Hannah estava colocando os pés para fora da sala de aula, depois de ter recebido mais um sermão da professora McGonnagal por ter esquecido de fazer a lição, quando sentiu algo bater contra ela, a levando ao chão. Piscou confusa os seus olhos verdes, olhando para quem tinha batido nela e vendo um par de orbes violetas, maiores do que normalmente são, olhando chocados para a garota.
"Day?" – chamou, percebendo que o gêmeo parecia agitado com alguma coisa. Day levantou-se rapidamente ao ouvir o seu nome. Respirava de maneira descompassada e torcia os dedos das mãos uma na outra, indicando claramente que ele estava nervoso. –O que aconteceu? Parece que viu um fantasma. – a garota levantou-se também e soltou uma pequena risada. –Bem, o que mais tem nesse castelo são fantasmas. Mas o que houve? – Day olhava para todos os cantos do corredor menos para a irmã, que já estava ficando impaciente. –MAX! – gritou para poder chamar a atenção dele, colocando uma mecha do seu cabelo cor de mel atrás da orelha, enquanto batia o pé no chão.
"O quê?" – respondeu Day um pouco aéreo.
"O que digo eu. Você esbarra em mim, está no mundo da lua e não responde quando eu pergunto o que aconteceu. Será que faria o favor de me iluminar agora, ou pode ir embora que eu tenho mais o que fazer."
"Sua consideração por mim me impressiona." – respondeu mal humorado, endireitando-se e respirando profundamente para poder se recuperar do choque.
"Ih, está naqueles dias é? Não! Esqueci que o carneirinho da grifinória não fica mal humorado." – brincou a garota e Day soltou um bufo, dando um forte soco na parede e ignorando a dor que surgiu em seu punho.
"EU NÃO SOU O CARNEIRINHO DA GRIFINÓRIA, PORRA! QUER PARAR COM ISSO?" – Hannah recuou assustada diante do grito do seu irmão, notando que o chão tinha estranhamente tremido debaixo de seus pés. O que tinha acontecido para o poço de tranqüilidade que era Day ter perdido a compostura desse modo?
"Okay, agora eu fiquei preocupada." – disse suavemente, se aproximando dele e pegando a mão que ele tinha socado na parede, vendo que ela estava vermelha e com certeza, mais tarde, ficaria roxa. –O que aconteceu para você estar nervoso desse jeito? – Day arrancou a sua mão bruscamente de entre os dedos da irmã. Não iria dizer a ela que tinha acabado de dar um beijo de tirar o fôlego em Alexei Yatcheslav, que estava começando a considerar que poderia ser… gay.
"Não aconteceu nada." – disse entre dentes, dando grandes inspiradas de ar para poder recuperar a calma. Deveria ser os hormônios, só poderia ser isso. Era a adolescência chegando. Porque era a única explicação para ele estar sem controle dessa maneira. Era isso ou um certo russo que ele deixou em uma sala qualquer do castelo.
"Tem certeza, Day?" – perguntou preocupada, sentindo a tensão emanar do irmão. As pupilas dos olhos do moreno estavam dilatadas, deixando apenas uma linha fina e violeta em volta do círculo negro. O rosto dele estava rosado, a respiração ofegante e ele parecia perturbado com alguma coisa. Alguém tinha mexido com Day, só poderia ser isso. Alguém tinha implicado com ele novamente, e a única pessoa que lhe passava pela mente era a mesma que tinha deixado o seu irmão em detenção algum tempo atrás. –O que o Yatcheslav fez a você dessa vez? – a menção do nome do sonserino fez Day ficar mais vermelho ainda, lembrando-se do que tinha acontecido. Na verdade, a pergunta de Hannah deveria ser: O que ele tinha feito a Alexei. Porque nem mesmo ele estava acreditando que tinha agarrado o garoto.
"Por que você acha que o Alexei me fez alguma coisa?"
"Alexei? Não sabia que vocês andavam tão íntimos assim." – perguntou desconfiada, estreitando um pouco os olhos e Day recorreu a apenas um caminho para se livrar do modo questionador da irmã: sendo ignorante.
"Escuta! Você não tem mais o que fazer da vida não além de me encher o saco? Quem você pensa que é? A mamãe? Vai arrumar alguém para atazanar. Não perturba!" – bradou, dando a volta por ela e seguindo o seu caminho para a torre da Grifinória. Hannah ainda ficou parada no meio do corredor, chocada com o modo como o seu irmão tinha agido. Talvez fosse bom confrontar um certo colega de casa e ir mais a fundo nessa história… que estava muito mal contada.
Draco aparatou na sala de sua casa, soltando um grande suspiro e deixando-se cair no sofá macio. Deu um pequeno gemido quando o seu corpo dolorido encontrou as almofadas. Esticou-se todo, estalando um osso aqui e acolá enquanto com os pés tirava os sapatos, os deixando cair de qualquer maneira no carpete. Vida dura essa de auror, embora tivesse dois parceiros tão bons quanto ele. Aliás, quem dissesse no passado que ele confiaria a sua vida a Harry Potter e Ronald Weasley, que os três dentro do departamento ganhariam o apelido de Os Três Mosqueteiros, riria até cair duro e morto no chão por falta de ar. Mas a realidade era outra, e não era de toda ruim. Sem contar que era engraçado trabalhar com aqueles dois. Muito engraçado.
"Oras, sem força para chegar até o quarto e tomar um banho?" – Gina murmurou, sentando-se ao lado da cabeça dele, no sofá. Draco abriu um dos olhos cinzentos, mirando a mulher.
"Me deixe descansar um pouco, depois eu subo." – falou manhoso, espreguiçando-se mais um pouco e Gina sacudiu um pouco a cabeça. Ele com certeza pegaria no sono no sofá… de novo.
"Vamos Draco. Depois eu não quero ouvir você reclamando de que está com dor nas costas por ter dormido mal." – segurou nas mãos dele, tentando fazê-lo se levantar, mas sem nenhum sucesso. O loiro não moveu um centímetro, ao contrário, puxou a mulher que caiu deitada sobre ele.
"Hum… depois." – murmurou, começando a dar pequenos beijos na pele pálida dela, afastando os cabelos ruivos para poder fazer uma trilha de beijos no pescoço da mulher.
"Draco…" - Gina advertiu, mas foi calada com um beijo nos lábios e desistiu de tentar convencê-lo a ir para o quarto e descansar lá. O beijo foi se tornando mais intenso, as mãos do loiro começavam a percorrer as curvas da mulher, encontrando uma brecha para poder penetrar sob a camisa dela. As coisas estavam começando a ficar quente quando de repente a chama da lareira ficou verde e duas figuras morenas saíram dela.
"Olha Philip! Draco está fazendo coisas com a Gin!" – os dois adultos rapidamente se separaram, rubros, quando ouviram a voz infantil.
"Philip! Samuel! O que vocês estão fazendo aqui?" – perguntou o loiro, desgostoso, fechando o robe de modo a esconder a sua excitação, enquanto ao seu lado Gina se arrumava da maneira que podia.
"Papai nos mandou aqui porque queria ter uma noite de sexo tresloucado com a mamãe." – o casal arregalou os olhos diante das palavras que Samuel havia usado.
"Samuel! Eu tenho certeza que Lúcio não usou essas palavras quando resolveu mandá-los para cá." – disse Draco exasperado, passando os dedos pelo cabelo platinado.
"Bem, ele disse para a gente cair fora, vir para cá e não voltar até amanhã depois do almoço. E ele tinha um brilho meio animal nos olhos… então eu creio que deveria ser isso." – respondeu Philip, dando de ombros e Gina tossiu intensamente, tentando disfarçar uma risada.
"Mas não adiantou de nada, porque a gente chega aqui e vê você agarrando a Gin no sofá. Interrompemos alguma coisa? Poderemos contar com um novo sobrinho… assim como estamos contando com irmãos?" – Samuel falou com um brilho malicioso nos olhos enquanto Gina se perguntava de onde aquelas duas crianças tinham saído.
"Não acham que são muito novos para ficarem falando essas coisas?" – perguntou a ruiva e os dois meninos arregalaram um pouco os olhos, a olhando como se ela fosse um animal em extinção.
"Você não espera…" - começou Philip.
"… que a gente ainda acredite…" - continuou Samuel.
"… que bebês venham de cegonhas." – encerrou Philip.
"Esperam?" – ambos disseram ao mesmo tempo e Draco rolou os olhos, se perguntando pela enésima vez se aqueles dois enviados do demônio eram realmente seus irmãos. Porém, não poderia esperar menos de dois Malfoy's.
"Lúcio tem tanta consideração por mim. E olha que eu sou o primogênito. Sem contar que eu não estou com saco de bancar a babá "– falou frustrado por ter sido interrompido em um momento particularmente interessante.
"Mas Draco…" - os gêmeos arregalaram os olhos, falando com uma voz manhosa e expressão inocente. –Você não nos jogaria na rua da amargura, jogaria? – fungaram em um tom fingido, mas que derreteria qualquer coração de pedra. Porém, Draco Malfoy era imune às manhas e artimanhas dos gêmeos, e sabia muito bem que esses dois estavam sendo tão falsos quanto o tapete persa que o seu cunhado Ronald tinha em casa.
"Gina, querida…" - virou-se para a mulher que segurava a todo custo uma risada. -… melhor tirar esses dois da minha frente antes que eu volte a ser o único herdeiro da fortuna Malfoy. – finalmente deixando a gargalhada sair, a ruiva ergueu-se do sof� colocando uma mão no ombro de cada gêmeo e os guiando para o quarto que sempre era reservado a eles dentro daquela casa. Só mesmo os seus pequenos cunhadinhos para poder tirar toda a compostura dos dois loiros Malfoy.
"Eu mereço, juro que mereço. Devo ter colado chiclete na barra das vestes de Voldemort, só pode." – resmungou, deitando-se novamente no sofá e cobrindo o rosto com um braço, até que um barulho de aparatação surgiu na sala. Ergueu um pouco o braço para ver quem era, torcendo para que fosse Lúcio, para assim poder matar o pai. Mas o que ele viu lá era o seu pequeno xodó. A queridinha e mimada Angela. –Você não deveria estar na faculdade? – perguntou, voltando a cobrir o rosto. Angela virou-se surpresa ao ouvir a voz do pai e deu um de seus famosos sorrisos "derrete até pedra".
"Vim para casa, precisava pensar um pouco."
"Espero que esse pensar seja relacionado ao fato de que você vai largar aquela maldita faculdade trouxa e fazer um curso que presta. Como uma boa bruxa talentosa deve fazer."
"Esqueça pai. Eu vou continuar lá. Não foi sobre isso que eu vim pensar. Mas eu também queria conversar com você." – Draco tirou o braço do rosto e encarou a filha, que se sentou ao lado dele no sofá. Soltou um longo suspiro. Essa história de conversar não era com ele, ainda mais com a sua filha. Deixava esse trabalho com a Gina.
"Sobre o que você quer falar?"
"Você ama a mamãe, pai?" – Draco sentou-se rapidamente no sof� encarando estranhamente a ruiva. Que pergunta era aquela?
"Claro que eu amo a sua mãe. De onde você tirou isso Angela?"
"Se casou com ela por amor, então."
"Sim." – disse desconfiado.
"O mesmo aconteceu com o Lúcio?" – perguntou a garota.
"Creio que sim. O mesmo aconteceu com o meu pai. Por que está perguntando isso Angela? Está interessada em alguém?"
"Isso não é ir contra tudo em que vocês acreditam? De que sentimentos enfraquecem as pessoas?"
"Bem… que isso não saía daqui, Angela. Mas se não fosse a sua mãe, eu não teria sobrevivido à guerra. Foi pensando nela que eu lutei contra Voldemort. O mesmo vale para o seu avô. Creio que foi por causa da Padma e da morte da minha mãe que ele também ficou firme durante a guerra. Mas me responda, está interessada em alguém minha filha?"
"Bem… eu estava com esse garoto…" - em um pulo Draco estava fora do sof� mirando de maneira chocada a jovem.
"E como eu não soube disso?"
"Não era nada de mais… mas então eu fui visitá-lo uma vez e peguei ele conversando com uma menina, fiquei desconfiada e fui tomar satisfações. E aí ele terminou comigo, acredita nisso? Ele terminou comigo!" – a garota levantou-se enfurecida e Draco soltou um pequeno suspiro. Sabia que tinha sido um erro, mas as pessoas nunca percebem isso até que seja tarde. Angela foi mimada demais por Lúcio e por ele. Educada dentro das crenças dos Malfoy, bem, as novas crenças dos Malfoy agora em época de paz. Tinha se tornado uma jovem orgulhosa e por muitas vezes arrogante. Que não admitia que os outros lhe dissessem o que fazer ou não. Agora deveria estar pagando por isso.
"E por que ele terminou com você?" – perguntou, ainda incomodado de estar tendo essa conversa com a filha. Preferia que Gina fizesse isso.
"Ele me disse… que queria ter o tipo de relação que você e a mamãe tem. Que os pais dele têm." – o loiro franziu a testa. Uma relação como a dele com a Gina, isso quer dizer que o garoto os conhecia.
"Quem é esse rapaz?" – perguntou curioso e a ruiva hesitou um pouco. Mas agora não fazia diferença, não estavam mais juntos e por isso não tinha problema seus pais saberem.
"Evan Potter."
"EVAN!" – gritou chocado em saber que a sua filha estava se relacionando com o garoto mais velho de Harry. Como ele não ficou sabendo disso? O menino só tinha dezessete anos, por Merlin! Era bem mais novo que Angela. E mesmo assim terminou com ela? Acalmou-se um pouco, repassando as palavras da filha na mente. Conhecia Evan desde que ele nasceu, e ele era tão ou mais orgulhoso que Angela. Tinha um gênio difícil e um modo um pouco possessivo, mas mesmo assim tinha um bom coração. Um coração mole… Ah, agora ele tinha entendido tudo. Evan se apaixonou por Angela, mas ela não se apaixonou por ele. Terminou esse caso dos dois antes que pudesse se machucar mais do que estava machucado. Bem, não poderia culpar muito o garoto, não é mesmo?
"O que você acha que eu devo fazer? Mostrar para aquele moleque que ninguém humilha um Malfoy dessa maneira?" – perguntou e o loiro sacudiu um pouco a cabeça. Aos vinte dois anos Angela não tinha amadurecido o suficiente para perceber que em certos casos é preciso pisar no orgulho e seguir um pouco mais o coração. Ele mesmo, Draco, se não tivesse feito isso há anos atrás com certeza hoje não estaria com Gina. Mas isso era uma coisa que a sua filha teria que aprender sozinha.
"O que você deve fazer, Angela? Creio que você deve crescer. Só isso." – e deu as costas para ela, indo tomar aquele banho que a esposa tinha falado.
Fechou o punho fortemente e socou o saco de areia, o fazendo vibrar diante do impacto. Logo uma chuva de socos começou a ser desferido contra o objeto, mostrando o quanto à pessoa estava irritada. Dallas girou o corpo e deu um chute no saco, repetindo o movimento por várias vezes. Apesar dos anos terem se passado, ela ainda se lembrava de todo o treinamento que recebeu da Ordem. Ainda era capaz de derrubar um adversário durante uma batalha. Mas, no momento, o que ela via naquele saco de areia era o rosto de Harry e a raiva imensa que estava dele. Apertou mais o punho e deu outro soco. O saco balançou fortemente e voltou, sendo recebido por mais um golpe. Ergueu a perna e deus dois chutes seguidos. O saco surrado apenas gemia nas bases diante dos maus tratos. Suor escorria pelo rosto rosado da mulher enquanto fios castanhos se soltavam do rabo do cavalo e grudavam no rosto dela. A camisa clara estava grudando no corpo bem formado e que ainda atraía muitos olhares por onde passava. As pernas continuavam revezar entre chutes e mais chutes, quando foram substituídas pelos punhos.
"O que o saco de areia fez para você?" – perguntou Harry, encostado na entrada no grande porão da casa, com os braços cruzados sobre o peito. As vestes de auror impecáveis em seu corpo. O saco de areia deu mais uma balançada e foi parado pelas mãos de Dallas, que não se virou para olhar o recém-chegado dentro do seu pequeno santuário. Ali não era apenas o seu laboratório, era o lugar que ela usava para poder ficar sozinha e pensar.
"Você não deveria estar no trabalho?" – respondeu ofegante, ainda encarando o saco de areia. Harry soltou um pequeno suspiro e começou a descer as escadas do porão. Quando a conheceu Dallas era tão diferente. A mulher de hoje passava longe de menina tímida e retraída. Hoje Dallas era decidida, firme e muito, mas muito teimosa. Era doloroso admitir isso, mas a Sonserina havia feito bem a ela. Agora entendia porque ela foi parar l� para poder se descobrir.
"Dallas…" - a mulher virou-se, os olhos azul-violeta escurecidos diante do exercício. O olhou no rosto por apenas alguns segundos antes de dar novamente as costas para ele e passar direto por Harry, subindo as escadas da casa enquanto desenrolava as faixas em suas mãos. –Dallas!- o moreno a chamou com mais firmeza, mas ela o ignorou, continuando a andar, tirando a sua camisa molhada no meio do caminho em direção ao banheiro e a jogando em um cesto de roupa suja. Harry estacou no lugar um pouco hipnotizado diante do ato dela, vendo as costas nuas da mulher e a pele macia e brilhante. Sacudiu a cabeça porque não era sobre isso que deveria estar pensando. Mas sim precisava conversar com ela.
A morena entrou no amplo banheiro, abrindo as torneiras da banheira enquanto desamarrava o cadarço da calça esportiva e tirava os tênis com os pés.
"Você quer parar e me ouvir?" – o auror parou na porta do banheiro, a vendo de costas para si, terminando de se despir e de soltar o cabelo. –Dallas Potter, não me ignore! – protestou, segurando no braço dela e a fazendo se virar.
"O que você quer Harry?" – resmungou irritada, soltando-se do aperto dele.
"Conversar. Será que posso ou você vai partir para a ignorância?" – falou, mantendo os olhos no rosto dela para ignorar o fato de que ela estava nua na sua frente. Deveria mencionar que Dallas também perdeu a vergonha de ser vista nua por ele? Também, depois de anos de casamento era de se esperar. E era por isso que estava ali. Não estragaria anos de matrimônio por causa de suas famílias.
"Fale." – disse displicente, puxando a cortina e entrando na banheira, que agora estava cheia.
"Certo…" - Harry sentou-se ao lado da banheira, observando a esposa sumir debaixo da espuma e depois reaparecer. Passou uma mão pelos cabelos e começou. –Sei que você está tentando me fazer reaproximar da minha família, mas você tem que entender que eles não ganharam o prêmio de tutores do ano, Dallas. Eles não foram a melhor coisa que aconteceu na minha vida, e eu preferia deixá-los para trás.
"Acontece que a sua tia está disposta a se redimir, eu posso ver isso nos olhos dela." – o homem ficou calado por um momento, ponderando o que ela disse. Sabia que Dallas era ótima em ler as pessoas, era uma coisa que ela tinha aprendido nos anos em que viveu como uma Winford. Negócios exigiam conhecer e saber o que a pessoa com quem você estava negociando estava pensando. –Se não quer dar uma chance ao seu tio e primo, tudo bem. Mas ao menos a ela você deveria dar. Você é a única coisa que a liga com a falecida irmã dela, e não pode privá-la disso, Harry. Se não der certo, esqueça e volte a sua vida de antes. Mas não dói tentar.
"Certo…" - falou em um tom de concordância. Detestava quando ela estava certa. Sempre sendo a sua pequena razão. Mulher experta, sabia muito bem como lhe manipular. Bem sonserina ela. Agora… agora era a hora de tocar no assunto delicado. –Farei isso, mas com uma condição. – Dallas parou de lavar o seu cabelo e olhou o homem, com as sobrancelhas franzidas. Não tinha gostado do tom dele.
"Que condição?" – perguntou desconfiada, franzindo o cenho mais ainda.
"Se eu der uma chance a minha tia, você vai ter que dar uma chance a sua avó."
"Sem chance." – rebateu, afundando-se novamente na água para poder ignorá-lo. Harry rolou os olhos e enrolou a manga de seu robe, afundando o braço na água e puxando a morena para a superfície.
"Não seja infantil, Dallas. Você já é uma mulher crescida. O que a velha Winford pode fazer contra você? Qualquer coisa você azara ela."
"Harry… se Voldemort fosse precisar de uma esposa, minha avó seria a candidata perfeita. Esqueça! O que ela quer é uma herdeira. E isso ela não vai ter."
"Dallas! É o seu patrimônio. Aquilo tudo é seu por direito. Sem contar que… você pretende jogar o trabalho do seu pai fora dessa maneira?"
"Como?"
"Você acha que o meu sogro esteve à frente das empresas todos esses anos por quê? Para ficar mais rico? Claro que não! Ele estava cuidando do que era seu. Do que é seu. Pode até ser que a sra. Winford queira uma herdeira… e você não pode fugir para sempre disso. Não jogue o trabalho do seu pai e de seus antepassados no lixo apenas porque você não gosta da sua avó. E pense nos nossos filhos também."
"Isso é golpe baixo, Potter." – sibilou a mulher. Se o assunto envolvia os filhos dela, ela fazia das tripas coração para poder resolver qualquer problema.
"É o patrimônio deles também."
"Harry, meu pai me disse, antes de eu voltar para Hogwarts no meu último ano, que não esperava me ver naquela estação no final do ano letivo. Que era para eu seguir a minha vida e tomar as rédeas dela. E foi o que eu fiz."
"Sim, foi o que você fez. Você não fez a mesma coisa que Albert, não deixou tudo para trás para poder seguir com o nome Winford. E eu realmente agradeço a Deus por isso. Mas agora a sua vida tem um rumo. E está na hora de voltar um pouquinho atrás para resolver algumas coisas pendentes, não acha?"
"Não tente usar de manipulação comigo, Potter. Grifinórios não são bons nisso." – escarneceu e Harry deu um sorriso de lado, sabendo que tinha vencido a batalha.
"Professor Dumbledore foi da Grifinória, e você sabe como ele é bom em enrolar os outros."
"Está querendo me dizer que está tentando me enrolar?"
"Não distorça as minhas palavras. Isso é tão você. Tão… Sonserina."
"Com muito orgulho meu caro." – disse desdenhosa, segurando na manga das vestes dele e o puxando com força, fazendo Harry cair de roupa e tudo dentro da banheira, bem no colo dela.
"Pombas, Dallas! Eu tinha que trabalhar!" – resmungou, observando a sua roupa ensopada.
"Tinha é? Se você quer que eu dê uma chance a minha avó, vai ter que pagar o preço…" - murmurou contra o ouvido dele, deslizando uma mão para dentro das vestes, procurando os botões da camisa dele.
"Onde está aquela garota tímida que eu conheci?" – Harry mirou os olhos verdes nos azuis dela, ambos escurecidos e brilhantes.
"Você a perverteu totalmente… oh nobre grifinório." – sussurrou contra o pescoço dele, dando um leve beijo na área.
"Graças a Deus! Sinceramente, Dallas, eu te amo muito, mas você era totalmente tapada quando tinha onze anos."
"HARRY!" – gritou, afastando-se um pouco dele, mas o homem a envolveu pela cintura e a beijou. Bem, seu casamento estava salvo. Agora o único problema que faltava resolver eram as suas famílias. E que os Deuses os ajudassem.
Em um pulo Hannah levantou-se do sofá quando viu Alexei entrar na sala comunal. Ao seu lado, Catharine piscou diante da pressa da amiga e fez uma carranca quando a viu ir em direção ao russo, a deixando falando sozinha com as paredes. A morena de olhos verdes caminhou a passos largos até o colega de casa e segurou no braço dele, dando um susto em Alexei, que olhou curioso para o rosto da menina, arqueando uma sobrancelha como se perguntasse o que ela queria.
"Você e eu, ali no canto, agora." – disse em um tom mandão e o garoto entendeu menos ainda, apenas se deixando ser arrastado pela jovem. Qualquer um sabia que era melhor nunca, mas nunca mesmo contrariar a menina. Ela não gostava muito que dissessem não para ela. Quando chegaram no dito "canto", Hannah soltou o braço dele, o jogando contra a parede fria das masmorras. Alexei entendeu menos ainda, surpreso com a força que a garota tinha, visto que ela era pequena… como o irmão. Deu um meio sorriso diante da comparação e da lembrança de um certo beijo.
"Certo Yatcheslav!" – a morena apontou um dedo para o rosto dele e a expressão dela era de pouquíssimos amigos. –Eu quero saber o que você fez com o Day! – o russo arqueou mais ainda as sobrancelhas. Day contou para ela o que tinha acontecido? Duvidava. Ele ainda estava confuso e, pelo que conhecia do garoto, ele gostava de manter muitas coisas para ele. Os irmãos pensavam que conheciam Day, mas na verdade eles apenas conheciam o que o mais novo dos filhos de Harry Potter deixava os irmãos saberem. As pessoas achavam que ele era um livro aberto, que tudo transpassava por aqueles belos olhos exóticos. Mas era apenas uma mentira. Eles viam o que Day queria que eles vissem, apenas isso. E era isso mais uma coisa que lhe fascinava em relação ao moreno. Os segredos dele. Queria desvendar todos, um por um, e aos poucos.
"Por que pergunta?" – fez-se de ignorante, melhor saída quando não queria revelar muita coisa e descobrir o quanto o "inimigo" sabia.
"Ele topa comigo no corredor, todo nervosinho…"
"O seu irmão está em um mau dia e você acha que a culpa é minha?" – acusou, endireitando-se e cruzando os braços sobre o peito.
"Day nunca está em um mau dia, Yatcheslav. Isso é um fato. Afinal ele é…"
"O carneirinho da Grifinória? Esse seu apelido realmente pegou." – a garota corou um pouco. Era uma brincadeira apenas para zoar um pouco com o irmão, ela não pensou que iria pegar na escola e que muito menos isso iria tirar a paciência do gêmeo. –Mas me parece que ele não gosta.
"Como você pode ter tanta certeza? Andou falando com ele? Abra a boca logo garoto! Eu to de olho em você e notei que você anda meio… obcecado pelo meu irmão faz um bom tempo." – falou, estreitando um pouco os olhos em desconfiança.
"Obcecado não seria a palavra certa." – estava mais era apaixonado e ele não tinha vergonha de admitir isso. Mas claro que não falaria isso na cara da irmã do seu amado… senão seria o saco de pancadas do outro cão de guarda: Evan. Não que ele não soubesse brigar, mas não estava disposto a entrar em duelos fúteis pela "honra" de Day. Não era a toa que o menino estava começando a se rebelar. Ninguém dava crédito a ele, não deixava ele tomar as suas próprias decisões e encarar seus próprios problemas. O tratavam como se fosse uma marionete.
"Então é o quê? Não vai me dizer que você de repente resolveu ser amigo dele?" – disse com desdém e o russo deu um meio sorriso. Amigo? Talvez… mas queria muito mais que a amizade.
"Posso fazer uma pergunta? Por que você e o seu irmão tratam o garoto como se ele fosse de vidro?" – disse curioso e Hannah recuou um pouco, piscando confusa diante da mudança súbita de assunto.
"Quando era pequeno…" - começou incerta se deveria revelar essa informação a ele. -… Day ficou muito doente. Pensamos que iríamos perdê-lo. Ele pegou uma pneumonia forte e ficou internado por dias…
"Seu irmão me parece muito saudável hoje."
"E ele é… mas às vezes ele parece tão frágil que Evan e eu achamos que devemos cuidar dele, como fizemos quando ele ficou doente." – falou em um tom suave.
"Acho que ele já pode cuidar de si mesmo, Potter."
"Certo… Mas não mude de assunto garoto!" – voltou ao tom firme e Alexei soltou um suspiro exasperado. Que saco era essa menina. Será que se jogasse na cara dela o que ele realmente queria com Day ela teria um ataque, cairia dura e morta, e parava de lhe encher? Seria muito bom para ser verdade não? Pena que era uma ilusão. –Day topou com você e você fez alguma coisa, como sempre.
"Você não pode parar para pensar que talvez, somente talvez, ele tenha feito algo a mim?" – disse sério e Hannah recuou mais um passo, olhando com os olhos largos para ele. Depois de alguns segundo de choque ela começou a gargalhar histericamente.
"Day? Fazendo algo com você? Não me faça rir. Ele não seria capaz de afetar uma mosca." – Alexei estreitou um pouco os olhos. Ah, se ela soubesse.
"Tem certeza?" – disse malicioso e isso a fez parar de rir.
"O que você quer dizer com isso? O que está acontecendo? Fala, Yatcheslav!"
"Você acha que conhece tão bem o seu irmão… por que não pergunta a ele?" – deixou no ar e deu as costas para ela, indo para o seu dormitório. Hannah ainda ficou parada no mesmo lugar, piscando intensamente e ficando confusa a cada minuto que se passava. O que estava acontecendo? O que Day e Alexei estavam escondendo? Iria descobrir, ou não se chamava Hannah.
