A Invasão

Capitulo VIII - A derrota dos Kdar

Heero estava deitado em sua cama, os olhos fechados, seu coração doendo dentro do peito, ele não conseguia esquecer Dxmaell, nem sua expressão e o grito quando aquela maquina infernal retirou-lhe a vida. A vida da pessoa que amava e a vida de seu filho que jamais conheceria.

"Mortos...estão mortos e eu não fiz nada para impedir a morte deles. Dói tanto...tanto. Porque Dxmaell?...porque você teve que voltar a nave mãe se sabia o que aconteceria. Porque não fugiu com Aleng e Tzen quando teve chance? Porque ficou para trás e me deixou?..sozinho....sofrendo...O que eu vou fazer sem você em minha vida?...Dxmaell".

Heero deixou que as lágrimas caíssem de seus olhos esperando que assim elas lavassem toda a dor que sentia comprimindo seu peito. Lembrou-se da noite em que levara Dxmaell as ruínas de Sank, logo após o episodio do cachorro-quente.

Alguns meses atrás:

Heero olhou para Dxmaell que tinha os olhos brilhantes e um leve rubor no rosto, queria contar-lhe e perguntar-lhe tantas coisas, mas sabia que o tempo era insuficiente para isso. Tomando-lhe a mão o levou até o lugar aonde se encontrava, o que restara de sua cultura, o que não havia sido destruído durante a invasão. Dxmaell seguiu Heero que segurava sua mão, podia sentir o calor do corpo do humano, mesmo através das luvas que usava.

Ele levou sua outra mão até os lábios, ainda podia sentir o calor dos lábios de Heero neles. Olhou para o humano que seguia a sua frente, ele era tão belo e forte. Eram tão diferentes e ainda assim conseguiam se entender perfeitamente, nunca imaginara sentir alguma coisa por um outro ser, nunca se imaginou vivendo uma vida que não fosse repleta de dor e sofrimento.

Os humanos a sua volta eram tão calorosos sentimentalmente, não tinham vergonha ou receio de expor seus sentimentos, de fazerem o que mandava o coração e não a razão. Durante toda a sua vida fora treinado para ser o melhor entre sua raça, treinado para servir o Conselho, treinado para invadir e conquistar sem se importar com seus atos.

E agora estava aprendendo o que era se importar com alguém, não que não se importasse antes, mas era diferente. Se importava com o humano de olhos azul cobalto, muito mais do que conseguia entender, sentia-se preso a ele de alguma maneira. Heero parecia preencher nele o vazio que passara anos ignorando e que apenas crescera em silêncio. A única época em que se lembrava de ter sentido conforto e amor foi quando pequeno, quando fora criado por Whorda com o consentimento do Conselho.

Heero olhou para Dxmaell que parecia perdido em pensamentos. O Kdariano parecia tão confuso e triste, ele gostaria de descobrir o que tanto o entristecia, gostaria de apagar toda a dor que transparecia nos olhos violeta. Desde o dia em que Dxmaell aparecera, sentiu-se inconscientemente atraído por ele, sabia que era loucura, envolver-se com um ser que era o principal responsável pela destruição de seu planeta e pelo extermínio de sua raça, ainda assim não conseguira evitar pensar nele de uma forma que jamais imaginou.

Dxmaell devolveu a ele algo que achava que nunca mais encontraria. Devolveu-lhe a esperança e a alegria. A alegria sublime de se estar com alguém, à alegria de não precisar pensar, apenas em batalhas e morte. Sabia que o futuro para ambos era escuro e talvez nem mesmo viesse a existir, mas conhece-lo mesmo sendo o inimigo, havia trazido paz ao seu coração e reacendeu a esperança de que talvez tudo desse certo.

Tempo presente:

"Eu fui um tolo como posso ter pensado que tudo daria certo. Nunca deveria ter pensado que ficaríamos juntos...não com tanta coisa contra...seria pedir muito que ficássemos juntos...sendo nossas raças inimigas. Mais por Deus...eu sinto a sua falta Dxmaell...porque você teve que ficar?...porque teve que morrer?...porque?"

Trowa entrou silenciosamente no quarto vendo Heero deitado e de olhos fechados, enquanto lágrimas ddeslizavam por seu rosto, era a mesma cena todas as tardes a quase uma semana. Desde que Dxmaell morrera diante de seus olhos. Heero se tornara ainda mais frio e fechado, não falava com ninguém, nem mesmo com ele. Soubera por Aleng e Tzen que Dxmaell morreu levando consigo o filho de Heero e podia imaginar a dor que seu amigo estava sentindo.

Heero havia lhe contado sobre o que acontecera quando ele saira com Dxmaell e ficara um dia e meio longe, lhe contara suas dúvidas, receios e seus sentimentos pelo Kdariano. Sabia do desejo de Heero, de que Dxmaell gerasse um filho dele, assim como sabia que Heero sofrera pelo fato de que Dxmaell teria que concluir o Cyarpks com um Kdariano.

Após a morte dos dois, de Dxmaell e do filho que jamais conheceria. Heero jurara vingança contra Arcom e o Conselho, a resistência havia se enganchado em um batalha feroz contra os Kdarianos, invadindo os campos de contenção com as armas trazidas pelos oficiais de Dxmaell, haviam conseguido resgatar muitos, mas muitas vidas também se perderam durante os ataques. Ainda assim Heero não desistira, como líder ele estava disposto a levar sua vingança as últimas conseqüências.

- Heero.

Heero não se mexeu ao ouvir a voz de Trowa, não queria falar com ninguém, não queria ver ninguém, queria apenas ficar ali entregue a sua dor. Mas sabia que tinha que se levantar e lutar, lutar até que todos os Kdarianos responsáveis pela morte de Dxmaell e de seu filho pagassem pelo que tinha acontecido. E eles não cairiam, não pagariam por seus pecados, se ficasse ali, consumido pela dor.

Heero enxugou as lágrimas e sentou-se. Seus olhos estavam escuros e sem vida. Trowa podia ver a raiva neles, o ódio, a dor, a vida se esvaindo, sabia que a única coisa que mantinha Heero vivo era o desejo de vingança e sabia que quando essa se acabasse levaria consigo o japonês.

- O que houve Trowa?

Trowa ainda não se acostumara a voz fria e sem sentimentos de Heero, não que a voz dele fosse diferente, ela ainda era fria, mas se tornara ainda mais fria e sem vida. Muito diferente de quando eles conheceram Dxmaell.

- Aleng pediu para avisa-lo de que há uma certa movimentação no campo L1.

Heero ficou em silêncio por alguns minutos antes de se levantar.

- O que você acha?

- Acho que seria bom dar-mos uma olhada.

- Reúna alguns homens, iremos para lá em três horas.

- Será feito.

Trowa se virou para deixar o quarto quando Heero perguntou algo que o fez parar por alguns segundos e se virar novamente, surpreso pela pergunta.

- E você é Aleng?

Trowa sorriu por um momento, e olhou para o amigo que tinha o olhar triste e cansado, sentia-se mal por estar tão feliz enquanto seu amigo sofria, sabia que não deveria se sentir assim, mas não conseguia evitar cada vez que olhava para Heero e via-o se consumir em tristeza. Mesmo que os outros não notassem e achassem que o líder deles havia superado a perda, percebia a verdade nos olhos do japonês.

Heero sentia-se feliz pelo amigo, afinal pode notar desde o inicio que Aleng e Trowa ficaram fascinados um pelo outro, antes mesmo dele e Dxmaell descobrirem o que sentiam. Recriminava-se por sentir inveja dos dois, sabia que seu amigo evitava se aproximar de Aleng quando estava por perto, com medo de que isso o fizesse sofrer ao lembrar de Dxmaell. Mas era impossível não pensar mesmo quando não os via juntos, a única coisa em que pensava era Dxmaell e em tudo que viveram juntos.

Mas desejava do fundo do coração que Trowa e Aleng tivessem um futuro melhor que o seu e o de Dxmaell.

Trowa viu um tênue sorriso nos lábios de Heero, antes deste passar por ele e deixar o quarto. Sabia que Heero desejava o melhor para eles. Ele mesmo desejava que pudessem ter um futuro, mas sabia que seria muita pretensão esperar que pudessem vencer a batalha.

Não tinham armas suficientes para vencer e todos sabiam disso. Era apenas uma questão de tempo até que naves de batalha Kdariana viessem até eles. Talvez o fato de saber que não poderiam vencer tivesse levado Aleng e ele a se declararem um para o outro.

Fora maravilhoso descobrir que sentiam o mesmo um pelo outro, e pensar que talvez nunca ficassem juntos se Aleng não houvesse se confessado primeiro. Como se tivesse sido chamado Aleng apareceu silenciosamente na porta do alojamento, o Kdariano se aproximou e abraçou o humano pela cintura.

- O que foi Trowa?

- Nada estava apenas pensando.

Trowa virou-se e acariciou o rosto do Kdariano que sorriu, se inclinou e beijou Aleng que correspondeu ao beijo ao ardor, eles estavam tão perdidos um no outro que não notaram a presença de Heero e não viram a dor em seus olhos pouco antes de fechar a porta e sair novamente.

Heero encostou-se à porta fechando os olhos por alguns instantes, ele não pretendia voltar, mas lembrara que precisava falar com Trowa quanto sua decisão sobre um determinado assunto que Tzen lhe contara. Não esperava encontrar os dois se beijando, isso o fez lembrar-se de Dxmaell e não desejava constranger os amigos com sua tristeza, eles mereciam ser felizes, mesmo contra todas as chances que tinham.

Heero caminhou na direção da montanha onde beijara Dxmaell pela primeira vez, lá era o único lugar onde conseguia sentir-se em paz, o único lugar que ainda parecia manter viva a essência do Kdariano. Ele escalou a montanha e sentou-se no alto observando as estrelas. Sentia-se tão só, sempre fora sozinho durante a infância e adolescência, criado para ser um soldado, mas mesmo enquanto crescia jamais sentira tamanha solidão, não até conhecer e perder o Kdariano.

Heero viu algo se movendo no céu, parecido com uma estrela cadente, ela parecia que iria cair próximo ao campo L2, mesmo sem acreditar acabou fazendo um pedido, antes que a mesma desaparecesse.

"Eu gostaria de encontra-lo novamente, se fosse possível...em um outro lugar..em uma outra época...em que não tivéssemos que ser inimigos e que pudéssemos viver sem ter que lutar ou manchar nossas mãos com sangue".

- A quem estou querendo enganar...ele não vai voltar...e eu não acredito em outras vidas.

"Heero..."

Heero olhou ao redor ao ouvir seu nome ser chamado suavemente. Mas não havia ninguém, no entanto ele poderia jurar que fora a voz de Dxmaell que ouvira chamando seu nome. Heero deixou que uma lágrima caísse, elas estavam se tornando comuns sempre que se encontrava sozinho. Ainda tinha tanto a fazer, antes que pudesse descansar e encontrar paz em seu coração, mas sentia-se tão cansado...e sozinho. Heero se levantou ou ver Tzen se aproximando, procurou enxugar suas lágrimas e começou a descer a montanha para encontra-lo.

- O que houver Tzen?

- Ele saiu há alguns minutos.

O olhar de Heero se estreitou e seus olhos escureceram e ele encarou Tzen por alguns instantes.

- Em que direção ele seguiu?

- Para noroeste.

- Vamos ver com quem ele ira se encontrar e então veremos o que fazer a respeito.

Tzen balançou a cabeça e seguiu Heero. Eles pegaram um jipe, mantendo os faróis desligados, e seguiram na direção que sabiam que o encontrariam. Heero ainda não entendia o porque dele te-los traído, afinal ele era um dos poucos amigos que haviam sobrevivido e confiava nele, mesmo quando começou a agir estranhamente, jamais imaginou que se devia ao fato de que o amigo se tornara um traidor.

Tzen olhava de relance para Heero, sabia que o humano ficara chocado quando contara a respeito do traidor, mesmo que o humano não houvesse demonstrado abertamente o fato. No entanto foi visível o choque em seus olhos, pelo que ouvira de Trowa todos eram amigos a muito tempo, e saber que o amigo, em quem você deposita sua vida e sua confiança e responsável, quase que diretamente pela morte de seus companheiros. Não era nada agradável.

- O que você fará com ele Heero?

- Não sei Tzen....não sei.

De todas as alternativas pensadas por Heero, nenhuma o agradava. Mas sabia que tinha que tomar uma atitude a respeito, não contara a ninguém a respeito do traidor e não seria possível continuar a manter isso em segredo por muito tempo. Apenas Trowa conhecia sua identidade e ficara tão perturbado quanto ele, ambos discutiram sobre a melhor atitude, mas de todas a única coisa que tinham certeza e de que tinham que dete-lo e descobrir o que contara ao inimigo.

A uns 5 km do esconderijo da resistência:

- Então este é o mapa da montanha. Interessante...você trabalhou bem humano.

Arcom começou a caminhar na direção de sua nave, quando o humano com quem viera se encontrar o chamou. Arcom virou-se aborrecido para o humano de cabelos negros, diante de sua impertinência.

- Espere!

- O que foi humano?

- Minha filha? Você disse que a libertaria se eu lhe revelasse o paradeiro de Heero e a localização da resistência. Onde ela está?

Arcom estreitou os olhos, e depois sorriu ironicamente.

- Eu prometi não é. Quando prendermos Heero e os outros, devolverei sua filha, humano.

- Mas você prometeu!

Arcom segurou o humano pela gola da camisa, os humanos eram tão tolos, poderia muito bem mata-lo naquele instante, mas ele ainda poderia ser-lhe útil. Arcom o soltou, mas seu olhar demonstrava claramente seu aborrecimento.

- Não precisa me lembrar de minhas palavras, sei o que prometi e cumprirei quando Heero Yuy for capturado e absorvido, assim como foi o amante dele. Não volte a me aborrecer dessa forma ou posso esquecer o quanto à vida de sua filha, é frágil.

- Não me ameace Kdariano ou...

- Ou!? Acha mesmo que você pode fazer alguma coisa contra mim? Acha que algum de sua raça representa um perigo para nós? Vocês não passaram de energia disponível, e dispensável se for o caso. Não me provoque ou sua filha é quem sofrera as conseqüências.

Arcom afastou-se se dirigindo a nave, ignorando por completo o olhar escuro e raivoso do humano a suas costas. O humano abaixou a cabeça não deveria ter feito isso, nunca conseguiria a liberdade de sua filha, e mesmo que a libertasse em que mundo ela viveria? Seria apenas uma questão de tempo até serem absorvidos.

A nave decolou deixando-o no meio da escuridão do deserto, ele caminhou até o jipe sentando-se atrás do volante. Estava cansado...sentia vergonha de si mesmo, da pessoa que se tornara, sabia que nada poderia justificar sua traição. Nem mesmo a segurança de sua filha, como poderia encara-la depois de tudo que fizera? Enxugando as lágrimas que caiam de seus olhos, se preparou para voltar ao esconderijo e fingir que nada havia acontecido e que mais uma vez não havia traído seus amigos. No entanto uma pergunta feita na escuridão revelou que não estava sozinho e que nada seria como antes.

- Porque Wu-Fei?

Heero e Tzen chegaram a tempo de verem Arcom entrar na nave. Eles se mantiveram escondidos atrás de algumas formações rochosas, deixando que o traje de Tzen disfarçasse suas presenças do outro Kdariano. Heero teve que se conter, para não ceder ao desejo de ir até Arcom e mata-lo pelo que fizera a Dxmaell, por um instante esboçou um movimento, mas se manteve no lugar, não convinha arriscar a ser preso, não agora.

Eles começaram a se aproximaram quando a nave de Arcom ganhou altura e partiu. Viram Wu-Fei caminhar até o jipe e ficar ali sentado, aparentemente chorando, quando estava próximo, o suficiente para que pudesse falar sem gritar, não pode evitar perguntar ao chinês o porque, precisava saber o porque antes de tomar alguma atitude.

Wu-Fei abaixou a cabeça, sabia que seria descoberto logo, ainda mais quando os dois Kdarianos voltaram e o que o observava agora em silêncio, ficara sozinho com Heero. Achou que ele deveria estar falando algo a respeito do Kdariano morto publicamente, mas quando se encontrou com Heero mais tarde, notou o companheiro estranho e intimamente soube que havia sido descoberto.

Heero aguardou que Wu-Fei contasse a ele o porque, sabia que deveria haver um porque, pelo que conhecia do chinês, sabia que o mesmo seria incapaz de um ato tão desonroso. Então deveria haver um motivo muito forte, para tê-lo mudado tanto. A voz de Wu-Fei saiu baixa e cansada ao falar, ele não olhava para Heero, mas para um medalhão que mantinha seguro nas mãos.

- Minha filha Heero. Eu os trai pela vida dela...embora eu saiba que nada justifica meus atos.

- Filha? Que filha Wu-Fei?

- Meiran estava grávida quando foi capturada, ela foi levada para L5 e Meilin nasceu lá, eu a vi apenas uma vez quando tentei tira-las do campo. O que resultou na morte de Meiran...quando ela morreu achei que minha filha também houvesse morrido, mas quando eu fui capturado por Arcom no campo três semanas depois, pouco tempo antes de vocês me resgatarem. Ele me disse que minha filha estava viva.

- Então sua fuga...

- Foi planejada...Não sei como ele descobriu minha ligação com a resistência, mas ele me disse que se eu o ajudasse, libertaria Meilin...e eu...eu concordei em ajuda-lo. Meilin é tudo que me restou de Meiran...Heero...eu não sabia o que fazer.

Heero ficou calado por um tempo, entendia o sofrimento de Wu-Fei, sabia o quanto ele havia amado a esposa e o quanto sofrera com sua morte. Podia entender seu sofrimento, pois atualmente ele era o seu, mas porque Wu-Fei não confiou neles? Porque não lhes contou sobre sua filha? Eles teriam feito alguma coisa, teriam tentado ajuda-lo.

- Porque não confiou em nós Wu-Fei? Nós teríamos entendido....teríamos ajuda-lo.

- Eu...temi por minha filha. Eu queria contar, mas...

- Você não confiou em nós para isso.

- Acha que Arcom vai devolver sua filha? Ele não se importa com os humanos. Acha realmente que sua filha ainda esta viva?

Wu-Fei olhou para Tzen num misto de raiva e medo, sabia que as palavras do Kdariano eram verdadeiras, sabia que havia sido um tolo em não ter confiado em seus amigos. Mas precisava a creditar que Meilin ainda estava viva ou seus atos de nada retiram valido a não ser desonrar seus antepassados e a memória de sua esposa.

Tzen olhava duramente para o chinês, sabia que o humano sofria, mas isso não o impedia de mostrar-lhe a verdade. Sabia que Arcom jamais soltaria a filha do humano, se é que ela ainda estaria viva, conhecia Arcom muito bem para saber que ele poderia já poderia tê-la matado junto com a mãe e apenas enganava o humano dizendo que a menina ainda estava viva.

Heero observou em silêncio o amigo, podia ver o conflito dentro dele, mesmo Wu-Fei tendo agido dessa forma não podia condena-lo. Se fosse o contrario? Se soubesse que seu filho ou Dxmaell estavam vivos, teria ele feito a mesma coisa diante do desespero? Talvez sim...talvez não, sabia que Wu-Fei não havia feito por mal, ele simplesmente não pensara e não confiara nele ou nos outros. Deveria então condena-lo por isso?

- Vamos...não devemos permanecer muito tempo aqui.

- O que você vai fazer comigo Yuy?

- Conversaremos depois Wu-Fei. Primeiro você vai nos contar o que disse a Arcom, até agora e depois....veremos.

Wu-Fei balançou a cabeça tristemente, antes de guardar o medalhão que fora de sua esposa. Diante do olhar derrotado de Wu-Fei, Heero se aproximou do jipe sinalizando que Tzen voltasse no outro veiculo, sabia que o Kdariano poderia guia-lo sozinho, Trowa havia ensinado ele e Aleng como guia-lo. Heero sentou-se ao lado de Wu-Fei no jipe colocando a mão em seu ombro.

- Não se preocupe, se sua filha estiver viva, nós a encontraremos. Eu prometo.

- Obrigado Heero.

Heero balançou a cabeça diante do sorriso de gratidão de Wu-Fei, ambos sabiam que a amizade entre eles jamais seria a mesma. No entanto Heero estava disposto a ajuda-lo apesar de tudo que o outro fizera.

Duas semanas depois:

Trowa estava voltando do alojamento de Wu-Fei, ainda não podia acreditar, nos acontecimentos de duas semanas atrás. Depois que se despedira de Aleng aquela noite, fora procurar Heero para avisa-lo de que já estava tudo pronto para irem a L1, ao chegar na montanha onde o japonês costumava ir quando queria ficar sozinho, não o encontrara. E ninguém o havia visto, algumas horas depois, o encontrou com Tzen e Wu-Fei, já sabia sobre a traição do amigo chinês e isso o entristecera, pois eles eram como uma família desde que os Kdarianos haviam escravizado a raça humana.

Mas saber os motivos acabara por desconcerta-lo. Wu-Fei jamais mencionara que Meiran estava grávida e nem que a criança havia nascido, doía saber que o amigo não confiara neles para compartilhar seus problemas e sua dor. E agora eles tinham que se preparar, para um ataque que deveria chegar a qualquer momento.

Por ordens de Heero, Wu-Fei ficaria trancado em seu alojamento até que ambos decidissem se ainda poderiam confiar no chinês. Ele estava se preparando para ir até Heero quando ouviu o alarme soar, seu coração disparou diante do som estridente, mesmo que já estivessem de sobre-aviso, foi inevitável não sentir um calafrio percorrer seu corpo diante do significado que o som do alarme trazia.

Aleng e Tzen estavam conversando sobre o próximo ataque as estações de contenção quando ouviram o alarme soar, segundos antes da montanha inteira ser sacudida por um intenso tremor. Eles se olharam, já sabendo o que havia provocado o tremor, conheciam apenas uma coisa capaz de fazer tremer toda a montanha e ela nada tinha haver com um abalo natural de um terremoto.

- Um disparo de energia.

- Uma nave de batalha Kdariana.

- Arcom.

Aleng e Tzen correram imediatamente, tinham que sair da montanha, e chegar a nave exploradora de Dxmaell sabiam que não tinham muitas chances contra uma nave de batalha, mas eles precisavam tentar ganhar tempo para que os humanos se refugiassem.

Heero se encontrava deitado em seu quarto, pensando na última vitória da resistência, o campo L1 e L5 de contenção de humanos, que haviam sido finalmente destruídos. Fora uma vitória difícil, muitos perderam a vida, mas não mais que os Kdarianos. As baixas deles foram superiores a da resistência, sabia que o represália não tardaria a acontecer, como sabia também que não conseguiriam resistir a ela.

Ele fechou os olhos tocando o crucifixo em seu peito, sentia-se mais tranqüilo cada vez que o tocava, ele o lembrava Dxmaell, a última lembrança do Kdariano de olhos ametistas. Cada vez que fechava seus olhos, podia vê-lo, o rosto ruborizado, o sorriso tímido, os olhos assustados quando o tocara a primeira vez. As lágrimas quando se despediram e seu grito quando morreu...todas as noites podia ouvir seu grito, sua voz pedindo sua ajuda e não pudera ajuda-lo, no momento em que mais precisou. Falhara com ele e o filho.

"Eu falhei...falhei com os dois. Porque você teve que me salvar aquele dia Dxmaell...porque? Se eu tivesse morrido...não me encontraria agora sofrendo... não me sentiria culpado por não tê-lo salvado...não me sentiria tão sozinho".

Heero abriu os olhos ao ouviu som do alarme ecoando pelas galerias, se levantou apressadamente, pegando sua pistola, olhou para a arma de Dxmaell que se encontrava encostada ao lado da cama. Ele ainda não a usara, não tivera coragem, mas talvez essa fosse a melhor hora para faze-lo, ele a pegou e a prender nas costas. Deixou o quarto correndo seguindo na direção da torre de vigia, para saber o que estava acontecendo. Encontrou com Aleng e Tzen que seguiam na mesma direção. Sabiam que estavam sendo atacados, mas teriam eles alguma chance de vence-los?

- Aleng o que foi isso?

- Um disparo de energia de uma nave batalha. Foi um tiro de advertência apenas, se quisessem já teriam destruído a montanha, uma nave de batalha tem poder suficiente para destruir a montanha em segundos.

- E porque não o fizeram?

- Eles devem nos querer vivos, para servimos de exemplo.

Heero ficou calado ao ouvir as palavras de Tzen. Um exemplo...assim como a morte de Dxmaell foi, um exemplo para que a resistência se entregasse, para que temessem, mas isso não aconteceu, eles não se renderam, não se entregaram. Mas se tornaram mais audaciosos, mais fortes em suas convicções, não tinham que temer ousar, busca a liberdade que era deles por direito. Isso provocou a ira de Arcom e do império Kdariano que achou que poderia faze-los parar, mas jamais parariam...ele jamais pararia, não depois do que fizeram a Dxmaell e ao seu filho.

Aleng notou o brilho frio nos olhos de Heero, o humano o lembrava de Dxmaell, imaginava que apenas seu amigo possuía esse olhar, o brilho frio e perigoso, que faziam suas tropas temerem e tremerem. A forma como Heero liderava os outros humanos, a maneira precisa e eficiente de seus atos, os levara a conquistar dois campos de contenção. Tão parecido com Dxmaell. Não era de admirar que o humano e Dxmaell se sentiram atraídos e tornaram se tão íntimos, eles eram parecidos, mesmo pertencendo a raças diferentes. O que explicava em parte seu atual relacionamento com o humano de olhos verdes.

Tzen parou de correr fazendo com que Aleng e Heero fizessem o mesmo.

- Nós estamos indo para a nave exploradora de Dxmaell, vamos tentar ganhar tempo para que vocês fujam, conforme planejamos.

- Vocês podem contra eles?

Aleng e Tzen olharam um para o outro e balançaram a cabeça em negativa. Tzen colocou a mão sobre o ombro de Heero, olhando dentro dos olhos do humano, enquanto dizia.

- Use a arma de Dxmaell para se proteger. Era a arma preferida dele, que ele mesmo construiu. Ela tem um sistema próprio de energia, gire o centro dela e ela se dividira em duas partes. Faça como mostramos, golpeie seu inimigo na altura do peito no lado direito, dois milimetros ao centro, é onde fica ponto fraco de nossos trajes, insira a lâmina e desça, isso corta o fluxo de energia em nossos corpos e nos mata instantaneamente. Defendam-se como puder, faremos o possível para ajuda-los a deixar a montanha.

- Tzen.

- Foi uma honra tê-lo conhecido Heero Yuy.

- A honra foi minha Tzen.

Aleng se aproximou e tocou o braço de Heero, ganhando sua atenção.

- Heero...Dxmaell me disse que pensaria em você quando o momento dele chegasse e tenho certeza de que seu ultimo pensamento foi para você.

Heero balançou a cabeça incapaz de dizer alguma coisa, todos estavam indo para uma luta da qual não sairiam vivos, ainda assim se encontravam prontos para ela. Aleng pode ver a tristeza reluzindo nos olhos do humano, sabia o quanto ele sofria pela morte de Dxmaell, em seu intimo esperava que os dois pudessem se encontrar, após suas mortes, pois tinham certeza de que ela não tardaria a acontecer. Aleng segurou a mão de Heero o olhando dentro dos olhos antes de continuar a falar.

- Pense nele quando chegar o seu momento...dessa forma, suas almas se encontraram, quando suas energias se extinguirem. É nisso que acreditamos e no que ele acreditava.

Os dois Kdarianos fizeram a continência Kdariana, em sinal de respeito e admiração pela força e liderança de Heero. Heero curvou ligeiramente a cabeça em sinal de gratidão e os viu seguir em direção a saída da montanha. Aleng passou por Trowa enquanto corria de encontro ao seu destino e sorriu tristemente para o humano, talvez essa fosse a última vez que o veria e não pode impedir seu coração se afligir. Trowa balançou a cabeça e sorriu para Aleng o observando seguir em frente por alguns instantes antes de voltar na direção dos alojamentos na ala norte.

Quando Aleng e Tzen chegaram do lado de fora da montanha encontraram três naves de batalha Kdariana, assim como um contingente de 300 soldados Kdarianos. Eles olharam um para o outro, sabendo que estavam pensando a mesma coisa, sabiam que a vitória estaria longe de ser conquistada, mas havia aprendido muito sobre a nave exploradora de Dxmaell desde que fugiram da nave mãe.

Ao que parecia Dxmaell havia preparado-se, para no caso de sua morte, deixar disponível o que fosse necessário para que pudessem resisitir, entre eles os esquemas da nave exploradora especificamente para seus padrões de energia. Eles estudaram minuciosamente cada um deles, sabiam que o poder de fogo da nave era o suficiente para combater uma nave de batalha e até mesmo enfrentar duas delas, mas três...era quase impossível.

Ainda assim planejavam faze-lo, dando aos humanos uma chance, de se refugiarem, deixando a montanha. Aleng ainda tinha esperanças quanto a ajuda que Dxmaell dissera que viria na última vez em que falaram, o comandante sempre fora fiel as suas palavras e sabia que poderia confiar nelas mesmo ele já estando morto. Tzen olhou para Aleng mais uma vez e o puxou abraçando o amigo, que se tornar um irmão para ele. Aleng retribuiu o abraço, sabendo que talves essa fosse a ultima vez que o fazia.

- Foi um prazer combater ao seu lado

- Digo o mesmo Tzen.

- Vamos dar a Arcom algo para se preocupar

Aleng sorriu e separou-se de Tzen disparando contra os soldados Kdarianos sua arma de energia, ajustada para matar. Eles acionaram os controles da nave exploradora fazendo-a vir até eles, haviam aprendido a usar suas energias para controla-la a distância, da mesma forma que Dxmaell fizera para salva-los na nave mãe. Haviam demorado algum tempo até entender, que antes deviam alimentar, os sistemas da nave com a energia deles, para que conseguirem faze-la funcionar dessa forma.

A energia deles acionou os controles da nave que se ergueu do chão, desligando o sistema de camuflagem, e disparando um pulso de energia contra a primeira nave de batalha, que se encontrava mais próximas a Aleng e Tzen. O pulso acertou a proa da nave de batalha, desativando os sistemas de defesas dela. Pegos de surpresa por não esperarem que uma nave exploradora fosse se opor a eles, a nave de batalha não teve como evitar o primeiro disparo, e nem o segundo que conseguiu abrir um rombo no casco.

Heero subiu até alto da montanha, na torre de vigia, enquanto dava ordens para que as mulheres e as crianças fugissem, pelas passagens dentro da montanha.

- William, Andrew retirem as mulheres e as crianças da montanha. Leve-os para as ruínas de Sank, encontraram refugio por lá.

- Mas Heero nós queremos lutar ao seu lado.

- O dever de vocês é levar em segurança aqueles que não devem morrer nessa batalha. Vão e faça como planejamos, após a passagem de vocês pelos túneis.

- Será feito Heero.

William olhou para Heero e balançou a cabeça, sabia que as chances de vencerem eram nulas, não havia necessidade de sacrificarem todos nessa batalha. Heero deu um meio-sorriso, um dos poucos que ainda conseguia dar e continuou a subir pelas escadas. Os dois homens desceram levando mulheres e crianças, pelas galerias que passavam por baixo da montanha e que os deixaria perto de Sank e a salvo da batalha.

Pelo canto do olho Heero viu os dois obedecendo a suas ordens, e procurou subir mais rápido, precisava ajudar Aleng e Tzen a chegarem a nave. Heero chegou no topo da torre a tempo de ver, que a primeira nave de batalha estava caindo no chão, ele subiu no canhão de pulso e o ligou, direcionando-o a segunda nave de batalha que começava a disparar contra a nave exploradora.

O canhão de pulso começou a concentrar energia e Heero disparou contra a nave que teve sua energia dispersa no ponto atingido. Aleng e Tzen continuaram a correr em direção a nave, que começou a baixar para que entrassem. Tzen olhou em direção a montanha, ao ver o raio de um azul brilhante, cortar o céu. Olhou para o canhão que haviam construído em tão pouco tempo, seguindo o desenho e as anotações de Dxmaell, o canhão conseguia captar a energia produzida pelas naves Kdarianas e transforma-la em um pulso de energia que neutralizava e dispersava a energia das naves, abrindo rombos e afetando o padrão de energia delas, corrompendo os sistemas.

Trowa chegou acompanhado por Wu-Fei, ele o libertara do confinamento, sabia que poderia contar com ele no campo de batalha, ainda mais depois de terem encontrado e libertado Meilin. Heero os viu e balançou a cabeça. Ambos subiram a torre ocupando o assento dos outros dois canhões de pulso começando a disparar contra as naves.

Nave mãe Kdariana:

Arcom observava a luta da nave mãe Kdariana, não sabia que os humanos possuíam armas tão avançadas, nunca vira uma arma como aquela antes e sabia que isso deveria ser obra de Dxmaell. O comandante das tropas era capaz de desafiá-lo, mesmo estando morto, mas isso não ficaria assim, ele venceria os humanos e mostraria ao Conselho que poderia ocupar o lugar de Dxmaell.

- Khallyar mande as Navpers 1, e mande que enviem mais três naves de batalha.

- Sim senhor.

- Vamos ver se eles conseguem escapar

Arcom sorriu ironicamente, as Narpers eram menores e podiam entrar pelos túneis que percorriam a montanha por dentro, elas caçariam os humanos como ratos em um labirinto. As naves deixaram a nave mãe e Arcom olhou com satisfação enquanto as centenas de Navpers se dirigiram para a Terra, Em poucos minutos, as Navpers já se encontravam nas saídas da montanha, seus sistemas haviam sido alimentados com o diagrama que o humano lhe entregara, assim eles tinham conhecimento de todos os cantos de refugio dos humanos.

O canhão havia sido uma surpresa, e ficara intrigado pelo fato de não ter sido informado dele e nem da nave exploradora de Dxmaell, pelo que sabia naves exploradoras não eram capazes de fazer frente a uma nave de batalha e uma delas já se encontrava no chão destruída pela nave exploradora. Mas era apenas uma questão de tempo até que todos os humanos fossem capturados e mortos. Um soldado se aproximou de Arcom, trazendo uma mensagem do Conselho.

- Senhor o Conselho solicita sua presença

- Está bem. Avise-me assim que tiver noticias da captura dos humanos

- Será avisado senhor

Arcom deixou a ponte e se encaminhou ao salão do Conselho, assim que chegou o guarda abriu os portões do salão permitindo que Arcom entrasse. Ele entrou e caminhou até o centro ajoelhando-se em frente ao Conselho.

- Arcom como está a batalha?

- Enviei as Narpers para caça-los, é apenas uma questão de tempo agora.

- Duas de nossas naves de batalha foram derrubadas Arcom

- Como explica isso?

Arcom ficou sem silêncio por alguns instantes, já deveria saber que o Conselho estaria assistindo a batalha, sabia que seria culpado por isso, uma vez que estava na liderança do ataque. Deveria ter sido informado sobre as armas em poder dos humanos, mas seu informante ao que parecia escondeu propositalmente esse fato.

- Eles têm uma arma que não é conhecida de nossa raça

O Conselho se manteve em silêncio por algum tempo, assimilando as palavras de Arcom, o fato deles não conhecerem a arma em si, não significava que ela seria desconhecida por eles. Os humanos, não possuíam tecnologia e nem conhecimento para construírem uma arma como a que estava sendo usada, a menos que alguém os tivesse instruído e proporcionado o meio para construí-la. E havia apenas um ser capaz de faze-lo, no entanto ele estava morto e não poderia ameaça-los, embora sentisse que ele ainda representava uma ameaça, era como se esperassem que a qualquer momento, ele surgisse e sua energia se elevasse a níveis incompreensíveis, realizando o destino para o qual nascera. Mas os mortos não voltam e Dxmaell estava morto.

- O fato de não se conhecer a arma Arcom

- Não significa que não se conheça o criador dela

- Apenas uma pessoa poderia ter pensado em uma arma como essa

- E tê-la dado aos humanos

- A arma foi desenvolvida por Dxmaell

- Apenas ele tinha o conhecimento, para criá-la

- E mesmo depois de morto, ele nos assombra com sua presença

- Nós venceremos os humanos, mesmo possuindo tal arma, como toda arma ela pode ser destruída

- Enato o faça.

- Envie mais naves se necessário, mas a resistência humana e seus aliados devem perecer

Arcom balançou a cabeça respondendo ao Conselho, ele destruiria tal arma a qualquer custo.

- Será feito

Arcom se levantou preparando-se para sair quando foi chamado novamente.

- Arcom...prepare Zhetryus2

Arcom virou e olhou assombrado para o Conselho, Zhetryus era a nave de batalha mais poderosa do império Kdariano. Foi através dela que raças inteiras foram escravizadas sob o comando de Dxmaell, mas não havia necessidade de usarem Zhetryus para capturarem os rebeldes, apenas as naves de batalha e as Navpers eram suficientes para subjuga-los.

- Mas eu já ordenei, que outras três naves de batalha, seguissem para a Terra

- Sabemos que as naves que mandou

- São suficientes para detê-los

- Mas queremos ver de perto nossa vitória

- Zhetryus nos levará a Terra, Arcom

- Nós a comandaremos pessoalmente

- Agora v

Arcom deixou o salão aborrecido, imaginava que o Conselho o deixaria comandar Zhetryus, mas deveria saber que o Conselho jamais o permitiria. Dxmaell mesmo depois de sua traição e morte, ainda continuava a ser o único que o Conselho considerava apto a liderar as tropas e digno de sua confiança militar.

Mas estava disposto a mudar isso. Arcom chegou a ponte de comando da nave mãe e ordenou que preparassem Zhetryus, antes de seguir com as outras três naves de batalha, os humanos estavam começando a irrita-lo terrivelmente.

Enquanto isso na Terra:

A segunda nave Kdariana já havia caído, faltava ainda a terceira que disparava sem parar contra a nave exploradora, que se encontrava terrivelmente avariada após a luta com as duas naves de batalha. Aleng e Tzen tentavam estabilizar o fluxo de energia da nave de forma a se manterem no ar e disparando, mas não estavam conseguindo, o sistema de armas estava preste a falhar assim como o escudo da nave. Os disparos da segunda nave de batalha romperam o casco da nave exploradora, antes que a mesma houvesse ido ao chão, pelos disparos da arma de pulso.

Uma das armas de pulso fora destruída pela nave de batalha, mas as outras duas ainda continuavam a disparar, contra as naves. Wu-Fei tivera algumas queimaduras e arranhões, nada que oferecesse risco de vida. Heero olhou para o chinês que tinha um ferimento na perna esquerda e varias escoriações, assim como uma queimadura séria no braço direito.

- Você está bem Wu-Fei?

O chinês balançou a cabeça e começou a descer da plataforma. Heero voltou sua atenção para a batalha que se desenrolava do lado de fora da montanha, podia ver que Aleng e Tzen estavam com problemas sérios na nave exploradora.

Aleng tentava restabelecer o sistema de arma da nave, que foi avariado pelos disparos da nave batalha que enfrentavam no momento, se não bastasse o escudo ter caído, as armas não pareciam querer voltar a funcionar. Tzen tentava reerguer os escudos e evitar que a nave continuasse a ser atingida pelos disparos, mas não tinham tempo para fazê-lo, por isso não tinham como se defender do ataque da terceira nave de batalha que ainda estava operante.

Ainda tinham que tentar manter as tropas a pé longe da montanha, até que os humanos a deixassem, sabiam que se não fosse pelos humanos nas armas de pulso, certamente já teriam caído e sido derrotados. Aleng conseguiu criar uma nova ligação nos sistemas que permitiu acessar o controle de armas. Ele se virou para Tzen dando um sorriso e tentando parecer divertido, antes de voltar a disparar contra as tropas e contra a nave de batalha.

- Parece que eles não vão se livrar tão facilmente de nós

Tzen sacudiu a cabeça em acordo, e voltou a se concentrar em tentar reerguer o escudo e manobrar a nave com a ajuda de Aleng, se conseguissem resistir a terceira nave e as tropas de Kdarianos, os humanos dentro da montanha estariam seguros, por enquanto. Mas o destino não parecia estar a favor deles. Tzen olhou para o visor e praguejou, não podia ser possível, abriu o canal de comunicação com Heero, precisava avisa-los antes que fosse tarde demais.

Aleng olhou para o painel e viu inúmeros fluxos de energia pequenos e três maiores. Ele olhou para Tzen que sacudiu a cabeça, pela primeira vez Tzen viu os olhos de Aleng fraquejarem.

- São muitas Tzen

- Eu sei Aleng, mas vamos nos colocar entre eles

- Não conseguiremos deter todas

Tzen não respondeu, não saberia o que dizer, nem se havia algo a ser dito. Eles apenas tinham que continuar a tentar, mesmo que seus esforços fossem em vão.

Trowa ainda disparava uma das armas de pulso, enquanto Heero havia descido e agora lutava junto a Wu-Fei com os Kdarianos que tinham conseguido entrar na montanha. Os Kdarianos eram muitos e logo eles acabariam sucumbidos, o comunicador vibrou em seu bolso, e segundos depois ouviu a voz de Tzen falando. Wu-Fei se encontrava no chão lutando com sua katana e Heero a apenas três decks acima do chinês e a dois decks abaixo de Trowa. Eles procuravam impedir que os Kdarianos chegassem até o alto da torre. Do outro lado da estrutura Félix e mais cinco humanos procuravam manter os Kdarianos, longe dos canhões de pulso.

Heero acertou dois Kdarianos os matando da forma como Tzen lhe havia dito para fazer, pegou o comunicador, esquivando-se do ataque de outro Kdariano. Sabia que a situação de Tzen e Aleng não era muito boa, eles haviam ajudado e muito, mantendo os Kdarianos longe da montanha, mas a nave deles estava muito avariada por causa dos ataques das duas naves de batalha.

- O que foi Tzen?

- Heero vocês tem que deixar a montanha imediatamente.

- O que houve?.

- Tzen cuidado.

Heero ouviu Aleng gritar, e o sinal foi interrompido, ele olhou para cima ao ouviu Trowa gritar o nome do Kdariano e começar a descer da arma de pulso o mais rápido que podia, dizendo para Heero e os outros que deixassem a área da torre de vigia.

- Heero corra. Todos saiam da torre imediatamente.

Heero e os outros não esperaram por um segundo aviso, começaram a deixar a torre. Heero tentou abriu caminho até o chão matando os Kdarianos a sua frente, mas não estava sendo tão fácil mesmo usando a arma de Dxmaell. O ferimento em seu braço causado por uma arma de energia dos Kdarianos, estava doendo e sangrando. Trowa juntou-se a ele e o puxou por cima da grade da torre, jogando-os de uma altura de quase cinco metros, segundos antes de a nave exploradora adentrar a torre de vigia e destruir tudo a sua volta.

Alguns minutos depois Heero e Trowa se levantaram com dificuldade, ajudados por Wu-Fei e os outros, os dois estavam doloridos e machucados por causa da queda. Heero podia ver a dor nos olhos de Trowa, ao ver a nave exploradora, destruída, notou que o moreno segurava o braço esquerdo junto ao corpo. Ao que parecia Trowa havia batido o braço na armação de metal e caído por cima dele quando batera com violência no chão.

- Está quebrado?

Trowa sacudiu a cabeça a pergunta de Heero sem desviar os olhos da nave exploradora, que se encontrava no meio das chamas, sabia que a probabilidade de que Aleng e Tzen terem sobrevivido era pequena, mas ele precisava se ater a ela.

- Venha vamos ver se eles estão vivos.

Trowa sacudiu a cabeça e seguiu Heero, mas não seria fácil chegar até a nave, o lugar não se encontrava estável e as chamas se encontravam em toda a parte. Heero olhou com atenção e tentou subir no que havia restado da escada, mais o metal estava quente demais para se segurar, e poderia ceder com seu peso. A estrutura da torre havia se tornado um emaranhado de ferro retorcido, haviam tido sorte de não terem sido atingidos pelos destroços da nave e da estrutura da torre. Já alguns Kdarianos felizmente não tiveram a mesma sorte.

Wu-Fei tentou subir pelo outro lado, estava disposto a ajudar Trowa a encontrar o Kdariano, sabia que o amigo e o loiro estavam juntos e era o mínimo que podia fazer para ajuda-lo, depois do que haviam feito por ele. E mesmo não querendo admitir, também desejava saber se estavam vivos e bem, principalmente o Kdariano de cabelos castanhos claros que trouxera sua filha.

Trowa olhou para a estrutura, era loucura tentar chegar até a nave exploradora que se encontrava a uns seis metros acima, e ainda corriam o risco de fazer com que toda a estrutura cedesse e caísse em cima deles. Ele se aproximou de Heero que havia prendido a arma de Dxmaell nas costas e enrolava alguns pedaços de pano na mão para tentar subir na armação. Heero sentiu a mão em seu ombro e virou-se para Trowa que balançava a cabeça.

- Wu-Fei, Heero é arriscado demais...nós temos que sair daqui, eles estarão aqui novamente em pouco tempo.

Heero olhou mais uma vez para cima antes de colocar a mão no ombro de Trowa, tentando conforta-lo, sabia que seria inútil, conhecia a dor que seu amigo estava sentindo, pois ainda a sentia a cada instante. Não havia o que dizer, tudo que dissesse seria inútil e sem propósito no momento. Eles olharam para o alto, vendo pela abertura provocada pela queda da nave exploradora, outras naves menores passando pelo céu, nunca haviam visto naves tão pequenas assim. Wu-Fei se aproximou olhando para os destroços da nave e depois para Trowa que se abaixou, pegando uma das armas kdarianas que estava caída no chão.

- Poderia amarrar meu braço Heero?

Heero balançou a cabeça e amarrou firmemente o braço de Trowa junto ao seu corpo de forma que o outro não pudesse move-lo, começaram a deixar o local, quando alguns do grupo voltavam correndo. Heero, Trowa e Wu-Fei chegaram até o grupo, querendo saber o porque deles terem voltado.

- O que houve Trant?

- Naves kdarianas nas galerias, elas chegaram do nada e nos encurralaram não temos como passar por elas e deixar a montanha. Tivemos que bloquear a passagem para que não nos seguissem, mas é apenas uma questão de tempo até encontrarem outro caminho e chegarem aqui. Eles parecem conhecer cada canto da montanha Heero.

Wu-Fei abaixou a cabeça ao ouvir isso, era por sua culpa que os Kdarianos conheciam as passagens dentro da montanha. Heero ignorou a dor e a culpa no rosto de Wu-Fei, não era hora para arrependimentos.

- Sabe dizer se William e os outros conseguiram chegar a passagem?

- Sim eles bloquearam o caminho atrás deles, as naves não conseguiram pegá-los, mas nós...

Não havia muitos lugares onde pudessem se esconder, se as naves tinham conseguido entrar pela galeria, elas poderiam caçá-los dentro da montanha e não poderiam se defender. Tinham que encontrar uma forma de saírem a campo aberto, era a única forma de terem uma chance. Mas precisavam ser rápidos.

- Quantas passagens ainda se encontram abertas?

- Das dezoito passagens que levam para fora da montanha, cinco se encontram obstruídas, pelas naves ou pelos desmoronamentos causados pelos disparos.

- Temos que fechar todas as passagens de forma a impedir que continuem a entrar.

- Mas isso nos prenderia aqui dentro Heero.

- Eu sei Christopher, mas isso também os impediria de entrar e sair.

- E como sairíamos?

Heero não respondeu a pergunta, pois não planejava sair da montanha. Mas isso não significava que os outros não sairiam, havia uma passagem que levava para fora da montanha, uma passagem que apenas ele e Trowa conheciam.

- Trant acha que você e dois homens conseguem chegar até o deposito?

Trowa olhou para Heero, sabia o que o outro planejava, a arma não havia sido testada, por isso não sabiam se funcionaria como deveria. Heero balançou a cabeça concordando, era exatamente no que pensava. Aleng e Tzen lhes haviam dito que eram suscetíveis ao frio, uma vez que o planeta deles possuía três soís e a Terra apenas um.

O traje ajudava a mantê-los aquecidos, mas quando estavam sem eles, era necessário desprenderem uma grande quantidade de energia para manterem-se aquecidos. Por isso eles começaram a trabalhar em uma arma capaz de atingir os Kdarianos baixando suas energias através do frio, mesmo que estivessem utilizando os trajes. No entanto ela nunca havia sido testada e não sabiam se daria certo, mas precisavam testar.

- Talvez, o lugar esta parcialmente obstruído, não seria fácil chegar lá, não com tantos Kdarianos dentro da montanha, mas é possível.

- Há um caminho, que leva até lá, é estreito o suficiente para que as naves não os sigam. Leve dois homens com você, Trowa vá com eles e mostre o caminho, eu e os outros vamos tentar mantê-los afastados.

- Quantas naves você viu passarem pelas passagens?

- Muitas.

Heero ficou em silêncio por algum tempo, voltou seus olhos para o que havia restado da torre de vigia, o lado direito estava completamente destruído, mas estrutura no lado esquerdo não havia sido completamente danificada, com algum esforço conseguiria chegar no alto e acionar as cargas de energia que Aleng havia plantado nas passagens e derrubar parte da montanha. Isolando os Kdarianos nas galerias e bloqueando a ala oeste onde se encontrava o refugio que haviam planejado no caso da invasão a montanha. Ficariam seguros lá por algumas horas. Era uma missão arriscada e suicida, mas se tivesse que morrer levaria consigo, um bom número de Kdarianos.

Trowa acompanhou o olhar de Heero e descobriu o que o outro planejava, no entanto a chance de Heero alcançar o mecanismo que acionava as cargas e que o mesmo ainda estivesse funcionando eram remotas. Ele teria que saltar uma certa distância para alcançar a plataforma e chegar ao mecanismo, sem contar as chamas e o calor.

- Heero é loucura.

- Eu sei Trowa, mas é nossa melhor opção no momento. Agora vão. Sabem o que fazer.

Trowa apertou a mão de Heero antes de abraça-lo.

- Foi um prazer conhece-lo amigo.

- O prazer foi meu Trowa. Agora vão.

Trowa abraçou Wu-Fei que retribuiu o gesto, antes de se preparar para cobrir Heero que começava a subir na estrutura. Heero seguiu Trowa com os olhos por alguns segundos e depois se desviou para Wu-Fei que juntos com os outros restantes se posicionaram para enfrentar os Kdarianos que chegavam pela passagem norte da torre de vigia.

Ele precisava ser rápido, pois era um alvo fácil de onde estava. Heero procurou subir rapidamente, ignorando a batalha travada abaixo de si, ele precisava manter sua atenção na subida ou acabaria caindo, e era uma longa queda até o chão. Heero estava quase chegando ao seu destino, quando o suporte de ferro onde se encontrava começou a ceder. Sabia que morreria se caísse, pois estava a uma altura de mais de dez metros, mas de onde estava não conseguiria voltar, ele precisava segurar-se em outro lugar.

O calor emitido pela nave exploradora era insuportável, e acabara por enfraquecer toda a estrutura da torre. Heero tentou balançar o corpo, para segurar-se na barra de ferro a apenas alguns centímetros de seu braço esquerdo, sabia que teria apenas alguns segundos, para pegá-lo antes que a barra cedesse pelo esforço extra.

Ele olhou para baixo e se impulsionou, mas seus dedos resvalaram na barra, e sentiu-se caindo da estrutura, ele pode ouviu o grito de Wu-Fei berrando seu nome. E apenas fechou os olhos aguardando, o momento em que seu corpo pararia ao encontrar seu destino, no entanto esse momento nunca chegou, pois alguém o segurou fortemente. E tudo que sentiu foi a parada brusca no ar e seu corpo batendo de frente na estrutura de metal, antes de começar a ser erguido.

- Não sabia que humanos podiam voar

Heero abriu os olhos para encontrar um olho castanho claro. Heero sorriu ao ver Tzen, o Kdariano tinha um ferimento sobre o olho esquerdo, que não lhe permitia abri-lo, algumas escoriações, mas nada tão grave quanto o olho. Ele procurou pelo loiro, mas não o viu e temeu que o mesmo não houvesse sobrevivido. Tzen notou o olhar de Heero vagar ao redor e sabia quem ele procurava.

- Não se preocupe, ele está...vivo.

Heero notou que Tzen teve certa dificuldade em dizer que Aleng estava vivo, ao que parecia o outro Kdariano não deveria estar tão bem, ou ele também estaria ali com eles. Tzen sabia que não havia soado como queria, mas foi impossível não pensar nos ferimentos de Aleng, comparado ao do amigo, o ferimento que cobria seu olho esquerdo, não era nada.

- Vamos temos que deixar a torre, ela não vai agüentar muito tempo.

- Temos que ativar as cargas de energia nas passagens.

- Tudo bem, podemos aciona-las a partir do meu traje, temos que pegar Aleng, eu o deixei do outro lado da estrutura.

Tzen acionou um ponto em seu braço esquerdo, que acionou as cargas de energia, que explodiram pelas passagens, um grande abalo sacudiu toda a montanha. O som repercutiu por todas as galerias, era como se a montanha houvesse sido posta abaixo, o que não deixava de ser verdade. Tzen começou a andar, seguindo pelo caminho que viera, sentiu Heero segurar o seu braço e parou para olhar o humano, não tinham tempo a perder, podia ver que os humanos que lutavam lá embaixo não agüentariam muito tempo.

- Aleng está bem?

- Está vivo...e é isso que importa no momento. Abaixe-se!!!

Tzen empurrou Heero para o chão e acionou o campo de energia do traje envolvendo a ambos, segundos antes de serem atingidos por uma rajada de energia de uma Navpers que conseguiu chegar até ali. Tzen foi jogado contra a estrutura diante da intensidade do impacto, seu traje não era preparado para agüentar disparos de Navpers. Heero viu Tzen cair, mas não desmanchar o escudo, sentia que Tzen não agüentaria um segundo disparo e tinha certeza de que ele viria em poucos segundos.

Um disparo de energia veio, mas do outro lado da estrutura, e não contra eles e sim contra a Navpers que os atacava. Heero olhou e viu Aleng em pé, segurando uma arma Kdariana, com quase o dobro de seu tamanho, seu traje estava rasgado do lado direito e o loiro possuía escoriações por todo o rosto, braço e tórax. Mas o que lhe chamou a atenção foi a ausência da mão direita do Kdariano.

Tzen notou o olhar de Heero sobre Aleng, sabia que o amigo não ficaria quieto no lugar onde o deixara, ele tinha que se meter novamente dentro da nave para pegar um dos canhões da nave. Tzen viu o sorriso de Aleng, enquanto ele se virava para disparar contra as outras duas Navpers que vinham pela passagem. Ele disparou contra a passagem a destruindo sobre a segunda nave que foi soterrada, desviou-se do disparo da primeira que escapara do desmoronamento, enquanto gritava para Tzen e Heero do outro lado.

- Eu não conseguirem detê-la por muito tempo, então sugiro que venham logo para esse lado, para que possamos sair daqui.

Heero levantou-se e acompanhou Tzen até o outro lado, por incrível que pareça havia uma pequena abertura que ligava os dois lados da estrutura, bastava apenas que tivessem cuidado para não pisarem em falso e caírem no meio dos escombros e das chamas. Em poucos mais de alguns minutos, alcançaram Aleng, que parecia se esforçar para não desmaiar. Ele conseguira derrubar a outra Navpers em cima de um grupo de soldados Kdarianos que vinham do outro lado, mas suas energias pareciam estar se esvaindo rapidamente.

De perto Heero pode notar que realmente a mão direita de Aleng havia sido arrancada e que o ferimento sangrava, pelo menos era o que imaginava ser o liquido azulado que escorria do lugar que anteriormente havia uma mão. O ferimento do olho esquerdo de Tzen, também possuía o mesmo liquido azulado, embora em um tom levemente mais escuro. Os Kdarianos notaram o olhar de Heero e ambos sorriram, Tzen ajudou Aleng com o canhão e prepararam-se para descer da estrutura antes, porém responderam a dúvida estampada nos olhos do humano.

- A cor de nosso sangue varia, de acordo com a energia de nossos corpos Heero. O tom azul é predominante em nossa raça, mais ele varia de tom, embora ele possa assumir outras cores.

- Entendo.

Eles conseguiram chegar até o chão, e foram acolhidos pelos outros humanos, que estavam gravemente feridos, mas vivos. Tzen não pode deixar de olhar para o chinês e sorrir levemente o fazendo corar, por algum motivo havia se afeiçoado a ele, mesmo com o outro a rejeitar seus gestos.

- Heero onde está Trowa?

- Ele foi até ao depósito Aleng, ele esta bem apenas com um braço quebrado, e ficara feliz em vê-lo vivo.

Aleng sorriu e sentiu seu corpo fraquejar, sendo amparado por Tzen imediatamente, ele deu um sorriso cansado dizendo que estava bem, mas o amigo sabia que não era completamente verdade. Podia sentir que o padrão de energia de Aleng estava baixando consideravelmente, e entrando em um nível critico, Aleng precisava receber energia e logo.

Aleng olhou para Tzen, sabia que ele conhecia seu atual estado tão bem quanto ele, seu corpo estava esfriando devido à energia que baixava, por causa dos ferimentos. Se seu traje não houvesse sido danificado, ele supriria a falta de energia de seu corpo, o mantendo estável por algumas horas, antes que seu corpo entrasse em colapso. Mas ele danificara seriamente o traje ao amputar sua mão, para conseguir deixar a nave, se não houvesse retirado todo o lado direito do traje, talvez conseguisse faze-lo funcionar parcialmente mantendo estável sua energia, apesar da abertura no tórax.

Heero sabia que Aleng necessitava de cuidados imediatos, podia reconhecer os sinais de falta de energia no Kdariano, Dxmaell passara por ele na primeira vez que se encontraram para conversar e formar uma aliança. Pensar em Dxmaell fez seu peito doer, e ele procurou ignorar a dor, voltando sua atenção para Aleng, precisava ajuda-lo, mas primeiro tinham que sair dali. Eles ouviram outro abalo do lado norte da montanha e sabia que os outros haviam conseguido chegar até o depósito.

- Venham temos que chegar a ala oeste, e cuidar do seu ferimento Aleng.

Eles começaram a caminhar, em direção à outra passagem que ainda se encontrava aberta, não tardaria para que os Kdarianos chegassem até ali através dela.

Io - Lua de Júpiter:

Um homem alto de aparência calma, mantinha preso em seus braços, seu filho que tentava a todo custo solta-se sem sucesso. O homem apenas ria de seus esforços para soltar-se, o rapaz havia expandindo sua energia de forma a tentar soltar-se, mas não adiantara nada, o homem que o segurava era forte demais. Ele não queria chorar na presença do pai, não queria que ele o julgasse fraco, afinal era a primeira vez que se encontravam, mas de alguma forma sabia que seu pai não pensava assim.

Ele parou de se mover, sabia que não conseguiria deixar a nave, eles não deixariam que o fizesse. O homem o soltou e acariciou os fios longos e castanhos de seu cabelo solto, antes de voltar a sentar-se em seu lugar na ponte de comando. Os demais voltaram suas atenções a seus afazeres, ignorando o restante dos acontecimentos seguintes. Ele olhou para os pais exasperado tentando convence-los, apontou para o planeta azul na tela, sua voz demonstrando claramente sua dor e angústia.

- Nós temos que ir ajuda-los

- Nós iremos quando for o momento certo, acalme-se

- Como posso me acalmar sabendo que...

A mulher de cabelos compridos levantou-se do lugar onde estava, e abraçou o rapaz, que mantinha os olhos na tela da nave, sabia o quanto ele estava sofrendo e o quanto desejava lutar para salvar seus amigos. Mas ele tinha que esperar que o destino seguisse seu curso até que o mesmo se ligasse ao seu novamente e esse não era o momento.

- Não se preocupe querido.

- Mas eles...

- Veja a ajuda chegou

Ele afastando-se da mulher observou que uma nave seguia em direção a Terra, não entendia o porque dela ainda não estar lá, ela já deveria ter deixado Saturno há muito tempo. Não queria esperar, queria ir até a Terra e ajudar os humanos e não ficar ali os vendo serem derrotados a cada segundo. Ele olhou para o homem, de cabelos compridos que o encarava com um sorriso, seu olhar se tornou escuro, mas obrigou-se a abaixar a cabeça e obedecer.

Sabia que eles não o mantinham ali por escolha, eles apenas seguiam seu destino, assim como ele deveria seguir o seu. Tinha apenas que esperar que ele sobrevivesse até sua chegada. A mulher se aproximou novamente e o abraçou por trás, sussurrando em seu ouvido.

- Ele está bem não se preocupe. Ele é forte assim como você. Não será derrotado, não é o destino dele meu filho e nem o seu.

- Me desculpe...mãe

A mulher sorriu e o beijou com carinho, quanto tempo havia ansiado ouvi-lo chamá-la assim, ela olhou para seu marido que sacudiu a cabeça, ele também estava feliz por tê-lo encontrado a tempo e por estar ali com eles. Ambos ansiaram pelo momento em que estariam juntos, para ajuda-lo a cumprir seu destino. O homem se levantou e abraçou a esposa e o filho.

- Não se preocupe filho...ele não estará sozinho por muito tempo

Ele deixou que uma lágrima caísse de seus olhos, antes de olhar novamente para tela e observar a nave que ajudaria Heero e os outros seguir para a Terra a toda a velocidade.

"Logo estaremos juntos novamente Heero".

Na Terra:

Heero e os outros se encontravam no refugio na ala oeste, haviam conseguido chegar lá sem muitos problemas, mas sabiam que era apenas uma questão de tempo até que os Kdarianos captassem suas energias e chegassem até eles. Aleng se encontrava deitado em uma das camas, que ainda estavam inteiras, Tzen estava tentando passar sua energia ao amigo, mas seu padrão de energia também estava baixo e ele não conseguia dar-lhe energia suficiente. Aleng entendia que era arriscado para ambos, e não queria que o amigo se sacrificasse por ele.

- Vão.

- Não!!

Aleng sorriu diante da veemência de Tzen, sabia que seria um fardo a mais para eles e não desejava ser um estorvo durante a fuga deles. Ele acariciou o rosto do amigo, precisava faze-lo entender que era hora de deixa-lo, ele não conseguiria restabelecer sua energia a um nível satisfatório sem colocar a si mesmo em perigo.

- É preciso Tzen..você sabe disso.

- Não Aleng...você vai conseguir

- Tzen tem razão Aleng, não vamos deixa-lo aqui...

Heero não pode terminar de falar, pois um movimento do lado de fora os deixara alerta. Ele sinalizou para Wu-Fei e os outros dois que se colocassem em posição, a maçaneta se mexeu e porta abriu, a katana de Wu-Fei parou a apenas alguns centímetros do pescoço de Trowa. Eles respiraram aliviados e todos sorriram, Trowa e mais cinco humanos entraram no alojamento. Heero abraçou o amigo e se afastou, foi quando Trowa viu Tzen e Aleng, sem esperar correu até eles, ajoelhando ao lado da cama, chamando o nome do Kdariano que tinha os olhos fechados.

- Aleng....Aleng....

Aleng abriu os olhos com dificuldade, encontrando a íris verde a observa-lo com preocupação, o nome do moreno deixou seus lábios com dificuldade, em seu intimo ele desejava vê-lo ainda mais uma vez, antes que chegasse sua hora.

- Trowa...

-

Trowa olhou para o corpo de Aleng e seus olhos pararam sob a mão amputada, ele sentiu como se sua própria mão houvesse sido arrancada, e ele passou a mão pelo rosto pálido do Kdariano que amava. A pele estava fria e seus olhos transmitiam dor, ainda assim Aleng foi capaz de sorrir, e com a mão que ainda possuía acariciou o rosto de Trowa, antes de desfalecer. Trowa voltou-se para Tzen, que mantinha a cabeça baixa.

- Ele está morrendo?

- Sim...o padrão de energia dele, esta muito baixo e eu não posso elevá-lo sozinho, ele não permitiu que os outros ajudassem.

Trowa pensou rápido, ele não desejava perder Aleng, não agora que descobrira que sobrevivera a queda da nave, se pudesse passar sua energia a ele.

- Há uma forma de passar minha energia a ele através de você?

O olho de Tzen brilhou e ele sacudiu a cabeça, como não pensara nisso. Ele poderia reconstruir parcialmente o traje de Aleng de forma que ele restabelecesse a energia dele e a mantivesse por algumas horas. Tzen ligou seu traje ao de Aleng e elevou sua mão ao rosto de Trowa para que pudesse absorve-lo.

- Eu vou absorver uma parte de sua energia e passa-la ao traje de Aleng através do meu, dessa forma o traje dele poderá ser parcialmente reconstruído, pelo menos o lado direito, que é o que controla o fluxo de energia. Isso o manterá vivo por mais algumas horas.

- Faça...

Tzen elevou sua energia e começou a absorver a energia de Trowa aos poucos, ela fluiu por seu traje e se espalhou sobre o corpo de Aleng que ainda se encontrava imóvel. Trowa podia sentir um formigamento em sua pele e uma sensação de fraqueza, mas não desistiria de ajudar Aleng, mesmo que isso lhe custasse a vida.

Trowa fechou os olhos e sentiu que estava mergulhando na escuridão, seu corpo oscilou e Heero o amparou quando Tzen afastou sua mão de seu rosto. Heero olhou preocupado para Trowa que abria os olhos devagar.

- Você está bem?

- Sim Heero, apenas um pouco tonto.

- Você se sentira melhor em alguns minutos Trowa não se preocupe.

Trowa sacudiu a cabeça para Tzen, observando com atenção o loiro deitado. Em poucos segundos o lado direito do traje de Aleng, começou a expandir-se cobrindo o braço inteiro, fechando-se sobre o ferimento, que anteriormente residia à mão de Aleng. Logo após isso, Tzen novamente começou a passar sua energia ao amigo, que abriu os olhos claros.

- Obrigado Tzen

O Kdariano sorriu retirando os fios claros de sua testa, antes de beija-lo e se levantar para dar lugar ao humano de olhos verdes.

- De nada, mas não agradeça a mim, e sim a ele.

- Eu sei.

Aleng segurou a mão de Trowa se levantando levemente para beija-lo nos lábios. Eles se afastaram e Trowa o abraçou com o braço que não estava quebrado, fazendo o Kdariano repousar a cabeça em seu peito. Sabiam que não tinham muito tempo, apenas mais algumas horas, mas isso não os impedia de ter esperanças. Trowa ouviu Aleng soluçar contra seu peito, e o apertou fortemente, ignorando a dor de seu braço quebrado sendo pressionado entre seus corpos.

Heero olhou para os dois e depois para seus companheiros, eles precisavam sair dali de alguma maneira, mas antes precisavam saber onde se encontrava o inimigo.

Nave de batalha Kdariana:

Arcom havia chegado a Terra há alguns minutos e não estava nada satisfeito com as noticias, como eles haviam sumido, eles não poderiam ter escapado, tinham que estar dentro da montanha. Como simples vermes conseguiam resistir tanto, isso era inconcebível.

- Encontre-os...force-os a deixar a montanha, derrube-a em cima deles, mas faça-os deixa-la.

- Sim tenente

O soldado deixou a presença de Arcom imediatamente, para acatar suas ordens, uma tropa foi enviada, para localizar padrões de energia dentro da montanha. Os humanos não poderiam se esconder por muito tempo.

Uma hora depois: Ala oeste da montanha:

O grupo que saíra para verificar, onde se encontravam os Kdarianos retornara, mas não trouxera noticias agradáveis. Heero decidira que teriam que sair da montanha, de onde se encontravam podiam ouvir o barulho dos disparos feitos pelos Kdarianos, abrindo passagem pelas rochas. A cada minuto, eles se aproximavam de onde estavam, seguindo por certo seus padrões de energia.

Todos estavam cientes de que caminhavam em direção a suas mortes, mas estavam dispostos a morrer lutando do que permanecerem escondidos aguardando o fim. Eles não eram um grande número, mas para eles eram como um pequeno exército. Heero se levantou caminhando até o centro de onde se encontravam, havia determinação e coragem em seus olhos e era isso que seus homens esperavam dele. Era isso que os fizera resistir até ali e era assim que os enfrentariam até o fim.

- Foi um prazer lutar ao lado de cada um de vocês, mas chegou o momento de mostrar que não somos uma raça que se deixara absorver sem lutar. Nossas mortes hoje, não serão em vão, pois outros viram, seguindo nossos passos, tudo que podemos desejar e que eles consigam o que não conseguimos hoje. Nossa liberdade.

Todos balançaram a cabeça em acordo, sabiam que seus atos não seriam esquecidos, pelo menos não por aqueles que conseguiram escapar. Pois eles lembrariam a seus filhos e aos filhos de seus filhos e aos que sobreviverem as próximas eras. De que não poderiam subjugá-los para sempre, que eles se levantariam para lutar por suas vidas e por sua liberdade, que enquanto houvesse um humano caminhando pela Terra, a raça humana resistiria até a sua total extinção.

Heero pegou a arma de Dxmaell em suas mãos, olhando para ela por alguns segundos, fechou os olhos desejando que pudesse encontra-lo em breve no lugar onde sua alma descansava. Os abriu e ergueu a cabeça, seus olhos mostravam o mesmo brilho frio pelo qual era conhecido, ele caminhou até a porta, sendo seguido pelos outros. Seu ultimo pensamento ao atravessa-la foi para o Kdariano e para seu filho não nascido, ele os encontraria em breve.

Alguns minutos depois:

A situação não era nada boa, os Kdarianos pareciam uma praga de gafanhotos, quanto mais os matava, mais deles apareciam. Eles haviam conseguido sair da montanha, mas estavam encurralados por todos os lados a mercê deles. Heero tocou o crucifixo pensando em Dxmaell, como Aleng lhe dissera para fazer, sabia que havia chegado sua hora, não tinham mais meios para lutar. Olhou para seus companheiros, todos estavam feridos e cansados, mas continuavam a lutar, por algum motivo lembrou-se das palavras de Aleng a cerca da ajuda que viria.

"Esse seria um ótimo momento para que ela chegasse".

Aleng estava cansado, havia gastado muito da energia de seu traje, o que fizera despertar a dor de sua inexistente mão direita, felizmente o cansaço a estava amortecendo ou certamente já teria caído por causa da dor. Ele olhou para Trowa que estava com o braço quebrado, mas que ainda mostrava-se um oponente a altura de um bom combate.

Tzen olhou para o céu sua visão um tanto embaçada pelo ferimento, duas naves de batalha, 105 Navpers e 50 soldados contra 30 humanos, chegava a ser absurdo e engraçado. Das 250 Navpers enviadas, 80 haviam sido destruídas dentro da montanha, quando obstruíram as passagens. As outras 65 foram destruídas pelas armas de energia que conseguiram pegar e pela Navpers que ele e Aleng haviam conseguido roubar quando ainda estavam dentro da montanha.

Mas agora não tinham meios de se salvarem, estavam encurralados e a mercê das tropas que um dia fizeram parte, bastaria um disparo de qualquer uma das naves de batalha para que fossem mortos imediatamente. Mas o que parecia, Arcom e o Conselho tinham planos diferentes quanto a isso.

O Conselho...haviam ficado surpresos ao verem Zhetryus: A nave do Conselho, pousada a apenas alguns kilometros deles, agora escondida pelo sistema de camuflagem, certamente tinham vindo assistir de perto a derrotada da resistência, como Arcom mesmo lhes dissera. O tenente Kdariano, tinha em seus olhos em um misto de ironia e raiva, pois não havia conseguido quebrar o olhar de Heero que se parecia muito com o de Dxmaell.

O olhar de Tzen encontrou-se com o de Heero, que mesmo se encontrando em tal posição não demonstrava sua derrota, o humano ainda não havia se rendido e sabia que nunca o faria. Ele estava apenas aguardando o momento certo para agir, sabia que o humano tinha algo em mente, pelo pouco tempo que conviveu com ele aprendera a identificar suas ações e seus gestos. Ele era sem dúvida um líder nato, assim como Dxmaell o fora.

Eles precisavam apenas de uma brecha, apenas isso. Mesmo morrendo levariam uma parte dos inimigos junto com eles. Sabia que mesmo que outros assumiriam seus lugares, e que perdessem essa batalha, não perderiam a guerra. Não enquanto os humanos mantivessem o espírito que os levara até ali, e enquanto desejassem sua liberdade, sabia que eles jamais desistiriam.

Aleng sentiu o braço de Trowa em sua cintura e sorriu para o humano, encostando-se nele. Trowa olhou para o Kdariano junto a si, não haviam tido muito tempo juntos, e nem a chance de aprofundarem a relação deles, mas sentiam-se felizes pelo simples fato de saberem que morreriam juntos e pelo que acreditavam.

Arcom se aproximou de Heero, olhando dentro da íris escura, ele iria dar um fim a isso. Mataria o humano assim como fizera com Dxmaell, e finalmente teria o respeito que merecia e o valor que sempre deveria ter sido seu perante os olhos do Conselho.

- Bem humanos, devo dizer que vocês foram um estorvo maior do que imaginava, mas sua patética resistência termina agora.

Heero caminhou até Arcom aproximando-se, seu olhar demonstrava claramente sua raiva e ódio pela sua presença, ele não parecia nem um pouco amedrontado. Mesmo contra a vontade, tinha que reconhecer que nunca, nenhuma outra raça oferecera tanta resistência e tanto valor em batalha quanto os humanos. Mesmo frente ao seu fim, o humano a sua frente não demonstrava temor algum, e por alguns instantes se pegou pensando de onde vinha sua força.

- Nossa morte não será em vão Arcom. Não vai parar o que começamos, enquanto houver um único humano vivo, nós iremos nos opor contra vocês.

- Então a raça será extinta, como todos as outras. Embora dessa vez, não seja pela mão de Dxmaell, uma vez que eu o matei.

Os olhos de Heero se estreitaram diante das palavras sarcásticas de Arcom, a respeito da morte de Dxmaell, ele fez menção de investir contra o Kdariano, mas os soldados Kdarianos apontaram suas armas contra Heero, o fazendo parar. Heero sorriu cinicamente e suas palavras tiveram o poder de arrancar o sorriso dos lábios de Arcom, por alguns instantes.

- Você não o matou Arcom!? Que eu saiba você usou uma máquina para mata-lo, pois se tivesse que enfrenta-lo pessoalmente ele o teria matado. Você não é forte como ele, até mesmo o Conselho sabe disso, você nunca será como Dxmaell. Você se esconde atrás de seus soldados, incapaz de enfrentar-me sozinho.

Tzen deu um pequeno sorriso que não passou despercebido a Arcom. Com um gesto Arcom ordenou que abaixassem as armas voltadas contra o humano, aproximou-se de Heero olhando em seus olhos, podia ver a força de Dxmaell dentro deles. A mesma força que ansiava e o assustava no antigo comandante. Heero deu um sorriso cínico antes de falar em Kdariano com Arcom o deixando ainda mais irritado por saber que Dxmaell compartilhara com o humano seus conhecimentos.

- Eu vou matá-lo Arcom e vingar a morte de Dxmaell e de meu filho

Arcom deu um sorriso cínico e se preparava para responder quando, uma das naves de batalha que se encontrava no chão foi atingida na proa por um disparo. Ele olhou ao redor não vendo o autor do disparo, um segundo e terceiro disparo foi feito novamente um contra a nave de batalha, outro contra os soldados Kdarianos. Eles começaram a ser dispersar assumindo posições de combate contra o inimigo invisível que os atacava.

Arcom praguejou e se afastou de Heero, que se viu cercado por soldados Kdarianos o fazendo recuar de volta ao grupo. Arcom seguia em direção a segunda nave de batalha, quando um disparo o fez recuar, esbravejando obrigou-se a se colocar junto aos soldados. Ordenando que as duas naves de batalha que não haviam sido avariadas levantassem vôo e destruíssem quem ousara atirar contra eles.

- Descubram quem disparou e derrubem

As Navpers uma a uma estavam sendo varridas do céu, fazendo com que o cerco contra os humanos fosse aberto, criando a brecha que precisavam para lutar. Heero e os outros atacaram os Kdarianos a sua volta, para conseguirem escapar, não sabiam quem os estava ajudando, mas se eram inimigos dos Kdarianos, eram mais do que bem-vindos como amigos, independente de quem fosse.

As naves de batalha não conseguiam encontrar em seus monitores, a nave que disparava contra eles, que tipo de tecnologia seus inimigos usavam que era capaz de camufla-los enquanto disparavam contra eles? E não era apenas isso, os disparos eram precisos e diretos em seus pontos mais vulneráveis, era como se soubessem onde deveriam atingir.

Na nave inimiga:

Um jovem de cabelos longos loiros se encontrava, sentado na cadeira de comando, um sorriso pairava sobre seus lábios finos, e uma centelha de ironia brilhava em seus olhos azuis. Sabia que seus inimigos não tinham nem idéia de quem os atacava, e nem poderiam. Era impressionante o poderio de fogo que a nave possuía, ele havia pensado em tudo como sempre, tinha que reconhecer sua inteligência e superioridade.

Ninguém em toda Kdra poderia ser comparado a ele, sua inteligência, beleza, força e liderança eram incomparáveis e insuperáveis e saber que o mesmo confiara a ele o comando da nave e a responsabilidade de ajudar os humanos.... Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de um dos soldados, um jovem recruta de cabelos ruivos e olhos esverdeados.

- Tenente Zemqse

- Sim soldado.

- Uma das naves de batalha já se encontra inoperante senhor.

- Excelente. Continue o ataque, temos que abrir uma brecha maior para que os humanos escaparem, continuem a derrubar as Navpers, e a atacar as duas naves de batalha.

- Sim tenente.

Quando o soldado começou a se afastar Zemqse o chamou novamente.

- Soldado Theyou.

- Sim tenente Zemqse

- Informe que a tropa de terra deve ir agora, e ajudar os humanos, colocando-os na posição e ao alcance do escudo.

- Sim senhor

Zemqse se levantou e aproximou-se da tela a sua frente, ela mostrava a batalha que os Kdarianos travavam contra os humanos, era uma luta desigual em sua opinião. Pode ver Aleng e Tzen junto aos humanos, os oficiais de confiança de Dxmaell, ele sempre almejara estar entre eles, embora a confiança que Dxmaell depositara nele, durante o Cyarpks jamais seria esquecida ou desmerecida no que dependesse de si. Ele faria de tudo para honrar a confiança que Dxmaell depositara nele.

A batalha já durava há quase duas horas, e até o momento Arcom não conseguira descobrir quem estava à frente da nave que ainda não se revelara. Sabia que eram Kdarianos, na verdade todos os Kdarianos, que supostamente haviam sido mortos ou desaparecido nos últimos anos, enquanto estavam na Terra. Sabia que deveria haver a mão de Dxmaell, em tudo isso, embora não conseguisse imaginar como o mesmo fizera.

Todas as Navpers já haviam sido derrubadas, quase todo o contingente que trouxera havia sido subjugado pelos traidores Kdarianos, suas habilidades em combate corpo a corpo era ligeiramente superior. Muitos pelo que se lembrava, haviam sido certamente treinados pessoalmente por Dxmaell ou por seus oficiais, podia reconhecer isso na forma como lutavam. A derrota deles parecia quase certa, apenas uma das naves de batalha ainda se encontrava em condições de combate, mas de nada adiantava se não podiam ver o inimigo.

Não sabia o porque do Conselho ainda não haver interferido, na batalha. Sabia que Zhetryus era capaz de enfrentar qualquer nave, mesmo ela estando camuflada, nada poderia barrar seus disparos, sua fonte de energia vinha do próprio Conselho de Kdra. E ninguém se opunha ao Conselho.

Io - Lua de Júpiter:

- Está na hora. O momento se aproxima, o momento em que o destino de Kdra será escrito

- Sim...o momento pelo qual esperávamos, o renascimento de Kdra, o destino que ele nasceu para cumprir. Onde ele está?

- Eu o mandei descansar um pouco, ainda está muito preocupado com o humano.

- Não posso censurá-lo, eu também me sentiria assim se você estivesse em perigo.

A mulher sorriu e se aproximou do comandante da nave, acariciando-lhe o rosto, tão parecido com o do filho, os mesmo traços marcantes, a mesma coragem e valor. Ela se ergueu na ponta dos pés e o beijou com suavidade, antes de se encaminhar para deixar a ponte de comando, antes de sair, porém, ela parou e virou-se para o homem que aceitara como marido.

- Eu vou avisa-lo

O homem balançou a cabeça em acordo, sabia como ela se sentia, a conhecia melhor do que ela mesma. Não havia segredos entre eles, e nem poderia, não depois do que passaram juntos, do que tiveram que fazer para garantir que Kdra pudesse reviver um dia. Apaixonara-se por ela, no instante em que a vira, antes mesmo dela o ter escolhido como pai de seu filho, faria qualquer coisa por ela. Assim como faria pelo rapaz que era seu filho, a criança que tivera de abandonar ainda bebê, ele dera a outro a responsabilidade de cria-lo e zelar por sua segurança.

Tinha orgulho do rapaz que seu filho se tornara, um jovem forte e corajoso, que não se deixou dobrar pelas leis do Conselho ou por suas vontades. Seu filho vivia para o bem de Kdra, pelo dia em que retornaria a seu planeta e o levaria a prosperidade e a glória do passado.

- Zayrius leve-nos a toda velocidade em direção a Terra.

- Sim comandante

Enquanto isso na Terra:

Heero possuía um ferimento profundo na perna, o conseguira enquanto lutava contra Arcom, conseguira localizar o Kdariano que matara Dxmaell e seu filho no meio da batalha e fora atrás dele. O faria pagar pelo que fizera. Conseguira atingi-lo na altura do ombro, mas não era um ferimento tão sério quanto gostaria.

Arcom não imaginava que o humano lutasse tão bem, a arma que ele segurava pertencia a Dxmaell, já a vira com ele antes, mas não pretendia ser derrotado pela arma de um morto ou por um humano. O ferimento que causara na perna direita do humano sangrava, o que lhe fornecia uma certa vantagem. Ele girou o corpo aparando o golpe que deceparia seu braço a partir do ombro, ganhando apenas um ferimento leve no mesmo, nada muito sério. Pela expressão no rosto do humano, podia perceber que o mesmo ficara furioso por não ter conseguido feri-lo como gostaria.

- Você não vai conseguir me derrotar humano, mesmo usando a arma que pertenceu a Dxmaell. Ele morreu pelas minhas mãos, da mesma forma que você morrerá.

- Eu jamais morrei, pelas suas mãos Arcom, você não tem...

Heero deu um sorriso cínico, antes de girar e atingir Arcom na cabeça com o cabo da arma. O Kdariano perdeu o equilíbrio momentaneamente, mas foi o suficiente para que Heero o chutasse no rosto, ferindo o Kdariano. Ele pode notar o olhar de fúria de Arcom, diante do simples ferimento, o Kdariano limpou o sangue que escorria do lado da boca, ele iria derrotar o humano e o faria pagar pela sua ousadia.

- Veremos humano

Arcom pegou sua arma, que era semelhante a um bastão, sendo que na extremidade dele saia um facho de energia, ele investiu furiosamente contra Heero que se defendeu com a arma de Dxmaell. Os dois entraram em uma luta acirrada, mas Arcom não se deixaria vencer tão facilmente, ele atingiu Heero no abdômen provocando um ferimento profundo nele, foi com prazer que viu humano se curvar de dor, no entanto mesmo ferido Heero não deixara cair à arma que segurava.

Heero sentia uma dor terrível, seu abdômen ardia devido à queimadura causada pela arma de energia de Arcom, olhou para o ferimento, vendo a carne queimada e dilacerada. Não sabia como não havia soltado a arma de Dxmaell, já começa a sentir-se fraco devido à perda de sangue, podia ouvir a risada de Arcom, o cinismo velado em cada uma de suas palavras.

- Eu tive o prazer de matá-lo.

- Cale-se!!!!

- O que foi!? Não gosta de ouvir a verdade? Ele morreu gritando como...qual o nome mesmo que vocês costumam usar?

- .....

- Ah! sim....ele morreu gritando como um porco.

- Maldito!!!!

Heero sentia que toda sua dor era substituída pela fúria que se elevara dentro de si. Ele encarou Arcom o mais friamente fazendo o Kdariano inconscientemente recuar diante de seu olhar. A raiva reluzia nos olhos azul cobalto de Heero, ele iria cala-lo para sempre e de uma vez por todas. Heero lembrou-se das palavras de Dxmaell quando ele e seus oficiais os ensinaram sobre seu estilo de combate.

Alguns meses atrás:

Heero se aproximou lentamente e o mais silenciosamente possível, não queria tirar a concentração do Kdariano, embora soubesse que Dxmaell já deveria ter conhecimento de sua presença. Não desejava atrapalha-lo, Tzen lhe disse que Dxmaell não se juntaria a eles durante o jantar, pois desejava treinar sozinho. No entanto Heero desejava vê-lo e tentar entender a atração que começava a sentir pelo comandante das tropas kdarianas.

Heero viu com admiração a foice de energia cortar o ar, deixando um risco esverdeado. Havia precisão, força e beleza nos gestos de Dxmaell, a longa trança chicoteando o ar, cada vez que o Kdariano girava o corpo e golpeava o vazio com sua arma. Ele parecia lutar com um inimigo invisível, a cada golpe, seus gestos se tornavam mais ágeis e sua arma irradiava um brilho mais intenso, como se acompanhasse a força da pessoa que a manejava. Por um instante ela mudou a tonalidade para uma próxima ao violeta, então de repente Dxmaell parou e o brilho da arma se extinguiu.

Dxmaell virou-se para Heero que ainda o observava, eles ficaram assim por alguns minutos, apenas se observando em silêncio, até que Dxmaell começou a caminhar em sua direção. Alguns fios haviam soltado-se da longa trança e balançavam ao vento emoldurando a beleza que era seu rosto. Quando Dxmaell parou próximo a Heero, o Kdariano não pode deixar de sentir um ligeiro estremecimento por todo o corpo, mas procurou ignorar a sensação. No entanto ao ouvir a voz do humano, o estremecimento aumentou, assim como a estranha sensação que sentia quando estavam juntos.

- Espero não tê-lo atrapalhado.

- Não me atrapalhou. Queria falar comigo?

Eles começaram a caminhar, enquanto Dxmaell prendia sua arma nas costas. Heero o observou curioso e Dxmaell notou-lhe o olhar intrigado perguntando o que o intrigava.

- O que foi Heero?

- E que quando você nos salvou na nave mãe, o feixe de energia de sua arma, possuía um brilho esverdeado como a poucos instantes, mas por alguns segundos ela pareceu mudar...

- A tonalidade do brilho.

- Sim.

- Eu construí essa arma, ela possui um núcleo de energia independente, de forma que ela funciona sem uma fonte de energia constante. No entanto ela também pode ser alimentada, com minha energia o que faz com que o feixe dela fique mais poderoso e assuma a tonalidade de minha energia vital.

- Então ela utiliza sua energia, além do núcleo que possui?

- Sim...exatamente isso.

- Entendo...mas como funciona?

- Aqui veja?

Dxmaell parou e retirou a arma de suas costas, se aproximando de Heero, e mostrando o cabo da arma, na ponta dela havia um pequeno botão. Ele levantou a cabeça e seus olhares se encontraram, fazendo com que Dxmaell enrubescesse. Ele afastou-se e Heero soltou a respiração que não sabia ter prendido.

- As duas partes devem estar unidas, pressionado o botão você faz com que sua energia comece a ser absorvida através das mãos pelo cabo e seja dirigida ao núcleo fundindo as duas fontes de energia. No entanto isso cansa muito, por isso deve ser feito uma única vez.

"Uma única vez...eu farei por você Dxmaell".

Heero respirou fundo, ignorando a dor de seus ferimentos, uniu as duas partes da arma de Dxmaell e pressionou o botão acionando o mecanismo que absorveria sua energia e a uniria ao núcleo da arma. Podia sentir sua energia sendo absorvida, não tinha muito tempo antes de cair esgotado pelo esforço. Ele investiu contra Arcom que continuava a rir e a falar que matara Dxmaell como um animal.

Arcom não teve tempo de reagir, viu apenas que o feixe de energia da arma que o humano segurava oscilar do verde para o branco antes de ter seu corpo partido ao meio. Assim que atingiu o corpo de Arcom, com toda força que conseguia e ver o olhar surpreso do Kdariano, Heero tombou sem forças para manter-se de pé. Tzen que assistia de perto a luta, atento para ajudar o humano caso fosse necessário amparou seu corpo, antes que o mesmo tocasse o chão.

O humano estava esgotado, ele não sabia que a arma de Dxmaell tinha essa habilidade, mas de alguma forma o humano sabia e a utilizara para derrotar seu inimigo, independente das conseqüências em seu corpo. Tzen olhou em volta, milagrosamente eles estavam ganhando a batalha, pois até o momento o Conselho não havia se manifestado, mas sabia que eles ainda estavam ali, apenas esperando. Ao que parecia a esperava havia terminado, pois um raio cruzou o céu e momentaneamente todos pararam de lutar, parecia que o raio iria seguir até o alto, mas ele encontrou seu alvo e o atingiu.

Zemqse praguejou ao ter a nave atingida, como poderiam tê-los acertado, sabia que não era nenhuma das naves de batalha, pois as três naves se encontravam destruídas. Um segundo disparo foi feito e uma parte da ponte de comando, ficou avariada, ainda assim os escudos e a camuflagem estavam agüentando. Havia apenas uma nave em toda a Kdra capaz de localizar uma nave camuflada: Zhetryus. Mas onde ela estava? Ele foi até os monitores e sentou-se no lugar do soldado que operava os sistemas, tinha que localizar a origem dos disparos. Com a voz fria ordenou, aos soldados da ponte que se preparassem, ele tinha uma idéia, esperava apenas que ela desse resultado.

- Preparar para desviar toda a energia da nave para os canhões dois e três, ao meu comando

- Mas senhor isso fará com que o escudo caia.

- Eu sei soldado, mas não cairei antes de destruir o inimigo conosco

- Sim senhor

Zemqse sabia que haveria um terceiro disparo, precisava apenas agüentar o suficiente para revidar, Zhetryus não podia fazer disparos consecutivos, precisava de alguns segundos para faze-lo e esse seria o tempo necessário para atingir e destruir seu sistema de defesa. O terceiro disparo veio e os atingiu em cheio na proa da nave, Zemqse localizou a origem do disparou e deu a ordem.

- Agora!!!

A energia foi desviada para os dois canhões e eles dispararam contra Zhetryus, que recebeu quatro disparos consecutivos derrubando os escudos e a camuflagem da nave. Eles não tiveram tempo de comemorar, pois no mesmo instante em que atingiram a nave do Conselho, eles também foram atingidos pelo disparo feito por Zhetryus. Infelizmente com os escudos abaixados, pelo desvio da energia para os canhões, o casco da nave rompeu e o sistema de camuflagem caiu revelando a nave que começou a cair.

Heero despertou ajudado por um Kdariano que repartiu um pouco de sua energia com ele. Ele teve a chance de ver uma enorme nave, caindo aos pedaços, era sem sombra de dúvidas uma nave impressionante, mesmo caindo ela ainda disparava contra a nave do Conselho. Eles se dispersaram, procurando sair o mais rápido possível de perto dos destroços da nave, que caia.

Tzen e Aleng procuraram ajudar os outros, a luta que parecia já ganha teve uma reviravolta surpreendente. Eles viram um novo contingente vindo de Zhetryus e já não possuíam mais forças ou meios para derrotá-los, a nave que os ajudara até pouco tempo encontrava-se agora no chão. Eles viram Zemqse da casa de Cyrthãs, sair da nave, mas o mesmo deveria estar morto, pois Dxmaell o matara durante o Cyarpks. Mas o que parecia a morte do tenente havia sido planejada por Dxmaell e agora eles lutavam lado a lado contra os soldados que avançavam.

Na órbita da Terra:

- Parece que o Conselho decidiu, entrar na batalha, embora eles não costumem sujar as próprias mãos.

- Eles precisam de nós

- E nós vamos ajudá-los meu filho.

Dos trinta humanos, restavam apenas dez agora, assim como trinta dos Kdarianos que vieram ajuda-los, mas o número deles era insuficiente para os cento e cinqüenta Kdarianos saídos de Zhetryus. Eles iriam perder, estavam feridos e cansados demais para continuar a lutar, era apenas uma questão de tempo até serem subjugados para sempre.

Quando tudo parecia perdido, de repente o céu começou a se encher de nuvens, que adquiriram um tom amarelo avermelhado, era como se o céu estivesse em chamas. Então por detrás das nuvens uma nave gigantesca com o dobro de tamanho da Zhetryus, surgiu rasgando o manto de nuvens e cobrindo com sua sombra o chão abaixo dela. A nave do Conselho começou a disparar, contra a nova nave, mas seus disparos não pareciam nem ao menos arranhar a nave que estacionou a apenas alguns metros a cima da Zhetryus.

Aleng e Tzen nunca tinham visto uma nave como esta, ela era enorme e parecia incrivelmente poderosa. Ao que parecia estavam todos surpresos, com o surgimento da nave, que continuava a ser atingida, mas sem dano algum pela Zhetryus. A nave desconhecida fez um único disparo, mas foi o suficiente para que Zhetryus parasse de disparar, o raio vermelho atingiu Zhetryus diretamente no centro e foi possível notar a energia avermelhada do disparo percorrer todo o casco.

Por um pequeno descuido Tzen foi atingido no braço, nada comparado ao restante dos ferimentos que cobriam seu corpo, mas isso o fez voltar sua atenção ao Kdariano que o atingira. Eles estavam ainda no meio de uma batalha, todos lutavam procurando ignorar a nave parada quase em cima deles. A nave se abriu e uma rampa desceu até o chão, por ela um contingente de oitenta homens, desceu e começou a atacar os Kdarianos que obedeciam ao Conselho, eles usavam trajes parecidos com os deles, mas não pareciam Kdarianos, embora se assemelhassem e muito com eles.

A raça desconhecida estava vencendo facilmente os Kdarianos e pareciam divertir-se enquanto lutavam. A forma como lutavam lembrava as histórias contadas pelos antigos. Sobre os antigos habitantes de Kdra, uma raça conhecida pelo seu gosto pelas batalhas e combates. Eles não pareciam temer nada, lutavam com coragem e força, jamais haviam visto guerreiros tão fortes e destemidos, como os que agora lutavam ao lado deles. Heero tentava se manter de pé e lutando, mas seus ferimentos o estavam exaurindo, e ele por pouco não foi atingido mortalmente pelo Kdariano que o atacava. O golpe foi amparado e o kdariano foi derrubado por um dos homens saído da nave que chegara.

- Obrigado.

- De nada...você está bem?

- Vou sobreviver. Quem são vocês? E por que nos ajudam?

O homem de cabelos longos e de tom preto quase azulado sorriu, antes de golpear outro Kdariano que investiu contra ele.

- Somos Arianos. E o motivo saberá em breve...

- Parem!!!

Um grito foi ouvido ordenando que parassem de lutar, mas não parecia que alguém estivesse disposto a obedecer ao comando da voz, que soara imperiosa. O Ariano junto a Heero sorriu e correu para atacar outro Kdariano, Aleng, Trowa se aproximaram de Heero, o ajudando a não cair. Heero pretendia falar alguma coisa, mas não teve tempo, pois a nave ariana se abriu novamente e todos puderam sentir uma densa energia emanando da entrada da nave.

Um homem de cabelos compridos veio caminhando pela rampa da nave, olhando com atenção a batalha que acontecia. Heero notou o tom dos cabelos do homem que aparecera, era parecido e muito com o tom dos cabelos de Dxmaell. O homem estava vestido semelhante aos demais Arianos, a diferença era que sua roupa lembrava-o de um guerreiro medieval, com uma capa longa e uma espada, e sua atitude altiva parecia exigir respeito e reverência.

- Parem Arianos e irmãos Kdarianos, reverenciem seu príncipe e o novo governante de Kdra.

Uma nova energia começou a fluir da entrada da nave, ela era poderosa, tão poderosa que os Kdarianos tinham dificuldades de manter-se em pé. Heero e os outros viram quando os soldados Arianos se curvaram antes mesmo que o ocupante da nave saísse, um a um os Kdarianos foram obrigados a curvar-se diante da energia do ser que não sabia quem era. O homem que falara virou-se para a entrada da nave e curvou-se diante da pessoa que caminhava em sua direção, o rosto coberto pelo capuz negro de sua capa. Por algum motivo Heero sentiu seu coração disparar, mas foi ao ouvir o nome do príncipe dos Arianos que ele pensou estar sonhando.

- Reverenciem a Dxmaell da casa de Klaryos, príncipe dos Arianos e o governante de Kdra.

Continua....

1Navpers seria as naves de perseguição Kdariana. Pilotadas por apenas um piloto, velozes, com um poder de fogo similar a uma nave de batalha, mas em um tamanho menor o que permite entrar em espaços pequenos, sem comprometer sua mobilidade.

2 Zhetryus nome da nave comandada por Dxmaell, que levou o império Kdar a conquistar cada um dos planetas invadidos. Ela tem o poder de fogo de 10 naves de batalha Kdariana.