A Invasão

Nota:

Tudo que estiver entre significa que o personagem esta falando a língua Kdar ou pensando em Kdariano.

K medida de tempo Kdariana:

§ 1 kx equivale a 1 segundo

§ 1 kr equivale a 1 minuto

§ 1 k equivale à 1 hora

§ 1 ano terrestre equivale a 63 anos em Kdariano

§ 1 dia terrestre equivale a 5.25 dias em Kdariano

Capitulo V - Seguindo o Coração

Uma hora depois:

Já estavam andando a algum tempo, muitos humanos pareciam admirados com a beleza de Dxmaell ; mas este encontrava-se alheio aos olhares de cobiça e admiração. Heero sentia-se ao mesmo tempo vaidoso e ciumento. Gostaria de estar dando atenção exclusivamente a Dxmaell, mas infelizmente muitos humanos paravam-no para falar com ele sendo assim obrigado a dar-lhes atenção.

Dxmaell estava a olhar uma criança, que puxava uma mulher que identificou como sendo a mãe da mesma; ao que parecia a criança queria alguma coisa que um homem estava vendendo em um carrinho de metal. Não estava certo do que era, mas não tinha duvidas de que fôsse comida humana O cheiro era agradável e ele mesmo desejou saber o que era aquilo que parecia ser tão saboroso.

Ele olhou na direção de Heero que conversava com alguns homens; o humano mantinha um olho nele, atento a seus movimentos, mesmo enquanto conversava. Dxmaell seguiu na direção do dono do carrinho, aspirando o ar deliciado; com o cheiro. O homem; que parecia ter por volta de cinqüenta anos olhou admirado a beleza daquele rapaz, jamais vira alguém tão belo. Apenas os Kdarianos possuíam aquela beleza tão singular. Ele estreitou os olhos, mas ao olhar para o rapaz novamente queestava com os olhos fechados sentindo o cheiro de sua comida, seu rosto suavizou-se.

- Você quer um?

Dxmaell abriu os olhos; confuso por um segundo, não sabia o que dizer. Seu olhar voltou-se novamente para Heero que ainda conversava, mas agora encontrava-se de costas. Olhou ao redor do que parecia ser um tipo de praça, muitas pessoas pareciam comer o que aquele homem vendia. O homem viu a direção na qual o belo rapaz olhara, ele parecia aguardar uma das pessoas que conversavam em uma roda. Dxmaell voltou-se para o humano e recusou, balançando a cabeça.

- Não, obrigado.

Heero virara-se de costas por um instante apenas,e acabou por perder Dxmaell de vista. Imediatamente preocupou-se e procurou vasculhar o local com os olhos, encontrando-o junto ao vendedor de cachorro quente; pareciam apenas conversar. Heero pediu licença ao grupo e foi em sua direção.

- Você quer um cachorro-quente?

Dxmaell pulou ao ouvir a voz de Heero em seu ouvido, tivera que frear o impulso de reagir ao sentir alguém aproximar-se de suas costas, não queria correr o risco de ferir um humano sem querer. Mas sua pele arrepiou-se por completo ao sentir o hálito quente em sua orelha.

- Cachorro-quente?

Heero teve que rir da cara de espanto do outro. O Kdariano olhou vermelho para Heero e depois para o menino que comia o tal de cachorro-quente que o humano vendia.

"Eles comem seus cachorros?"

Heero sorriu e voltou-se para o humano.

- Dois por favor.

- Completo senhor Yuy?

- Sim, por favor.

Heero pegou a carteira para pagar, mas o homem recusou o dinheiro.

- Por favor senhor, é um prazer para mim. Não sabemos o que faríamos contra esses malditos Kdarianos, sem você meu jovem. É por minha conta.

- Obrigado.

Heero sentiu Dxmaell ficar tenso por um instante e afastar-se em seguida, sentando-se em uma pilastra quebrada. Seu olhar estava triste e ele mantinha a cabeça abaixada; talvez tivesse sido um erro aceitar o convite de Heero. Heero aproximou-se e sentou-se a seu lado, acariciando-lhe o rosto.

- Eu sinto muito.

- Tudo bem. ele tem razão. Você os ajuda e muito Heero.

- Ainda assim eu....

- Está tudo bem.

Dxmaell sorriu e colocou o cachorro-quente sobre o colo. Enquanto retirava as luvas observou os outros humanos para ver como estes comiam, depois olhou para Heero e,imitando seus gestos, mordeu o cachorro-quente. Heero estava encantado Dxmaell parecia uma criança que estava aprendendo a comer, suas mãos e rosto estavam encantadoramente sujos de molho e ele desejou ardentemente poder lamber cada um deles.

Dxmaell passou a língua pelos lábios e lambeu os dedos sujos, enquanto Heero observava-o, com a íris escurecida pela peculiaridade da cena.

Dxmaell olhou para um casal sentado afastado que também comia. A moça estava com o rosto sujo de molho e o rapaz inclinou-se e a lambeu. Dxmaell achou curioso e notou que o gesto foi repetido por um outro casal, sendo que dessa vez foi a fêmea quem lambeu o rosto do rapaz que acompanhava. Ele ainda não havia terminado seu cachorro-quente, ficou segurando-o com uma das mãos enquanto observava os humanos a sua volta.

Olhou para Heero que comia sem se sujar, enquanto ele encontrava-se todo lambuzado. No ultimo pedaço Heero sujou o canto esquerdo da boca com molho, e antes que pudesse limpar-se com o guardanapo, Dxmaell imitou o gesto que havia visto nos outros casais, antes mesmo que pudesse assimilar o que estava fazendo.

Heero não soube o que fazer ao ver, ou melhor sentir a língua de Dxmaell lambendo o canto esquerdo de seu lábio, limpando-o. Dxmaell soube que havia feito algo errado ao notar o olhar surpreso de Heero e do homem que vendia o cachorro-quente. Imediatamente ficou vermelho e desculpou-se.

- Desculpe-me e que você eu vi...eu...pensei que...fosse comum.

- Tudo bem.

A refeição havia perdido a graça. Dxmaell levantou-se, jogando o resto no lixo. Suas mãos estavam sujas e grudentas, enquanto as de Heero estavam limpas. Ele sentia vontade de usar sua arma em si mesmo, como podia comandar uma tropa inteira em uma invasão e ser tão incompetente em algo tão simples quanto comer um sanduíche?

Heero notou a tristeza nos olhos de Dxmaell e levantou-se pegando as luvas que o mesmo deixara cair ao se levantar, e ignorando os olhares a sua volta foi até o Kdariano. Dxmaell estava limpando as mãos com um pano oferecido pelo vendedor. Virou-se envergonhado ao sentir a mão de Heero em seu rosto, mas foi incapaz de levantar o rosto. Heero ergueu o rosto de Dxmaell gentilmente com uma das mãos e o beijou suavemente nos lábios fazendo-o enrubescer.

Vendedor sorriu maliciosamente, mas assim que viu o olhar frio de Heero, tratou de olhar para outro lado. Heero tomou a mão de Dxmaell entre as suas, e levou-o para o passeio que havia planejado.

Algumas horas terrestres depois.

- Foi muito divertido obrigado.

- Foi um prazer ter sua companhia.

Dxmaell sorriu e olhou para o céu que começava a avermelhar. Mordeu o canto inferior do lábio, logo o sol nasceria e ele tinha algumas coisas para fazer. Desligou o sistema de camuflagem e uma enorme nave surgiu, para a surpresa de Heero. O humano ficou surpreso não apenas pelo tamanho da nave, mas também pela aparência desta, tão diferente das que estava acostumado a ver. O Kdariano notou a surpresa do humano o que era justificável.

- É minha nave particular.

- Ela é diferente das outras.

- Sim é uma nave exploradora, ela tem o dobro de diâmetro de uma nave comum, além de outras coisas.

Heero balançou a cabeça enquanto admirava a nave a sua frente. Podia perceber pelas dimensões que era uma nave com um considerável poderio de fogo. Pelo menos era o que imaginava baseado pelas informações passadas por Trowa e Aleng. Voltou sua atenção ao Kdariano que observava-o em silêncio. Haviam divertido-se muito, pelo menos era o que acreditava, uma vez que o rosto de Dxmaell havia se suavizado durante o passeio, não demonstrando a tensão e preocupação de quando se encontraram; mas agora o semblante do Kdariano mostrava a mesma tensão de antes.

Dxmaell não conseguiu evitar de observar o humano. Os momentos que passaram juntos foram maravilhosos e o fizeram por um momento esquecer suas obrigações. Aprendera muito sobre os costumes humanos, o mais importante, aprendido muito sobre Heero e a forma como os outros humanos o viam. A confiança que tinham nele, a mesma confiança que aprendera a depositar no humano. Dxmaell havia se divertido muito em sua companhia, mas agora deveria partir afim de preparar-se para o ritual de Caykradus. Com pesar comunicou sua partida a Heero.

- Eu tenho que ir.

- Eu sei.

Heero percebeu a tristeza nos olhos de Dxmaell; não desejava que o outro partisse, mas sabia que isso era inevitável.

- Quando nos veremos novamente?

- Eu...eu não sei. Eu tenho que ir a Vênus, preparar-me para o ritual, e depois apresentar-me ao Conselho e saber sua decisão a respeito do Cyarpks.

- Você ainda não me disso o que significa...

- Não..., eu não disse. Até logo Heero.

Dxmaell cortou Heero antes que este perguntasse o que significava o ritual e o Cyarpks, não tinha coragem para isso. Precisava partir o quanto antes. Heero viu Dxmaell virar-se e caminhar em direção a nave, subindo a rampa de entrada, mas não podia deixa-lo partir dessa forma. Caminhou até o Kdariano e segurou-o pelo braço.

Dxmaell sentiu a mão de Heero o segurando e virou-se para olhá-lo; seu coração começou a bater fortemente ao encarar os olhos do humano. Heero viu confusão, e algo que não soube identificar na íris ametista, aproximou-se e acariciou o rosto de Dxmaell com uma das mãos enquanto puxava-o pela cintura para mais perto de si.

Dxmaell sentiu-se puxado pelo humano e colocou sua mão esquerda sobre o braço que envolvia sua cintura, enquanto a outra era colocada sobre o ombro direito de Heero. Este tomou os lábios de Dxmaell entre os seus, sentindo o Kdariano tremer ligeiramente, sentiu as mãos de Dxmaell dirigirem-se a seus cabelos e apertou ainda mais o corpo dele sentindo as formas perfeitas do alienígena em seus braços.

Dxmaell gemeu nos lábios de Heero ao sentir seu corpo pressionado ao do humano. Sentiu uma quentura alastrar-se por seu corpo e se viu desejando por mais. Suas mãos desceram pelos ombros largos e fortes de Heero e ele inconscientemente esfregou-se nele.

Heero sentiu todas as suas forças falharem quando Dxmaell esfregou-se nele. Suas mãos desceram pelas costas do Kdariano tocando o final da cintura estreita e apertando a carne arredondada abaixo dela. Ele apartou o beijo mordendo o maxilar de Dxmaell que jogou a cabeça para trás, perdido em sensações que nunca havia experimentado.

Heero sabia que iria precisar urgentemente de um banho frio. Seu membro doía terrivelmente preso dentro de suas roupas. Ele passara a noite toda admirando a beleza do Kdariano, a forma como este se movia, o sorriso claro. Sentia-se cada vez mais preso a Dxmaell. Era loucura o que sentia, mas estava disposto a perder-se nessa loucura. Afastou ligeiramente as pernas de Dxmaell com a sua inclinando-se e fazendo com que o Kdariano ficasse ligeiramente acomodado em sua perna esquerda, enquanto sua mão alcançava a pele macia por debaixo da blusa que o Kdariano usava. Ao sentir a mão quente de Heero em sua cintura Dxmaell foi tomado pelo choque. O que estava fazendo?

Empurrou Heero, seu rosto encontrava-se corado e assustadoe ofegava tentando respirar. Olhou para Heero, o humano também encontrava-se ofegante como ele, sendo iluminado pela luz que saia de sua nave. Notou a protuberância no baixo ventre do humano e sabia que deveria estar em igual estado.

- Isso é loucura. Não posso... fazer isso

Heero ouviu Dxmaell falar em Kdariano, e não entendeu o que ele queria dizer. Podia perceber que o Kdariano encontrava-se tão excitado quando ele, e incrivelmente assustado. Dxmaell notou pelo olhar de Heero que o mesmo não o havia entendido, foi quando percebeu que falara em Kdariano.

- Eu tenho que ir. Isso é loucura e... eu não estou... pronto. Eu... eu sinto muito.

- Está tudo bem. Eu é que peço desculpas, acho que perdi a cabeça.

Dxmaell balançou a cabeça entrou na nave. Heero desceu a rampa e ficou observando a nave levantar vôo poucos segundos antes da camuflagem ser acionada e a nave desaparecer na escuridão da noite. Caminhou até o jipe e sentou-se no banco, passando a mão pelos cabelos.

"Droga, preciso de uma ducha fria o mais rápido possível"

Ligou o jipe e seguiu em direção as montanhas retornando ao esconderijo da resistência. Sabia que teria uma madrugada difícil pela frente, repleta de sonhos eróticos com o Kdariano, de quem tinha acabado de se despedir.

Dois dias depois, superfície do planeta Vênus.

Dxmaell estava deitado na estação de descanso em sua nave exploradora, concluíra a exploração do planeta em tempo hábil, e agora se encontrava realizando o ritual de Caykradus ou pelo menos tentando, uma vez que ele tinha que manter sua mente limpa, só que não conseguia parar de pensar em Heero.

"Heero...eu não consigo parar de pensar em você. Pensar em..."

Dxmaell olhou para os objetos cerimoniais colocados no chão sobre o Trapurks[1]. Ele deveria estar meditando, limpando sua mente e seu corpo para o Cyarpks, mas seu coração e mente chamavam pelo humano.

"Será que eu deveria fazer o que Aleng me disse? Eu deveria passar com Heero o primeiro dia. Deveria me entregar a ele, deixar que tocasse meu corpo, que..."

- Eu não sei o que fazer.

Dxmaell levantou-se e sentou-se no chão. Pegou uma das pedras sobre o Trapurks e colocou-a sobre o peito, fechando os olhos tentando concentrar-se e realizar corretamente o ritual, mas bastou fechar os olhos para imagem de Heero surgir em sua mente. O cheiro dele, o sabor de seus lábios, o calor de suas mãos.

Dxmaell abriu os olhos assustado e ofegante, deixara sua mente vagar pelas lembranças e sensações que tivera junto ao humano, e acabara por imaginar novas imagens que fizeram sua temperatura aumentar consideravelmente. Levantou-se e observou pela janela o vale lá embaixo, seu coração batia forte, seu rosto tinha uma expressão triste e cansada. Abaixando a cabeça disse em um sussurro o nome do humano que preenchia seus pensamentos...

- Heero...

Terra: Esconderijo da resistência humana.

Heero encontrava-se perdido em pensamentos, eram aproximadamente 04:00hs da madrugada e ele tivera que tomar um segundo banho frio. Não conseguia esquecer o Kdariano de cabelos compridos. Desde que o deixara a dois dias atrás vinha tendo sonhos que faziam-no levantar suado e excitado a ponto de ter que tomar uma ducha fria para poder acalmar-se.

"O que estará fazendo agora Dxmaell? O que fêz comigo? Enfeitiçou-me com sua beleza, penetrou em meu coração de tal forma que já não consigo imaginar-me vivendo sem você... sem ver teu rosto, sentir teu cheiro. Quanto tempo até nos vermos novamente?"

Trowa observava Heero sentado em sua cama, acordara quando ouvira o barulho do chuveiro, era o segundo banho que Heero tomava em menos de três horas. Não queria perturbá-lo; sabia que deveria estar pensando no Kdariano, desde que Heero levara Dxmaell para dar uma volta nas ruínas de Sank, o mesmo andava pensativo. Sabia que Heero havia se apaixonado pelo comandante das tropas Kdar e pelo que Aleng lhe dissera, ao que parecia Dxmaell correspondia aos sentimentos de Heero. Trowa apenas esperava que tudo tivesse um final agradável para os dois, mas não estava muito certo quanto a isso.

Dxmaell já havia tomado sua decisão, passara os últimos três dias pensando em Heero, pensando na madrugada em que o deixara na terra, após terem se beijado na entrada de sua nave. Hoje era o dia em que deveria retornar a nave mãe e realizar o Cyarpks com o escolhido pelo Conselho, mas ele não estava se dirigindo a nave mãe, e sim a terra.

Sabia que havia perdido a razão, mas não conseguia pensar em nada que não fosse no humano, desejava ser tocado por ele, sentir suas mãos no seu corpo da mesma forma como vinha acontecendo em seus sonhos. Ele viu o planeta azul a sua frente e contatou o humano pelo comunicador.

Trowa olhou para o amigo disfarçadamente, enquanto o mesmo estava distraído consertando o jipe. Trowa queria saber o que havia acontecido a quatro dias atrás no encontro com Dxmaell, ele perguntara a Heero, mas este havia dito apenas poucas palavras, antes de dirigir-se ao seu alojamento e tomar um banho frio. Agora ele estava ali, consertando o jipe que havia sido destruído no ultimo encontro com os Kdarianos.

Heero sentiu o olhar de Trowa sob si e procurou ignorá-lo, ele vinha lhe enchendo de perguntas nos últimos dois dias, e Heero simplesmente desconversava, não queria falar, pois se falasse pensaria em Dxmaell e se pensasse no Kdariano, lembraria dos sonhos que vinha tendo com ele. E se lembrasse dos sonhos ficaria excitado e teria que tomar seu quinto banho frio do dia.

Heero ouviu o comunicador em seu bolso. Jogou a ferramenta que tinha nas mãos no chão apressando-se em atender. Vinha carregando o aparelho consigo, na esperança de que Dxmaell entrasse em contato antes de voltar a nave mãe. Encontrou o olhar de Trowa que sorriu antes de deixá-lo a sós para falar com o Kdariano.

Como da outra vez a imagem de Dxmaell apareceu a sua frente. Estava vestido com uma calça branca e uma blusa de mangas comprida da mesma cor, e tiras transpassadas na frente. A longa trança pendia sobre o ombro esquerdo e ele parecia um tanto agitado.

Dxmaell viu a imagem de Heero, o humano vestia um macacão verde, com uma blusa branca por dentro, ele viu um jipe a suas costas, pelas marcas nele soube imediatamente que ele havia sido danificado por uma arma Kdariana.

- Olá Heero. Vocês foram atacados?

Heero olhou para o jipe atrás de si e balançou a cabeça.

- Sim, quando tentamos resgatar alguns humanos do campo L2.

- E conseguiram? Alguém se feriu?

- Sim; conseguimos resgatar alguns, a menina que você ajudou da ultima vez que esteve lá, sua família e mais cinco humanos... não se preocupe ninguém se feriu seriamente.

Heero notou o alivio no rosto de Dxmaell, por alguma razão o Kdariano parecia diferente, era como se ele pudesse ver mais claramente as emoções do alienígena.

Dxmaell respirou fundo para começar a falar, não tinha muito tempo. Procurou dar firmeza a suas palavras e não parecer tão nervoso, sabia que suas emoções não estavam sob controle e isso poderia ser um problema.

- Heero...

- Sim?

- Eu... será que... será que você poderia me encontrar naquela montanha? onde estivemos há alguns dias?

- Montanha?

- É no dia... no dia em que nos beijamos.

Heero viu o rosto de Dxmaell ficar vermelho e ele balançou a cabeça concordando, também queria vê-lo pessoalmente.

- Estarei lá em quarenta minutos.

- Está bem... Hã diga a seus amigos que talvez você se demore... um pouco. Assim eles não ficarão preocupados.

- Está bem.

Dxmaell sorriu e cortou a comunicação caindo na cadeira, seu corpo inteiro tremia na expectativa de encontrar Heero. Mas ele tinha que fazer uma coisa antes.

Dxmaell entrou em contato com a nave mãe, ele precisava saber qual fôra a decisão do Conselho antes de retornar, havia dito que mataria Arcom caso a decisão do Conselho ainda fosse a mesma e não pretendia mudar de idéia quanto a isso.

- Comandante Dxmaell

Dxmaell cumprimentou o Kdariano que apareceu no monitor e comunicou a ele seu desejo de falar com o Conselho, aguardou por alguns krs e recebeu a informação de que o Conselho não poderia atendê-lo, mas que ele deveria se apresentar assim que voltasse a nave mãe

- Comandante, entendeu suas ordens?

- Sim entendi. Diga que me apresentarei assim que retornar.

Dxmaell desligou a comunicação. Sentia seu corpo arder, e uma dor terrível apossar-se dele, deixando-o com dificuldades para respirar. Dxmaell sentiu sua energia oscilar, era como se ela estivesse tentando expandir-se, segurou-se para não gritar tamanha era a dor.

- Por Kdrya[2] o que esta acontecendo comigo?

Tentou acalmar-se, respirando devagar até que a dor diminuísse. Seu rosto estava coberto por uma fina camada de suor. Ainda estava com raiva, mas a dor passara, levantou-se do chão, sem conseguir lembrar-se de quando havia caído. Percebeu que de alguma forma, cada vez que ficava com muita raiva, sua energia alterava-se, o que ocasionava a dor que parecia rasgá-lo por dentro.

Lembrou-se do porquê de ter ficado com tanta raiva, o Conselho estava evitando comunicar sua decisão a respeito do Cyarpks. Dxmaell não queria pensar sobre isso, não agora que Heero iria encontrá-lo; caminhou com dificuldade até a estação de descanso, precisava preparar tudo que achasse que seria necessário para a ocasião, em alguns minutos teria que descer a Terra para buscar Heero.

Heero tomara um banho rápido, colocara a primeira roupa que vira e partira para o local do encontro, avisara Trowa que iria encontrar-se com Dxmaell e que deveria demorar a voltar. Seu amigo não fez qualquer comentário, mas o sorriso em seu rosto foi bastante visível a seus olhos. Ficou tentando adivinhar o porquê de Dxmaell ter dito que ele deveria avisar que demoraria a voltar. O quê estaria planejando?

Heero chegou ao lugar combinado e o viu sentado em uma pedra aguardando-o, caminhou até o Kdariano que vestia as mesmas roupas claras de quando se falaram pelo comunicador; a diferença é que elas tinham o tom claro dos olhos do Kdariano. Este levantou-se assim que viu o veículo de Heero aproximar-se. Caminhou em sua direção, o coração batendo descompassado em seu peito, tentou normalizar a respiração enquanto parava em frente ao humano.

Heero aproximou-se mais, até que apenas alguns centímetros separassem seus corpos, percebeu o rosto de Dxmaell ficar vermelho e sorriu. Este procurava lembrar-se de respirar, mas tudo que conseguiu foi sentir-se ainda mais tonto com o aroma de Heero. Fechou os olhos ao ser puxado pela cintura e beijado pelo humano. Segurou-se nos ombros de Heero e rendeu-se aos lábios dele.

Heero sentiu Dxmaell corresponder ao beijo, as mãos do Kdariano em seus ombros, subiram até seu pescoço e puxando-o pela nuca, afim de aprofundarem o beijo. Pela primeira vez sentia que Dxmaell não estava assustado e isso significava um bom sinal. Apartou o beijo quando ambos sentiram falta de ar. Os olhos de Dxmaell estavam escuros e um sorriso ornava o belo rosto. Dxmaell não poderia ter desejado algo melhor do que ser beijado por Heero, sabia que estava para tomar um grande e arriscado passo, mas estava preparado para as conseqüências.

- Olá Heero.

- Olá. Senti sua falta.

- Eu também... não houve um minuto em que eu não pensasse em você.

Heero sorriu feliz ao ouvir que Dxmaell sentira sua falta e pensara nele. Abraçou-o novamente e o Kdariano repousou a cabeça em seu ombro.

- O que queria falar comigo?

Dxmaell demorou alguns segundos para responder. Heero sentiu o corpo junto ao seu ficar tenso no mesmo instante, afastou-se ligeiramente para poder olhá-lo em seus olhos. O Kdariano tinha o mesmo olhar assustado. Ele se afastou ficando de costas por alguns instantes, depois voltou-se para Heero estendendo a mão direita a ele.

- Venha comigo.

Heero olhou para a mão estendida e a segurou, pôde notar o olhar de alivio que Dxmaell lhe lançou. Alguma coisa parecia preocupar o belo comandante, era como se o Kdariano esperasse alguma reação de sua parte e estivesse com medo dela.

- Irei aonde quiser com você.

Dxmaell sorriu agradecido pelas palavras, o humano não podia imaginar o quanto isso significava para ele no momento, apenas esperava que Heero não mudasse de opinião depois de ouvir seu pedido. Se é que teria coragem para fazê-lo.

Entraram na nave e Dxmaell mostrou uma cadeira de energia que havia se formado no instante em que pisaram no que deveria ser o convés da nave. Sentou-se no lugar que lhe foi indicado, e Dxmaell sentou-se na cadeira em um patamar um pouco mais alto de onde se encontrava. o Kdariano tocou sua mão no painel que surgiu a sua frente, fazendo com que a nave alçasse vôo. Em poucos segundos eles alcançaram a órbita terrestre.

Dxmaell levou a nave para o outro lado do planeta de forma a ficar longe da lua, onde encontrava-se estacionada a nave mãe do império Kdar. Dxmaell acionou o sistema de camuflagem que ele mesmo projetara; como era um sistema novo baseado nos padrões Kdarianos, sabia que dificilmente a nave mãe poderia rastreá-lo. Virou-se para Heero que observava a Terra no visor a frente deles.

- Vocês têm um belo planeta Heero.

- É realmente lindo.

Heero olhou para Dxmaell; por mais que gostasse da companhia do Kdariano, ele queria saber o por quê, dele tê-lo trazido até a órbita terrestre.

- A que devo o passeio?

Dxmaell olhou para Heero e abaixou a cabeça, bem ele teria que falar com Heero se quisesse conseguir sua ajuda.

- Venha até minha estação.

Heero levantou-se e seguiu Dxmaell pelos corredores vazios da nave. Pelo que Trowa lhe contara sobre naves kdarianas, uma nave exploradora tinha capacidade para dois oficiais Kdarianos e oito tripulantes, no entanto eles eram os únicos tripulantes no momento. Pararam em frente a uma porta que abriu quando Dxmaell a tocou.

O Kdariano esperou que Heero entrasse, para depois seguí-lo. Heero observava com atenção o quarto, não possuía uma decoração especifica, mas os tons escuros predominavam no ambiente. Uma grande cama que ele identificou como sendo da terra ocupava o espaço junto à janela, onde era possível ver a Terra.

A cama estava coberta com um lençol negro e ocupada por varias almofadas da mesma cor escura. Desviou sua atenção da cama, pois já começava a imaginar como seria deitar o Kdariano nela e realizar as fantasias que povoavam seus sonhos à noite. Seu olhar encontrou-se com o de Dxmaell que ficou vermelho na mesma hora. Este caminhou até a parede e a pressionou, logo uma coluna de energia emergiu do chão formando um assento.

- Sente-se.

- Obrigado.

Dxmaell sentou-se na beirada cama e olhou pela janela. O planeta visto da órbita lembraria o de Kdra senão fosse o tom azulado. Kdra possuía tons misturados de amarelo e rosa, era a primeira vez que encontrava um mundo que o lembrava seu planeta natal e isso lhe deu forças para prosseguir. Olhou para Heero que o observava em silêncio. Decidiu que seria melhor começar a falar o que tinha planejado antes que perdesse toda a coragem.

- Em... em minha raça há um ritual chamado de Caykradus

Heero ouviu a voz de Dxmaell e prestou atenção ao que este dizia. Estavam em silêncio desde que se sentaram e o Kdariano ficou olhando a Terra pela janela.

- Sim você já me disse, mas...

- Ele é uma... preparação para o Cyarpks, o que no seu mundo simboliza a concepção.

- Concepção? Você quer dizer...

- Sim. Quando um Kdariano chega a uma determinada idade, ele deve passar por ele, meu povo tem a capacidade de gerar novas vidas através do Cyarpks. Independente... do parceiro.

- Não entendo...

- A concepção Kdariana... .é possível entre... dois machos ou duas fêmeas. Sendo que apenas um deles é preparado para carregar a criança. Geralmente aquele que realiza o ritual de Caykradus e quem gerará a criança.

Dxmaell virou-se, olhando para o planeta azul através da janela de sua nave. Era tão difícil pedir isso a Heero, nem ao menos sabia se ele aceitaria. O que o humano pensaria dele?

Heero não sabia onde Dxmaell queria chegar, o Kdariano parecia nervoso e agitado. Tudo que Dxmaell lhe havia contado era fantástico, então esse era o motivo dele ter estado tão triste há três dias atrás, ele estava sendo obrigado a cumprir um ritual de sua raça. Um ritual pelo qual ele não desejava passar.

De repente Heero ficou sério.

"Pelo que entendi o Cyarpks como eles chamam seria o que chamamos de concepção e para que isso ocorra é necessário que exista a cópula, então isso significava... Não!"

Há três dias Dxmaell havia dito um nome e mencionara posteriormente algo sobre o ritual e agora ele dizia que dois homens podiam gerar uma criança. Seria...?

"Não...não pode ser. Ele terá de realizar o Cyarpks com Arcom?"

Dxmaell notou que o olhar de Heero havia se modificado, parecia quase raivoso. Será que ele estava com raiva dele?

"Será que ele já imagina o que eu quero pedir?. Será que ele está com raiva por eu pensar em pedir isso a ele?"

Dxmaell tentou não demonstrar sua tristeza; levantou-se e depois sentou-se novamente, ignorando o olhar de Heero sobre si e incapaz de falar qualquer outra coisa. Não poderia pedir isso ao humano, era visível que este sentia-se desconfortável com isso, apenas restava levar Heero a Terra novamente e voltar à nave mãe a fim de cumprir com seu dever, mesmo que isso o matasse por dentro. Dxmaell levantou-se pronto a levar sua nave de volta a Terra, mas Heero segurou seu braço.

- Quem o Conselho escolheu como seu parceiro... para o Cyarpks?

Heero não desejava ouvir, mas tinha que saber. Quando viu Dxmaell levantar-se não pensou duas vezes antes de parar o Kdariano e perguntar. O olhar triste de Dxmaell o incomodou e antes que pensasse no que fazia segurou o Kdariano em seus braços e abraçou-o. Dxmaell sentiu os braços de Heero ao seu redor e recostou sua cabeça no ombro do humano. Deixou que uma lágrima rolasse de seus olhos antes de responder.

- Arcom...

Heero sentiu a tensão e a tristeza no sussurro que era a voz de Dxmaell. Não... ele se recusava a aceitar isso.

- Eu nunca deixei que... outra pessoa me tocasse como você o fez aquele dia na montanha. É difícil para mim... permitir que alguém me toque de qualquer forma. Mas agora eu... eu tenho que... realizar o Cyarpks e permitir que... que...

Heero silenciou os lábios de Dxmaell com um beijo sentindo as lágrimas do Kdariano em seu rosto. Entendia o que Dxmaell queria lhe dizer e também não desejava que alguém que não fosse ele o tocasse.

Dxmaell segurou-se em Heero, abrindo seus lábios para que o humano aprofundasse o beijo. Como ele gostaria de ficar ali com ele, e não ter que se preocupar com mais nada. Não ter que cumprir com suas obrigações como comandante das tropas Kdarianas e nem suas obrigações como Kdariano. Mas ele tinha que fazê-lo. Apartou o beijo e afastou-se de Heero. Ainda de costas para o humano decidiu continuar com que havia começado.

- Aleng me disse que eu deveria escolher alguém... a quem me entregar antes... antes que eu realizasse o Cyarpks.... alguém com quem eu realmente quisesse estar.

Dxmaell virou-se para Heero apertando as mãos e encarando os olhos azul cobalto que o atraiam.

- Eu queria que... que....

Dxmaell abaixou a cabeça envergonhado, era tão difícil pedir isso. Heero entendeu o que Dxmaell desejava dele; também desejava isso; mais do que qualquer coisa.

- Eu queria que você fosse o meu primeiro. Se eu... eu tiver que me entregar... me entregar a alguém... eu gostaria que esse alguém fosse você... Heero. Mas eu vou entender se voc...

Heero aproximou-se rapidamente de Dxmaell e virou-o para si não deixando que terminasse de falar. Como ele podia pensar que não gostaria de tê-lo em seus braços? Que ele não gostaria de tocar o seu corpo? Que não adoraria amá-lo e fazê-lo seu? Ele entregaria sua alma apenas para poder tocá-lo e conhecê-lo intimamente.

Dxmaell sentiu os dedos de Heero sobre seus lábios e o olhou nos olhos. A íris azul cobalto reluzia escura, repleta de sentimentos que ele desconhecia, mas que de alguma maneira o excitavam.

- Você tem certeza?

Dxmaell ofegou e Heero viu a esperança refletida na íris ametista. Ele viu Dxmaell sacudir a cabeça e sorriu, passando seu braço pela cintura do Kdariano e trazendo-o para mais perto de si.

- Não há nada que eu mais queria nesse mundo Dxmaell, do que ama-lo, e tê-lo em meus braços.

- Heero...

Dxmaell apertou Heero abraçando-o fortemente. Ele aceitara; o humano também o desejava, lágrimas de alegria e alívio caíam de seus olhos, seria de Heero, seria dele, alguém que ele escolhera, e não o Conselho. Alguém que compartilhava do mesmo desejo que ele.

Heero sentiu Dxmaell soluçar e beijou a cabeça encostada em seu peito, mas algo o incomodava. Se a concepção era possível entre seres do mesmo sexo, Dxmaell corria o risco de esperar um filho seu. Ainda abraçado ao Kdariano ele resolveu acabar com essa dúvida.

- É possível que você venha a gerar um filho meu?

Dxmaell sorriu tristemente e balançou a cabeça.

- É impossível, nunca um Kdariano gerou uma criança que não fosse inteiramente Kdariana. Alem disso teríamos que passar os três dias do Cyarpks juntos entre outras coisas. Eu não corro o risco de esperar um filho seu, caso completemos nossa união corpórea. Não se preocupe.

Heero afastou-se ligeiramente e viu tristeza nos olhos ametistas pouco antes deste abaixar a cabeça, tocou de leve o rosto macio e levantou suavemente o rosto do Kdariano.

- Eu não me importaria se isso acontecesse...

- Heero...

Beijou Dxmaell acariciando suas costas. Em sua mente ele já imaginava como seria ter um filho com o Kdariano; um ser com seu sangue e o de Dxmaell. Mas como o mesmo dissera era algo impossível de acontecer. Dxmaell sentiu seu peito doer, em saber que nunca poderia ter um filho do humano, em alguns dias seu ventre carregaria uma criança puramente Kdariana.

Uma criança com o seu sangue e o sangue de um outro Kdariano que ele intimamente pedia que não fosse Arcom. Ele poderia suportar carregar um filho de qualquer Kdariano, ele poderia suportar deitar-se com qualquer outro de sua raça, mas não suportaria que Arcom o tocasse. Preferira matá-lo ou morrer antes que isso acontecesse.

Dxmaell ofegou ao sentir os lábios de Heero descerem por seu pescoço. Jogou a cabeça para trás perdido na sensação dos lábios do humano. Heero sorriu ao ver Dxmaell tão entregue. O Kdariano mantinha os olhos fechados e sua respiração encontrava-se ofegante. Não sabia como os Kdarianos agiam durante o ato sexual e nem como reagiam a determinados estímulos, só esperava que fossem tão parecidos com os humanos quanto em sua aparência.

- Como vocês costumam reagir a certos estímulos?

Dxmaell ouviu a voz de Heero penetrar sensualmente em seus ouvidos. Ele abriu os olhos obrigando-se a encontrar sua voz e responder.

- Eu... eu não sei...

Heero beijou novamente o pescoço de Dxmaell enquanto suas mãos acariciavam-lhe o corpo por baixo da blusa que o Kdariano vestia. Ouviu Dxmaell gemer e agarrar-se a ele com força. Heero afastou-se, admirando os lábios vermelhos e entreabertos. Inclinou-se junto ao ouvido do Kdariano sussurrando. Dxmaell tremeu e gemeu ao sentir o hálito quente e a voz rouca em sua orelha.

- Você quer que eu lhe mostre?

- Por Kdra sim

- Vou tomar isso como um sim.

Acariciou as costas do Kdariano e beijando-o cheio de sede, tal como um homem sedento. Heero tomou Dxmaell em seus braços e carregou-o para a cama, depositando-o com cuidado sobre os lençóis de um preto profundo, macios e frios ao toque. As mãos de Heero percorreram-lhe o corpo como se esculpisse uma obra de arte, tamanho o cuidado em tocá-lo.

Dxmaell gemeu ao sentir as mãos de Heero tocando seu corpo com tamanha reverência por sobre as roupas, mas ele desejava mais. Desejava algo que desconhecia, mas que tinha certeza que apenas o humano de olhos azul cobalto poderia lhe dar.

- Heero....

- Calma está tudo bem, apenas sinta e não tenha medo.

Dxmaell rendeu-se as mãos que o tocavam, ele jamais se sentira assim, era como se estivesse morrendo e Heero fosse sua fonte de energia. Sentiu a mão de Heero tocar seu abdômen e ofegou. Heero deslizou suas mãos pelos braços do Kdariano, começando a despi-lo de suas roupas. Dxmaell levantou os braços para que fosse despido de sua blusa e arqueou o corpo, buscando um maior contato, ao sentir os lábios do humano tocarem seu abdômen substituindo as mãos.

Heero jamais imaginou que Dxmaell fosse tão belo. Nem em seus sonhos, pudera imaginar tamanha beleza. A pele macia e sedosa, os músculos suaves, mas definidos. E saber que ele jamais havia sido tocado dessa forma o enchia de uma possessividade que nunca imaginou sentir. Heero dirigiu seus lábios aos mamilos rosados que encontravam-se excitados de prazer, lambeu-os devagar, para depois sugá-los. Heero ouviu a voz de Dxmaell gemer seu nome, enquanto sentia as mãos dele em suas costas arranhando-o.

- Heero....

Dxmaell sentiu os lábios de Heero se fecharem sobre seu mamilo direito enquanto o outro era manipulado pela mão do humano. Sentiu seu baixo ventre aquecer-se e um ligeiro desconforto dentro de suas roupas. Eram tantas as sensações, e tão fortes que ele já não conseguia pensar em mais nada que não fosse no corpo que o imprensava contra a cama.

A mão de Heero dirigiu-se para o meio das pernas de Dxmaell que mantinha os olhos fechados e os lábios entreabertos. A visão mais perfeita que Heero já tinha visto. Tocou o membro de Dxmaell por cima da calça pressionando-o levemente, para cima e para baixo. A respiração do Kdariano alterou-se e ele moveu os quadris de encontro à mão de Heero fazendo o humano sorrir.

- Aaahhhhh..... Heero.

Dxmaell abriu os olhos; a íris escurecida pelo desejo, levou sua mão até a nuca de Heero trazendo-o até si, beijando-o com volúpia e ardor. Heero sentiu algo estranho; como se todo seu corpo estivesse sendo abraçado por algo quente e acolhedor. Um calor reconfortante penetrou em cada uma de suas células ao mesmo tempo em que sentia-se sendo drenado.

Dxmaell simplesmente não pensou no que estava fazendo, simplesmente seguiu seus instintos quando puxou o humano. Tomou os lábios de Heero e elevou sua energia de forma que esta cobrisse a ambos. Todo seu conhecimento, seus pensamentos e suas lembranças, tudo foi passado a Heero através de seus lábios, da mesma forma como as lembranças, o conhecimento e os pensamentos de Heero foram passados a ele enquanto absorvia a energia do humano.

Dxmaell apartou o beijo e Heero sentiu-se tonto por alguns intantes, flashes de lembranças que não conhecia, imagens de um mundo que nunca vira inundaram sua mente em segundos e ele teve que apoiar sua cabeça no peito de Dxmaell. O Kdariano acariciou os fios macios do cabelo do humano, enquanto tentava assimilar o que havia feito a Heero, Sua voz saiu ligeiramente preocupada.

- Você está bem?

Heero levantou a cabeça encontrando a íris ametista carregada de preocupação, acariciou o rosto de Dxmaell e sorriu. Sim, ele estava bem; ainda não entendia o que havia acontecido, mas as imagens e flashes que o assaltaram há poucos instantes haviam cessado.

- Sim eu estou. O que aconteceu?

Dxmaell sorriu aliviado e ergueu o tronco abraçando Heero. Eles ficaram assim por alguns minutos, até que Dxmaell afastou-se.

- Eu sinto muito... Eu não sei por que fiz isso... Perdoe-me

- Está tudo bem. Eu me senti um pouco estranho foi apenas isso. Você.. .absorveu minha energia não foi?

- Em parte. Na verdade o que fizemos é chamado de Kepayks [3]

- Kepayks... o que significa isso?

Dxmaell sorriu e beijou o queixo de Heero enquanto aninhava sua cabeça no ombro esquerdo do humano, que o abraçou pela cintura.

- Você sabe o que

- Como posso...

Dxmaell colocou seus dedos sobre os lábios de Heero calando-o.

- Traga a informação de sua mente. Ela está ai. Todo o meu conhecimento, o conhecimento de toda uma raça... eu o dei a você Heero.

Heero olhou nos olhos que o encaravam divertidos, procurou fazer o que Dxmaell havia dito, disse o nome mentalmente procurando em sua mente o significado dela. Então de repente como uma luz acesa no meio da noite, ele descobriu o que a palavra significava. Dxmaell viu os olhos de Heero brilharem surpresos, havia entendido o significado de Kepayks.

- Descobriu não é?

- Sim. Partilhar conhecimento.

- Não apenas o conhecimento, mas tudo. É como se eu partilhasse minha essência, ou o que vocês costumam chamar de alma. Minhas lembranças, tudo que sei e meus pensamentos no momento do Kepayks agora são seus, assim como tudo que você sabe foi partilhado comigo.

- Por quanto tempo?

- Para sempre

- Como vou saber usar o que me concedeu?

- Você já sabe, se não fosse assim você não entenderia o que digo a você Heero. Uma vez que estamos conversando em minha língua há alguns minutos

Heero olhou para Dxmaell confuso, ele nem ao menos tinha percebido que conversava com o Kdariano na língua ele e compreendia o que o mesmo dizia. Dxmaell deitou-se e acariciou a face de Heero, sorrindo divertido.

- Você disse que me mostraria uma coisa.

Heero sorriu malicioso ao ver o olhar de Dxmaell deitado em meio aos travesseiros, os cabelos soltos espalhados sobre o negro dos lençóis. Sim ele havia dito... e pretendia cumprir.

- Me desculpe.

Heero sorriu maliciosamente e inclinou-se lambendo os lábios de Dxmaell e abrindo-os, sugou seus lábios enquanto suas mãos desceram pela lateral do corpo acariciando a pele quente e macia. Seus lábios desceram sobre o peito alvo, desenhando com a língua todos os contornos do tórax exposto.

Dxmaell arqueou o tronco ao sentir os lábios de Heero se fecharem novamente sobre seus mamilos, enquanto a mão do humano acariciava seu membro por sobre a roupa, dando pequenos apertões. Heero notou o quão excitado o Kdariano ficava ao ter os mamilos estimulados, decidiu então dar-lhes maior atenção e começou a mordê-los e sugá-los.

Dxmaell segurava os lençóis com força, tamanho o prazer que sentia, estava tão perdido nas sensações que nem ao menos percebeu que Heero retirara sua calça e que ele mesmo o ajudara a fazê-lo. Agora encontrava-se completamente despido sob os olhos de Heero, a íris azul-cobalto escurecida pelo desejo.

Heero sentiu seu membro endurecer diante da nudez de Dxmaell. Ele era perfeito, nos mínimos detalhes. Tocou a ponta do membro com o dedo acariciando a ponta já umedecida. Heero ouviu Dxmaell gemer e morder os lábios.

- Você é lindo Dxmaell... perfeito.

Dxmaell ficou vermelho diante das palavras e do olhar de Heero. Ele nunca ficara assim na frente de ninguém e saber que seu corpo era apreciado por Heero o tranqüilizou. Em seu íntimo ele tinha medo de que o humano não apreciasse seu corpo, mas o que via nos olhos de Heero acabou com todas as dúvidas que tinha.

Heero viu o rosto de Dxmaell avermelhar-se, havia percebido o alívio nos olhos ametista, como era possível que Dxmaell não soubesse o quanto era belo e excitante? Heero estava tendo dificuldades em se conter; seu membro já se encontrava terrivelmente excitado e exigindo sua libertação das roupas, mas ele queria ir devagar. Não queria assustar Dxmaell com seu desejo, sabia que era a primeira vez que alguém via e o tocava dessa forma.

Dxmaell sentiu-se deliciosamente torturado e desejando por mais, como era possível que houvesse algo tão prazeroso? Ele mal conseguia pensar, tudo que desejava, era que Heero continuasse; que completassem suas almas, através do Cyarpks. Sentiu a mão de Heero tocar seu rosto e abriu os olhos, sem saber quando os havia fechado, seu peito subia e descia acompanhando a respiração descompassada, ele notou que embora estivesse completamente despido, Heero ainda encontrava-se de roupas.

Dxmaell segurou a mão que encontrava-se acariciando seu membro sutilmente e levou-a aos lábios, beijando os dedos de Heero. Habilmente Dxmaell inverteu sua posição com Heero, colocando o humano deitado, sorriu e inclinou-se; beijando a parte do peito que a camisa não escondia.

Ao sentir a respiração de Heero alterar-se, um sorriso surgiu em seus lábios; afastou-se e começou a abrir os botões da camisa de Heero, enquanto mantinha seus olhos presos à íris do humano. Assim que teve o peito do Heero exposto a seus olhos, Dxmaell instintivamente passou a língua sobre os lábios fazendo Heero arfar.

Quando os lábios de Dxmaell tocaram seu peito, foi a vez de Heero ofegar. Ele não esperava por isso; para alguém que nunca havia feito algo parecido Dxmaell estava se saindo maravilhosamente bem em sua opinião. A sensação dos lábios do Kdariano em seu abdômen, a língua circundando seu umbigo, para depois mergulhar nele, estavam-no levando a loucura. Ele se ouviu gemendo o nome do Kdariano.

- Dxmaell...

Ouvir seu nome ser pronunciado de uma forma tão intensa por Heero, o fez perceber o quanto desejava passar o resto de sua vida o ouvindo pronunciar seu nome daquela forma, e o quanto estava apaixonado pelo humano. Dxmaell retirou a camisa de Heero sendo ajudado por este.

Heero tomou os lábios de Dxmaell deitando-o novamente na cama, esfregou seu corpo sobre o corpo despido do Kdariano, que gemeu diante da fricção da calça de Heero contra seu membro.

- Aaahhhh.... Heero... por favor...

- Calma... aahhh... será logo... mmm... eu prometo.

Heero também já não agüentava esperar, ouvir Dxmaell gemer seu nome fazia seu membro ficar mais duro a cada instante. Levantou-se e tirou sua calça sob o olhar atento do outro. Ao ver a ereção de Heero ereta diante de seus olhos, Dxmaell sentiu uma quentura em seu corpo, o humano tinha um corpo magnífico e um membro maravilhosamente avantajado.

Heero viu o deslumbramento nos olhos de Dxmaell e quando seus olhares se encontraram o Kdariano enrubesceu. Heero deu um meio sorriso e aproximou-se novamente, cobrindo-o com seu corpo, o contato de seu corpo com a pele do Kdariano era maravilhoso. Dxmaell possuía uma pele tão macia..., era como se estivesse tocando seda.

Heero explorou o corpo de Dxmaell com os lábios e as mãos. Extraindo todos os tipos de sons de seus lábios, explorando e descobrindo cada pedaço intocado do corpo junto ao seu. Dxmaell também explorou e tocou o corpo do humano, inicialmente com certo receio; mas logo o instinto falou mais alto e seus lábios já percorriam sem pudor o corpo de Heero.

- Heero... eu... aahhh... eu... preciso de você.... me torne... aaahhh... me torne seu...

- Sim...Dxmaell. Eu preciso de....

Antes que terminasse de falar Dxmaell sorriu e esticou-se, tocando a parede e pegando um pequeno pote de dentro dela.

- Hã... era isso que você queria?

Heero abriu o pote que continha uma espécie de gel transparente. A voz de Dxmaell soou ligeiramente baixa e envergonhada.

- Aleng me obrigou a trazer.... disse que seria útil caso eu me decidisse.

O rosto de Dxmaell ficou vermelho ao admitir tal fato, mas Heero apenas sorriu antes de responder e mergulhar os dedos dentro do recipiente.

- Devo agradecer Aleng por tê-lo convencido.

Heero afastou ligeiramente as pernas de Dxmaell e guiou seus dedos em direção a entrada virgem do Kdariano. Ele ouviu Dxmaell ofegar e viu suas mãos crisparem sobre o lençol. Heero posicionou um dos dedos na entrada, mas não o penetrou, inclinou-se por sobre Dxmaell, olhando em seus olhos. Os olhos do Kdariano estavam escuros pelo desejo, mas também havia medo neles, Heero tomou os lábios de Dxmaell suavemente antes de sussurrar em seu ouvido.

- Tenha calma, eu não vou feri-lo, mas você precisa tentar relaxar.

Dxmaell sacudiu a cabeça e mordeu os lábios ao sentir-se invadido pelo dedo. Para distraí-lo do desconforto Heero começou a beijar-lhe o pescoço descendo por seu peito até alcançar um dos mamilos. Dxmaell procurou relaxar, sabia que Heero jamais o machucaria, o dedo movia-se lentamente em pequenos círculos, havia apenas uma ligeira sensação de desconforto, e o fato de Heero o estar beijando e estimulando seu corpo o fêz esquecer de tudo o mais e não notar quando um segundo dedo foi adicionado ao processo.

Heero notou Dxmaell ficar mais relaxado e adicionou mais um dedo, o Kdariano era tão apertado e quente que Heero sentiu-se ainda mais excitado, seu membro doía, na necessidade de explorar o corpo quente junto ao seu, mas o outro ainda não estava pronto para recebê-lo dentro de si.

Dxmaell já se movia no mesmo ritmo dos dedos dentro de si. Em determinado momento gritou ao ser tocado em um ponto dentro de seu corpo. Heero sorriu ao saber que o corpo do Kdariano não era muito diferente dos humanos, procurou estimulá-lo novamente no mesmo ponto fazendo com que Dxmaell se empurrasse com mais vontade contra seus dedos, logo três dedos tocavam sem piedade o ponto de prazer do Kdariano fazendo-o gemer o nome de Heero.

- Heeerroo...

Heero tremeu ligeiramente ao ouvir Dxmaell gemer seu nome. Ele retirou os dedos e cobriu sua ereção com o gel posicionando-se na entrada do Kdariano. Dxmaell passou a língua sob os lábios ao ver Heero cobrir-se com o gel e posicionar-se entre suas pernas; seu coração batia descontroladamente, procurou relaxar ao sentir Heero pressionar a cabeça do membro em sua entrada.

Heero tomou os lábios de Dxmaell enquanto empurrava-se para dentro dele, mesmo tendo-o preparado tinha dificuldades em penetrá-lo, estava fazendo um tremendo esforço para ir devagar, afim de não machucá-lo. Dxmaell sentiu que pequenas lágrimas caiam de seus olhos e ele se segurou em Heero, cravando os dedos na pele das costas do humano, a sensação era de que estava sendo partido ao meio.

Heero levou uma de suas mãos até o membro de Dxmaell, e começou a estimula-lo devagar, para que ele esquecesse a dor, vira quando os olhos do Kdariano encheram-se de lágrimas e sentia os dedos quase perfurando a pele de suas costas. Empurrou-se mais um pouco enquanto o beijava engolindo os gemidos de dor de Dxmaell.

Ao sentir-se completamente dentro, Heero parou de se mover dando ao Kdariano tempo para acostumar-se com o membro dentro de si. Olhou para Dxmaell que mantinha os olhos fechados e respirava devagar, tocou-lhe o rosto gentilmente fazendo-o abrir os olhos.

- Você está bem?

- Sim

Heero sorriu ao ouvi-lo falar em Kdariano, ao que parecia Dxmaell sempre falava em sua língua quando não conseguia controlar suas emoções. Dxmaell sorriu ao perceber que falara em sua própria língua e acabou por se mexer, provocando uma ligeira fricção no membro dentro de si, fazendo-o gemer de prazer.

- Aaahhh....

Heero também gemeu ao sentir a fricção e ondulou os quadris provocando-o novamente.

- Aaahhh..... Heero...

- Dxmaell...

Eles começaram a se mover no mesmo ritmo, aumentando o prazer em seus corpos, os movimentos cadenciados, as respirações entrecortadas. Seus gemidos e sussurros eram as únicas coisas ouvidas dentro do quarto. A medida que o prazer aumentava seus movimentos passaram a acompanhar a excitação, e em pouco tempo ambos gozaram, extasiados pelo prazer da união.

Heero caiu sobre Dxmaell sem forças, jamais havia sentido um prazer tão intenso como o compartilhado com o Kdariano. Olhou para Dxmaell que tinha os olhos fechados e os lábios entreabertos, a face corada e suada, a franja grudada na testa. Dxmaell abriu os olhos ao sentir-se observado, seus olhos encheram-se de lágrimas ao encontrar a íris azul cobalto. Havia sido indescritível o que sentira nos braços de Heero, jamais imaginara que sentiria tanto prazer e tamanha plenitude, sentia-se completo nos braços do humano.

Heero enxugou as lágrimas que caiam dos olhos de Dxmaell, o beijando e retirando-se de dentro dele. Aninhou o corpo de Dxmaell próximo ao seu, colocando a cabeça dele em seu peito, acariciando os fios longos. Ouviu a voz de Dxmaell em um pequeno sussurro e sorriu antes de responder.

- Eu também te amo Dxmaell.

Algumas horas depois:

Heero acordou ao ouvir um soluço e algo molhado em seu peito. Olhou para Dxmaell que chorava com a cabeça encostada em seu peito. Não sabia o porquê das lágrimas, mas elas o angustiavam, não queria vê-lo chorar.

- Não chore.

- Eu não desejo ir.

Heero o olhou confuso por alguns segundos, até se dar conta do que Dxmaell falava, ele não desejava voltar a nave mãe e enfrentar o que o aguardava. E Heero também não desejava a ida do Kdariano.

- Não vá. Fique.

- Não posso, não agora. Não quando estamos tão perto de conseguirmos alguma coisa, não depois que tantos sofreram. Eu devo ir e cumprir para com meu dever, por mais que me doa. Por mais... que eu odeie cada momento.

Dxmaell começou a chorar com mais força e Heero apertou-o em seus braços, como se assim pudesse aliviar seusofrimento. Ele também não desejava que ele fosse, sabia o que aconteceria. Dxmaell seria tocado intimamente por outro kdariano e ele não desejava que ninguém mais o tocasse.

- Heero me ame novamente... me ame até que o sol se levante em seu planeta... me ame até que minha alma pare de chorar... para que eu tenha forças para suportar os próximos dias. Eu te peço.

"Eu queria que fosse possível. Que a vida que eu carregarei fosse sua e não de outro. Que ela fosse uma parte de nós dois. Eu queria tanto... tanto carregar em meu ventre uma parte de você Heero... fruto de nossa união... fruto do meu amor por você. Mas é impossível... impossível, se eu pudesse mudar meu destino, nada me daria mais alegria e consolo. Mas nunca uma vida foi gerada da união de um Kdariano e outro ser, e eu não tenho meios de mudar meu destino".

Algumas horas depois:

Dxmaell deixou Heero na Terra e agora seguia em direção a nave mãe. Sabia que teria problemas. Deveria ter retornado a um dia atrás, mas ele acabara ficando com Heero e esquecendo-se de retornar. Acordara nos braços do humano, depois de terem passado a noite inteira se amando, olhara para a janela e notara que o sol já havia se posto, isso indicava que ele estava atrasado. Ao levantar e ir até a ponte da nave descobriu que tentativas de contato haviam sido feitas, entre elas as de Aleng e Tzen.

Alguns minutos antes:

Dxmaell abriu os olhos, sentindo-se dolorido, mas completamente satisfeito. Olhou para a fonte de sua satisfação. O humano dormia tranqüilo, os cabelos bagunçados, mas surpreendentemente encantadores, permitiu-se sorrir. Ao lembrar dos momentos de paixão que passara nos braços do humano. Havia sido maravilhoso e excitante, lembrar deles estava fazendo seu corpo despertar novamente. Descansou a cabeça no peito de Heero e olhou pela janela e o que viu o alarmou.

Devagar Dxmaell livrou-se dos braços que o mantinham aquecido e levantou-se, procurou por suas roupas no meio da bagunça que havia se tornado seu aposento e deixou o quarto em direção a ponte. Ao chegar lá percebeu que seu medo era justificado, ele estava simplesmente 12 horas atrasado. Olhou para o painel que indicava as tentativas de comunicações com sua nave, havia exatamente vinte delas, sendo que cinco era de seus oficiais.

Dxamell sentou-se e abriu um canal para comunicar-se com seus oficiais.

Nave mãe Kdariana estação de descanso 648 (segundo oficial Tzen Kshda)

Aleng olhava para Tzen preocupado, ambos desejavam saber onde o comandante se encontrava. Sabiam que ele estava com Heero, mas até àquela hora? O Conselho estava a procura de Dxmaell há quase treze horas e até o momento nenhum contato havia sido obtido.

- Tzen o que faremos se o Conselho nos chamar novamente?

- Não sei Aleng. Dxmaell já deveria ter entrado em contato, logo o conselho irá desconfiar, se já não estão desconfiados.

- Ele deve estar com Heero. Pelo menos assim eu espero. Acha que o Conselho saberá que ele passou o inicio do Cyarpks com outro?

- Pelo bem de Dxmaell eu espero que não Aleng. Não quero nem imaginar o que o Conselho faria se soubesse.

Aleng sorriu tristemente. Sabia que Dxmaell estava com Heero, o amigo havia dito que o faria. Sentia-se feliz e triste por ele. Feliz por que Dxmaell se entregaria a alguém de sua vontade, mas triste por saber que não poderiam ficar juntos e que ele deveria ter que passar o restante do Cyarpks com um Kdariano. O Conselho ainda não havia comunicado com quem Dxmaell iria realizar o Cyarpks, por enquanto o nome de Arcom ainda não havia sido descartado. O tenente tinha tido o desprazer de comunicar a eles, assim que Dxmaell saiu para o ritual de Caykradus a quatro dias.

A imagem de Dxmaell surgiu na parede e tanto Aleng como Tzen suspiraram aliviados. Dxmaell sabia que tinha um sorriso bobo em seu rosto, mas não podia evitá-lo, sentia-se tão feliz e bem. O olhar preocupado de seus amigos o obrigou a se desculpar.

- Me desculpem.

Aleng sorriu não havia motivos para desculpas, pelas feições e o sorriso de Dxmaell era evidente a alegria de seu amigo e eram raras as vezes em que o viram assim. Tzen também sorriu, embora dentro de si algo lhe dizia que em breve Dxmaell não teria o mesmo brilho de felicidade nos olhos.

- Não se desculpe comandante. Ficamos feliz que esteja bem

- Obrigado Tzen.

- Você está com Heero?

Dxmaell sorriu e balançou a cabeça, enquanto pegava uma ponta de seu cabelo solto.

- Sim ele está dormindo. O que aconteceu na minha ausência, eu... acabei... perdendo a noção do tempo.

Ambos os oficiais riam cientes do que havia feito Dxmaell perder a noção do tempo. Dxmaell ficou vermelho ao ver seus oficiais sorrirem maliciosamente, não havia como esconder o que ele estivera fazendo. Tzen resolveu responder logo a pergunta antes que o Conselho os procurasse novamente, foi com tristeza que viu o semblante de Dxmaell alterar-se, para a costumeira frieza de sempre.

- O Conselho está te procurando Dxmaell. Você já deveria estar na câmara a essa hora.

- Eu sei...

Dxmaell ficou em silêncio por alguns instantes, seu coração batia violentamente, ele olhou para a porta, na direção onde localizava-se seu aposento, o lugar onde havia passado momentos maravilhosos nos braços do humano que agora dormia. Ele respirou fundo e fez a pergunta que lhe fazia doer a alma.

- O Conselho já pronunciou sua decisão?

- Não

- E Arcom?

Aleng olhou para Tzen, pelo que eles sabiam Arcom estava se preparando para o Cyarpks, a menos que o Conselho voltasse em sua decisão, Arcom ainda continuava a ser o parceiro de Dxmaell para o Cyarpks. Pelo silêncio de seus oficiais sabia que a decisão do Conselho ainda era a mesma, sentiu uma pequena lágrima rolar de seus olhos, antes que tivesse tempo para detê-la.

- Que seja assim. Eu... vou deixar o Heero na Terra e cumprirei... meu destino. Diga ao Conselho que me comuniquei com vocês e que em 15 krs estarei de volta.

A nave exploradora de Dxmaell entrou no hangar de aterrissagem. Ele saiu da nave usando a roupa para a realização do Cyarpks, ele deveria estar usando-a quando saísse da nave, assim como seu parceiro. Ao descer de sua nave foi levado até a presença do Conselho que o aguardava. Ele entrou no salão do Conselho e ajoelhou-se na frente dele sem proferir nenhuma palavra.

- Comandante Dxmaell

- Qual foi o motivo

- De sua demora?

Dxmaell demorou alguns instantes para responder, ele procurou não sorrir ao lembrar o porquê de ter se atrasado, procurou dar a sua voz a mesma entonação fria e sem vida.

- Demorei mais tempo do que o previsto para a exploração em Vênus... e conseqüentemente me atrasei em terminar o ritual de Caykradus.

O Conselho ficou em silêncio por alguns segundos antes de falar novamente.

- Quando entrou em contato

- para saber a decisão do Conselho

- sobre seu parceiro no Cyarpks

- você ainda não havia terminado

- o ritual de Caykradus?

Dxmaell não poderia mentir, durante o ritual um Kdariano não poderia de forma alguma falar com outro Kdariano. E ele havia se comunicado com a nave mãe e pedido para falar com o Conselho, se dissesse que não estaria mentindo, se disse que sim teria que explicar o porquê de seu atraso.

- Eu... não... me sentia pronto para o Cyarpks.

- Por que não?

- o que você achou que faltava

- para realizar o Cyarpks

- comandante Dxmaell

- Eu... tive medo.

O Conselho ficou em silêncio por alguns instantes. Dxmaell procurava respirar devagar para não demonstrar apreensão, ele decidira ser sincero com o que sentira no momento em que tentara contato com o Conselho. Ele havia sentido medo, mas ele não era em relação a Arcom, e sim ao fato de que ele iria se encontrar com o humano e dar a ele o que jamais dera a ninguém. Sua alma e seu coração.

- Comandante Dxmaell seu parceiro

- o encontrará em sua estação

- vá espere por ele

- e que ambos honrem

- o império Kdar

Dxmaell levantou-se e deixou o Conselho. Seu coração batia forte e ele se controlava para não demonstrar sua dor, ainda não sabia quem era o Kdariano que o encontraria. Mas tinha quase certeza que era Arcom. Ele parou em frente à porta de sua estação e entrou, ela havia sido preparada para o Cyarpks. Uma outra roupa havia sido colocada sobre a coluna de energia, ele tocou o tecido que tinha a tonalidade de seus olhos.

A iluminação se encontrava reduzida, um aroma impregnava o ar: Xhyars uma flor de Kdra, usada apenas para o Cyarpks, com a propriedade de acalmar e proporcionar relaxamento. Ele trocou-se colocando as roupas. Penteou os cabelos trançando-os, ele não os deixaria soltos, nunca mais. E nem permitiria que alguém os tocasse, apenas Heero poderia tocá-los, se não podia manter seu corpo intocado seus cabelos seriam. Uma batida na porta indicava que seu parceiro havia chegado.

Respirando fundo em seu intimo Dxmaell implorou que com as lembranças que tinha de Heero, pudesse suportar os momentos que viriam. Cobriu seu rosto e deitou-se sobre a coluna de energia antes de mandar que seu parceiro entrasse. Uma lágrima caiu de seus olhos no momento em que ouviu a porta se abrir e a voz do Kdariano soou dizendo seu nome.

Continua...

Agradecimentos a Dhanda pela betagem.

Agradecimentos a todos que comentaram sobre a fic.

Em especial a Mami Evil... mami te adoro viu.

A Lien pela ajuda, valeu mesmo sis.

Daphne esse capítulo é dedicado a você.

Se eu tiver esquecido alguém me perdoem, eu ando meio caduca.

[1] Trapurks seria um tapete cerimonial usado pelos Kdarianos durante o ritual de Caykradus.

[2] Kdrya seria o nome do Deus da Morte dos kdarianos (eu não pude evitar associa-lo ao Deus da Morte)

[3] Kepayks seria o ato partilhar o conhecimento, tudo que um sabe passa para o outro durante o Kepyks. Os Kdarianos costumam realizar o Kepayks apenas com aqueles com quem tem afinidade. Geralmente é realizado antes do ato sexual.