Rory parou em frente ao quadro de avisos do hall de entrada do castelo. Seus olhos azuis correndo de um lado para o outro sobre o recado. Arqueou as sobrancelhas douradas como se ponderasse sobre o que estava lendo e depois de uns cinco minutos de indecisão, ela segurou a pena presa ao lado do aviso e assinou o seu nome na lista.
'Hei! Day! – chamou, acenando para o moreno que subia as escadas em direção ao hall. Day soltou um suspiro cansado, passando a mão pelos cabelos negros e puxando um pouco a mochila para cima do ombro caminhou até onde estava a loira.
'O que foi? – perguntou. A semana havia sido exaustiva ele não cruzava com Alexei fazia uns três dias. Alan estava matando todos os jogadores antes da temporada começar. Dumbledore planejou um Baile de Halloween, de máscaras ainda por cima, e ele não tinha idéia do que iria usar. No dia seguinte seria a ida a Hogsmeade e ele ainda nem tinha comprado o presente de aniversário da sua mãe, sem contar que Hannah estava lhe dando uns olhares estranhos desde que descontou as suas frustrações nela dias atrás. Temia que ela soubesse de alguma coisa que não deveria saber.
'Clube de Duelos. Vai participar? – perguntou com um sorriso e Day virou-se para ver o recado que estava preso no mural. Os professores resolveram organizar um Clube de Duelos para poder colocar os alunos um pouco em forma. E o clube seria iniciado essa noite, depois do jantar, e seria apenas para os alunos do terceiro ano para cima. Pensou em dar as costas e ir para a torre dormir, quando seus olhos percorreram a lista e viram o nome de um certo sonserino. Hesitante, pegou a pena e finalmente assinou o seu nome na lista, que já tinha um bom número de gente.
'Vem… vamos jantar. – falou a loira, segurando na mão do amigo e o levando para dentro do salão principal. O jovem deixou-se ser levado, até que divisou o seu irmão entre os integrantes da mesa da Grifinória. Evan era um que andava estranho nos últimos dias.
'Vai na frente Rory, eu preciso falar com o Evan. – disse, soltando-se da garota e caminhando até o irmão e sentando-se ao lado dele, observando que ele mais brincava com a comida no prato do que comia. –Eu dou vinte galeões pelos seus pensamentos. – Evan levantou a cabeça e olhou o irmão, um pequeno sorriso se formando em seu rosto.
'Está com dinheiro assim para ir esbanjando desse jeito? – disse, piscando os olhos que não estavam sendo escondidos pelas lentes dos óculos.
'Você está com essa cara há dias. Ouvi dizer que nem anda descontando pontos da galera. – falou brincalhão. Sabia que Evan era um bom monitor, mas às vezes ele exagerava e tirava pontos por coisas bobas. O rapaz mais velho soltou um suspiro e apoiou o queixo na mão.
'Eu terminei com a Angela. – sussurrou apenas para Day ouvir. O garoto piscou, surpreso. Ele também sabia que Evan adorava aquela ruiva, embora a mesma não retribuísse muito essa adoração. Era por isso que ele não se entendia muito bem com Angela Malfoy. A achava muito mimada. Não entendia como ela poderia ser filha da Gina.
'Terminou com ela? Ela deve estar possessa. Ninguém termina com uma Malfoy.'
'Não me interessa o que ela deve estar sentindo. Não sou masoquista para ficar com uma garota que não está afim de mim e acha que pode ficar controlando a minha vida só porque a gente trocou alguns beijinhos… - parou e corou um pouco. -… e algumas outras coisas. – Day arregalou um pouco os olhos.
'Vocês não fizeram… fizeram?'
'Isso não é da sua conta fedelho.'
'Hei! Eu não sou idiota. Acha que eu acredito que bebês são trazidos pela cegonha? Me poupe!'
'Foi só por isso que você veio falar comigo? – Day deu um aceno positivo de cabeça. –Bem, então já sabe porque eu estou com essa cara. Mas agora é a minha vez de falar. – o apanhador engoliu em seco.
'Sobre?'
'Hannah me contou que você anda meio estranho. Topou com ela no corredor e começou a brigar com ela sem motivo algum.'
'Hannah tem uma mania muito irritante de fazer piadinhas nos momentos mais inoportunos.'
'Mas você nunca gritou com ela por causa disso.'
'Uma hora qualquer um cansa das brincadeiras dela.'
'Eu te conheço Day. – será? Pensou Day. Será que alguém realmente o conhecia? Se conhecesse parariam de tratá-lo assim. –Algum bicho te mordeu para você ter descontado as suas frustrações na Hannah. – na verdade seria mais o oposto, pensou novamente, já que foi ele que beijou o Alexei. –E eu desconfio de quem seja esse bicho. – mirou a mesa da Sonserina, onde Alexei estava sentado com alguns amigos.
'Por que vocês acham que todos os meus problemas estão relacionados a ele? – mentiu descaradamente, porque o seu maior problema realmente se chamava Alexei.
'Eu reparei que ele anda muito atrás de você ultimamente. Eu quero saber o porquê. O que ele te disse?'
'Nada demais. Só queria… conversar.'
'O que um sujeito do sexto ano, da Sonserina, iria querer falar com você Day?'
'O que foi? – resmungou o jovem, sentindo-se acuado e não conseguindo um modo mais racional de sair desse interrogatório. –Ninguém mais pode falar comigo nessa escola? Tem que passar por sua aprovação ou da Hannah para ser meu amigo? Qual é o problema? Não sou bom o suficiente para ter a amizade de alguém mais velho e de outra casa? É isso? – perguntou irritado e Evan recuou um pouco, não sabendo muito bem o que responder.
'Claro que não é isso. É apenas suspeito. Ele é o Yatcheslav… e o passado dele…'
'Que passado? O que ele fez no passado? Que eu saiba não deve ter nada demais no passado dele.'
'Mas a família dele… - tentou argumentar o jovem, vendo que o seu irmão mais novo ficava cada vez mais irritado.
'A família dele? Não vai com a cara dele por causa da sua família? Talvez não devesse ir com a cara da Angela também! Afinal, o avô dela foi um comensal, como o de Alexei.'
'Mas voltou-se para o nosso lado. – argumentou Evan, não gostando dessas acusações do irmão para cima da família da Angela. Mesmo que não namorasse mais a garota, ainda estava tolamente apaixonado por ela.
'Mas isso não muda o fato de que ele também foi um assassino. E isso não te impediu de ir para a cama com a neta dele! – explodiu, levantando-se bruscamente da mesa. –Perdi a fome. – falou em um tom seco, puxando a sua bolsa com violência do chão e saindo a passos pesados do salão, sob os olhares curiosos de alguns alunos. Era a primeira vez que viam Day Potter perder a paciência desse jeito. Era com certeza um fato novo, e que seria muito comentado em Hogwarts.
Catharine parou a um canto do salão, não desgrudando de Hannah, mas com o seu olhar fixo no grifinório que conversava com alguns colegas do outro lado do palanque. Sentiu uma cutucada em suas costelas e rodou os olhos negros para mirar a morena ao seu lado, totalmente contrariada por ter sido tirada de sua apreciação. Hannah apenas acenou com a cabeça em direção a mesa dos professores e a jovem virou-se para poder ver Snape parado lá, com as suas usuais vestes negras, e uma expressão totalmente azeda. Deu um sorrisinho e um aceno, depois se virou novamente para a amiga e rolou os olhos.
'Isso já está me enchendo. Ele ainda está de marcação cerrada comigo. – resmungou, colocando ambas as mãos na cintura esguia. –Que coisa ridícula. Eu tenho permissão da mamãe para namorar, quem ele pensa que é para ficar me dando ordens?
'O seu pai? – responde Hannah como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
'Hannie… esqueceu? – deu um sorriso sarcástico. –Dentro de Hogwarts é… Professor Snape. – falou, na sua melhor imitação do mestre de poções. –Ridículo.
'Cathy?'
'Hum? – respondeu aérea, voltando a observar o capitão do time de quadribol da casa dos leões, e no modo como ele gesticulava e sorria enquanto falava com os amigos. Os olhos azuis escuros, os cabelos negros brilhando contra a luz do salão, os músculos ressaltados debaixo do suéter da escola. Aquelas mãos firmes… Argh! Como sentia falta dele. Será que ela não poderia envenenar o seu pai só um pouquinho? Só para poder trocar uns beijinhos com o Alan.
'Você é o professor Snape na versão feminina. Aceite isso. Ambos são… turrões.'
'Obrigada pela parte que me toca. – escarneceu a jovem. –Sua amizade me comove. – Hannah apenas deu um sorriso inocente.
'De nada. Disponha.'
Do outro lado do salão, Day estava experimentando algo que ele nunca tinha sentido na vida. Ele estava de mau humor. De extremo mau humor. Primeiro era Hannah que tinha ido fofocar com Evan sobre a explosão dele no corredor. Depois era Evan vindo tomar satisfações da sua vida e jogando acusações sobre o Alexei. E agora era o fato de que além de cansado, ele estava com fome, e sem saco nenhum de estar nesse Clube de Duelos. Na verdade, nem sabia direito por que tinha entrado. Corrigindo, ele sabia. Era por causa do sonserino que estava perto do palanque conversando com alguns amigos, enquanto ele estava escondido ali, resmungando e com fome. Realmente, estava de péssimo humor. Se fosse duelar com alguém, jogaria um avada kedavra sem dó no infeliz.
'Nossa, dá para tocar no seu mau humor. – Rory aproximou-se dele.
'Hunf! – foi a única resposta do garoto.
'Qual é o problema, Day?'
'Todos. Minha vida, meus irmãos… - um ronco soou e a loira olhou divertida para ele. -… meu estômago.
'Também, depois daquela discussão que você teve com o Evan. O que foi que aconteceu? – o moreno soltou um suspiro, olhando intensamente para os olhos azuis da sua melhor amiga.
'Longa história Rowena, um dia eu te conto.'
O burburinho das conversas parou quando Sirius apareceu no salão, subindo no palanque, com um sorriso de orelha a orelha, olhando todos que estavam a sua volta.
'Bem, vejo que muitos resolveram comparecer. Fico feliz. – puxou a sua varinha, dando uma longa olhada para Snape, lançando um sorriso maroto para ele. Poderia convidar o professor de poções para ajudar-lhe na demonstração, mas não estava disposto a morrer cedo, visto que na última semana ele esteve pegando no pé desse mesmo professor por causa do namoro de Catharine. –Antes de começarmos os duelos, primeiro darei umas pequenas demonstrações de ataque e defesa. Feitiços simples, apenas para inaugurar o clube. À medida que as aulas forem avançando as lições também irão. Por isso, para me ajudar nessa primeira aula, convido a srta. Densetsu. – Maya piscou de onde estava, apontando para si, confusa. Certo que apesar de ser um desastre em DCAT ainda sim era boa em duelos. Mas do jeito que era atrapalhada, um feitiço poderia sair pela culatra e Sirius iria lhe encher por meses. Mas, por outro lado, ele ainda estava lhe devendo por causa daquela aula. Como seria humilhar Black na frente de suas dezenas de fãs? Subiu no palanque com um sorriso confiante e Sirius a olhou de maneira estranha. Isso não era bom.
'Professor Black. – a jovem disse de maneira polida, a alguns passos de distância, erguendo a varinha em direção aos olhos.
'Pronta senhorita? – Maya apenas deu um aceno positivo com a cabeça. –No três. Um, dois, três. Expelliarmus! – gritou e Maya foi quase foi atingida pelo feitiço, mas ergueu a tempo um escudo de proteção e o feitiço foi repelido.
'Lacartu inflamare! – Sirius arregalou os olhos, rebatendo rapidamente quando viu as chamas virem em sua direção.
'Finite incantatem! Srta. Densetsu, feitiços apenas para desarmar, não ferir! – alertou e a jovem deu um sorriso enviesado.
'Oh, o senhor não me disse isso, senhor Black. – o homem rolou os olhos. Sonserinos, todos eram iguais, mesmo os mais atrapalhados. –Rictusempra! – o homem arregalou os olhos antes de começar a rir histericamente.
'Wad… - começou, ainda entre gargalhadas. -… Waddwasi! – apontou a varinha para uma cadeira e depois mirou a mesma na direção da garota. O móvel voou em alta velocidade em direção a Maya, que num movimento rápido se abaixou, ouvindo o barulho da cadeira se espatifar na parede atrás dela. Essa distração foi o suficiente para ela não ouvir a próxima tirada de Sirius. –EXPELLIARMUS! – gritou com força e a garota virou-se na direção dele, arregalando os olhos quando o feitiço a atingiu, a fazendo perder a varinha e deslizar uns bons metros ao longo do palanque.
'Ai. – gemeu diante do pequeno vôo rasante que deu e piscou os olhos dourados para que eles voltassem ao foco. Não era bem assim que ela planejava humilhar Sirius. Viu o mencionado parar na sua frente, apontando a varinha para a sua testa, com um sorriso vitorioso no rosto.
'Parece que a senhorita perdeu. – sorriu mais ainda e Maya estreitou os olhos em desprezo. Era tudo, menos uma perdedora.
'Eu não diria isso. – rodou a perna no ar, chutando o braço de Sirius e o fazendo perder a varinha também. Envergou a coluna e num pulo pôs-se de pé.
'O que… - começou o animago, mas um chute o atingiu no peito, o fazendo recuar alguns passos, sem ar. Maya caiu no chão, usando as mãos como apoio, e fez um arco com uma das pernas, dando uma rasteira no moreno. Sirius tentou se levantar, mas antes que pudesse pensar a garota já estava em cima dele, o pegava pelo braço com uma força incrível e o virava no chão, agora torcendo o seu braço nas suas costas.
'Peça pinico! – disse, usando suas pernas para prender o corpo e o outro braço dele no chão, enquanto torcia a outra mão dele com mais força.
'Nunca! – Sirius gritou, sentindo o seu orgulho cair. Tinha sido derrubado por essa pirralha, na frente de seus alunos. Pior! Na frente do Snape. Seria a piada do mês para ao seboso.
'Peça pinico ou eu quebro o seu braço. – falou, torcendo o braço dele com mais força.
'Você não ousaria. – rosnou Sirius e Maya deu um sorriso maldoso.
'Você está me devendo, Black, esqueceu? Olho por olho, dente por dente. Peça pinico! – apertou ainda mais o braço dele e o ex-condenado gemeu de dor.
'CERTO! – gritou humilhado. –Eu me rendo. – murmurou de maneira inaudível.
'Como? Eu não ouvi? – falou a garota, aproximando seu rosto do dele e apertando ainda mais o braço, de onde veio um estranho estalo.
'EU ME RENDO! SATISFEITA? – gritou e Maya deu um sorriso inocente, soltando o braço dele e levantando-se do chão.
'E isso, meus jovens, se chama: como derrubar Sirius Black! – disse aos alunos, que riram, começando a aplaudir o duelo. A garota fez uma reverência em agradecimento, catou a sua varinha, e saiu altiva do salão.
Ethan espreguiçou-se um pouco ao sair da loja. Ao seu lado um dos seus companheiros de banda soltou um pequeno resmungo e cruzou os braços. Não poderia ver, mas poderia ouvir o barulho das pessoas em Hogsmeade. E pelo que a sua irmã lhe disse, hoje era o final de semana no vilarejo, antes da festa de Halloween que haveria na escola. Com certeza as lojas deveriam estar lotadas com alunos comprando as fantasias. E esse, além da vontade de encontrar Rory, era um dos motivos pelos quais ele estava ali. A sua banda tinha sido contratada por Dumbledore para tocar na festa. Sim, isso mesmo. Ethan Weasley fazia parte de uma banda. Era guitarrista. Afinal, era isso que ele estudava na faculdade. Música era a sua vida, não apenas um hobby para entreter um garoto cego, como ele costumava brincar.
'Você vai ficar legal sozinho? – Derick, o segundo guitarrista e também vocalista do Dark's Guide, perguntou ao amigo.
'Vai lá. Eu vou sobreviver. Conheço Hogsmeade como a palma da minha mão. Sem contar que tenho esse pequeno companheiro comigo. – disse, apontando para a bolinha de energia criada pelo feitiço guia para impedir que Ethan ficasse tropeçando nas pessoas, e o ajudasse a entrar no lugar certo.
'Bem… Sorte. A gente se encontra mais tarde para fazermos os últimos arranjos antes da festa.'
'Okay. – disse e ouviu quando Derick desapareceu do seu lado. –Certo. – murmurou. –Me leve a Dedos de Mel. – ordenou a bolinha, dando um pequeno sorriso, pois quase poderia ouvir a voz da sua mãe dizendo para não comer doces antes do almoço. Sentiu o link ao seu pulso, do feitiço, se ativar, enquanto a bolinha começava a serpentear a multidão. Cruzou ruas, passou por pessoas e lojas, nunca esbarrando em ninguém, como se realmente pudesse ver para onde estava indo. Mas nem mesmo um feitiço guia era capaz de prever o surgimento súbito de uma pessoa, saída de uma das lojas lotadas do vilarejo.
'Ouch! – o grito soou no meio da multidão, enquanto Ethan ouvia um corpo cair no chão, depois de ter batido fortemente contra ele. Olhos verdes ergueram-se, furiosos para a pessoa que tinha esbarrado. –Não olha por onde anda não! É cego por um acaso? – disse a voz de maneira raivosa e Ethan supôs que tinha esbarrado em uma mulher. Uma garota, para ser mais exato.
'Na verdade… - uma outra voz respondeu a primeira. E essa voz era bem conhecida do moreno, que deu um pequeno sorriso. -… sim. – falou Rory, estendendo uma mão para Hannah, caída no chão, a ajudando a se levantar.
'Como? – resmungou a garota, batendo a poeira das roupas.
'Ele não enxerga. – disse a loira, dando de ombros.
'Não precisa se justificar por mim, Rory. Eu deveria estar prestando mais atenção aos meus arredores. – falou Ethan em um tom gentil. –Como você está irmãzinha? – disse com um sorriso e sentiu Rory segurar na sua mão, o puxando com suavidade e lhe dando um abraço. Retribuiu o gesto, notando o quanto ela tinha crescido em pouco tempo. Perto deles, Hannah ficou vermelha como um tomate. Aquele era o irmão de Rowena? Já tinha ouvido falar nele, talvez o encontrado algumas vezes, e lembrou-se de que ele era cego de nascença. Que fora tinha dado.
'Ah meu Deus! – exclamou, mais vermelha do que nunca, e os irmãos se separaram, com Rory olhando de maneira divertida para a garota. –Eu sinto muito… muito mesmo. Eu não sabia. – disse sem graça e a loira soltou uma risada. –Rory! – gritou a menina de olhos verdes diante da graça que a grifinória estava achando do seu embaraço.
'Está tudo bem. Essa é uma tirada que todo mundo usa em situações como essa. Poucos são aqueles que acertam, não é mesmo? – falou com um sorriso, fazendo piada da sua própria condição. Se deixasse o fato de que era cego o sobrepor, nunca viveria direito. E com ou sem visão, tinha uma vida boa e era feliz, e isso bastava. Às vezes as pessoas se surpreendiam diante da simplicidade de Ethan e do modo como ele sempre encarava tudo com um alto positivismo. Tinham inveja, porque aqueles que podiam ver reclamavam de coisas inúteis, enquanto ele estava feliz do modo que estava.
'Mas… eu… a culpa foi minha. Eu não estava vendo… eu sai da loja… - começou a gaguejar e Rory riu mais ainda. Day saiu da loja, piscando confuso para o que estava acontecendo ali no meio da rua.
'Olá Ethan. – disse o garoto e Ethan rapidamente reconheceu a voz do rapaz que sempre visitava a sua casa nas férias para Rory e ele saírem para passear.
'Olá Day. – respondeu com um sorriso, estendendo a mão na direção da voz e Day recebeu a mão em um cumprimento rápido.
'O que aconteceu aqui? Hannie? – chamou a irmã, notando que ela estava extremamente vermelha e balbuciava coisas sem nexo.
'Hannah esbarrou no Ethan sem querer e perguntou se ele era cego. Agora está aí morrendo de vergonha pelo lapso. – Day soltou uma risada, afagando os longos cabelos castanhos da irmã, que desciam até a cintura, com leves cachos nas pontas.
'Eu sinto muito. – disse apressada, recolhendo as bolsas que ainda estavam no chão depois da queda dela, e saindo correndo de perto do grupo.
'Hannah! – Day gritou, chamando pela garota apressada. –Com licença. – disse e foi atrás da gêmea.
'Hannah? – Ethan perguntou a irmã, que ainda ria com a cena.
'Sim, a irmã gêmea do Day.'
'Ah… - disse vago, com uma sensação estranha dentro de si que esse encontro tinha causado. Hannah… rolou o nome pela sua língua e deu um pequeno sorriso. Esperava encontrá-la novamente.
Olhou-se no espelho e passou uma mão pelos cabelos que estavam rebeldes e molhados, com a franja negra caindo sobre os olhos. Estava sem corte, talvez precisasse de uma tesoura, pois estava parecendo o cabelo revolto do seu pai. Mas, pensando bem, gostava deles assim. Aproximou mais o rosto do espelho para se ver melhor. Passou um dedo pela ponte do nariz, depois traçou as bochechas e os lábios. Não via nada de diferente nele, a não ser os olhos violetas. Então, o que ele poderia ter para atrair a atenção de alguém? Afastou-se um pouco para se ver de corpo inteiro. Não era muito alto, nem forte. Tinha alguns músculos que ganhou no quadribol e nas "brigas" que tinha com o seu pai durante as férias. Riu um pouco. Se as pessoas soubessem que o carneirinho da grifinória podia facilmente quebrar o braço de alguém, paravam com essas brincadeiras. O sorriso sumiu ao lembrar-se do apelido infeliz. Soltou um suspiro, avaliando novamente a sua fantasia. Havia visto num livro e achado interessante. Eram trajes militares de séculos passados. As botas de cano alto iam até seus joelhos, sobre a calça justa e branca. O casaco azul escuro e de botões dourados descia até a sua coxa. Uma capa negra estava presa em seus ombros e luvas brancas completavam a fantasia. É, não estava de todo ruim.
'Vai demorar muito aí? – Evan entrou no dormitório do quarto ano, olhando de cima a baixo o irmão e dando um pequeno aceno apreciativo. Ele parecia mais velho dentro daquela fantasia. Estava bem assim. Mas claro que ele não era deixado para trás, porque ele estava de terno. Um terno todo negro. Da gravata a camisa de seda. Day piscou. Que fantasia era aquela?
'Okay… e o seu personagem, qual é? – perguntou, vendo que ele colocou as mãos nos bolsos do terno e abriu um grande sorriso malicioso.
'Eu sou o juiz. – falou em um tom sombrio.
'Do quê?'
'Do fim do mundo. – deu uma gargalhada alta e ameaçadora e Day rolou os olhos. Seu irmão estava vendo muito filme de suspense e terror.
'Certo senhor Juiz. Vamos! – pegou a máscara negra e passou pelo irmão, que se virou e começou a segui-lo. Desceram até a sala comunal, que estava cheia de alunos esperando pares ou amigos. Encontrou Rory a um canto e caminhou até ela. Evan passou por eles, dando um aceno e saindo da sala, indo para a festa.
'Você está bonito, Day. – cumprimentou a garota, que usava um longo vestido de cetim, ricamente decorado e com detalhes aqui e acolá. Parte do cabelo loiro estava preso em tranças rebuscadas, deixando amostra orelhas pontudas.
'Uma elfa? – disse o moreno e a menina sorriu.
'Um soldado? – retrucou a garota, estendendo uma mão para ele, enquanto colocava a máscara branca que cobria metade de seu rosto. Day também colocou a máscara, parecida com da amiga, e juntos foram para a festa no salão principal.
No meio do caminho encontraram Hannah e Catharine quê, como boas sonserinas, esbanjaram nas fantasias. Hannah usava um kimono rosa com flores lisáses que faziam par com a máscara que usava. Mas, diferente dos kimonos orientais tradicionais, esse ia até o meio das coxas da garota, que usava uma bota de salto, branca, até os joelhos. Os cabelos estavam presos em um coque oriental, com alguns fios soltos, e uma maquiagem leve ressaltava os olhos vivamente verdes. Contudo, Catharine com certeza daria um enfarto ao professor Snape. Ela usava uma roupa de couro negra, peça única, justíssima ao corpo. Não tinha mangas, as mãos possuíam luvas negras e sem os dedos. As pernas da calça se abriam em uma fenda até a coxa, as costas tinham um decote que ia até a base da coluna e a máscara possuía pequenas duas orelhas felinas.
'Miau! – disse a Snape quando se aproximou dos dois grifinórios. Hannah soltou uma risada enquanto Rory dava um sorriso e Day arregalava os olhos.
'Tio Severo vai ter um troço quando te vir assim, Cathy. – falou o menino, já imaginando a cara que o padrinho faria. Desmaiaria no meio do salão, com certeza.
'Isso se ele me reconhecer. – respondeu a garota, botando as mãos na cintura e dando uma volta.
'Você sabe que aquele lá reconhece a cria a quilômetros de distância. – rebateu o moreno.
'Veremos. – disse a sonserina, entrando rebolativa no salão. Day e Rory rolaram os olhos e a seguiram. Hannah entrou depois deles, sendo recebida rapidamente pela música que tocava. Olhou para o palco e viu que a banda que iria tocar na festa já preparava os equipamentos. Eram instrumentos trouxas, com direito a microfone e tudo, a única diferença era que não havia amplificadores. Tudo era aumentado e ressoado pelo salão através de feitiços sobre o equipamento. Era uma das milhares de maneira de se tocar música ao vivo no mundo bruxo. No palco os integrantes da banda pareciam discutir alguma coisa a baixas vozes.
'Seu gênio! – Vivian, a baterista da banda, deu um tapa na cabeça de Derick, que lançou a ela um olhar de filhote abandonado. –Encheu a goela de sorvete de bolhas e agora está com a garganta ferrada. E aí, gênio, como vamos fazer o show sem o vocalista? – os outros da banda deram uma pequena risada diante daqueles dois. Viviam brigando, mas todo mundo sabe que tapa de amor não dói. Somente aqueles dois que não viam isso.
'O que foi? – Ethan subiu no palco, pelos bastidores, aproximando-se do grupo.
'Tô ferrado cara. – Derick respondeu com a voz rouca. –Exagerei no sorvete. – a voz agora estava quase sumindo. Ethan rolou os olhos castanhos para o amigo. Conhecia Derick desde que entrou em Hogwarts. Eram unha e carne, quase irmãos, e sorvete sempre foi à tara do loiro de olhos verdes.
'E agora? – Roby, o tecladista da banda, cruzou os braços sobre o peito, batendo o pé de maneira ritmada no chão.
'Fácil. – Donie, o baixista, abriu um sorriso matreiro. –Ethan vai ser o vocalista essa noite.
'O quê? – o mencionado arregalou os olhos. –Nem sonhando.
'Por que não? Você é o back vocal do Derick, por que não pode ser o vocalista por essa noite? – perguntou Vivian.
'É cara, você canta bem. Não tão bem quanto eu, mas… - Derick comentou rouco e divertido, dando de ombros, e Ethan soltou um suspiro.
'Certo. Então vamos. O Dj disse que vai tocar mais essa música e que a próxima e a nossa vez. – todos assentiram com a cabeça, começando a tomar as suas posições no palco.
Day parou em frente à mesa de comes e bebes, observando as coisas que tinham na longa extensão do móvel. Tirou as luvas das mãos, as colocando no bolso de trás da calça, e pegou um bombom sobre a mesa, levando o doce à boca e virando-se para ver o movimento no salão. Riu ao ver em um canto Snape passando um sermão em Catharine. Como ele tinha previsto, o professor estava vermelho como as cores da Grifinória enquanto falava sem parar, e Catharine estava com uma expressão entediada, sem prestar a mínima atenção no que ele dizia. Esses dois eram tão parecidos, mas morreriam antes de admitir isso. E a única pessoa que conseguia colocar ambos na linha era a sua madrinha Clarisse.
'Olá soldado. – a voz sussurrou sedutoramente em seu ouvido e Day quase engasgou com o último pedaço de bombom. Virou-se e sua respiração prendeu na garganta. Os olhos amêndoas brilhavam com divertimento por detrás da máscara negra que cobria parcialmente o rosto do rapaz mais alto. Um chapéu de couro surrado de cow-boy caía sobre os olhos já cobertos por mechas do cabelo castanho. Desceu seu olhar violeta, vendo a jaqueta de couro sobre os ombros largos, a camiseta branca sob ela, o cinturão de couro, a calça jeans justa. Havia uma replica de brinquedo de uma arma trouxa presa no coldre e uma estrela de prata na jaqueta de couro, onde estava escrito: xerife. E por fim a bota negra que tinha uma fivela que cruzava o cano dela e brilhava as luzes das velas.
'O… olá xerife. – conseguiu balbuciar e Alexei soltou uma pequena risada, dando um longo olhar apreciativo para Day.
'Nada mal… nada mal mesmo. – deu um sorriso enviesado, estendendo uma mão para ele. O moreno olhou da mão estendida para o sonserino, erguendo uma sobrancelha por detrás da máscara.
'Dance comigo. – sussurrou quando ouviu os primeiros acordes vindos do Dark's Guide. Day engoliu em seco e hesitante entregou a sua mão ao sonserino, que o guiou para a pista de dança, onde outros casais já estavam.
No palco, Ethan respirou fundo enquanto introduzia a música em sua guitarra. Lentamente a banda começou a acompanhar assim que a melodia começou a sair da sua boca. A voz encorpada começando a soar no salão em uma balada.
A hundred days have made me older, since the last time that I
saw your pretty face
A thousand lies have made me colder and I don't think I can look
at this the same
But all the miles that separate
They disappear now when I'm dreaming of your face
Hannah ergueu os olhos quando a música começou a tocar e sentiu as bochechas ficarem quentes quando viu quem estava sobre o palco. Era o irmão de Rowena, o mesmo em quem ela tinha esbarrado no dia anterior e ofendido. Viu os dedos dele percorrerem as cordas da guitarra enquanto sua voz soava pelo salão. Hipnotizada caminhou para mais perto do palco, fechando os olhos e deixando a música entrar em seu corpo.
Ethan continuou cantando, quando sentiu uma fragrância suave, quase sumida, alcançar o seu nariz. Conhecia aquele cheiro de algum lugar. Perdeu-se entre a música e as lembranças, até que ele conseguiu associar o aroma à voz e a uma pessoa. Deveria ser ela, Hannah. Deu um pequeno sorriso e pôs mais empenho na canção, como se estivesse fazendo um show particular para a garota que estava na beirada do palco.
I'm here without you baby but your still on my lonely mind
I think about you baby and I dream about you all the time
I'm here without you baby but your still with me in my dreams
And tonight, there's only you and me
Evan colocou as mãos nos bolsos do paletó para poder espantar um pouco o frio da noite. Pelas portas e janelas do castelo podia ouvir a música que vinha do salão. Deu um sorriso triste, as letras combinavam com o seu estado de espírito no momento. Havia dito a Day que a sua fantasia era do Juiz do Apocalipse. Uma mentira, sua fantasia era de luto, estava de luto por ser o maior idiota da terra e se apaixonar pela ruiva sem coração. O que diabos tinha lhe dado para cair nos encantos daquela garota? Seus amigos o haviam alertado, dito que era perda de tempo, que uma mulher como ela não iria querer nada mais que diversão com ele. Ainda mais que ela tinha Malfoy no sobrenome. Mas ele não deu ouvidos a ninguém, já estava enfeitiçado e tolamente apaixonado. Levou meses para tomar coragem para fazer o que tinha feito, e quando achou a oportunidade certa, quando achou que estava pronto para terminar tudo o que tinha com Angela, o fez. Apenas não pensou que doeria tanto.
'Evan? – ouviu a vozinha ao seu lado e virou-se para ver a loira parada junto consigo nos jardins, com as bochechas pálidas rosadas.
'Sim, Rory? – perguntou a menina, dando um pequeno sorriso para ela. O rubor da garota pareceu aumentar com isso.
'O que faz aqui fora sozinho? – falou em um tom mínimo, envergonhada, e torcendo a saia do seu vestido entre os dedos.
'Estou pensando. – respondeu, notando o comportamento estranho da menina. Quando os olhos azuis se ergueram e olharam para ele, se abaixando logo em seguida e as bochechas ficando ainda mais rosadas, foi que Evan entendeu tudo. Era só o que lhe faltava, a melhor a amiga do seu irmão caçula tinha uma queda por ele. Não que ela não fosse um doce de menina, mas se não estivesse apaixonado por uma outra pessoa com certeza tentaria algo com ela. –Queria me falar alguma coisa, Rowena? – perguntou e ela corou mais ainda.
'Eu queria saber… queria saber… - a voz dela foi sumindo a cada segundo.
'Saber o quê? – incitou e a viu dar uma inspirada funda de ar.
'Se você dançaria comigo. Uma dança só, pode ser? – ele a olhou por um bom tempo, em silêncio, pensando sobre a proposta. Deveria dançar com ela? Não queria dar falsas esperanças a menina, como Angela fez consigo. Mas também não haveria mal nenhum uma única dança.
'Claro que sim. – respondeu depois de um tempo e a viu abrir um grande sorriso. –Apenas me dê mais um tempo e depois eu entro, e você terá a sua dança. – o sorriso se alargou e ela deu um aceno de cabeça, entrando apressada no castelo. Evan soltou mais um suspiro e deu outro sorriso triste. Se fosse uma pessoa sensata, teria se apaixonado por alguém como Rory. Mas quem foi que disse que o amor era sensato, não sabia do que estava falando.
The miles just keep rolling as the people leave their way to say
hello
I've heard this life is overrated but I hope that this gets
better as we go
I'm here without you baby but your still on my lonely mind
I think about you baby and I dream about you all the time
I'm here without you baby but your still with me in my dreams
And tonight girl, there's only you and me
Os olhos violetas rodaram por todo o salão, para as pessoa que também dançavam na pista de dança sob a pouca luz que estava no lugar. Alexei reparou no movimento nervoso do garoto em seus braços e o modo que ele olhava para tudo, menos para ele. Colocou os dedos debaixo do queixo do menino e fez a cabeça dele se virar para poder encontrar os seus olhos.
'O que foi? – perguntou em um sussurro perto da orelha do grifinório para poder se sobrepor a música que soava no local.
'É que… somos os únicos aqui no salão, já notou? – disse com uma voz trêmula e Alexei olhou a sua volta. Como assim eram os únicos? Tinha bastante gente dançando com eles na pista. Voltou os olhos parcialmente cobertos pela aba do chapéu e ergueu uma sobrancelha para Day.
'Únicos? Mas eu estou vendo um monte de gente.'
'Não… você não vê? Não estou vendo outro casal de meninos dançando na pista como a gente. Não vê que somos… diferentes?'
'Você acha que somos diferentes? – perguntou o russo com uma voz contida. Toda a sua vida foi tratado como sendo diferente, com um certo desprezo. Era o que recebia aqueles que um dia tiveram associações com o Lorde das Trevas. Seu avô havia desgraçado a sua família e realmente merecia estar apodrecendo em Azkaban. Porém, poderia suportar as piadinhas, o desprezo, os olhares enviesados e preconceituosos dos outros, o taxando, o julgando. Mas nunca, nunca mesmo, suportaria o mesmo de Day.
'Não… - respondeu o menino, abaixando os olhos e os escondendo com a franja negra. –Não creio que somos… diferentes. Eu confesso que estava confuso no começo, o modo como você veio até mim, despertando sentimentos e pensamentos que nunca estiveram aqui dentro antes. Me fazendo ter indagações que nunca pensei que teria. No começo achei que era… errado. – sentiu que o sonserino enrijeceu nos seus braços e por isso tratou de completar rapidamente. –Mas agora… eu acho certo. – disse com uma voz contida e Alexei relaxou visivelmente, dando um pequeno sorriso sob a sombra de seu chapéu.
'Se você acha certo, o que importa os outros então? – sussurrou perto dos lábios do apanhador, que se arrepiou com a proximidade.
'Os outros vão achar… diferente. – murmurou Day, seus olhos variando do azul ao violeta de acordo com as luzes que refletiam sobre as íris.
'Eu não me importo.'
'Mas… eu sou o filho de Harry Potter, o herói do mundo mágico. E você é…'
'O neto de um assassino. É isso realmente o que você pensa de mim? – Alexei o soltou e se afastou um pouco dele, os dois parando de dançar entre os outros casais.
'Não. – murmurou. –Você é… o Alexei. Mas os outros… - o sonserino soltou um suspiro e deu um passo à frente, segurando no braço dele e o puxando de encontro ao seu corpo, falando algo bem próximo aos lábios do moreno.
'Esqueça os outros, Potter! Não me interessa os outros. Não estou aqui para obter aprovação dos outros. O que os outros pensam não me interessa.'
'Mas o que eu penso lhe interessa? – perguntou com os olhos refletindo inocência, e isso desarmou o rapaz mais velho.
'Sim… - sussurrou com a voz quase sumindo.
'Por quê? – o coração do russo acelerou. Deveria dizer a ele a verdade? Será que Day estaria pronto para a verdade? Para saber que todos as perseguições, provocações, encontros nos corredores, não era apenas uma brincadeira, uma coisa de momento? –Por quê? Me diga! – exigiu, agora segurando com força no braço do sonserino e o sacudindo levemente. Ele precisava ouvir. Precisava ter certeza de que estava tomando a decisão certa. De que não estava caindo de cabeça nesse poço para no fundo acabar se afogando. – Por favor… - disse num tom triste diante do silêncio do outro. O mundo a sua volta parecia que tinha parado e que a música e as pessoas ao seu redor não passavam de bonecos imóveis e sem vida. Que havia somente eles dois ali. O tempo pareceu ficar suspenso até que finalmente Alexei falou às palavras que Day temia ouvir.
'Porque eu amo você. – disse em um sussurro, o coração quase saindo pela boca ao esperar a reação do grifinório. Day deu um passo à frente, mal sabendo o que fazia, e aproximou a sua boca da do sonserino, sem tocar nos lábios dele.
'Me encontre daqui a meia hora na torre oeste. – falou e com um farfalhar de capa sumiu da visão do russo, saindo do salão. Alexei ainda ficou parado lá no meio da pista, o mundo lentamente voltando a funcionar a sua volta, não sabendo direito o que fazer. Até ontem tudo isso não passava de uma estratégia para poder conquistar o grifinório. Ele jogava charme, ele provocava, tentava ver o que estava debaixo daquela inocência e calma e, de repente, tudo dava uma reviravolta e Day conseguia arrancar uma confissão de amor dele. E agora? O que ele esperava encontrar na torre oeste daqui a meia hora? Percebeu que o salão estava começando a lhe sufocar e caminhou a passos apressados em direção a porta. Era a segunda vez que estava com os sentimentos em um turbilhão. A primeira foi quando conheceu esse mistério nomeado Day Maxwell Potter.
Everything I know, and anywhere I go
it gets hard but it won't take away my love
And when the last one falls, when it's all said and done
it gets hard but it won't take away my love
I'm here without you baby but your still on my lonely mind
I think about you baby and I dream about you all the time
I'm here without you baby but your still with me in my dreams
And tonight girl, there's only you and me
Tradução:
3 Doors Down
Acho que envelheci uns cem dias, desde a última.
Vez que eu vi seu belo rosto
Milhares de mentiras me fizeram ficar mais frio
E eu acho que não poderei ver isso com os mesmos olhos
Mas todos os quilômetros que me separam
Parecem sumir agora que estou sonhando com o seu rosto
Refrão:
Eu estou aqui sem você amor, mas você ainda está na minha.
Mente solitária
Eu penso em você amor, e sonho com você todo o tempo.
Eu estou aqui sem você amor, mas você ainda está comigo em.
Meus sonhos
E essa noite, é somente você e eu.
Os quilômetros vão passando, enquanto as pessoas.
Deixam o seu caminho para dizer: olá
Eu ouvi dizer que essa vida está acabada, mas espero.
Que melhore à medida que caminhamos
Refrão
Tudo o que eu sei, e pra onde eu vou.
Fica difícil, mas eu não vou perder o meu amor.
E quando o último cair, quando tudo tiver sido dito e feito.
Fica difícil, mas eu não vou perder o meu amor.
Refrão
