A Invasão
Nota:
Tudo que estiver entre significa que o personagem esta falando a língua Kdar ou pensando em Kdariano.
K medida de tempo Kdariana:
§ 1 kx equivale a 1 segundo
§ 1 kr equivale a 1 minuto
§ 1 k equivale à 1 hora
§ 1 ano terrestre equivale a 63 anos em Kdariano
§ 1 dia terrestre equivale a 5.25 dias em Kdariano
Epílogo
Parte III.I – Reencontros
Terra – Centro de Treinamento – 15:30hs horário terrestre:
Heero olhava para Trowa, que encontrava-se sentado à sua frente. Estavam procurando decidir se era realmente necessário utilizar a tecnologia obtida com os Arianos para a criação de um novo armamento ou se aceitavam a proposta feita aos dois a alguns dias. Já haviam desenvolvido armas com poder destrutivo suficiente, mas parecia que os políticos desejavam ainda mais. Muita coisa mudara ao longo daqueles dois anos. Os sonhos de paz ainda se faziam presentes; mas a sociedade já não parecia ser a mesma. O governante do planeta parecia ter problemas com alguns povos que achavam que as armas ainda eram o único meio de sobrevivência, quando isso não era verdade. Um escudo de energia; desenvolvido a partir da tecnologia Ariana e dos desenhos de Dxmaell, envolvia o planeta, protegendo-o de qualquer visitante indesejado. Ele mesmo projetara algumas alterações no intuito de aumentar a eficácia do mesmo, procurando abranger todos os tipos de eventualidades. Mas ainda assim as nações pareciam temer que uma nova invasão ocorresse; quando na verdade, o verdadeiro problema estava dentro do próprio planeta, junto a uma minoria que parecia ganhar força cada vez mais.
O governante havia contactados-os pessoalmente; solicitanto a ajuda de ambos; uma vez que haviam lutado na resistência e possuíam um conhecimento militar impecável. Se aceitassem a proposta feita, partiriam em algumas horas para a sede do governo; em uma região distante de tudo o que conheciam. Era uma medida para manter a paz, e sabiam que se desejassem mantê-la por um bom tempo era o melhor a ser feito no momento, e também um meio de afastarem-se das lembranças. Trowa despertou Heero de seus pensamentos fazendo-o olhá-lo.
- Pela expressão em seu rosto, você já se decidiu.
Heero deu um meio sorriso, tocando inconscientemente o objeto em seu peito. Um pequeno pingente feito de um material similar ao cristal, com o símbolo da casa de Dxmaell; e dentro dele uma mecha do cabelo do Kdariano. Tal gesto não passou desapercebido a Trowa, que sabia o que Heero carregava ao redor do pescoço. O japonês havia lhe dito que Dxmaell entregara-lhe o objeto antes que retornasse a Terra. Heero devolvêra-lhe o cruxifico de prata, então Dxmaell lhe dera o pingente, como uma forma de manterem suas presenças sempre próximas um do outro. Heero deu um suspiro antes de responder ao amigo. Não desejava partir, mas não havia um meio de evitar a ida deles no momento, sem serem desrespeitosos quanto ao convite feito.
- É o melhor a ser feito Trowa, pelo menos no momento. Além do mais será bom nos afastarmos daqui um pouco.
Trowa concordou com um leve balançar da cabeça. Sim seria bom respirar outros ares. Pelo menos assim poderiam amainar um pouco a saudade. Se tivessem mais coisas com o que se preocupar. Levantou-se, disposto a sair dali e providenciar o necessário para partirem para a sede do governo, tão logo Heero decidisse a partida.
- Quando partiremos?
- Mandarei um comunicado ao governante, informando que partiremos por volta das 18:00hs. Acredito que chegaremos por volta das 21:00hs.
- Vou arrumar minhas coisas. Pretende despedir-se de Wufei antes de ir?
- Sim... pretendo passar na casa dele. Me acompanha?
- Claro, ele ficará chateado quanto a nossa partida.
Heero ponderou durante alguns segundos quanto a isso. Era verdade que o amigo sentiria a falta deles. Parecia que este vinha definhando aos poucos a cada dia. Mesmo com a insistência da médica da base em tentar demovê-lo de sua atual apatia para com o mundo. Mas podia entender o que ele passava. Pelo pouco que o chinês havia se aberto com eles, conhecia a razão de sua desesperança na vida. Não pretendia permanecer para sempre na região onde ficava localizada a sede do governo, seria apenas o tempo necessário para ajudarem o governante no que fosse necessário para manter a paz.
- Voltaremos em algumas semanas se tudo der certo.
- Sim. Nos encontraremos em sua casa em uma hora então.
- Perfeito.
Heero viu Trowa deixar a sala e reconstou-se na cadeira suspirando. Na verdade sentia que algo estava para acontecer; mas não sabia exatamente o quê. Era um sensação incômoda; mas não de todo ruim. Ainda assim não se sentia confortável. Tocou o pingente, como se pudesse retirar dele forças. No entanto sua apreensão pareceu aumentar; como se algo lhe dizesse que Dxmaell não estava bem. No entanto não podia fazer nada, a não ser tocer para que o Kdariano e seu filho estivessem bem.
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Nova Kdra:
Dhaxtha deixou o salão do ministério cabisbaixo. Havia sido a decisão mais difícil que já tomara. Caminhou até Dhyreean que o aguardava preocupada. Pelo semblante do neto sabia que não havia sido fácil para ele ter se apresentado à frente aos ministros e de seu pai, dizendo-lhes que encontraria um parceiro para aquele que mais amava, sem que pudesse realmente dizer o que estava preste a fazer.
- Dhaxtha?
Dhaxtha olhou para sua avó e balançou a cabeça, negando-se à responder a pergunta que via em seus olhos. Viu-a menear a cabeça em acordo e colocar o transporte em movimento; deixando-o com seus pensamentos. O olhar de surpresa e dor que seu pai lhe lançara quando fizera valer de seu direito de escolha, não lhe saia da mente. Se pudesse ao menos contar-lhe o que planejava. Sabia que seu pai não esperava tal atitude dele, e nem ele mesmo sabia se era a atitude mais sensata a ser tomada. Talvez seu pai já houvesse imaginado uma forma de burlar a lei que figurava a estação de Liphian, e ele apenas acabara por precipitar-se e dificultar-lhe tudo. Eram tantos talvez. Mas como poderia ficar parado e não fazer nada; enquanto via a pessoa que mais amava sofrer sozinho na escuridão da noite... quando achava que ninguém o via... chorar e sussurrar o nome daquele que era o detentor de sua alma.
Sabia que seu pai desejava ir até àquele que ainda vivia em seu coração, de forma que pudessem ser uma família completa. Não compreendia perfeitamente o sentimento que seu pai dizia se chamar amor. Não entendia como ele era capaz de sofrer por isso, e dizer que este era um dos mais sublimes, nobre e maravilhoso sentimento humano. Quando na verdade tudo o que via era seu sofrimento. As noites em claro em que ele chorava ao pé de sua cama, quando suponha que ele estava dormindo. Os pedidos sussurrados aos deuses de Kdra para que lhe trouxessem o humano.
Era difícil para si, compreender a complexidade dos sentimentos humanos e sua sociedade, que parecia viver em comunhão com eles. Os Humanos eram tão diferentes da sociedade kdariana; onde eram ensinados a não revelar seus sentimentos. Procurando sempre mantê-los sob controle. Não era difícil controlar suas emoções, pelo menos não quando o assunto envolvia seus dois pais. Sempre procurava ignorá-los, da forma como lhe era ensinado na escola. Embora em sua casa, e junto aos avós, lhe fosse permitido demonstrá-los abertamente. Seu pai lhe ensinara a aceitar suas emoções e a aprender com elas. Aprender a tirar a força de seus sentimentos. Por isso era difícil ficar quieto, enquanto via seu pai sofrendo por causa de Heero, quando na verdade também desejava conhecer aquele que lhe dera parte da energia a correr por seu corpo, e havia estado presente em seu nascimento ajudando seu pai a trazê-lo ao mundo.
Era capaz de entender o que era querer o bem de alguém, e querer fazer algo guiado por uma força que não compreendia, mas que fazia seu pai sorrir cada vez que lhe contava sobre Heero e seu mundo. Nunca seria capaz de colocar outro no lugar de seu Kthapan, assim como também jamais deixaria que alguém tocasse em seu pai e maculasse a lembrança que ele tinha do humano. Queria que seu pai fosse feliz por tudo que já havia passado. Havia decidido isso bem antes de tomar a decisão de ir atrás de seu kthapan. Decidira que faria seu pai feliz. Que devolveria a alegria que parecia cada vez mais ausente em seus olhos. Que acabaria com as lágrimas derramadas no meio da noite. Traria Heero para Nova Kdra. Entregaria-o a seu pai e seriam uma família afinal. Nem que tivesse que arrastar o humano e acabar com qualquer coisa que se opusesse em seu caminho.
Enquanto se dirigiam para a casa de seu filho afim de que Dhaxtha pegasse o necessário ir a Terra, Dhyreean observava em silêncio o semblante do neto. Notou que este pensava em algo que lhe era ao mesmo tempo importante e confuso, e bem podia imaginar o que era. Seu neto estava sendo educado por Dxmaell de duas formas. Ambas distintas e complexas para uma mente tão jovem e curiosa como a de Dhaxtha. Diferente dos kdarianos que procuravam controlar e subjugar suas emoções, os arianos; bem como os humanos, procuravam conviver com elas; aprendendo a sentir e deixar que comandassem seus corações. Havia comentado com o filho, quanto à educação do neto nesta área. Que ele deveria ensiná-lo a explorar sem medo seus sentimentos e aprender a conviver com eles, e acreditava que estavam tendo algum progresso em relação a isso. Embora as vezes o neto acabasse sempre por ultrapassar a linha sobre sentir e controla-las; principalmente quando estas eram relacionadas a Dxmaell e Heero.
Sua carência em conhecer o humano era facilmente camuflada, por uma disciplina que o neto demonstrava na frente de todos. Mas esta desaparecia rapidamente, quando ele se confrontava com sua vontade de encontrar o homem que fizera seu pai se apaixonar e que permitira sua concepção e nascimento. Dhaxtha era curioso como toda a criança, e saber da personalidade de Dxmaell e de como ela mudara drasticamente ao conhecer a Terra e o humano, apenas despertara-lhe ainda mais a necessidade de ter Heero perto deles, e conhecer por si mesmo quem era o humano de quem tanto ouvira falar, e amava mesmo sem nem mesmo conhecer. Uowans também havia notado essa particularidade em Dhaxtha, e comentara com Dxmaell, procurando fazer o filho enxergar o fato de que o menino apenas fingia entender o fato de Heero não poder estar com eles.
Dhaxtha era ainda uma criança. Mesmo que possuísse uma mente brilhante e tivesse uma capacidade intelectual superior a muitos adultos, ele ainda era uma criança, e como tal possuía a inocência delas; bem como a curiosidade e manha que todas tinham quando se viam privadas de um dos pais. O fato dele dispor de uma mente aguçada e de uma educação que lhe permitia explorar sua capacidade, apenas lhe dava brechas para quebrar limites que não lhe eram impostos por Dxmaell. Sabia que o filho não era severo o suficiente com Dhaxtha, que foram raras as vezes em que ele tomou as rédeas e controlou mais firmemente o filho. Entendia que ele não o conseguia fazê-lo, uma vez que lhe doía o fato de que Heero não estava presente para opinar na educação do filho que tiveram juntos.
- Chegamos. Eu já volto vovó.
Dhyreean refreou seus pensamentos assim que ouviu a voz do neto, e este desceu correndo para pegar o que já havia deixado separado pela manhã ao supostamente sair para a escola.
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Salão do Ministério:
Os ministros olhavam para seu governante, que se mantivera calado desde a saída do filho. Haviam decidido aguardar o menino retornar ao final da tarde do dia sequinte como dissera. Afinal era direito dele, se assim o quisesse; escolher um parceiro para seu pai. Mesmo que não acreditassem que pudesse fazê-lo. Já tinham em mente um Kdariano valoroso para ser o parceiro de seu governante, mas aguardariam conforme o prometido, uma vez que o menino recorrera a seu direito de escolha e não podiam ignorar tal pedido sem irem contra as leis da estação de Liphian. Havia sido algo imprevisto, mesmo para eles. Imaginavam que Dxmaell oporia-se, como tentara fazê-lo antes do menino chegar, uma vez que ele ainda parecia nutrir esperanças de reencontrar o humano que lhe dera um filho.
A verdade era que nada tinham contra o humano, aceitariam-no como parceiro de seu governante, uma vez que pelo pouco que sabiam este demostrara ser um ser valoroso e de caráter nobre, e que se importava com o governante, uma vez que havia vindo da Terra em companhia de Uowans apenas para ajudar Dxmaell no parto de Dhaxtha. Mas no momento, o humano encontrava-se a trilhões de anos-luz de Nova Kdra e nem saberiam por onde começar a procurá-lo, se decidissem buscá-lo. Bem como não haveria tempo suficiente para fazê-lo antes que chegasse a estação de Liphian, quando o parceiro deveria obrigatoriamente ser apresentado. Assim não esperavam tal atitude por parte do menino, mas apenas por parte de Dxmaell. Afinal, desde a era dos antigos, essa era a primeira vez que uma criança se valia de seu direito de escolha. No entanto era de se esperar tal pedido de uma criança com tamanho intelecto, e sendo filho do governante de Nova Kdra, cuja a inteligência era incomum; bem como sua força.
Para alguns ministros; bem poucos na verdade, parecia injusto impor a lei da estação de Liphian a seu governante uma vez que o coração dele não se encontrava em Nova Kdra, mas em outra parte do universo. O fato de que Dxmaell se apaixonara por um humano e tivera um filho com este não era segredo no planeta, mas o fato de que ele ainda alimentava esperanças de voltar a encontrá-lo desde que ele ajudara no nascimento de Dhaxtha, quando ainda não haviam alcançado o quadrante onde ficava Nova Kdra, esse o era. Embora todo o ministério tivesse conhecimento do fato, tal sentimento era secretamente visto com maus olhos por alguns. E foram esses que de certa forma pressionaram os demais para que a lei fosse cumprida. Diziam que não se podia ignorar as leis que os antigos de Kdra pregavam, mesmo em favor de seu governante.
Se pretendiam que Nova Kdra vivesse sob as antigas leis, então era necessário aceitar todas as impossições que traziam; mesmo que lhes parecessem injustas. Trephetly refreou seus pensamentos ao dirigir seu olhar a Dxmaell que permanecia em silêncio. Deixou que os outros continuassem a discutir sobre os fatos ocorridos a poucos instantes. A expressão no rosto do jovem governante era a da mais profunda tristeza. Nunca havia visto tal expressão em seu rosto; nem mesmo quando o antigo Conselho dos sete ordenou que ele exterminasse todo um planeta, apenas para que testasse sua lealdade para com eles. Admirava-o por tudo o que fizera por Nova Kdra. A forma com que lidou com cada dificuldade surgida. E as vencera sem reclamar, visando sempre o bem estar de todos, menos o próprio.
Dxmaell era um líder nato, como politico ou soldado. Nascido e ensinado obviamente para liderar. Algo que poucos conseguiam desempenhar com tamanha perfeição e diplomacia. Ele havia sido um dos que se opusera à obedecerem a lei da estação de Liphian. Tudo que desejava era a felicidade de seu governante, e sabia que ela não estava em nenhum outro parceiro que não fosse o humano. Mas infelizmente a maioria achara que a lei devia ser obedecida acima de tudo, e que era possível encontrar um parceiro digno de seu governante. Mas o fato não era apenas esse, afinal o ser que se unisse a Dxmaell durante a estação de Liphian, não seria apenas seu parceiro físico, mas também obteria o direito de governar Nova Kdra junto com o atual governante.
Um posto de extrema responsabilidade, dado a poucos por direito. Sabia que o humano era digno de tal posição e regeria o planeta com a mesma habilidade e capacidade com que Dxmaell o fazia. Tinha certeza de que se fosse possível trazer o humano, ao lado de Dxmaell, eles levariam Nova Kdra a glória de seus antepassados. Mas como poderiam fazê-lo? Nem ao menos sabia por onde começar a procurá-lo. O Kdariano escolhido pelo ministério, não o desagradava de todo, mas não achava que era alguém digno de seu governante. No entanto o voto da maioria prevalecera, e não podia fazer nada quanto a isso. Ficara imensamente feliz quando Dhaxtha aparecêra e exigira seu direito de escolha. Sabia que o menino, apesar de jovem; era inteligente. E sentia o mesmo em relação a Dxmaell quanto a quem era o único parceiro digno do jovem governante. Tinha certeza de que ele não iria se valer de seu direito, para colocar outro no lugar de seu khtapan. Havia acompanhado de perto o crescimento do menino, e as dificuldades que Dxmaell tivera; criando-o longe do outro pai. Sabia e entendia a adoração que Dhaxtha sentia para com o humano, e sabia que o que quer que o menino fizesse, o humano estaria envolvido. Apenas gostaria de saber como poderia dar a Dxmaell a certeza de que filho não o decepcionaria.
Dxmaell podia sentir os olhares sobre si, e tudo o que desejava no momento era ficar sozinho e pensar no que poderia fazer para remediar o que Dhaxtha fizera. Sem levantar a cabeça pediu que o deixassem sozinho.
- Acho que não há mas nada a tratarmos. Peço que me deixem só.
- Mas senhor, nós ainda...
- AGORA!
Enquanto a maioria dos ministros se apressava em deixar seu governante sozinho, Trephetly aproximou-se e tocou-lhe o ombro. Mesmo diante do olhar frio de seu governante. Comunicou-o de que o direito de escolha de Dhaxtha já estava valendo.
- Senhor, sabe que já esta valendo o direito de seu filho, e que pela lei deve encontrar-se em sua casa em menos de 4 k.
Dxmaell meneou a cabeça em acordo, observando o ministro partir após curvar o corpo ligeiramente em respeito. Trephetly era um dos poucos ministros com quem conversava assuntos que não diziam respeito a Nova Kdra, ou a qualquer questão diplomática. Tinha um imenso respeito por ele e sua família, tanto que sentiu-se mal por tê-lo olhado tão friamente, embora não soubesse que outra emoção demonstrar no momento, além da dor e da raiva, pelo que acontecêra a pouco.
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Cidade baixa – Casa de Dxmaell:
Dhaxtha correu para seu quarto, pegando a muda de roupa que havia escolhido e reservado para entregar a Heero. Quando chegassem não haveria muito tempo para seu Kthapan preparar-se para a cerimônia, e ele deveria apresentar-se ao ministério para ser avaliado conforme exigia as leis de Kdra para poder desposar seu pai, se bem que a roupa que reservara não era exatamente a vestimenta que alguns do ministério achariam apropriada. Mas não se importava com o que pudessem pensar. Pegou alguns outros objetos e passou no quarto do pai, procurando por algo que não demorou a encontrar. Pegou a fotografia do humano e guardou-a em seu uniforme rapidamente, não sabia quanto tempo seu pai ainda permaneceria no salão do ministério e não queria correr o risco de encontrá-lo antes que pudesse entregar-lhe seu parceiro. Escreveu-lhe um bilhete rapidamente colocando-o em cima da cama, onde sabia que ele o encontraria. Deu uma última olhada no quarto e sorriu, ao pensar que em breve seu pai e Heero estaria unidos pelas leis de Kdra.
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Nova Kdra - Salão do ministério – 16:45hs horário kdariano:
Dxmaell encontrava-se sozinho sentado em sua cadeira, olhando para o lugar onde seu filho estivera a pouco. Os ministros haviam se retirado a seu pedido. Deu um sorriso irônico diante de tal pensamento. Ele não havia realmente pedido, mas literalmente expulsado, elevando sua energia ao ouvir um dos ministros manifestar-se, dizendo que ainda tinham algo a discutir; como se tivesse espírito para fazê-lo. Tudo o que queria era ficar sozinho e tentar entender. Ainda não conseguia acreditar no que Dhaxtha fizera. Como ele pudera? Ele mais do que ninguém deveria saber que jamais aceitaria outro parceiro. Então porque fizera isso? Colocando-o em tal posição. Não via saída de como ir atrás de Heero, uma vez que pela lei, tinha exatamente 4 k depois de anunciado a escolha do parceiro ou como Dhaxtha havia feito exigindo seu direito de escolha e informando que lhe seria entregue um ao final da tarde do dia seguinte, para recolher-se em sua casa e lá ficar, até que chegasse o momento de se preparar, e seu parceiro lhe fosse apresentado, por ninguém menos que seu filho. Socou a mesa extravasando toda a sua raiva, expandindo sua energia que partiu-a ao meio, juntamente com uma parte do chão, fazendo estremecer todo o salão. Quando acalmou-se, olhou para a fenda que abrira no chão caindo frustrado na cadeira, e deixando que as lágrimas viessem cobrir seu rosto em desespero.
"O que eu vou fazer...Heero?".
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Instituto Militar:
Dhaxtha despediu-se da avó abraçando-a. Estava a ponto de deixá-la e entrar no instituto quando esta o reteve, segurando-lhe o braço.
- Confie em seu coração querido. Deixe as preocupações quanto a seu pai para atrás e faça o que acha que deve fazer.
- Eu farei vovó.
- Seu pai o perdoará, tenha certeza disso.
Dhaxtha abraçou Dhyreean novamente, afundando o rosto em seu ombro. Ela abraçou o neto, afagando-lhe as costas com carinho. Depois, delicadamente afastou-o, empurando-o em direção da entrada e vendo-o caminhar na direção de seu coração. Dhaxtha olhou por alguns segundos para atrás, acenando para Dhyreean. Havia se sentido melhor após as palavras de sua avó. Virou-se e entrou na escola militar onde era aguardado. Caminhou pelos corredores, ignorando os olhares curiosos de alguns alunos e preofessores. Entrou na sala em que estivera à algum tempo, meneando a cabeça formalmente assim que viu Aleng e Tzen, expondo imediatemente parte de seus planos.
- Teremos exatamente 12k para irmos e voltarmos da Terra. Tempo suficiente para encontrarmos Heero e o trazermos conosco para Nova Kdra, antes que os ministros resolvam encontrar outro parceiro para nosso governante.
Tzen não via Dhaxtha já a algum tempo, uma vez que fora designado para trabalhar junto aos Arianos na face leste do planeta. Diferente de Aleng, que aceitara o cargo de instrutor na escola. Ele declinara do convite, preferindo ater-se à função de interventor de Dxmaell junto a alguns Arianos descontentes. Por isso achou estranho a forma formal com que ele os tratara assim que entrou. Ao olhar para Aleng, viu o amigo apenas sacudir a cabeça dizendo-lhe silenciosamente para esquecer momentaneamente o ocorrido; e assim o fez. Aleng sabia que Tzen achara estranha a atitude de Dhaxtha, uma vez que ele e o menino entendiam-se tão bem. E não apenas na hora das brincadeiras, quando era capaz de deixar ele e Dxmaell loucos com as coisas que o amigo ensinava ao menino. Como criar um Darkradr ou inventar desculpas para visitar a escola militar sem o consentimento de Dxmaell, como também no momento em que ele instruía Dhaxtha em alguma coisa. A forma peculiar como que Tzen lidava com Dhaxtha fazia-o pensar que se o amigo, um dia se decidisse pelo mesmo, seria sem dúvida um ótimo pai. Olhou para o amigo que parecia um tanto quanto magoado com Dhaxtha. Deveria tê-lo deixado a par da personalidade do menino nos últimos tempos. Mas estava tão ansioso pela chance de voltar a Terra que esquecêra completamente disso. Como tinham pouco tempo, e muito a resolver achou melhor explicar mais tarde a Tzen tudo o que se passara em sua ausência.
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Duas horas depois:
Dxmaell deixou o ministério seguindo diretamente para a casa de seus pais. Ainda tinha 1 k antes que tivesse que ir para casa e permanecer lá até a tarde do dia seguinte. Quando chegou, já encontrou sua mãe esperando-o, e contou a ela tudo que seu menino fizera, mesmo tendo a ligeira impressão de que ela já sabia de tudo. Já se encontrava a algum tempo apenas olhando para a xícara com Parunatuq 1 que sua mãe lhe havia preparado, assim que entrara e se sentara a mesa. Mas diferente das outras vezes em que tomara a bebida, não sentia-se relaxado. Dhyreean via que seu filho ainda estava perturbado com as atitudes tomadas por Dhaxtha. Gostaria de tranqüilizá-lo, mas não podia revelar-lhe a verdade dos fatos. Via a dor nos olhos de Dxmaell; assim como a decepção. A atitude tomada por Dhaxtha pareceria radical e precipitada para quem não soubesse de todos os fatos. O maior prejudicado nisso tudo seria seu filho. Ainda assim, sentia que era a melhor atitude a se tomar no momento, do que dar-lhe falsas esperançcas quanto ao resultado da atitude de Dhaxtha. Levantou os olhos ao ouví-lo falar, com a voz carregada de dor e descrença.
- Não acredito que ele fez isso.
- Acalme-se Dxmaell. Confie em Dhaxtha, ele...
- Confiar! Como?
- Acredite que ele encontrará um parceiro digno para...
- Não existe ninguém em Nova Kdra que eu permitiria me tocar...
- Talvez Dhaxtha...
- Não!
A xícara na mão de Dxmaell partiu-se, e ele procurou acalmar-se quando sentiu que o chão abaixo de seus pés começava a tremer diante de sua energia. Não deseja causar outro transtorno como no salão do ministério, e nem machucar sua mãe; por não conseguir acalmar-se. Dhyreean levantou-se ao ver a xícara na mão de seu filho partir-se, diante da energia emanada por ele. Afastou-se; retornando com um pano para limpar o sangue que fluía do corte em sua mão. Dxmaell piscou ao notar que se machucara e deixou-se cair na cadeira, ouvindo sua mãe lhe falar.
- Querido, você conhece o coração de Dhaxtha. Afinal ele é uma parte sua e do humano.
Dxmaell balançou a cabeça lentamente. Ele já não tinha certeza de mais nada no momento, tudo o que sabia, era que estava se sentido vazio e perdido. E não procurou esconder o que sentia ao retrucar o que ela dissera.
- Eu achei que o conhecesse mãe, mas depois de hoje eu...
Dhyreean sorriu e tocou no rosto do filho, fazendo-o abrir os olhos. Dxmaell sorriu diante do conforto que o sorriso dela lhe trazia. Sentia que não poderia agüentar por mais tempo, quando a primeira lágrima deixou seus olhos e ela o abraçou, sussurrando em seu ouvido.
- Dhaxtha vive para fazê-lo feliz. Ele sente sua dor em relação a Heero. Ele sabe o quanto a ausência dele o machuca por dentro. Confie nele para encontrar um parceiro a altura do humano.
- Eu não posso desistir dele. Eu... eu não quero.
"Você não precisa querido."
Dhyreean gostaria de poder dizer-lhe o que pensava. Que ele não precisava desistir de Heero, pois logo se encontrariam, mas não podia contar-lhe a verdade. Tudo que podia fazer era proporcionar-lhe o conforto de que ele necesitava naquele momento. Dxmaell abraçou sua mãe com desespero. Chorando em seus braços, e deixando que ela o confortasse. Sabia que Dhaxtha jamais faria algo que o ferisse, mas não podia deixar que seu filho escolhesse outro para ocupar o lugar de Heero. Amava o humano tanto quanto amava o filho. E deixar que Dhaxtha encontrasse alguém para ocupar o lugar do humano, era como deixar que lhe tirassem a vida. Dhyreean afagou os cabelos do filho confortando-o. Olhou para o céu que começava a escurecer fazendo um pedido as estrelas que começavam a aparecer.
"Que você possa voltar logo Dhaxtha. Que encontre Heero e o traga até seu pai."
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Terra – Em algum lugar da área 11 – 19: 45hs horário terrestre:
Wufei encontrava-se perdido em seus pensamentos. Meditava sobre a partida inesperada de Trowa e Heero. Isso o surpreendera, ao mesmo tempo em que o deixara triste por saber não os teria por perto. Eles haviam se tornado um apoio para os momentos em que sentia-se perdido, e a beira de enlouquecer como jamais imaginara. No entanto sabia que haviam partido por uma necessidade que se fazia imprescendivel no momento. Ambos haviam prometido voltar em algumas semanas, e procurariam manter um contato freqüente; sempre que possível. Ainda assim sentia como se a partida deles não viesse em um bom momento.
Estava olhando as estrelas através da janela da lanchonete. Sentia-se ficar inquieto a cada minuto. Por algum motivo que não entendia. Aliado ao fato, já faziam dias vinha tendo sonhos que envolviam o Kdariano chamado Tzen, e fazia algum tempo que se obrigara a deixar de pensar nele. Sentiu seu coração bater mais forte ao lembrar de seu último encontro com ele e levou a mão ao peito, procurando ignorar a dor que se fazia presente cada vez que se lembrava daquele dia. Estava tentando levar uma vida normal por causa de sua filha, que no momento conversava com Sally do outro lado da mesa. Olhou para a médica de cabelos loiros cacheados. Era uma mulher bonita, inteligente e muito persistente. E sentia que esse fora um dos motivos pelo qual os três estavam ali, em plena quarta-feira a noite lanchando. Havia resistido aos avanços dela durante um ano e meio, mas a alguns meses ela acabara por tocar em um ponto que não pudera discordar. Sua filha Meilin precisava de uma figura materna, e ela parecia mais do que disposta a isso. Por fim se deixara vencer pelo encanto de Sally. Afinal, mesmo que não fosse feliz ao lado dela, sabia que sua filha gostava da médica e que ela seria uma mãe perfeita para Meilin.
Sally voltou seu olhar para Wufei, e o sorriso que tinha em seu rosto sumiu diante do semblante do chinês. Não era a primeira vez que o via assim tão triste. Sabia que ele não retribuía seus sentimentos com a mesma intensidade que ela, mas acreditava que podia fazê-lo amá-la como o amava. Nunca lhe perguntara o porquê dele às vezes carregar uma expressão tão triste, quando achava que ninguém o observava. Sabia que o motivo de sua melancolia nada tinha a ver com a antiga esposa. E temia descobrir o motivo real de seu sofrimento. Sua atenção foi novamente atraída para a menina , que tinha os cabelos escuros como o do pai, tocar-lhe o braço. Meilin lhe sorria-lhe tristemente. Sabia que ela tinha conhecimento de quem era o responsável pela dor nos olhos de Wufei. Mesmo sendo tão jovem, a menina era observadora a respeito de tudo que envolvia o pai. Ficara feliz quando a menina a aceitara na vida deles. Temera que a rejeitasse e tentasse impedir sua aproximação, mas isso não aconteceu. Ao contrario, Meilin demonstrou alegria e até mesmo a ajudara a derrubar as resistências do chinês.
Meilin conversava com Sally sobre o passeio que teriam na manhã seguinte. Mesmo conversando com a médica, seu olhar via a dor no rosto de seu pai. Ela sabia em quem ele pensava. E quem era o responsável pela tristeza em seus olhos quando se encontrava sozinho. Por algum tempo sentiu-se dividida entre aceitar o fato e rejeitar tais sentimentos de seu pai. Mas saber de tudo pelo que passara, de tudo que fizera para que pudessem estar juntos, fizera-a entender que não tinha nenhum direito de interverir no coração dele. A imagem de seu pai quando o Kdariano o deixou a dois anos atrás não lhe saia da cabeça. A dor em seus olhos, a forma como as lágrimas banharam seu rosto. Durante muito tempo culpara o Kdariano por fazê-lo sofrer daquela forma. Mas à alguns dias compreêndera que o mesmo jamais poderia ficar. Levada pelo rancor procurara meios de continuar culpando o kdariano, e perguntara a Sally o porque dos Kdarianos terem partido poucos dias após os terem libertado, uma vez que muitos deles se davam com os humanos. Sem imaginar suas reais intenções Sally lhe explicara detalhadamente o motivo, e desde então entendia melhor o fato de que não fora por escolha que Tzen deixara seu pai, mas porque era inevitável fazê-lo.
Meilin voltou sua atenção a Sally, ao notar que esta mantinha os olhos fixos no rosto de seu pai. Tocou-lhe o braço suavemente, ganhando sua atenção. Sabia que a médica tinha ciência de que não vivia no coração dele, ainda assim procurava empenhar-se em conquistar um coração que jamais lhe pertenceria. Via em seus olhos todas as perguntas que ela se recusava a fazer, por medo de ter as respostas que ela talvez já conhecesse. Admirava-a, e no inicio acreditara que ela talvez, fosse capaz de curar o coração de seu pai. Mas com o passar dos dias, via que isso nunca aconteceria e arrependia-se por tê-la ajudado a aproximar-se dele. Gostava dela, e não desejava vê-la sofrer da mesma forma que seu pai, mas sabia que era inevitável, uma vez que ela tinha esperanças e as vezes tal sentimento era tão triste e cruel quanto não se tê-lo.
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Nova Kdra - Cidade Baixa – 20:00hs horário Kdariano - Casa de Dxmaell:
Dxmaell entrou em casa socando a porta assim que esta se fechou. Através da janela observou os guardas que o haviam escoltado desde a casa de sua mãe, posicionarem-se no pequeno jardim a frente da casa. Eles permaneceriam ali até a tarde do dia seguinte, garantindo que permaneceria dentro de casa e incomunicável, comunicando ao ministério caso tentasse manter contato com o filho. Dxmaell voltou sua atenção para o interior da casa. O lugar estava vazio e silencioso, sem a presença de Dhaxtha que sempre o recebia com um sorriso e uma pequena algazarra quando voltava do ministério. Não sabia onde o filho estava, mas sabia que não estava ali com ele. Não conseguia sentir-lhe a energia carinhosa que sempre o acalmava e acalentava, quando voltava de um dia cansativo. Estava sozinho. Sozinho com sua dor e seus pensamentos. Caminhou lentamente até o quarto do filho, encontrando como sempre tudo organizado e em seu devido lugar. Deixou-se cair ao lado da cama de Dhaxtha, deslizando sua mão pela cama. Se fechasse os olhos poderia ouvir a voz infantil pedindo para lhe contar mais uma história sobre a Terra. Sentia falta do seu menino. Onde quer que estivesse, certamente procurando um Kdariano digno de se tornar seu kthapan. Gostaria de conversar com ele e dizer que não precisava fazer isso, pois ele encontraria uma solução. Mas não sabia onde encontrá-lo, e não podia sair para procurá-lo, ou falar com alguém pedindo que o procurasse.
Deveria ficar confinado no silêncio de sua casa até o final da tarde de amanhã. Sem falar ou ver alguém. Além de si mesmo. Preparar-se para aceitar outro em sua vida. Tomar outro por parceiro... outro que não fosse Heero. Enxugou uma pequena lágrima, antes de levantar-se e caminhar até seu quarto, disposto a tomar um banho e deitar-se. Seriam as mais longas e angustiantes horas de sua vida. Sabia que deveria alimentar-se, mas não sentia fome ou vontade. Entrou em seu quarto, observando tudo a seu redor. Se fechasse os olhos podia ouvir Dhaxtha reclamando que ele passava muito tempo no quarto, poderia até mesmo sentir sua energia fluindo pelo aposento... sua voz pedindo para falar de Heero mais uma vez antes que fossem dormir.
"Dói tanto...".
Dxmaell deu um sorriso amargo imaginando; onde havia ido parar o comandante impiedoso das tropas kdarianas? O soldado sem alma que vivia apenas para exterminar outras raças... que se reduzira? Como pudera deixar que suas emoções controlassem sua vida dessa forma? Tudo o que aprendera, fora esquecido quando conhecera Heero e entregara a ele seu coração... quando carregara em seu ventre o fruto de seu amor...quando tomara seu filho em seus braços a primeira vez, e notou que era o retrato do que sonhara. As palavras de sua mãe dizendo para confiar em Dhaxtha, fervilhavam em sua mente, aumentando sua dor. Ele queria tanto acreditar nelas, mas não conseguia. Parecia que a esperança o havia deixado. Olhou para seu leito tristemente. Quantas noites não fantasiara de que se deitava ali com Heero, que entregavam-se ao amor que sentiam, espantando o frio cortante da solidão. Piscou os olhos lacrimejantes, notando um objeto que reluzia a meia luz sobre a cama. Caminhou até o leito, e sentou-se quando objeto projetou a imagem de Dhaxtha assim que o tocou.
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Instituto Militar – 20:45hs horário Kdariano:
Durante cerca de 2k, Aleng e Tzen ouviram o plano de Dhaxtha e todos os pontos necessários e imprencendiveis para que tivessem sucesso. Eles tinham que entender como fariam, para encontrar Heero e voltar a Nova Kdra para entrega-lo a Dxmaell no prazo pretendido por Dhaxtha. O que foi devidamente explicado pelo menino que havia sido bem claro neste ponto em questão. Eles deixariam o instituto e seguiriam diretamente para a área onde se encontrava Arphiansus III, que segundo o menino já havia sido preparada para a partida deles. As informações quanto aos sistemas, haviam sido minusiosamente explicados por Dhaxtha, de forma que poderiam pilotar Arphiansus III de olhos fechados se quisessem, mas ainda havia a questão de como encontrariam Heero. Ele poderia não estar mais no mesmo lugar que Uowans o encontrara quando fora buscá-lo no nascimento de Dhaxtha, e mesmo que o procurassem através do antigo comunicador, isso não significava que ele ainda o possuísse, ou que ainda estivesse funcionando, após dois anos sem receber a energia de Dxmaell.
- Como faremos para encontrá-lo?
Dhaxtha olhou para Aleng ao ouvir a pergunta e tocou o pulso esquerdo de seu traje, retirando um pequeno aparelho que ele mesmo inventara, escondido há poucos dias, no laboratório da escola. Já o havia testado usando a energia de pai e de seus avós como base e sabia que funcionaria. Aleng e Tzen olharam para o aparelho que não deveria ter mais do que 1 mm de espessura. Ouviram a explicação rápida do pequeno objeto, olhando surpresos para o que ele podia fazer.
- Eu separei o padrão de energia humano em meu corpo. Quando chegarmos na órbita da Terra. Vou triangular o mesmo padrão de energia, uma vez que é o mesmo padrão em uma forma mais primitiva. Como cada individuo tem um padrão especifico de energia, não será difícil encontrá-lo.
Tzen reprimiu uma risada, diante da presunção de Dhaxtha. Sabia que ele não fizera por mal, mas era estranhamente engraçado ver uma criança de dois anos, agir de forma tão presunçosa e ainda ser tão natural. Dhaxtha olhou para Tzen que murmurou um pedido de desculpas. Guardando o localizador novamente no traje, terminou de expor seus planos. O mesmo consistia em partir, encontrar Heero e voltar. Aleng e Tzen ouviram com atenção o que Dhaxtha dizia, aceitando o plano sem restrição, uma vez que não viam nenhum problema em seguí-lo a risca. O menino havia pensado em tudo. Sua percepção estratégica era brilhante e simples. Ele havia analisado todos os pontos. Procurando prever qualquer imprevisto. Eles se olharam e sorriram. O menino era sem dúvida filho de Dxmaell; embora mais impulsivo que o amigo, mas quem poderia culpá-lo? Se tudo o que fazia era para a felicidade do pai? Ignorando o olhar que Aleng e Tzen lhe lançavam, Dhaxtha continuou a falar, obrigando os dois kdarianos a concentrarem-se no que dizia.
- Acho que devemos ir. Papai já deve ter retornado para casa e se quisermos voltar no tempo previsto temos que partir imediatemente.
Tzen ainda tinha uma dúvida. Quanto ao fato de ainda não terem ouvido qualquer pronunciamento do ministério, quanto ao novo parceiro do governante de Nova Kdra. Uma vez que era comum eles o fazerem antes do inicio da estação de Liphian, na verdade o anúncio deveria ocorrer até o final do dia se não estava enganado. Corriam o risco de quando voltarem Dxmaell já estar casado.
- Mas e quanto ao ministério? Eles podem querer escolher um parceiro para Dxmaell.
O olhar de Dhaxtha fraquejou por alguns segundos, tornando-se triste, obrigando-o a abaixar a cabeça, o que não passou desapercebido por eles. No entanto, quando o menino ergueu-a novamente seus olhos já demonstravam a mesma frieza com que Dxmaell enfrentava decisões dificieis.
- Já tomei providências quanto a isso. O ministério aguardará até o final da tarde de amanhã.
Tzen estranhou a resposta e segurou o braço de Dhaxtha, impedindo-o de ir.
- O que você fez Dhaxtha?
Dhaxtha arqueou as sombracelhas levemente e olhou para a mão de Tzen em seu braço, colocando a sua mão sobre a do Kdariano dando-lhe um sorriso triste ao lembrar-se da dor nos olhos do pai.
- O que tinha que fazer para garantir a felicidade de minha casa.
- O quê exatamente?
Aleng ajoelhou-se na frente do menino, que mordia o canto do lábio. Podiam notar que o que quer que houvesse feito lhe causava tristeza e pesar. Dhaxtha respirou fundo e soltou seu braço encarando seus Akhorithons. Ao responder sua voz soou firme, sem uma única sombra de dor ou emoção.
- Fiz valer meu direito de escolha.
Aleng e Tzen levantaram-se e recuaram levemente diante da resposta, sabiam o que isso significava. Nunca poderiam imaginar que Dhaxtha pudesse realmente um dia tomar tal atitude. Apenas podiam supor o que Dxmaell estaria sentindo no momento. Sem dúvida o amigo não se daria conta da partida deles, uma vez que ficaria confinado em sua residência até o final da tarde do primeiro dia da estação de Liphian. Seus pensamentos foram cortados pela voz fria de Dhaxtha, que já se encontrava na porta aguardando-os.
- Vamos, já perdemos tempo demais.
Eles balançaram a cabeça seguindo o menino. Nada podiam fazer além de irem à Terra buscar Heero antes que findasse o prazo para a escolha do parceiro de Dxmaell. Esperavam apenas que o sofrimento de Dxmaell fosse aliviado quando este visse Heero. pois tinham certeza de que amigo não perdoaria facilmente o filho depois do que ele fizera. Se havia uma coisa que Dxmaell detestava era que comandassem seus atos e o obrigassem a fazer algo contra a sua vontade, ainda mais seu filho; a pessoa por quem ele tinha a maior confiança, por saber o que ele sentia em relação a Heero.Tinham certeza de que apenas a presença de Heero, amenizaria o impacto causado pelas ações de Dhaxtha.
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Nova Kdra 02:00hs horário Kdariano – Cidade Baixa – Casa de Dxmaell:
Dxmaell encontrava-se deitado em sua cama, olhando para o céu estrelado através da parede de energia transparente que cobria o teto. Segurava em seu peito a mensagem deixada por Dhaxtha antes de partir em busca de seu parceiro. Ouvir a voz do filho e suas palavras haviam-no confortado de certa forma.
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Dxmaell levou a mão aos lábios ao ver a projeção holográfica do filho sentado a seu lado, fechou os olhos quando a imagem tocou-lhe o rosto como se o acariciasse. Podia sentir o calor dos dedos de Dhaxtha em seu rosto. Sabia que o que via, era proveniente do objeto criado pelo filho, ele o havia mostrado uma vez na feira de ciências da escola, ainda assim sentia como se ele estivesse mesmo ali, sentado a seu lado, acariciando-lhe o rosto. Olhou dentro dos olhos da imagem e a voz suave e infantil de Dhaxtha manifestou-se.
- Papai... neste momento estou em busca daquele que deverá se tornar seu parceiro. Sei que você não esperava de mim tal atitude, e eu mesmo não sei se foi a mais certa. Mas uma vez você me disse que não há nada que eu viesse a fazer que você não pudesse perdoar. Traí sua confiança hoje eu sei..., vi isso em seus olhos quando fiz valer meu direito de escolha... mas acredite que jamais o faria sofrer... você me ensinou que a minha alegria era a sua e digo que sua alegria é a minha. Sei o quanto você sofreu ao se separar de meu Kthapan... vejo isso todas as noites quando você deixa meu quarto e ouço o som de seu pranto quando você acha que já me encontro adormecido. Vovô me disse que um menino se torna um homem, quando ele é capaz de tomar as rédeas da vida por aqueles a quem ama. Eu o amo papai, mais do que tudo... assim como amo Heero, mesmo que não me lembre dele, além do tom azul de seus olhos.
Dxmaell abaixou a cabeça chorando. Lamentava que a única lembrança que Dhaxtha tinha de Heero, fosse a dos olhos dele o olhando com carinho, poucas horas depois que havia nascido e o humano o embalara nos braços. Ergueu novamente a cabeça ao ouvir a voz de Dhaxtha parar, mediante o fato da projeção ter perdido contato com seus olhos. Assim que seus olhares se encontraram a imagem sorriu da mesma forma que se lembrava que Heero fazia quando estavam juntos, antes dela retornar a falar, transmitindo a mensagem deixada por Dhaxtha.
- Você me disse que eu teria outras lembranças dele, que o teríamos ao nosso lado para construirmos nossa casa, como ela deveria ser.
Dxmaell esticou a mão para tocar a imagem, ao vê-la parar de falar ao abaixar a cabeça procurando impedir as lágrimas. Podia sentir a tristeza de seu filho, o desejo que ele tinha de ter sua família reunida, embora ainda não entendesse como a atitude dele ajudaria. A imagem ergueu novamente o rosto, conectando seu olhar ao de Dxmaell, retornando a mensagem gravada.
- Não o estou culpando... por ele não estar conosco... apenas peço que confie em mim. Eu não o decepcionei e nem pretendo... eu prometo... papai... nossa casa crescerá como deve e não como dizem as leis de Kdra. Nós seremos uma família.
A imagem de Dhaxtha sumiu e Dxmaell abraçou o pequeno aparelho contra o peito. Não sabia o que o filho estava planejando, mas sentia que ele não o decepcionaria. Como ele mesmo dissera, ele não havia feito nada além do que era seu direito fazer, e jamais poderia julgá-lo ou condená-lo por isso.
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Dxmaell fechou os olhos cansado. Estava disposto a fazer o que precisasse para ver seu filho feliz, mesmo que tivesse que abrir mão de Heero em suas vidas. Ainda assim era impossível não se afligir por isso... nunca mais poder estar nos braços do humano, ou carregar em seu ventre outro filho dele. Fechou os olhos diante da dor, enquanto sua mente chamava por aquele que já não sabia se um dia voltaria a ver.
"Heero..."0.0.0.0.0.0.0.0
Terra – Região centro-oeste – área 06 - Sede do governo único do planeta – aproximadamente 02:45hs horário terrestre:
Heero estava a pelo menos duas horas rolando de um lado para o outro na cama sem conseguir dormir. Haviam chegado a sede do governo no horário previsto. Conversado e jantado com o governante, ficando acertado que na manhã seguinte discutiriam o projeto desenvolvido durante o jantar com os representantes dos demais povos. Entretanto não era isso o que lhe tirava o sono. Mas algo que não conseguia entender. Era quase como se estivesse deixando de fazer algo importante, ou tivesse deixado alguma coisa passar desapercebida, e que não conseguia se lembrar. Desde que chegaram sentia que a vinda deles havia sido um erro, não por causa do assunto em si que os levara até ali, mas algo mais profundo. Seus instintos lhe diziam que deveriam voltar, mesmo tendo assuntos importantes pendentes. Sentou-se na cama, olhando para o relógio de cabeceira que marcava poucos minutos para as três da manhã. Tinha que tomar uma decisão antes do amanhecer, apenas baseado no que sentia. Seus instintos nunca o haviam deixado na mão e sabia que eles não falhariam agora. Resoluto levantou-se, trocando de roupa, e pegando o vídeofone. Precisava providenciar o retorno deles a região norte o quanto antes.
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Aproximadamente 04:00hs horário terrestre - Em alguma parte da Via-Láctea:
Tzen se encontrava no comando de Arphiansus III, enquanto Dhaxtha conversava com Aleng. Eles estavam a menos de duas horas da Terra, e Dhaxtha se mostrava um pouco tenso, diante da expectativa de encontrar seu kthapan pela primeira vez. Aleng tentara fazê-lo dormir um pouco, mas o menino se recusara terminantemente. Tzen sabia o quanto Dhaxtha era teimoso, ainda mais excitado com a idéia de encontrar Heero, e entendia que o menino jamais dormiria, mesmo caindo de sono; como se encontrava. Então fazê-lo falar fôra a única solução que haviam encontrado. Mantê-lo conversando até que o sono o vencesse por fim. Já haviam falado sobre vários assuntos. O andamento dele na escola e o que faria quando Heero voltasse com eles. No momento falavam sobre o que havia impulsionado de repente a vontade de conhecer Heero. Tirando o fato da escolha de um novo parceiro para Dxmaell.
Dhaxtha pensou demoradamente em sua resposta, havia n fatores para sua inesperada decisão de ir atrás de Heero. É verdade que a principal fora motivada por causa do ministério, mas tudo havia se iniciado por causa de um livro. Um livro no museu. Na ala destinada a Terra. Lembrava-se que devorara o livro em poucas horas, e ainda se lembrava perfeitamente de cada linha escrita nele. Mas houve uma parte em especial que despertara sua vontade de ter Heero com eles em Nova Kdra. Com a voz sonolenta, contou o que o fizera reagir dessa maneira.
- Eu li em um livro humano uma vez, lá no museu...
Aleng sorriu diante do que ouviu, sabia que Dhaxtha era tão aficcionado por leitura quanto Dxmaell, talvez até mais. E não era raro ver o menino com um livro diferente em mãos cada vez que o encontrava.
- Nele o escritor dizia que todo o ato feito de coração é capaz de realizar grandes feitos. Não importa o que se tenha que enfrentar. Que alguns sonhos, são impossíveis apenas porque não se tenta alcançá-los.
Tzen olhou de relance para seu sthorikhoa e sorriu. Sabia o quanto Dhaxtha gostava de ler e visitar o museu, principalmente a ala destinada ao planeta Terra. Ele era capaz de ficar horas lá. Lendo e aprendendo cada mínimo detalhe sobre o planeta azul do outro lado do universo. Já havia perdido a conta, das vezes que Dxmaell saíra preocupado atrás do filho, para encontrá-lo devorando cada linha dos livros humanos. Se não no museu, na enorme biblioteca pública, erguida no coração da região onde o menino morava. Ainda assim, Dhaxtha não havia aprendido o básico, de que a vida não é como nos livros. E que todo ato gera uma conseqüência, boa ou ruim.
- Mas todo ato tem uma conseqüência Dhaxtha. Não importa a boa vontade ou o ímpeto que se tenha ao realizá-lo .
- Estou ciente disso Akhorithons Tzen, mas estou disposto a enfrentar as conseqüências de minhas decisões se elas fizerem feliz meu governante.
- Acha que ele aprovaria suas atitudes Dhaxtha?
- Se pudesse entende-las; sim.
Tzen e Aleng se entreolharam e sorriram diante da firmeza de suas palavras. Sabiam que Dhaxtha possuía uma inteligência e percepção acima da média para uma criança kdariana. Suas atitudes e atos eram quase sempre meticulosos e eficientes, não condizentes a uma criança de dois anos. E apesar de estarem acostumados, acabavam sempre se surpreendendo. A capacidade que o menino tinha em decifrar charadas e encontrar soluções nunca antes pensadas, era tão simples para ele quanto jogar glarunq 2 com o pai.
Não sabiam ao certo o que Dhaxtha faria quando chegassem a Terra, uma vez que o menino não lhes havia revelado por completo o que diria a Heero quando o encontrasse ou o que faria se o humano não desejasse acompanhá-los. Apenas dissera que não retornaria a Nova Kdra sem Heero. Não acreditavam que ele tomasse alguma atitude drástica. Pelo menos não mais do que a de roubar Arphiansus III, fazer valer seu direito de escolha e partir sem permissão de Dxmaell. Não era o que desejavam, tomar uma atitude drástica e precisavam pensar em uma maneira de conter Dhaxtha caso fosse necessário, afinal não se podia descartar a possibilidade de que Heero houvesse desistido de esperar por Dxmaell. Eles mesmo tinham receio se encontrariam os outros dois humanos livres para partirem com eles para Nova Kdra, uma vez que a despedida de ambos, havia sido algo definitivo na época. Ainda assim não podiam duvidar de que Dhaxtha faria o que achasse necessário. Pelo menos no que se referia a Heero. Uma vez que o menino não conseguia controlar os sentimentos perfeitamente, quando o assunto em questão eram os pais.
Ainda se lembravam do episódio em que Dhaxtha quase destruíra a escola civil, ao perder completamente o controle de sua energia, simplesmente pelo fato de um dos colegas ter comentado algo sobre o humano, que o desagradara. Apenas quando Dxmaell apareceu na escola e simplesmente absorveu a energia do filho deixando-o semi-inconsciente fôra possível conter Dhaxtha, que ficara afastado durante uma semana, até que a vontade de ferir o outro menino passasse completamente. Ainda assim sabiam que Dhaxtha não havia esquecido o episodio por completo. E talvez esse também fosse um dos motivos que o levara a pensar sobre a ausência de Heero e a necessidade de tê-lo próximo como tinha a de Dxmaell. Aleng tocou o rosto de Dhaxtha sorrindo, diante de tanta determinação e inocência.
- Tenho certeza de que ele entenderá Dhaxtha
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Órbita da Terra – 06:30hs horário terrestre:
Aleng olhou para a figura de Dhaxtha encolhida no assento, o menino acabara adormecendo ali mesmo enquanto conversavam. Tzen havia ajustado a temperatura da cabide de forma a deixá-la mais confortável, bem como reprogramara o assento para que ele acomodasse melhor a forma adormecida de Dhaxtha. Estavam cerca de 1k e 30kr além do cronograma previsto, tudo porque encontraram com uma centena de meteoros e metoritos em seu caminho. Eles tiveram de desviar deles rapidamdente, bem como destruir alguns que tinham quase vinte vezes o dobro do tamanho da nave. Temiam que Dhaxtha acordasse durante as manobras evasivas, mas o menino nem ao menos se mexera. A verdade era que quase não se sentira as manobras bruscas que Aleng fizera para se desviar dos meteoros e meteoritos, enquanto Tzen assumira o controle das armas. Entretanto eles tinham agora um outro problema a resolver.
Eles haviam esquecido por completo que haviam deixado em andamento o sistema de um escudo de energia ao redor de todo o planeta. Pelas análises feitas pela nave, os sistemas de alimentação do escudo eram Arianos, com algumas alterações. Infelizmente o único entre eles que tinha total domínio sobre a tecnologia Ariana era Dxmaell. Eles haviam aprendido um pouco da tecnologia, mas não a dominavam perfeitamente e sabiam que qualquer erro, poderia comprometer toda a operação. Sabia que o escudo trabalhava para impedir a entrada de qualquer objeto externo, tanto que os fragmentos dos meteroros e meteoritos destruídos por Arphiansus III assim que se chocavam com o escudo eram imediatamente destruídos. E tinham certeza de que não seria diferente com a nave, caso ela se aproximasse do planeta. Além do que ela seria detectada pelos radares humanos. Que pelo que se lembravam haviam sido modificados e aperfeiçoados para obterem leituras e identificarem naves alienígenas de outros objetos como rochas, meteoros, satélites ou detritos espaciais.
- Tzen o que faremos?. Se tentarmos desativar o escudo, eles saberão que estamos aqui e podem tomar nossa atitude como um ato hostil. E não podemos simplesmente fazer contato dizendo o que viemos fazer.
- Ainda não sei Aleng, mas não viemos até aqui para desistir.
- Eu sei que não.
Os dois se calaram, analisando as informações que tinham. E não perceberam que Dhaxtha havia despertado. O menino olhou para a visão a sua frente e sorriu, a Terra era ainda mais bela do que imaginava. Ele esfregou os olhos sonolento, levantando-se. Podia ver a divisão dos continentes, os oceanos azuis a cobrirem quase toda a sua extensão, as nuvens brancas, em sua opinião era a imagem mais perfeita que já vira depois de Nova Kdra. Notou seus Akhorithons pareciam discutir algo e se aproximou deles, verificando em seu traje que estavam fora do horário previsto para encontrarem Heero.
- O que houve Akhorithons Aleng e Tzen?.
Tzen e Aleng se viraram ao ouvirem a voz de Dhaxtha, o menino se aproximou e olhou para as leituras que eles verificavam fazendo a sonolência dispersar rapidamente a medida em que analisava os dados. Sem que os dois lhe dissessem algo, o menino descobriu o que se passava rapidamente. Não era um sistema difícil de ser quebrado, mas levaria algum tempo para faze-lo. Pelo olhar de Dhaxtha, Tzen e Aleng sabiam que ele entendia a situação atual. De que não poderiam simplesmente entrar na atmosfera da Terra com a nave. Teriam que encontrar outro meio.
- É possível desligar os escudos...
- Não podemos simplesmente fazer isso Dhaxtha. Seria como declarar uma nova guerra, e não queremos isso.
Dhaxtha torceu os lábios aborrecido, não queria saber disso, queria era encontrar Heero o quanto antes. Já estavam atrasados e se tentassem burlar os sistemas abrindo uma brecha no escudo para poderem entrar isso demoraria muito além do que estava disposto a fazer. Pelo semblante de Dhaxtha, Tzen já sabia que ele não estava disposto a simplesmente contornar a situação de outra forma, mas era necessário fazê-lo enxergar a questão de outro prisma.
- Dhaxtha não podemos simplesmente desativar os escudos e entrar, ainda mais quando fazem apenas dois anos que os humanos se libertaram da nossa opressão. Do ponto de vista militar, como acha que eles encarariam nossos atos.?
Dhaxtha olhou para Tzen relutante. Sabia que seria considerado um ato hostil, ainda mais não se tendo feito nenhum contato.
- Um ato de guerra.
Tzen sorriu diante da resposta, sabia que Dhaxtha entenderia ao analisar friamente a questão deixando de lado seu coração. Dhaxtha sentou-se junto a Aleng e Tzen, analisando os dados colhidos pelos sistemas da nave. Era possível uma intervenção na energia do escudo, mas isso levaria quase duas horas, uma vez que teria que modificar os sistemas Arphiansus III para ter o mesmo padrão de leitura do escudo de energia e assim poder atravessá-lo como se fosse uma extensão ou anomalia dos sistemas de defesa do escudo. Sem levar em conta, que o escudo poderia tentar reparar a anomalia e acabar destruindo-os.
Dhaxtha tocou o painel de Arphiansus III, que se estendeu a frente dos três, como uma projeção em 3D. Com ambas as mãos,abriu um teclado virtual, reproduzindo o sistema do escudo a frente deles. Aleng deu um meio sorriso, diante da rapidez e precisão com que Dhaxtha coletava as informações. Ele havia avançado três níveis nos sistemas de informações dos escudos terrestres em poucos instantes. Dhaxtha encontrou o que procurava e expôs o esquema dos escudos, explicando o que achava que seria necessário para que pudessem passar.
- Os sistemas deles é baseado na tecnologia Ariana, mas eles a modificaram, apesar de serem uma raça pouco avançada, devo dizer que fizeram alterações interessantes e eficientes.
Tzen não pode impedir um sorriso diante das palavras de Dhaxtha, novamente ele havia soado petulante e era impossível não rir. Infelizmente o menino não pareceu pensar dessa forma, uma vez que sua expressão quando o ouviu foi bastante clara. Dhaxtha parou ao ouvir a risada de Tzen, não havia dito nada engraçado para que ele risse do que dizia. Pelo que sabia os humanos não era avançados tecnologicamente, eles ainda estavam muito atrás dos Arianos e Kdarianos. Tudo que eles haviam feito a seu ver era ter pego a tecnologia Ariana que seu povo havia dado antes de partirem e a modificado um pouco. Havia sido uma modificação brilhante, admitia isso, mas nada tão fantástico. Aleng pigarreou refreando uma risada, antes de pedir que Dhaxtha continuasse. O menino tinha um péssimo humor quando acordava e ainda mais agora com esse obstáculo.
- Continue Dhaxtha.
Dhaxtha olhou para Aleng e voltou sua atenção a projeção, demonstrando seu plano.
- O sistema de escudos possuí exatamente quatro pontos refletores móveis e um fixo. Quatro ao redor do planeta e um em terra. Os quatro pontos ao redor da Terra, possuem seis conectores cada um, sendo todos eles móveis. O ponto fixo envia um facho de energia a um dos pontos que remete o facho aos outros três que se ligam aos conectores distribuindo a energia e criando uma malha ao redor do planeta. Os conectores giram a cada 0,5 segundo e a cada meia hora os refletores ao redor da Terra se move de forma que ao completarem 12 horas, cada refletor percorre ¼ de ciclo ocupando assim o lugar do outro refletor anterior. Ao final de 48 horas cada refletor percorre um ciclo completo.
Dhaxtha tocou em um dos conectores, fazendo a imagem se aproximar.
- Teremos que fazer duas coisas. Primeiro alterar o padrão de leitura da Arphiansus III, para que ela se torne igual a leitura de energia do escudo ao redor da Terra. Segundo, teremos que alterar o tamanho de onda da energia emetida por este conector, de forma que possamos criar uma brecha nele e passarmos.
- Mas eles não vão notar que a densidade deste conector está baixa?.
- Talvez, mas não temos escolha. Temos que diminuir a onda de energia emetida por este conector, senão a nave não conseguir passar através do escudo levantado. No entanto teremos pouco tempo para atravessar antes que o conector mude de posição e sejamos atingidos por uma das ondas de energia emanadas pelo novo conector e...
- Quanto tempo?
- Os conectores alteram sua posição de forma aleatória a cada 0,5 segundo, então teremos alguns milésimos de segundos para atravessar o escudo antes que os sistemas de defesa reagam a nossa presença.
Tzen analisou os fatos apresentados por Dhaxtha, realmente era a única solução no momento. Quanto a atravessassem a nave completamente pela brecha em pouquíssimo tempo, seria um problema. Eles teriam que injetar mais energia nos propulsores de forma a aumentar a velocidade em milésimos de segundos e isso poderia comprometer o escudo uma vez que injetariam uma soma de energia dentro da malha de energia a envolver o planeta.
- Corremos o risco de danificar a malha de energia neste ponto. Porque a energia liberada pelos propulsores, não pode ser modificada, e ela será diferente a leitura de energia a envolver o escudo da Terra e a Arphiansus III.
Dhaxtha sabia que isso seria um problema, mas era a única alternativa viável no momento, não tinha tempo para pensar em outra solução.
- Eu sei, mas não vejo outra alternativa no momento. Tentar uma outra alternativa iria necessitar de um tempo que não dispomos.
- Aleng?
Aleng analisou os dados novamente, não queria fazer algo correndo o risco de prejudicar o escudo que envolvia o planeta. Eles não haviam lutado tanto para libertar a Terra para depois vir a prejudica-la colocando-a em perigo novamente. Sabia que havia uma outra maneira que ainda não haviam notado. Dhaxtha bufou e tomou os dados das mãos de Aleng que o olhou surpreso. O menino sentou-se e começou a manipular os dados novamente com rapidez e precisão, se eles faziam tanta questão assim de não danificar os escudos humanos ele encontraria uma forma. Tzen e Aleng olharam-se, dando um ao outro um suave e imperceptível sorriso diante do gesto. Eles se afastaram deixando-o sozinho para prepararem a nave para que pudessem utilizar o sistema do portal dimensional, uma vez que pelo decorrer de tempo agora seria a única forma de voltarem a tempo a Nova Kdra.
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Nova Kdra – Cidade Baixa – Casa de Dxmaell – 07:20hs horário Kdariano:
Dxmaell encontrava-se deitado, não havia pregado o olho durante toda a noite e não tinha ânimo para se levantar. Já havia perdido a conta de quantas vezes assistira a mensagem deixada por Dhaxtha, apenas para ouvir a voz do filho. Em algumas horas, ele seria apresentado a seu novo parceiro. Uniria sua vida a ele até que um deles morresse. Uma união por toda a vida. Teria um outro filho, que seria inteiramente Kdariano ou meio Ariano, não mais humano. Ele respirou fundo refreando as lágrimas que começavam a se formar. Durante a madrugada havia tomado uma decisão, de que não voltaria a chorar, não importasse o que o destino lhe reservara. Ele seria forte por Dhaxtha que estava se empenhando em faze-lo feliz. Tivera toda a noite para entender a atitude do filho e sabia que se fosse ele em seu lugar, certamente faria o mesmo. Não eram muito diferentes, quando o assunto era o amor, ambos se deixavam levar por ele, mesmo que Dhaxtha ainda não compreendesse perfeitamente tal sentimento, ele existia dentro de seu filho e ditava a maioria de seus atos.
Durante a noite procurara focar sua atenção na energia de Dhaxtha, mas não a encontrara em nenhum lugar, havia recebido a visita de um dos ministros que havia sido informado por um dos guardas. Sendo repreendido de que não deveria usar sua energia para localizar seu filho e que não deveria saber dos passos de Dhaxtha porque essa era a lei. Permanecer em silêncio e quieto essa eram as regras. Preparar-se para o ritual nupcial, entregando-se de corpo e mente, a seu novo parceiro.
"Parceiro...essa palavra nunca me pareceu tão desagradável como agora. Como posso me concentrar em algo que não desejo fazer de forma alguma?...eu seria capaz de passar por isso, se não o houvesse conhecido e me apaixonado. Seria capaz de entregar minha alma a um completo estranho, apenas por dever, mas não agora. Não quando meu corpo e minha alma clamam por ele. Não quando desfrutei do prazer de sua presença, e de seus toques. Não quando o nome dele se encontra gravado em meu peito. Não quando tenho um filho que se parece tanto com ele."
- Como posso abrir mão de minha vida, mesmo que seja o certo a se fazer.?
Dxmaell sentou-se, olhando para o céu que começava a adquirir tons de um amarelado suave. Colocou o rosto entre as mãos, fazendo os fios de seu cabelo caírem por seus ombros cobrindo-lhe a face. Seria um longo dia, até que o momento de conhecer seu parceiro chegasse. Precisava fazer algo para ocupar sua mente, ou acabaria destruindo sua própria casa... ou algo muito pior.
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Superfície da Terra - aproximadamente 08:30 hs horário terrestre:
Dhaxtha olhava para o pequeno aparelho em suas mãos, pelas coordenadas passadas, seu kthapan se encontrava a algumas horas de distância deles, mas vinha em sua direção. Olhou para Tzen que o havia levado para última localização que sabiam de Heero na Terra. Dhaxtha ignorou os olhares de algumas pessoas que os observavam com curiosidade, eles vestiam roupas humanas de forma a passarem despercebidos pelos terráqueos. Seus trajes estavam adaptados a mudarem de acordo com as especificações introduzidas no sistema. Olhou para Tzen que vestia uma calça preta, um blazer e sapatos da mesma cor e uma blusa de mangas compridas da cor verde clara com alguns botões abertos. Olhou para a própria roupa, uma escolha feita por seus Akhorithons, que consistia de um macacão jeans escuro e uma blusa branca de gola e sem mangas e uma bota na cor preta. Sentia-se um tanto quanto estranho usando as roupas humanas, mas considerava uma experiência agradável, imaginando se seria dessa forma que viveria se fosse possível a permanência de seu pai na Terra.
Enquanto aguardavam Aleng retornar do outro conjunto de prédios, atrás do outro humano, Dhaxtha olhou para o céu lembrando-se de como tudo havia acontecido de forma tão inesperada. Ele não contava com os escudos ao redor do planeta, senão teria arquitetado um outro plano de forma que não houvessem perdido tanto tempo. Haviam conseguido passar pelos escudos a alguns minutos, e tudo ocorreu de forma satisfatória a todos, uma vez que não houve nenhuma alteração no fluxo de energia emitido pelos conectores e não tiveram que alterar a leitura de energia da nave. Não havia sido um trabalho rápido, mas tinha que reconhecer que havia sido interessante burlar os sistemas e redirecionar a energia sem que isso alertasse os sistemas de defesa do escudo.
A pessoa que havia alterado os sistemas, tinha seu total respeito, pois havia sido um trabalho feito por alguém que certamente havia dedicado tempo para entender os sistemas e a linguagem Ariana. Mas agora se encontravam com outro problema. Viu seu Akhorithons Aleng se aproximando, e analisou a forma como ele se vestira. Ele optara por uma calça da cor branca, sapatos da mesma cor e uma blusa de mangas compridas enroladas até a altura dos cotovelos da cor marrom. Aleng se aproximnou do grupo, um tanto quanto chateado, por não encontrar Trowa no prédio onde ele morava. Por outro lado sentiasse feliz em saber que o moreno ainda residia no mesmo local, embora a mulher que lhe dera a informação não sabia dizer onde o mesmo se encontrava. Tzen olhou para Aleng que sacudiu a cabeça informando que o outro humano também não se encontrava em sua residência que ficava apenas a alguns blocos antes do qual morava Heero. Dhaxtha olhou para seus Akhorithons e depois para o aparelho que segurava, informando a atual posição de Heero.
- Ele vem em nossa direção, mas em sua atual velocidade levará pelo menos duas a três horas para chegar a nossa posição.
- O que você prefere fazer Dhaxtha?
O menino ponderou durante alguns instantes, olhando para o cronômetro que marcava o tempo que ainda tinham para voltar a Nova Kdra. Sua vontade era a de pegar Arphiansus III e ir atrás de seu Kthapan, o que levariam menos de cinco minutos terrestres para isso, mas ainda tinham que encontrar os outros dois humanos, por quem seus Akhorithons vieram, e seria injusto ir atrás de seu kthapan uma vez que ele parecia vir para a região onde estavam.
- Não seria lógico irmos até ele e depois retornarmos a esse setor. Vocês vieram buscar alguém, acho que seria melhor vê-los e depois voltarmos aqui.
Aleng sorriu diante da atitude de Dhaxtha. Sabia que seu Sthorikhoa estava mais do que disposto a ir atrás de Heero, mesmo assim conseguia pensar de forma lógica e entender que poderiam procurar por Trowa e Wufei antes de encontrarem Heero, uma vez que ele parecia estar encaminhando-se para o setor onde estavam.
- Concordo com Dhaxtha. Trowa não se encontra então acho que devemos procurar por Wufei, foi por ele que você veio não é Tzen?
Tzen deu um meio sorriso e meneou a cabeça em acordo. Aleng e Dxmaell eram os únicos que sabiam de seus sentimentos em relação ao humano, e a expectativa de reencontrá-lo, alegrava-o e o deixava apreensivo ao mesmo tempo. Ignorando por completo o que Tzen sentia, o menino guardou o aparelho, tendo o cuidado de programá-lo para que o avisasse quando a energia de Heero se encontrasse num raio de 20 km de onde se encontrassem ou se a distância aumentasse em relação a distância atual.
- Sabe onde encontrá-lo Akhorithons Tzen?
- Se me lembro bem ele morava na área 11, desta mesma região. Podemos verificar lá.
- Está bem. Como chegaremos lá?
- Tzen havia um campo de pouso desativado, próxima a essa área não é?
- Sim, se é que ele ainda existe.
- Não custa tentarmos. Voltamos a Arphiansus III e partimos para a área 11 .
- Está bem vamos.
Os três voltaram ao local onde haviam deixado a nave. Uma construção abandonada, escondida atrás de uma pequena área coberta por árvores, a poucos metros do edifícios humanos. Tzen sentou-se na direção dos controles, fazendo a nave se dirigir as coordenadas que se lembrava de onde ficava o campo de pouso na área 11. Em poucos segundos chegaram ao local onde felizmente o campo desativado ainda se encontrava, embora houvessem cercado todo o local informando que algum tipo de construção seria erguida ali. Tzen aterrisou a nave tendo o cuidado de verificar o perímetro, certificando-se de que não havia a presença de humanos ao redor. Deixaram a nave, acionando o escudo e a camuflagem ao deixá-la. Fizeram uma abertura na cerca, atravessando-a, e seguindo na direção que Tzen indicava ficar a residência do humano. Podia ver ao longe o conjunto de edifícios muito parecidos com os que tinham acabado de deixar para trás. Tzen se permitiu sorrir ao pensar que estaria vendo o humano em poucos instantes.
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Em alguma parte sobre a região centro-oeste – aproximadamente 08:45 hs.
Trowa olhava para Heero que mantinha os olhos fechados. Eles haviam deixado a sede do governo a alguns minutos, e estavam retornando a região onde moravam. Ficara surpreso ao ser acordado pelo japonês no meio da madrugada o informando que estavam voltando. A explicação dada pelo amigo não fora questionada, uma vez que também sentia a estranha sensação de que deveriam retornar. Mesmo agora quando já se encontravam a caminho não conseguia relaxar, e sabia que Heero, apesar de manter-se calado e de olhos fechados também estava longe de encontrar-se relaxado. Olhou para as nuvens através da janela do transporte. Não queria admitir, mas quando haviam partido na noite anterior, era como se estivesse deixando algo importante para trás, e agora que retornava era como se estivesse indo buscar o que deixara e isso de certa forma o acalentava e dava-lhe esperanças. De quê ele ainda não sabia, mas sentia que algo estava para acontecer com eles, algo que pareciam ansiar a muito tempo.
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Área 11 – aproximadamente 09:15hs:
Tzen parou diante da porta do apartamento onde Wufei estaria morando com a filha. Haviam levado algum tempo para localizar o endereço, uma vez que o humano havia mudado de bloco a alguns meses. Toda a coragem que sentia parecia ter se esvaído completamente ao encarar a porta. Aleng entendia a apreensão do amigo, mas Dhaxtha não parecia pensar da mesma forma. Ele havia cruzado galáxias inteiras para chegarem ali, e não havia sido para depois ficar parado encarando uma porta branca durante quase cinco minutos.
- Ele não vai saber que está aqui se não se manifestar.
Tzen olhou para Dhaxtha e sorriu levemente diante da verdade das palavras malcriadas de seu Sthorikhoa. O menino tinha razão. Tudo o que tinha que fazer era bater na porta e descobrir se o humano ainda pensava nele, e se estava disposto a partir com ele. Ainda assim, o simples gesto era difícil. Respirou fundo e estava prestes a bater na porta quando a voz de uma mulher junto a eles o fez parar.
- Posso ajudá-los?
Sally olhou com curiosidade para os dois homens e o menino que os acompanhava. Ficara surpresa ao vê-los parados diante da porta, aguardando algo. Imaginou que estivessem perdidos ou algo parecido. Notou que eram atraentes. Mesmo o menino de olhar sério para alguém de aparentemente dois a três anos de idade, entretanto o mais alto foi o que lhe chamou mais a atenção. Não apenas pela beleza clássica, mas pelo ar elegante e ao mesmo tempo perigoso, escondido por uma cordialidade que não costumava ver nos homens e parecia rodeá-lo de uma forma suave e natural.
- Viemos ver Chang Wufei.
- Ah! Que coincidência então. Eu sou Sally Po.
Aleng olhou para o rosto de Tzen notando que o amigo ficara repentinamente calado, e seu olhar estreitar-se ao ouvir a mulher dizer que viera ver Wufei. Podia imaginar o que se passava em sua mente. A humana era atraente. Com os cabelos loiros e cacheados nas pontas a caírem por sobre os ombros, dando lhe um ar jovial, apesar da aparente idade. Ele sorriu e aproximou-se da humana estendendo a mão, cumprimentando-a e aprensentando a si e os outros.
- Muito prazer, eu me chamo Aleng Rawner e estes são Tzen Kshda e Dhaxtha.
Sally sorriu e aceitou o cumprimento do loiro. Tzen pareceu sair do torpor que o envolvera e tomou a mão da mulher entre a sua, beijando de forma cortês o que a fez enrusbecer imediatamente. Ela tinha certeza de que já havia ouvido o nome dele, mas não conseguia se lembrar. Ficara apreensiva quando Tzen se calara ao dizer que viera ver Wufei como eles. Na verdade ela não viera vê-lo, mas sim pegar Meilin para passearem, como haviam marcado na noite anterior, quando deixaram a lanchonete, e Wufei educadamente a deixou em casa. Por algum motivo sentia-se ameaçada pela presença do homem que ainda segurava sua mão e a olhava de forma estranha. A porta da casa do chinês abriu e ela puxou a mão ao ouvir a voz da filha de Wufei.
- Sally! Eu sabia que era você, pude ouvir sua voz... mas papai...
Meilin parou o que dizia ao ver o homem que encontrava-se próximo a Sally. Era ele. Tinha quase certeza. Apesar dele parecer um pouco mais velho. Tzen notou a surpresa nos olhos da menina e soube que ela o havia reconhecido. Meneou a cabeça ligeiramente, cumprimentando a menina que recuou um passo, olhando instintivamente para Sally que notara que esta parecia surpresa com a presença dele.
- Meilin quantas vezes terei que dizer para não...
Wufei ficou mudo ao notar quem estava parado a porta. Ele levou a mão ao peito ao ver o Kdariano sorrir e aproximar-se, falando-lhe suavemente.
- É bom vê-lo novamente Wufei.
- Tzen!
Tzen ouvir Wufei murmurrar seu nome com suavidade. Podia ver a surpresa em seus olhos, assim como uma outra emoção. Viu o olhar que ele lançou a humana que sorriu tristemente, antes de afastar-se. Wufei viu Sally sorrir e virar-se para ir embora e antes que pudesse se impedir viu-se chamando o nome dela impedindo-a de ir.
- Sally!
Meilin olhou para o pai e os outros três que o observavam, ela abriu mais a porta convidando-os silenciosamente a entrar. Podia notar pelo olhar do Kdariano que a presença de Sally o entristecera. Ela esperava apenas que tudo pudesse ser resolvido. Tzen entrou na casa do humano, sem saber o que fazer. Se ia embora ou se aguardava. Sentara-se no lugar indicado pela menina que os observava em silêncio. Desejava-lhe fazer algumas perguntas, mas não sabia se queria ouvir as respostas. Fora evidente a seus olhos que a mulher nutria sentimentos em relação a Wufei, mas não sabia se ele a correspondia, apesar dele ter impedido que ela se fosseembora.
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Wufei ficou olhando para Sally sem saber o que dizer. Não esperava encontrar Tzen parado a sua porta. Os dois nunca haviam discutido sobre o Kdariano, mas sabia que ela entendera a situação assim que eles se encontraram frente a frente. Sally tocou o rosto de Wufei com carinho. Jamais teria imaginado que o motivo dele não poder corresponder a seus sentimentos era por causa de um Kdariano. Agora se lembrava dele. Havia sido ele quem devolvera Meilin a Wufei, quando eles a salvaram. Deveria ter notado a forma como Wufei falava o nome do Kdariano, a maneira que seus olhos se transformavam cada vez que dizia sem nome. No início achara que se devia ao fato dele ser grato por ele ter-lhe resgatado a filha, mas agora via que não era isso. Pelo olhar do Kdariano ao vê-lo, sabia que ele o amava de uma forma que talvez ela jamais o faria, e não seria justo ficar entre eles.
- Volte para ele Wufei.
- Sally eu...
- Não diga nada. Você nunca me enganou ou demonstrou qualquer sinal quanto a corresponder o que sinto. De alguma forma você esperava por ele.
- Eu nunca pensei que voltaria a vê-lo... e eu estava disposto a...
Sally calou Wufei com os dedos sobre seus lábios. Este tomou a mão dela entre as suas, olhando com pesar para a lágrimas que caiam dos olhos dela.
- Não diga nada. O fato dele ter vindo deve significar alguma coisa, e se vocês tem a chance de ficarem juntos agarre-a com todas as forças.
Sally beijou suavemente os lábios de Wufei antes de deixá-lo para trás. Sabia que era a coisa certa a se fazer. Jamais poderia competir com o Kdariano, que parecia ter retornado apenas para vê-lo novamente. O chinês viu a mulher sumir pelo corredor, e respirou fundo antes de voltar a seu apartamento.
A cena que encontrou ao chegar era estranha. Sua filha se encontrava sentada no sofá ao lado de um menino de aproximadamente dois a três anos de idade, enquanto o Kdariano loiro que julgava ser Aleng e Tzen, encontravam-se de pé do outro lado. Assim que entrou e fechou a porta todos voltaram a cabeça em sua direção. Tzen ficou feliz ao ver o humano retornara sozinho, ainda assim não podia ignorar o fato de que talvez ele tivesse algum tipo de relação com a mulher que encontraram a pouco. Ficaram encarando-se por alguns longos minutos, até que Dhaxtha se pronunciou, quando o aparelho rastreador indicou que Heero se encontrava a apenas 5 km de onde se encontravam. Não tinham tempo a perder. Ele estava ali, então porque não falava logo o que queria? ouviriam a resposta, o arrastavam com eles mesmo assim ou o deixavam ali.
- Tzen ou você pede a ele para vir conosco ou vamos embora. Meu kthapan se aproxima e ainda temos que encontrar o humano de Aleng.
- Dhaxtha!
Wufei olhou para o menino que havia se manifestado. Se não estava enganado ele havia falado em Kdariano, e logo depois Aleng o olhara de forma repreensiva e dissera um nome. O nome pelo que sabia era do filho de Heero. Ele olhou atentamente para o menino pela primeira vez, notando os traços asiáticos, assim como a expressão séria quando o amigo se encontrava aborrecido. Mas foi sua filha que o fez atentar para a cor dos olhos da mesma tonalidade do amigo japonês.
- Papai, ele tem a mesma cor dos olhos do tio Heero.
Dhaxtha olhou para a menina e depois para o humano que o encarava surpreso. Mesmo aborrecido por ser repreendido, ele levantou-se e apresentou-se ao humano da maneira como fora ensinado por seu pai e na língua usada pelo humano.
- Eu sou Dhaxtha Yuy da casa de Klaryos. Filho de Heero Yuy e Dxmaell Klaryos governante de Nova Kdra.
- Filho de Heero!
Dhaxtha meneou a cabeça em acordo, ignorando o olhar de surpresa do humano, e sentando-se novamente, olhando diretamente para Tzen, esperando que ele fizesse de uma vez o que havia vindo fazer. Tzen olhou para o menino e deu um meio sorriso antes de se aproximar de Wufei parando a apenas poucos centímetros dele.
- Dhaxtha veio buscar Heero, para que ele possa casar-se com Dxmaell. E... eu... vim para saber se não deseja vir comigo para meu planeta?
- Ir! Com você?
Tzen diminuiu a distância entre eles tocando o rosto de Wufei que fechou os olhos. A caricia e as palavras ditas pelo Kdariano que permeava seus sonhos.
- Sim Wufei... eu vim para buscá-lo. Não houve um só dia em que meu coração não desejasse encontrá-lo novamente.
- Tzen... eu...
- Diga que você e sua filha voltarão conosco.
Wufei abriu os olhos e olhou para sua filha que lhe sorria e balançava a cabeça em acordo. Ela sabia o quanto ele amava o Kdariano, e ficara feliz em saber que Tzen também amava seu pai da mesma forma, uma vez que retornara para buscá-lo. Dhaxtha levantou-se e se afastou diante da cena. Sua mente se perguntava se seu pai agiria da mesma forma quando visse Heero. Via nos olhos de seu Akhorithons e do humano o mesmo brilho que iluminava os olhos de seu pai, cada vez que ele falava do humano ou observava a foto que tinha dele. Era o mesmo sentimento que havia entre os dois. Dhaxtha deu um pequeno sorriso ao ver o humano abraçar seu Akhorithons e sacudir a cabeça afirmando que iria com eles para Nova Kdra. Olhou para Aleng que também sorria. Pelo visto a volta para casa seria acompanhada de novos passageiros.
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Nova Kdra – Cidade Baixa – Casa de Dxmaell – 10:00 hs horário Kdariano:
Dxmaell se encontrava deitado no chão da sala de treinamento em sua casa. Havia treinado desde o horário que resolvera deixar o quarto, disposto a encontrar algo que mantivesse sua mente ocupada e havia conseguido. Por quase três horas ele estravazara sua raiva e frustração num combate corporal com um dos andróides de batalha. Olhou para a pilha que havia se formado em um canto. Teria que mandar retirarem os destroços mais tarde. Havia destruído mais andorides do que imaginara, mas sentia-se mais leve depois do esforço.
- Eu preciso de um banho
Dxmaell enxugou o rosto com a toalha. Prendêra o cabelo no alto da cabeça, uma vez que boa parte dele havia se soltado da trança durante a luta. Olhou para os poucos cortes provenientes de seu descuido, analisando se necessitariam de cuidados especiais. Decidiu por tomar um banho e deixar como estava, não eram profundos o suficiente para representarem algum problema. Tomaria banho e deixaria que a água limpasse os ferimentos, aplicando apenas algum remédio para evitar que infeccionassem. Talvez se alimentasse um pouco, uma vez que não comêra nada desde a tarde do dia anterior. Quando se dirigia ao quarto ouviu o som da campainha e caminhou até a porta para ver quem era, surpreendeu-se ao ver o ministro Trephetly e mais duas mulheres. Abriu a porta, permitindo que entrassem. O ministro e duas mulheres se curvaram diante de sua presença, enquanto ele meneou a cabeça indicando que o seguissem. Ao chegarem na sala, Dxmaell indicou que se sentassem ignorando o olhar deles diante do sangue que escorria de seus ferimentos.
- Estou supreso com sua presença Trephetly.
Trephetly notou que Dxmaell fazia questão de ignorar o fato de que o corte em seu braço sangrava um pouco, bem como o pequeno machucado na altura do peito. Ele pigarreou um pouco procurando igonrar tal fato, tratando do assunto que o trouxera ali.
- Peço que me perdoe por não comunica-lo de minha vinda, na verdade deveria ser Vernthyr quem deveria vir vê-lo, mas pedi para vir em seu lugar.
Dxmaell olhou para o ministro de forma confusa, até que ele se manifestou novamente clareando sua mente quanto sua vinda.
- É necessário tirar suas medidas para a confecção do traje cerimonial senhor.
- Ah!... claro... acho que... preciso de um banho antes.
- Perfeitamente senhor.
Dxmaell sorriu e caminhou em direção a seu quarto. Havia se esquecido do traje cerimonial que deveria ser feito somente no dia de seu casamento, o que deveria ocorrer até o final da tarde. Entrou no chuveiro, deixando que a água limpasse o sangue, óleo e relaxasse seus músculos e sua mente. Demorou-se mais que o habitual no banho, procurando cuidar dos ferimentos antes de retornar. Ao voltar para a sala encontrou o café da manhã posto para duas pessoas. Olhou para o ministro, e sorriu ao ver que ficariam sozinhos por enquanto. Sentou-se em frente a Trephetly, degustando em silêncio a refeição; certamente preparada pelas mulheres.
- Imaginei que ainda não havia se alimentado Dxmaell.
- Obrigado Trephetly, realmente eu tencionava fazê-lo após o banho.
Dxmaell e Trephetly conversaram durante o tempo que se seguiu a refeição, não como ministro e governante, mas como amigos. Evitaram tocar sobre o assunto que o trouxera ali, até que fosse inevitável fazê-lo. Após a refeição Dxmaell deixou que as mulheres tirassem suas medidas, procurando manter sua mente vazia durante todo o processo que durou pouco mais de alguns kr. As mulheres deixaram a casa em companhia de Trephetly, que virou-se para Dxmaell antes de ir.
- Já escolheu quem você deseja, para ajudá-lo a preparar-se senhor?
Dxmaell pensou durante alguns instantes, antes de responder. Trephetly meneou a cabeça em acordo e deixou-o sozinho novamente, avisando-o de que assim que os trajes estivessem prontos ele o receberia. Dxmaell balançou a cabeça e fechou a porta, deixando-se cair no chão e afundando a cabeça entre as mãos, o nome de seu filho deixou seus lábios de forma cansada, antes que ele se obrigasse a levantar-se e se preparar mentalmente para o encontro com seu parceiro.
- Dhaxtha...
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Terra - aproximadamente 10:30 hs horário terrestre:
Dhaxtha estava cansado de esperar. Pela informação dada pelo humano chamado Wufei, seu kthapan e o humano por quem seu Akhorithons Aleng viera, haviam seguido para outra região do planeta com o intuito de permanecerem lá por algumas semanas. Mesmo que seu aparelho indicasse que ele vinha em sua direção, ele temia que ele não estivesse realmente a caminho. Ele se encontrava sentado na casa do humano que havia saído com Tzen e a menina para providenciar tudo que fosse necessário para partirem da Terra. Acionou um botão em seu traje, vendo uma imagem holográfica dele com seu pai. Dhaxtha mordeu o canto dos lábios, pensando se ele estava bem, não notando que Aleng o observava em silêncio.
Aleng ficara com Dhaxtha, enquanto Tzen seguia com o humano para providenciar o que fosse necessário para deixar a Terra. Segundo Wufei, ele tinha que avisar a escola onde Meilin estudava de que ela não seria mais aluna afim de evitar problemas futuros, caso alguém decidisse procurá-la por se ausentar da escola por muito tempo. O humano também tinha que pedir demissão de seu trabalho e encerrar algumas contas, e passar seus pertences a algum amigo. Tudo em menos de 4 k. Tempo que Dhaxtha informara que tinham para poderem voltar a Nova Kdra. Sentou-se ao lado do menino quando o viu pegar uma imagem de Dxmaell, num dos poucos momentos de descontração que eles tiveram juntos. Se lembrava de que era um piquinique. Uma atividade que segundo Dxmaell ele havia feito com Heero antes de partir.
- Com saudades?
- Hn... nunca fiquei tanto tempo longe de casa ou de papai.
- Tenho certeza de que ele sente o mesmo.
- Queria voltar logo Akhorithons Aleng.
- Voltaremos Dhaxtha não se preocupe.
Dhaxtha abraçou Aleng, que sorriu; confortando-o. Sentia-se um pouco cansado, afinal estava a quase 12 k sem se alimentar devidamente, e apesar de seus trajes suprirem a deficiência de alimento, não era a mesma coisa. Não estava mais acostumado a ficar horas sem se alimentar, deixando que o traje que vestiam suprisse suas necessidades básicas. Estavam em silêncio a alguns minutos quando o aparelho de Dhaxtha apitou. O menino soltou-se de seus braços levantando-se. Este havia reprogramado o aparelho para avisa-lo quando a energia de Heero se encontrasse na exata posição de onde foram procura-lo a algumas horas. O menino olhou para Aleng sorrindo, fazendo o Kdariano levantar-se e se colocar a caminho da porta.
- Vamos Dhaxtha. Está na hora de você encontrar Heero.
Eles seguiram em direção a Arphiansus III rapidamente, assim que chegaram, entraram na nave. Imediatemente a roupa que vestiam desapareceu dando lugar ao traje. Aleng sentou-se na direção da nave, enquanto Dhaxtha contactava Tzen para informar sua posição.
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Em algum lugar da região norte:
Tzen observava os humanos trabalharem, enquanto aguardava Wufei conversar com a mulher que parecia ser a diretora da escola onde a menina humana estudava. O humano estava preenchendo alguns papeis, enquanto ele aguardava ao lado de Meilin, que conversava com ele. A menina era simpática e não parecia incomodar-se com o fato de que estava deixando sua vida para trás. Estavam contando a ela como era Nova Kdra quando seu traje emitiu um som, fazendo algumas pessoas olharem para ele. Meilin olhou para o Kdariano ao ouviu o som e o acompanhou quando ele se levantou, deixando a sala e indo para o lado de fora, num canto escondido da escola. Ele tocou seu braço esquerdo, que mudou para o traje atendendo o chamado enviado de Arphiansus III.
- Sim Dhaxtha?
- Akhorithons Tzen, estamos seguindo para a posição onde se encontra meu kthapan. Onde vocês estão?
- Na escola de Meilin, iremos em seguida ver uma pessoa e seguiremos para onde estão.
- Está bem, vocês tem menos de 3k para retornar e nos encontrar junto a nave na posição atual.
- Nos encontraremos em 2k Dhaxtha; não se preocupe.
Tzen desligou a comunicação, e seu traje voltou a antiga forma, da vestimenta humana. Meilin olhou maravilhada, antes de sentir que o Kdariano segurava sua mão e a levava de volta ao prédio.
- Teremos que agilizar seu pai, ou é capaz de Dhaxtha nos deixar para trás.
- Ele faria isso?
Tzen sorriu diante do olhar e do som de surpresa da menina. Sim, ele seria bem capaz de fazê-lo, para no meio do caminho retornar com a consciência pesada.
- Não ele seria incapaz de fazê-lo. Ainda assim ê melhor não corremos o risco.
Meilin sorriu, imaginado que tipo de menino seria o filho de Heero. Não conhecia nenhum menino de sua idade que possuísse a mesma determinação e inteligência do menino Kdariano de apenas dois anos de idade.
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Área 10 – aproximadamente 11:00 hs horário terrestre:
Aleng tencionava ir com Dhaxtha a casa de Heero, mas o menino saiu correndo antes mesmo que dissesse alguma coisa. Ele sorriu e decidiu encaminhar-se para o prédio onde Trowa morava, torcendo para que o encontra-se dessa vez. Dhaxtha não podia esperar para ver seu kthapan, ele simplesmente saíra correndo assim que Aleng pousara Arphiansus III. Sabia que ele iria para o mesmo lugar que ele, então certamente o encontraria, em todo caso Aleng sabia que se encontrariam na nave em 2k.
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Aleng começou a caminhar lentamente, após ver que Dhaxtha, se dirigia para o bloco de Heero, ele seguiu na direção do bloco de Trowa, encontrando a mesma mulher que lhe dissera que o humano não se encontrava. Uma mulher de cabelos negros e olhos azuis, viu o jovem que viera a algumas horas, vindo em sua direção, ela rapidamente ajeitou os cabelos e o vestido na altura dos seios fartos. Assim que ele se encontrava perto, ela sorriu de forma langorosa tentando se fazer notar pelo Kdariano que sorriu diante dos gestos dela. Havia estudado o comportamento sexual de varias espécies e sabia que ela estava se insinuando para ele; na certa em busca de um parceiro. Ele teve que sorrir, imaginando o que ela faria se soubesse de suas reais pretensões.
- Vejo que você voltou.
- É... soube que Trowa voltou. Sabe me dizer se ele ainda está em casa?
- Talvez.
- Talvez!
- Humm... huumm... eu sou Melaine, a seu dispor.
- Aleng Rawner.
A mulher sorriu inclinando-se ligeiramente, de forma a deixar mais visível os seios. Aleng estreitou os olhos antes de recuar e falar de maneira fria e cortante, antes que ela simplesmente resolvesse atacá-lo.
- Escute, você não faz o meu tipo. Então sugiro que não volte a se insinuar dessa forma ou eu ficarei feliz em mostrar-lhe o quanto sua presença me irrita.
A mulher recuou diante das palavras frias, e do olhar amedrontador do loiro. Ele voltou a sorrir de forma suave antes de passar por ela subindo as escadas até o andar que desejava.
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Trowa estava se dirigindo para o banho. Havia despejado sua sacola no chão da sala, e pensava sobre o que sua vizinha lhe havia dito, tentava encontrar em sua mente alguém que se encaixasse na descrição dada por ela. Ficara tentado a ignora-la como sempre fazia, uma vez que estava cansado e nem um pouco disposto a ser cantado por ela. No entanto ficara surpreso quando ela lhe dissera que um jovem muito atraente estivera procurando-o, não poupando palavras para descrevê-lo, mas não se lembrava de conhecer nenhum rapaz loiro de cabelos longos e de boa aparência. Ele abriu o chuveiro, permitindo que a água molhasse seu corpo, e não ouviu a batida na porta e nem mesmo que alguém a havia arrombado, entrando furtivamente no apartamento.
Aleng sentiu a energia do humano dentro da casa e não se preocupou se seria correto ou não invadi-la. Ao entrar pôde ouvir o som de água e se dirigiu até o lugar. Abriu suavemente a porta, vendo os contornos do humano através da cortina. Sua garganta ficou seca. Seu coração disparou ao vê-lo. Encostou-se no batente da porta aguardando que ele notasse sua presença. Trowa estava terminando de retirar o shampoo dos cabelos, quando sentiu que alguém o observava. Virou-se rapidamente, apontando a arma para o invasor, mas ao olhar dentro dos olhos de seu visitante, não pode deixar de abaixar a arma e sussurrar seu nome.
- Aleng…?
- Olá Trowa.
Trowa pegou a toalha, prendendo-a ao redor da cintura, diante do olhar ávido de Aleng. Aproximou do Kdariano, observando-o. Ele estava um pouco mais velho. Os cabelos mais longos, preso em um pequeno rabo de cavalo. Mas seu olhar continuava o mesmo de quando partira a dois anos. Tocou suavemente o rosto pálido, vendo o Kdariano fechar os olhos ao sentir a carícia.
- Como senti sua falta...
- Eu também...
Aleng inclinou-se, tomando os lábios de Trowa nos seus. Sentiu as mãos do humano apertarem sua cintura trazendo-o para mais perto. Beijaram-se com saudade, mas sabiam que está não poderia ser apagada com breves toques, e não foi com surpresa que acabaram por se deitar no chão no banheiro. Com gemidos suaves, ambos foram conduzidos ao clímax do desejo, deixando que suas emoções saudassem a saudade que tinham um do outro.
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Do lado de fora a alguns metros adiante:
Dhaxtha parou antes de chegar ao apartamento de Heero. Segundo o localizador seu kthapan havia deixado sua residência e encontrava-se a alguns metros, vindo na direção em que se encontrava. Na emoção de reencontrá-lo nem ao menos registrara o fato de que ele se movera de sua posição tomando um caminho que convergia com o seu. Olhou ao redor, procurando um caminho para inteceptá-lo, e acionou seu traje, fazendo sua vestimenta humana desaparecer, para que pudesse utilizar melhor os sistemas do traje de batalha.
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Heero estava cansado. Eles haviam chegado a poucos instantes. Não haviam conseguido um transporte antes das sete da manhã, e ainda tiveram uma pequena audiência com o governante, onde ele explicara o motivo repentido da partida deles. Felizmente o governante aceitara o fato e desejara-lhes boa sorte. A sensação incomôda ainda persistia, mas era menos angustiante, uma vez que haviam retornado.Trowa partira a alguns minutos para sua residência, dizendo que voltaria mais tarde para irem até a residência de Wufei dizer-lhe que já haviam voltado. Não conseguira descansar como dissera a Trowa que faria. Na verdade ficara apenas alguns minutos, antes de pegar a jaqueta e sair para caminhar um pouco. Não tinha um destino certo, mas sabia que não queria ficar sozinho no silêncio de sua casa. Estava a ponto de tomar a direção das montanhas, quando um menino o parou, chamando-o por uma palavra que jamais imaginou que ouviria.
- Papai.
Heero voltou-se, encarou o menino a sua frente com curiosidade e suspeita. Este não deveria ter mais do que dois anos de idade, mesmo assim a expressão determinada em seus olhos era algo impressionante. Havia tanta maturidade nos jovens olhos azul cobalto. Heero estreitou os olhos ao notar a peculiaridade da cor dos olhos do menino. Havia algo de familiar nele, o que o fez aproximar-se mais e analisá-lo melhor. Notou finalmente a roupa que o menino usava, e se não estava enganado parecia-se muito com a vestimenta de batalha dos kdarianos.
"Não pode ser... Seria?".
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Trowa sentou-se, encostando as costas na parede do banheiro, sentindo Aleng se ajeitar em seus bracos. Ele acariciou os fios soltos, que caiam até um pouco abaixo dos ombros. Notou-lhe a mão direita e tomou-a entre a sua e beijando. Aleng sorriu e olhou para seu traje no chão. Afastou-se um pouco olhando para o humano, que lhe sorria.
- Vai ficar Aleng?
- Não, mas vim para buscá-lo. Você... você viria comigo, para meu planeta?
Trowa beijou-o carinhosamente, fazendo-o recostar a cabeça em seu ombro, suspirando suavemente ao responder-lhe.
- Irei com você para onde quiser.
Aleng beijou o peito de Trowa e sorriu, aninhando-se melhor em seus braços.
- Fico feliz em ouvir isso. Não sabe como temi que não pensasse mais em mim.
- Seria impossível esquecê-lo meu anjo. Mas conte-me... como chegou... e quando partiremos?.
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Heero agachou-se na frente do menino que mantinha o olhar firme e parecia aguardar por um reconhecimento, que não demorou a acontecer.
- Dhaxtha!
Assim que o nome do menino deixou seus lábios, pequenos braços se lançaram ao redor de seu pescoço, e tudo que pôde fazer foi retribuí-lo. Dhaxtha sorriu ao ouvir Heero pronunciar seu nome. Era tão bom sentir o abraço de seu outro pai; tão semelhante ao de Dxmaell. Ele afundou o rosto no peito do humano, procurando não chorar. Havia dito a si mesmo que não o faria. Queria que seu Kthapan tivesse orgulho dele, e o mesmo não o teria se o visse chorando como um bebê. Embora já tivesse visto seu pai fazê-lo quando se achava sozinho no quarto e nem por isso o achava um bebê.
- Dhaxtha o que faz aqui? Como chegou?
Dhaxtha afastou-se ligeiramente de Heero, mantendo o olhar altivo antes de responder. Tremeu ligeiramente ao sentir o carinho em seu rosto, e ver o olhar de bondade nos olhos de seu pai.
- Eu vim buscar meu Kthapan.
- Kthapan?
Heero procurou se lembrar do significado da palavra, e sorriu assim que a informação se fez presente. Dhaxtha observou com atenção a expressão no rosto de seu Kthapan. Podia ver que ele procurava identificar a palavra e que um sorriso se formou assim que descobrira seu significado. Curioso, perguntou se ele sabia o significado da palavra kdariana.
- O senhor sabe o que significa Kthapan?
- Sim, é a designação para segundo pai ou mãe, quando um Kdariano possui um parceiro do mesmo sexo e eles tem uma criança.
Heero sorriu diante do olhar surpreso do filho. Afastou-o um pouco para vê-lo melhor. Ele havia crescido muito, e lembrava tanto Dxmaell. Gostaria de saber o quanto Dhaxtha sabia sobre ele, mas temia perguntar. Dxmaell havia-lhe dito que contaria ao filho deles, tudo sobre ele, no entanto não havia como saber o que ele contara a criança.
- Ah! Me lembro, papai me disse que vocês fizeram o Kepayks antes de realizarem o Cyarpks.
- Como sabe disso!
- Papai me contou tudo sobre o senhor. Como se conheceram e como fui concebido.
Heero olhou-o surpreso, não imaginava que Dxmaell houvesse contado realmente tudo ao filho; mas pelo olhar do menino e pelas informações e forma como agia naturalmente não parecia ser mentira.
- Certo.
Ele olhou mais uma vez para o filho, abraçando-o fortemente. Como sentira saudades dele, mas não sabia o que ele fazia ali. Procurou com os olhos Dxmaell não vendo-o em nenhuma parte. Teria Dhaxtha vindo sozinho até a Terra?
- Dxmaell sabe que está aqui Dhaxtha?
Dhaxtha obrigou-se a manter a cabeça erguida e os olhos erguidos, apesar do olhar de Heero sobre si quando ele negou com um movimento de cabeça que seu pai ignorava sua ida a Terra. Dizendo que não ficaria parado aguardando que decidissem o destino de sua casa.
- Não vou esperar que encontrem um parceiro para meu pai, ninguém é digno para ser meu Kthapan.
- Parceiro?
Heero não gostou da palavra parceiro, ela não lhe trazia boas lembranças quanto a seu significado. E descobriu que realmente não gostava da palavra ao ouvir a explicação de Dhaxtha quanto a sua vinda.
- Sim o ministério exige que nossa casa cresça até a estação de Liphian e para isso papai precisa do senhor e não de um novo parceiro. Você ainda... gosta do papai não é?
A expressão de Heero suavizou-se ao ouvir a voz de Dhaxtha perguntar se ainda amava Dxmaell. Como não poderia amá-lo?
- Sim Dhaxtha, não houve um dia em que eu não pensasse nele ou em você.
Dhaxtha sorriu ao ouvir Heero dizer que sentira falta deles. Mal se lembrava dele além dos olhos; mas sabia que se não fosse por ele jamais teria nascido. Afastou-se fungando, antes de pegar seu aparelho, verificando o tempo que ainda tinham.
- Precisamos ir. Prometi a vovó voltar antes que o papai deixasse nossa casa e fosse para a casa cerimonial, no horário previsto para conhecer seu parceiro.
Heero foi atrás do filho que caminhava determinado, segurando-o pelo ombro e obrigando-o a parar e virar-se para si. Dhaxtha ainda não havia respondido a todas as suas perguntas. Afinal como ele chegara ali? Ficara preocupado pelo filho ter vindo sozinho, e como ele havia passado pelos escudos ao redor do planeta?
- Dhaxtha você veio sozinho? Como passou pelos escudos?
- Não vim sozinho... Meus Akhorithons vieram comigo, mas eles estão com as pessoas que vieram buscar. Ficamos de nos encontrar em 2 K junto a Arphiansus III. Não foi... difícil passar pelos escudos, embora tenha dado um pouco de trabalho faze-lo. Agora vamos, levaremos pelo menos 12K para chegar a Nova Kdra, se perdermos a passagem.
Heero não compreendia direito o que o filho dizia. Sabia o significado das palavras Ahorithons e Arphiansus, o que imaginava ser uma nave, mas não entendia quanto ao fato de que levariam 12 horas para chegarem a Nova Kdra se perdessem a passagem? Ele o seguiu de perto, procurando sanar suas dúvidas.
- Espere um pouco Dhaxtha, que passagem?
Sem parar de andar, Dhaxtha explicou pacientemente o que seu kthapan perguntara.
- Papai e meus Akhorithons, criaram um meio de abrir portais ligando pontos diferentes do espaço, embora não tenhamos usado esse meio para chegarmos aqui. Mas perdemos tempo demais evitando danificar seus escudos e se não usarmos esse meio, não chegaremos a tempo. Os portais não podem ser abertos a todo momento precisamos aguardar a hora certa e isso será em aproximadamente daqui a 45 minutos terrestres.
- E Arphiansus III é?
- É a nave de papai... ele trabalhou nela para vir buscá-lo, mas eu peguei emprestado, uma vez que ele não conseguia vir e ele não sabe que a peguei. Você não vai contar a ele vai?
Heero sorriu para o filho que parecia preocupado com o fato dele ter pego a nave de Dxmaell, embora não achasse que ele não descobriria o fato mais tarde. Tocou o rosto de Dhaxtha e balançou a cabeça em acordo.
- Será nosso segredo.
Dhaxtha sorriu e Heero viu Dxmaell através de seu sorriso. Heero sabia que tinha que resolver algumas coisas antes de partir, mas nenhuma delas parecia importante diante do fato de que voltaria a encontrar Dxmaell.
- Bem se temos apenas 45 minutos, acho melhor encontramos os outros e partirmos. Não quero deixar Dxmaell esperando.
Dhaxtha olhou para Heero, se perguntando se deveria revelar a ele, a real situação dele ali. Não queria revelar algo tão particular de seu pai, mas sabia que Heero não se importaria de conhecer todos os fatos, afinal eles iriam se unir e era natural não terem segredos entre eles. Assim como não tinha segredos com seu pai. Ele parou de repente, fazendo Heero parar e olhá-lo. Dhaxtha abaixou a cabeça durante alguns instantes antes de falar o que sentia.
- Ele não sabe que eu vim buscá-lo e que você será seu parceiro. Acho que papai acredita que eu colocaria outro a seu lado que não fosse você, não pude contar a ele minhas intenções e tenho certeza de que o magoei, mas ele ficará feliz em vê-lo. Acha que eu errei por querer fazê-lo feliz?
Hero olhou surpreso para o filho, não tinha idéia do que Dhaxtha havia feito, mas pelo forma como falava dava-se para notar que ele mesmo se condenava pelas atitudes tomadas, e receava a mágoa causada por seus atos. Embora a seu ver ele não recearia faze-lo novamente se fosse necessário.
- Eu não sei o que fez Dhaxtha, por isso não posso dizer se o que fez foi certo ou errado. Embora o simples fato de você se preocupar com Dxmaell seja correto, uma vez que ele é importante para você. Quando amamos alguém, sempre queremos fazer tal pessoa feliz, não importa as conseqüências. Mas não podemos desprezar a vontade de quem amamos, mesmo que não nos pareça agradável.
Dhaxtha olhou para Heero, entendendo suas palavras. Sabia que ele estava certo, seria como os ministros estavam querendo fazer com seu pai, o obrigando a aceitar outro como seu parceiro. Embora as justificativas não fossem as mesmas que as suas.
- Eu entendo... posso contar uma coisa?
- Claro Dhaxtha o que você quiser.
- É sobre papai...
Heero meneou a cabeça incentivando o filho a contar o que queria sobre Dxmaell. Dhaxtha aproximou-se mais de Heero abraçando-o pela cintura e sendo abraçado pelo humano, que o tomou nos braços, fazendo Dhaxtha soltar-lhe a cintura e abraçar-lhe o pescoço descansando a cabeça nos ombros de Heero, enquanto falava.
- Papai... chora todas as noites sua falta, quando acha que eu já estou dormindo... posso... posso ouví-lo... chamar seu nome... e fico com raiva porque não posso fazê-lo feliz da forma que ele deseja.
- Dhaxtha...
Dhaxtha tentou não chorar, mas não conseguiu. Ele enterrou o rosto no pescoço de Heero que o apertou contra si, como se assim pudesse acalmá-lo da tristeza que sentia.
- Mas... nós poderemos ser uma familia agora, e papai não terá mais motivos para chorar... não é?
- Não, ele não terá. Assim como você meu filho, ficaremos juntos, como deveria ter sido desde o começo.
Heero abraçou o filho apertado, sentindo os braços ao redor de seu pescoço o apertarem. Nunca poderia imaginar que seu filho sofria dessa forma. Apenas podia imaginar a dor causada em Dxmaell pela separação deles.
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Quarenta minutos depois:
Dhaxtha se encontrava impaciente a bordo da nave, aguardando a chegada de Aleng e do humano chamado Trowa. Eles tinham apenas cinco minutos para deixarem a Terra a tempo de conseguirem pegar a passagem aberta. Heero olhou para o filho e depois para Wufei que sorria conversando com a filha. Era estranho pensar que estavam indo para outro planeta; mas ao lembrar da felicidade do filho apenas conseguia imaginar que era o certo a fazer. Ele havia conseguido resolver algumas coisas antes de partir, como pedir demissão juntamente com Trowa, dar o apartamento e todos os móveis ao dono responsável pelo prédio para que ele fizesse o que quisesse com ele. Havia pego apenas alguns itens pessoais que achava importante e deixara o restante. Havia conseguido também mandar uma mensagem ao governante da Terra, explicando a decisão dele e de Trowa em deixarem a Terra e irem para o planeta dos kdarianos.
O governante havia ficado um pouco surpreso, mas entedera e desejara toda a felicidade a ele e a sua família. Para as demais coisas aceitou a ajuda oferecida, não se importando muito quanto ao destino que elas teriam. As pessoas que achou necessário comunicar o fizera, aos demais deixara que os outros se encarregassem de avisar. Voltou sua atenção para o filho ao ouvir a pequena discussão dele e Tzen e a forma com que o Kdariano o repreendeu; e o menino ficando quieto e emburrado. Ao que parecia Dhaxtha era bastante impetuoso para a pouca idade, e parecia que eles tinham algumas dificuldades em admoestá-lo, uma vez que Dhaxtha voltou a reclamar em poucos segundos, fazendo Tzen abaixar a cabeça por alguns segundos parecendo irritado.
- Dhaxtha sente-se e espere. Aleng disse que já estava a caminho, então aprenda a esperar calmamente.
Dhaxtha olhou para Heero diante do tom frio e baixo com que ele falara. Caminhou até ele e sentou-se ao seu lado torcendo as pequenas mãos sobre o colo. Tzen sorriu ao ver como Dhaxtha obedecera rapidamente e sem reclamar, o que raramente acontecia quando Dxmaell o repreendia. Pouco mais de alguns segundos depois, Aleng chegou com Trowa. O Kdariano já imaginava que Dhaxtha estava por demais impaciente, o menino deixara isso bem claro ao contactá-lo para saber sua posição a alguns minutos, mas supreendeu-se quando entrou na nave com Trowa e recebeu do menino apenas um olhar enviesado que mudou rapidamente com um simples pigarrear de Heero. Assombrado, olhou para Tzen que sorriu quando o amigo tomou seu lugar a seu lado. Quando olhou de rabo de olho para Dhaxtha perguntou o que havia acontecido, não se impedindo de brincar um pouco.
- O que aconteceu? Você trocou Dhaxtha em algum lugar?
Tzen sorriu colocando a nave em movimento, antes de responder de forma divertida, vendo o menino assumir sua posição afim de desligar os escudos ao redor do planeta, para poderem partir.
- Ele recebeu sua primeira reprimenda de Heero.
- Ah!
Alnge olhou para o humano, que mantinha um olhar no filho que estava aborrecido, mas não se atrevia a fazer um pio. Ele voltou sua atenção a Tzen, ao ouví-lo continuar a falar.
- E ele é muito mais eficiente nesse departamento, que Dxmaell.
- Deu pra notar.
- Hn...
Dhaxtha começou a resmungar algo, mas parou quando Heero ficou ao seu lado, fazendo Aleng e Tzen sorrirem ao saber que Dxmaell não teria mais tantos problemas quanto a disciplinar Dhaxtha, uma vez que Heero parecia fazê-lo perfeitamente. Heero aproximou-se do filho ao ouvir-lo começar a reclamar novamente. Sentou-se na cadeira que surgira a seu lado e ficou a observá-lo com orgulho, enquanto o menino digitava rapidamente, invadindo os sistemas de escudos da Terra, simulando uma falsa checagem dos sistemas, desligando e religando a energia de alguns dos conectores, antes que o programa assimilasse a informação de que o escudo em uma determinada área fora desligado.
- Como aprendeu a fazer isso?
Dhaxtha olhou para seu kthapan ao ouvir a pergunta, respondendo com orgulho como aprendera uma tarefa tão simples.
- Papai me ensinou. Ele disse que o senhor era um verdadeiro gênio, capaz de quebrar e invadir qualquer sistema e que eu seria capaz de fazê-lo também, uma vez que sou seu filho.
- O que mais Dxmaell lhe disse sobre mim?
Dhaxtha sorriu, diante da expectativa de conversar com seu kthapan e mostrar-lhe tudo o que aprendêra e sabia sobre ele e o planeta azul. Deixou sua posição, sentando-se no colo de Heero, que o abraçou com carinho, ouvindo-o começar a contar entusiasmado sobre sua vida.
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Nova Kdra - Cidade Baixa – Casa de Dxmaell – aproximadamente 6k para o inicio da estação de Liphian:
Dxmaell estava sentado na cama em seu quarto. Olhava com tristeza para para o traje que lhe fôra entregue a alguns minutos, dependurado junto a penteadeira. Era um traje bonito tinha que admitir. Feito com esmero pelas duas mulheres que vieram vê-lo pela manhã juntamente com o ministro Trephetly. Elas haviam trabalhado rapidamente para que a roupa ficasse pronta dentro do prazo, uma vez que o mesmo era sempre confeccionado apenas no dia da cerimônia, e depois levado ao museu onde ficaria exposto. Levantou-se da cama tocando a calça branca, e logo em seguida correndo os dedos por sobre o corpete bordado com fios de hianthury 3, em tons lilazes. A longa capa branca, que seria presa nos ombros era revestida por dentro por um tom próximo a seus olhos. Nela estava bordada em fios de hianthury dourado e lilás, a letra K que se encontrava presa em uma das pontas dentro da inicial de seu nome. Representando o símbolo de sua casa. Olhou para o relógio notando que faltava pouco, para a realização da cerimônia. Em algumas horas sua mãe chegaria para ajudá-lo a se preparar para o dia que deveria ser o mais feliz de sua vida, uma vez que significava o crescimento da casa de Klaryos. Olhou para o leito através do espelho de energia, imaginando que em alguns dias o estaria dividindo com um completo estranho, com quem teria que aprender a conviver. Fechou os olhos cansado, levando a mão ao crucifixo em seu pescoço, entoando mentalmente uma pequena prece, esperando que alguém em algum lugar pudesse ouvi-lo e atender seu pedido.
"Que meus pensamentos cheguem a você, juntamente com meu coração. Que você o guarde consigo, uma vez que não poderei dá-lo a mais ninguém além de ti."
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Em alguma parte da galáxia – 3k para chegada a Nova Kdra:
Heero tocou o pingente em seu peito, sentindo uma estranha sensação invadir-lhe o peito. Era como se o pingente ao redor de seu pescoço, houvesse emitido uma suave energia e ela o envolvesse por completo, como uma suave carícia. Dhaxtha olhou para seu kthapan confuso, por alguns instantes ele havia sentido a energia de seu papai fluindo ao redor do humano, mas isso era impossível, uma vez que estavam tão distantes. Viu-o tocar o peito e fechar os olhos para depois simplesmente abrí-los e sorrir para ele incentivando-o a continuar a falar.
Heero voltou a ouvir o filho falar com verdadeiro entusiasmo, mesmo depois de horas. Dhaxtha manteve-se abraçado a ele desde que haviam deixado a Terra para trás. E durante todo esse tempo, ele acariciou os cabelos do filho, tão parecidos com os fios das longas madeixas de Dxmaell. Ouvira o menino contar sobre sua vida em Nova Kdra e sobre o que fariam quando chegassem, tecendo inúmeros planos e atividades que os três fariam juntos. Aleng e Tzen acompanhavam o desenrolar da conversa dos dois junto a seus parceiros. A interação entre Dhaxtha e Heero era perfeita; como se eles sempre houvessem estado juntos. Podia-se notar o olhar carinhoso com que Heero observava o filho, a forma como sorria cada vez que ele contava algo a respeito do que ele e Dxmaell fizeram juntos. Arphiansus III continuava a seguir o curso marcado a Nova Kdra o que não necessitava que mantivessem uma constante atenção sobre os controles. Em algumas horas Nova Kdra apareceria na tela da nave e estariam em casa.
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Nova Kdra – Cidade Baixa – Casa de Dxmaell – menos de 4k para o inicio da estação de Liphian:
Dhyreaan olhava para o filho, que até o momento não havia dito uma única palavra. Ela havia sido comunicada de que ele pedira sua ajuda para prepará-lo para a celebração de sua união com seu parceiro e chegara a alguns minutos. No entanto desde que chegara ele não havia se movido, ou feito qualquer menção de que iria realmente preparar-se para o cerimonial e o ritual nupcial. Ela caminhou lentamente até ele e sentou-se a seu lado, fazendo-o deitar a cabeça em seu colo, como se fosse uma criança. Ele ainda era tão jovem e inocente. Mesmo com tantas responsabilidades, e tendo enfrentado tantas batalhas, visto tanto do universo, ele ainda era uma criança, aprendendo os primeiros passos do amor. Sabia que ele amava o humano com toda a sua alma. Sabia que ele faria o impossível para tê-lo a seu lado. Que ele jogaria tudo para o alto se ele assim lhe pedisse. Mas sabia também o quão inseguro ele se sentia longe do humano, como era fina a linha que ele tentava não soltar a fim de não esquecê-lo, mesmo depois de tanto tempo sem notícias.
Era triste vê-lo tão abatido, remoendo sua tristeza sem poder dar-lhe uma única palavra de conforto em relação ao parceiro que Dhaxtha fora buscar. Sabia que isso o confortaria de tal forma que seria capaz de realizar a preparação que ele inutilmente procurava ignorar. Mas havia prometido não proferir nenhuma palavra quanto a isso. Dhaxtha queria que fosse uma supresa para o pai. No entanto doía-lhe tanto vê-lo assim sofrendo. Ela poderia tentar ver seu futuro mais uma vez apenas para tranqüiliza-lo, mas sabia que não detinha mais esse dom, não em relação a ele. Olhou para o traje cerimonial, sabendo que ficaria perfeito nele, que realçaria a beleza de seus olhos e a graça de seu corpo. Seu parceiro certamente ficaria encantado com sua beleza, incapaz de desviar os olhos diante de sua elegância, uma vez que isso era o esperado. Mas para que tudo fosse perfeito, ele tinha que preparar-se para a cerimonial e estar apto para prosseguir. Uma vez que logo em seguida se daria o ritual nupcial, onde ele deveria abrir sua mente e compartilhar sua essência com seu parceiro de vida. E era sua a obrigação de fazê-lo se aprontar para ambos, e mesmo contra a vontade dele, ela faria com que ele estivesse preparado.
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Quadrante de Vertuhlius – aproximadamente 1k para chegada a Nova Kdra:
Aleng e Tzen havia se sentado no controle da nave, a apenas alguns kr dando a Arphiansus III mais velocidade, uma vez que estavam bem próximos. Dhaxtha afastara-se de Heero a contra gosto e sentara-se a mesa de comunicações entrando em contato com alguém em Nova Kdra informando sua atual localização, e o tempo previsto de chegada. Ele se virou para olhar Heero. Faltava pouco para que seu pai e seu kthapan se unissem. Ele tinha apenas que levá-lo a presença dos ministros de Nova Kdra antes que ambos se encontrassem. Tzen olhou para Dhaxtha que sorria ao olhar para Heero que conversava com Trowa e Wufei sobre o destino deles de agora em diante. A menina que seria agora em parte sua filha, dormia tranqüilamente em uma das duas pequenas câmaras existentes na nave. Em pouco tempo seu amigo e antigo comandante conheceria aquele que deveria ser seu parceiro, isso se o ministério não vetasse a escolha de Dhaxtha. Tal pensamento incomodou Tzen que voltou-se para o menino preocupado. Afinal essa era uma possibilidade que não podia ser descartada. Sabia que muitos poderiam ser contra a escolha de Dhaxtha.
- Dhaxtha.
- Sim tio Tzen.
Tzen sorrriu diante da mudança de palavras do menino. Meilin havia passado alguns minutos ensinando algumas palavras terrestres o que Dhaxtha mais que rapidamente as colocara em prática, assim que via uma oportunidade.
- Sabe que Heero será avaliado pelo ministério não é?
- Sei.
- Sabe que vai precisar de um mediador, caso o ministério se oponha a sua escolha.
Dhaxtha levantou a cabeça do painel de comunicação, arqueando ligeiramente a sobrancelha esquerda diante das palavras de Tzen, antes de sorrir ironicamente da mesma forma que ele vira Dxmaell fazer inúmeras vezes, quando alguém achava que ele não havia pensando em todas as alternativas existentes em uma determinada questão no campo de batalha. Ao falar sua voz soou pretenciosa embora num tom infantil.
- Não se preocupe, eu sei que alguns vão se opor a minha escolha. Posso até mesmo dizer quem será, no entanto eu já escolhi um mediador. Na verdade ele estará nos aguardando assim que chegarmos.
Aleng sorriu diante do tom de Dhaxtha e do inclinar de cabeça de Tzen em sinal de derrota mediante as palavras ditas de forma tão segura. Ao que parecia o menino pensara realmente em tudo antes de deixar Nova Kdra e ir atrás de Heero e não havia de fato com o que se preocupar, além de chegarem dentro do horário de apresentar o humano ao ministério.
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Órbita de Nova Kdra – menos de 3k para o inicio da estação de Liphian:
Dhaxtha levara Heero para a outra câmara, afim de que ele se vestisse com a roupa que havia preparado mediante as informações que tinha dele. A roupa própria para o cerimonial, onde ele seria entregue a seu pai para deposá-lo. Ela fora confeccionada de acordo com as medidas que passara às responsáveis pela elaboração das mesma, embora tenha sido um pouco difícil convencê-las a fazê-lo mediante o que a roupa em si representava. Ficara feliz em ter acertado perfeitamente as medidas de seu pai, de forma que a vestimenta coube com perfeição. Olhou-o com admiração. Ninguém poderia dizer que seu pai não era Kdariano, pelo menos não pela forma como estava vestido. Por alguns instantes perguntou-se se havia escolhido corretamente a cor, mas depois de vê-lo devidamente vestido soube que não havia errado em sua escolha. A calça possuía um tom marfim suave, o corpete seguia o mesmo padrão de cor, sendo bordado com fios de hianthury em um tom azul escuro parecido com o negro, embora levemente prateado o que ele mesmo fizera questão de escolher. Pelo que havia estudado sobre a lei da estação de Liphian e o traje confeccionado especialmente para a ocasião, seu pai estaria vestindo uma roupa semelhante embora da cor branca, e com uma longa capa do mesmo tom, com o simbolo de sua casa bordado em dourado e alguns tons em lilás. Tinha certeza de que eles fariam um par perfeito.
Heero olhou-se com surpresa no espelho de energia, uma vez que era difícil para ele mesmo reconhecer-se. Era estranho vestir roupas tão bonitas e que pareciam exigir um certo grau de autoridade de todos que o olhassem. Olhou para o filho que sorria. Ele havia lhe dito que não teriam tempo para trocarem-se antes de encontrarem com Dxmaell depois de terem com o ministério. Onde ele deveria apresentar-se como candidato a parceiro do governante de Kdra, e por isso deveria vestir-se como tal. Analisou as vestes de Dhaxtha que vestia-se com uma calça branca e um corpete sem mangas elevado ao redor do pescoço, com a cor escura de seus olhos, todo rebordado em fios prateados. Sentia-se ansioso por encontrar Dxmaell novamente. Saber que o veria em algumas horas depois de dois anos enchia-o de expectativa, de forma que já era a quarta vez que tentava ajeitar sem sucesso os fios desordenados de seu cabelo. A porta da câmara abriu-se para dar passagem a Trowa que assobiou diante das roupas de Heero. Se não soubesse que era o japonês o tomaria por outra pessoa. O amigo passava um ar de superioridade a qualquer um que o olhasse, ainda mais com o olhar frio que ele lhe dirigira mediante o gracejo o que apenas o fizera sorrir de forma contida.
- Vim avisar que já estamos em órbita de Nova Kdra. Eles estão apenas esperando que vocês se dirijam a ponte para terem uma visão do planeta antes de começarmos a descer. Aleng disse que você gostaria de ver a obra de Dxmaell.
- Obrigado Trowa.
Eles deixaram a câmara e seguiram em direção a ponte. Assim que chegaram a ponte Aleng e Tzen viraram-se estreitando os olhos, antes de olharem para Dhaxtha que sorriu inocentemente, fazendo-os dar um pequeno sorriso, antes de se levantarem e curvarem-se ligeiramente. Heero estranhou o ato, mas foi incapaz de dizer algo tamanha a beleza que via na tela a frente. O planeta de Dxmaell era belíssimo, e lembrava em muito a Terra, se não fosse pelo tons de laranja misturados ao azul. Trowa abraçou Aleng que sorriu. Os outros humanos haviam tido a pouco a mesma reação que Heero tinha agora, e não era difícil imaginar o porquê. Dhaxtha sorriu diante do deslumbramento dos olhos de seu segundo pai, sabia que era possível ver a Terra escondida em cada contorno do planeta, pois pelo que sabia quando seu pai recriou Kdra o fizera pensando na Terra. O menino aproximou-se de Heero e tomou-lhe a mão com carinho antes de dar-lhes as boas-vindas.
- Seja bem-vindo a Nova Kdra papai.
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Trinta minutos depois - Superfície do planeta – salão do ministério:
Heero encontrava-se em uma ante-sala, aguardando que os ministros o recebessem. Uma porta abriu-se e um homem caminhou na direção deles, detendo-se por alguns segundos antes de curvar-se da mesma forma que Aleng e Tzen o fizeram a bordo da nave, e todos com que encontrara no caminho até ali. Olhou para Uowans que apenas lhe sorriu. Heero viu o homem dirigir-se a Dhaxtha abraçando-o com familiariedade.
Trephetly cumprimentou o pai do governante que seria o mediador escolhido por Dhaxtha perante o ministério, depois voltou seu olhar para o humano que conhecia apenas de ouvir Dhaxtha e Dxmaell falarem, e não poderia dizer que se encontrava mais do que satisfeito pela escolha do menino. O humano parecia-se e muito com Dxmaell, não apenas no porte que exigia respeito a sua presença, mas também pela energia vibrante que sentia emanar dele. Não sabia exatamente como dirigir-se ao humano, uma vez que não conhecia muito bem a língua dele, Dhaxtha havia recusado terminantemente que usassem um aparelho tradutor, dizendo que não seria necessário. Ainda assim teve que perguntar-lhe se não era realmente necessário.
- Dhaxtha tem certeza de que não é necessário? Não são todos que conhecem a língua dos humanos.
- Não é necessário, eu entendo Kdariano perfeitamente.
Trephetly olhou supreso para o humano, que respondera em Kdariano perfeito, ganhando não apenas sua atenção, como seu respeito. Ele curvou-se em sinal de desculpas antes de apresentar-se devidamente ao humano.
- Eu sou Trephetly um dos ministros e conselheiro do governante de Nova Kdra.
- Eu sou Heero Yuy, pai Dhaxtha, e o parceiro de Dxmaell.
Trephetly sorriu diante da segurança das palavras do humano.
- Eu sei, ele sempre fala muito bem de você, assim como Dxmaell.
Trephetly aproximou-se mais do humano, sussurrando-lhe de forma que apenas ele o ouvisse.
- Fico feliz que tenha podido vir, não vejo parceiro mais digno dele do que você.
Heero sorriu e meneou a cabeça levemente, antes do ministro se afastar e desaparecer pela mesma porta que viera. Logo a porta foi completamente aberta e ele viu o ministro ocupar o lugar que lhe era devido. Uowans colocou-se ao lado de Heero, enquanto Dhaxtha colocara-se a sua frente caminhando para entrar no salão do ministério. Ele pararam ao centro em frente de uma grande mesa onde se encontravam reunidos o ministério de Nova Kdra. Heero viu-se diante dos ministros de Nova Kdra, e pelo olhar deles parecia que muitos não concordavam com a escolha feita por seu filho. Podia entender algumas palavras, embora muitos houvessem sido sussurradas, mas não tão baixo que não pudesse captá-las, e pelo que entendera falavam sobre a roupa que vestia. Ao que parecia a roupa que Dhaxtha lhe dera não era apenas uma roupa cerimonial como o filho dissera-lhe. Inclinou-se ligeiramente para trás afim de perguntar a Uowans o verdadeiro significado de sua vestimenta.
- Porque tenho a impressão de que Dhaxtha não escolheu minha roupa por acaso?
Uowans sorriu ligeiramente, antes de responder-lhe. Deveria ter imaginado que seu neto, não havia se dado ao trabalho de explicar ao humano a importância da roupa que ele vestia.
- Apenas os escolhidos pelo ministério como parceiro do governante usam essa roupa. Digamos que é como se você já houvesse desposado Dxmaell e agora possui a mesma posição dele.
- O que!
- Dhaxtha simplesmente declarou abertamente que você é parceiro de Dxmaell, e como tal, governante de Nova Kdra.
Uownas deu um meio sorriso diante do olhar de Heero que não sabia ao certo o que pensar a respeito da informação dada. Ele olhou para o pai de Dxmaell em dúvida quanto ao que ouvira, apenas para ver o ariano dar de ombros antes de voltar a falar de forma divertida demais para seu gosto.
- O que posso dizer, meu neto tem uma personalidade forte, assim como os pais dele.
Heero olhou para o filho surpreso diante da atitude dele. Não era de esperar que as pessoas se curvassem a sua presença. Inclinando-se novamente ainda atordoado pela descoberta da simplória personalidade do filho. Fez uma nova pergunta ouvindo uma pequena risada de Uowans antes do mesmo responder.
- Ele podia ter feito isso?
Uowans riu suavemente, olhando para o neto que olhava para os ministros em desafio aguardando a permissão para que pudesse falar.
- Não até que os ministros dessem a opinião deles quanto a você.
Trephetly exigiu silêncio inclinando suavemente a cabeça dando a Dhaxtha a palavra e iniciação do que seria a avaliação do humano. O menino colocou-se um passo a frente de Heero, deixando que sua voz soasse firme e sem contestação.
- Eu, Dhaxtha Yuy da casa de Klaryos, filho de Dxmaell Klaryos e Heero Yuy apresento-vos o parceiro de minha escolha. O único digno de desposar meu pai e vosso governante.
Houvesse um silêncio entre os ministros, antes que ele voltasse a falar, causando um certo murmúrio entre o ministério diante da pretensão de suas palavras.
- Apresentou-lhes Heero Yuy, meu kthapan e o único a ter o direito a desposar o governante de Nova Kdra.
Alguns ministros levantaram-se, diante das palavras de Dhaxtha, que havia soado arrogante até mesmo para Heero, embora ele não discordasse das palavras do filho. Alguns ministros surpreenderam-se ao saber que o homem a frente deles era o humano, que dera um filho ao atual governante. Podiam notar pelo semblante e postura do humano que não era um homem comum e que mesmo contra gosto de muitos, estava a altura de desposar o governante de Nova Kdra.
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Nova Kdra – Sala preparatória:
Dxmaell olhava seu reflexo no espelho, sua mãe o havia deixado por alguns momentos, enquanto se banhava e retornara a pouco, trazendo-lhe noticias a cerca de seu filho, o que o alegrara ao saber que estava bem e ao mesmo tempo lhe trouxera apreensão, o que não passou desapercebido em seu tom de voz.
- Dhaxtha encontrou...
Dhyreean balançou a cabeça em acordo, diante da expectativa do filho que não conseguira terminar de formular a pergunta.
- Ele está no ministério agora, sendo avaliado pelos ministros.
Dxmaell olhava para sua mãe que arrumava seu cabelo, através do espelho. Havia concordado a muito custo em deixá-lo solto, enfeitando-o com algumas pequenas flores brancas e lilases. Em algumas horas seria realizada a cerimônia, caso o parceiro apresentado fosse do agrado do ministério. Saber que Dhaxtha havia encontrado um parceiro para si, o deixava apreensivo diante do inevitável da situação e não pode deixar de perguntar a sua mãe como era a pessoa a qual estaria se unindo em pouco tempo.
- A senhora sabe quem é?
- Eu não o vi querido, sinto muito.
- Ah!.
Dhyreean deu um pequeno sorriso, continuando a ajeitar os cabelos do filho. Ele estava tão lindo em sua roupa. Havia se encontrado a pouco com Aleng e Tzen, quando os mesmos foram notificados de que seriam os padrinhos de Dxmaell durante a cerimônia. Eles se encontravam junto aos humanos que haviam ido buscar. Ficara feliz sem saber que tudo havia dado certo, e que todos haviam conseguido encontrar aqueles que foram buscar, e que os mesmos aceitaram vir para um planeta completamente desconhecido. Faltava agora apenas Dxmaell encontrar-se com Heero para que finalmente seu filho encontrasse sua felicidade, e tão merecida paz.
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Salão do ministério:
Os ministros ainda discutiam quanto ao fato de Dhaxtha escolher um humano para ser parceiro do gorvernante de Nova Kdra, não era pelo fato de ser um humano qualquer, mas especificamente por ser seu segundo pai. Eles estavam a quase 30kr nesse impasse, o que estava irritando Dhaxtha que não via a hora de ver seus pais unidos novamente, havia prometido a seu avô ser paciente e aguardar uma decisão do ministério, mas eles estavam debatendo sobre o mesmo assunto a muito tempo em sua opinião. Exasperado deixou que sua energia se elevasse, fazendo sua energia chocar-se com todos dentro do salão interrompendo a discursão de forma irritada e violenta. Ele deixou que sua energia vibrasse a ponto de que ela fluisse pelo chão, assustando os ministros diante da intensidade da energia emetida pelo menino. A voz de Dhaxtha eclodiu na mesma intensidade com que sua energia, se espalhava ao seu redor. Agressiva e desenfreada.
- AS LEIS NÃO EXIGEM, QUE O PARCEIRO SEJA DA MESMA RAÇA QUE O GOVERNANTE, MAS QUE SEJA DIGNO DELE!
Heero podia sentir que seu filho estava irritado, a energia dele era poderossíssima, e embora se sentisse orgulhoso por ele ter tamanha força que tornava quase que impossível manter-se no lugar, sabia que esse não era o melhor meio de se conseguir o apoio do ministério. Ele deu um passo a frente colocando a mão sobre o ombro do filho, que virou-se com os olhos brilhando em irritação. Heero não deixou-se abalar pelo olhar do menino repreendendo-o com um simples olhar que não admitia contestação ou atos de rebeldia. Isso fêz Dhaxtha rapídamente abaixar a cabeça e diminuir sua energia. Já sabia que não podia ir contra seu kthapan, ele não tinha a mesma tolerância para com seus atos intempestivos quanto seu pai. Heero podia entender como o filho se sentia, mas não era pela força que ele devia fazer-se entender. Apenas os covardes utilizavam a força para alcançarem seus objetivos. Uowans sorriu diante da forma como Heero controlara Dhaxtha. Com apenas um olhar. Nem mesmo com Dxmaell o neto obedecia tão rapidamente como fizera com o humano. Ele colocou-se a frente do neto, desempenhando o papel que lhe era devido como mediador.
- Dhaxtha tem razão. As leis da estação de Liphian dizem que o parceiro de nosso governante, deve ter as mesmas qualidades de valor e liderança que ele. Não importando sua raça. Acho que todos podem notar que Heero Yuy possui tais qualidades, senão o fosse, Dxmaell não teria tido um filho com o humano. Mas se ainda resta alguma dúvida, acho que a projeção a seguir acabará por saná-las.
Uowans sinalizou para um dos assintentes presentes no salão, que imediatamente mostrou as imagens do tempo em que a Terra estava sob o domínio dos kdarianos. Haviam imagens que Heero, nem ao menos imaginava existir. A maioria delas, o mostrava em batalha contra os kdarianos, outras liderando os humanos, em ataques contra os campos de conteção de humanos. Uowans olhou para o humano e depois para Dhaxtha sorrindo, não fora difícil retirar as imagens do banco de dados de Zhetryus, ou dos trajes de Aleng e Tzen. Nelas ficava bem claro o quanto Heero havia se dedicado a libertar seu povo da mesma forma que Dxmaell lutara para livrar sua raça das mãos do Conselho. Pelo que via nos olhos dos ministros, eles não tinham mais dúvidas quanto a quem era digno de desposar o governante de Nova Kdra.
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Sala preparatória:
Dxmaell olhou para seu reflexo, enquanto as mulheres que cuidaram de sua aparência retiravam-se deixando-o sozinho novamente com sua mãe. Seus olhos haviam sido realçados, de forma que haviam se tornado ligeiramente sedutores; mesmo que seu semblante continuasse fechado. Seus lábios haviam recebido um pouco de brilho, tornando-os vermelhos, cheios e convidativos a seu parceiro. Estava a ponto de retirar tudo quando um dos guardas entrou, parecendo petrificado ao vê-lo. Dxmaell arqueou ligeiramente as sombracelhas fazendo-o curvar-se ligeiramente, após notar que ficara observando por tempo demais seu governante.
- Senhor, vim avisá-lo de que sua guarda particular o aguarda para levá-lo ao salão cerimonial.
- Obrigado soldado.
O soldado retirou-se, enquanto Dxmaell soltava um suspiro cansado. Olhou para sua mãe que lhe sorriu encorajando-o.
- Parece que o ministério aprovou a escolha de Dhaxtha não é?
Dhyreean sorriu colocando as mãos nos ombros tensos do filho. Ele tocou a mão de sua mãe, ainda a observando através do espelho, sentia como se seu peito estivesse sendo esmagado tamanha a dor que sentia vindo dele.
- Parece que terei de conhecê-lo então.
- Parece que sim querido.
- Então não me resta muita escolha agora... a não ser conhecê-lo e casar-me com ele.
Dxmaell levantou-se assim que a porta se abriu e sua guarda entrou para escoltá-lo. Beijou o rosto de sua mãe suavemente, deixando a sala em silêncio. Dhyreean sorriu levemente antes sair para seguir em direção ao salão, onde se uniria a seu marido e seu neto.
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Salão do ministério:
Dhaxtha olhou para seu kthapan abraçando-o. Os ministros haviam se decidido e optado por aceitar sua escolha. Não que eles tivessem alguma chance de não aceitá-la. Não depois que seu avô mostrara o quanto o humano era digno de desposar seu pai. Heero abraçou o filho pelos ombros, seguindo Uowans que falava com alguém pelo comunicador. Ele meneou a cabeça diante das pessoas que se encontravam no ministério e que o cumprimentavam por ter sido aceito pelos ministros. No entanto tudo que gostaria de saber era quando poderia ver Dxmaell.
- Dhaxtha para onde iremos agora?
- Para o salão cerimonial. Papai deve estar lá, em seguida vocês deverão realizar o ritual nupcial.
- Ritual Nupcial?
- Sim, logo após a cerimônia.
Heero olhou para o filho que começara a puxá-lo, dizendo que ele saberia os detalhes depois, mas que no momento eles precisavam se apressar, pois ele deveria seguir com seu avô, enquanto a guarda o levaria para o salão cerimonial. Heero meneou a cabeça se atendo apenas ao fato de que veria Dxmaell em breve.
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Dxmaell seguiu sua guarda pessoal em direção ao transporte que o levaria ao salão cerimonial, que ficava no templo erguido em honra aos antigos de Kdra. Durante o trajeto foi saudado pelo povo, que se curvava e ovacionava sua presença, desejando felicitações e o desejo de fertilidade a casa de Klaryos. Ele simplesmente meneava a cabeça sem realmente, prestar atenção aos votos que recebia. Sentia-se como se estivesse a caminho do campo de batalha, onde era esperado dele a vitória, e nada mais. Em poucos minutos chegaram aos jardins, atravessando a ponte de cristal, ladeada pelas águas de um azul cristalino. Logo a frente, imponente encontrava-se o arco de pedra, onde o nome de todos os antigos governantes havia sido esculpido. Encontrou o símbolo de sua casa no topo. Fechando os olhos quando o mesmo reagiu a sua presença emitindo uma onda de energia que fez com que os portões atrás do arco se abrissem.
O transporte seguiu adiante, até parar na entrada do portão, onde Aleng e Tzen o aguardavam, vestidos com uma capa branca e um corpete da cor cinza escura, bordado com fios prateados na frente e nos punhos. Eles o acompanhariam até o salão cerimonial, permanecendo a seu lado durante toda a cerimônia. Os dois curvaram-se diante de seu governante, assim que Dxmaell encontrou-se a frente deles, mesmo que isso fosse desnecessário entre eles, e então puseram-se a seguí-lo de perto e em silêncio. Dxmaell sorriu-lhes, mas não fez qualquer pergunta, ou demonstrou qualquer felicidade pelo que teria que fazer. Quando alcançaram a entrada do salão, Dxmaell parou e olhou para os amigos, procurando coragem para enfrentar o que se encontrava atrás das portas de cristal.
Aleng e Tzen sorriram e se colocaram a frente de Dxmaell, dando-lhe alguns instantes antes de abrirem a porta. Sabiam que era difícil para ele seguir em frente sem saber quem o aguardava, assim que ele deu um leve menear de cabeça abriram as portas curvando-se até que Dxmaell a atravessasse, assumindo logo em seguida suas posições atrás dele. Todos os presentes se colocaram de pé, diante da entrada do governante de Kdra, curvando-se em sinal de respeito. Dxmaell caminhou lentamente até a plataforma onde conheceria seu parceiro. Com o olhar procurou o filho, dando um pequeno sorriso ao vê-lo ao lado de seus pais. Ele parecia bem. Estava tão bonito, e lembrava tanto Heero. Ele teve que se controlar para não deixar que as lagrimas que pareciam encher-lhe o peito transbordassem por seus olhos. Suspirando profundamente a fim de readquirir seu controle conhecido em batalha posicionou-se de costas para plataforma, uma vez que do outro lado ficava a entrada por onde deveria entrar o parceiro escolhido por seu filho. Deixou que seus olhos corressem ligeiramente ao redor notando os equipamentos que transmitiriam a cerimônia de sua união, que seria assistida por todos os habitantes. Uma vez que apenas aos das casas mais antigas e os descendentes dos antigos governantes era permitida a entrada no salão cerimonial.
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Salão cerimonial:
Dxmaell encontrava-se no meio de Tzen e Aleng. Olhou para as luvas brancas procurando acalmar-se. Parecia que estava ali a horas e não segundos. Quando ouviu um certo burburio formar-se a suas costas soube que seu parceiro havia acabado de entrar no salão cerimonial. A medida que seu futuro parceiro se aproximava sentia seu coração bater mais forte. Podia ouvir os sussurros extasiados de algumas mulheres e imaginou que seu parceiro deveria ser atraente mediante os comentários que chegavam a seus ouvidos. Podia sentir-lhe o olhar percorrendo seu corpo e sentiu um estranho estremecimento diante disso. Fechou as mãos firmemente, procurando se acalmar. A poucos instantes esteve a ponto de jogar tudo para o alto. As leis, seu dever, sua posição e à dedicação de Dhaxtha, que lhe trouxera um parceiro, mas ao olhar para Dhaxtha que se encontrava ao lado de sua mãe, seu semblante mal escondia sua felicidade e soube que jamais poderia fazê-lo.
" Que Kdrya me ajude e que Heero me perdoe."
Foi então que sentiu. Como a caricia suave de um amante, uma energia forte e vibrante penetrando em seu subconsciente. Dxmaell ofegou ao reconhecer o dono de tal energia. Fechou os olhos, temendo estar enlouquecendo ao sentí-la tão próxima, tocando-lhe o braço de forma tão íntima. Bem como o suave sussurro daquele que amava soprar junto a seu ouvido fazendo a pelugem de sua nuca arrepiar-se, diante da pergunta feita com volúpia e calor.
- Espero que me ache digo de desposá-lo .
Continua...
Por favor não me matem. Eu tentei subir o capitulo inteiro + o site naão aceitou, pois o arquivo tava muito grande. E olha que eu pedi ajuda da sis Misao e ela tbm não conseguiu.
Sendo assim, a continuação se encontra no próximo cap, que mim fez a bondade de postar ao mesmo tempo.
Espero que curtam o final, tanto quanto eu gostei de escrever.
BJs
1 Parunatuq bebida quente feita de flores de Xhyars ( para quem não lembra é uma flor do planeta Kdra muito usada na forma de incenso tem a capacidade de acalmar e relaxar. Utilizada durante o Cyarpks.), Eteyl (substância extraída das raízes das Ábotaz, espécie de árvore) e Tynnotam uma espécie de mel produzido pelos Nnotam, uma espécie de abelha de cor azulada.
2 Glarunq e como se fosse pique esconde, sendo que a pessoa a se esconder diminuiu seu nível de energia a tornando quase imperceptível.
3 Hianthury fio parecido com a seda, sendo que mais brilhante produzido pelos Liphianthurys, de acordo com o tempo de maturação dos fios eles adquirem cores e texturas variadas. Apenas os governantes que passam pelas leis da estação de Liphian tem seus trajes bordados por esse tipo de fio, uma vez que os Liphianthurys os produzem apenas uma vez por ano durante um período curto de dois meses. Normalmente os meses que antecedem o inicio da estação de Liphian, por isso o nome.
4 Nacviliarien segundo os kdarianos, seria a deusa da fertilidade. Uma jovem de longos cabelos ruivos, vestida com véus simbolizando cada uma de suas virtudes como amor, inocência, lealdade, fertilidade, sensualidade, honra e coragem.
