado e ele olhou para o que restava de uma cidade, ele viu Heero descer do veiculo e dar a volta até parar ao seu lado com a mão estendida.
- Vamos.
Ele balançou a cabeça e desceu segurando a mão de Heero, eles caminharam pelas ruínas da cidade até encontrar a entrada do que parecia ter sido um túnel, Heero ligou a lanterna e entrou puxando Dxmaell com ele. Heero apenas esperava que tudo desse certo no passeio e que ele e Dxmaell pudessem ter um tempo a sós para conversarem.
Continua...
