Uma névoa densa cobria o lago de Hogwarts enquanto o sol nascia por detrás das montanhas começando a iluminar o terreno da escola. Na janela de uma das torres do castelo um rapaz estava sentado, observando o nascer do sol naquela manhã fria, não tendo conseguido pregar os olhos direito a noite inteira. Ficou perdido em pensamentos e observando o nascer do sol até que os seus companheiros de quarto começaram a se remexer nas camas, indicando que começariam mais um dia de aulas.

Day desceu do parapeito da janela, caminhando lentamente até a sua cômoda e retirando dela as roupas que usaria para o dia. Caminhou até o banheiro e depois de um banho rápido vestiu-se com suas simples roupas trouxas. Estava prestes a jogar a capa da Grifinória por sobre o ombro quando se lembrou que, a partir de hoje, não fazia mais parte daquela casa. Abriu o malão e largou a capa dentro dele junto com o seu pijama. Alguns companheiros de quarto começaram a abrir os olhos e observar a figura do garoto parado no centro do dormitório, olhando tudo a sua volta como se o estivesse vendo pela primeira vez.

-Hei! – uma mão pousou no ombro do jovem apanhador e Day piscou os olhos violetas, os mirando na face sonolenta de Rick, um dos seus companheiros. –Não faça essa cara. Aposto que você volta cara, e nos formaremos juntos. – sorriu encorajador e Day quase recuou um passo, chocado. Até outro dia os seus colegas de quarto estavam hesitando em se aproximar dele, muito temerosos por causa do incidente no jogo. Olhou a sua volta e viu que os outros meninos davam acenos positivos com a cabeça, dizendo que concordavam com o que Rick estava dizendo.

-Pensei que vocês não estivessem falando comigo por eu ser… esquisito. – retrucou desgostoso e alguns deram um sorriso maroto para o menino Potter.

-Bem… ficamos chocados claro, diante da descoberta. Nos sentimos traídos por ser um sonserino, ficamos com medo do que aconteceu no campo de Quadribol, mas você ainda é o Day. Nosso amigo, aquele que sempre nos livrou da encrenca, nosso pequeno líder. – disse Rick sorrindo. –Não conseguimos ficar de mal com você por muito tempo. Pensamos até em te dar uma festa de despedida…

-Mas uma festa de despedida geralmente diz que a pessoa vai embora para não voltar, e você vai voltar. – terminou Roger, irmão gêmeo de Rick. Day abriu um sorriso vagarosamente e puxou Rick para um abraço apertado. Agora sim ficaria mais difícil ir embora, mas ele sabia que era preciso, era algo que ele queria e precisava fazer.

-Menos drama garoto! – riu Rick. –Agora se você esperar pela gente a gente te acompanha até o hall para nos despedir. – o apanhador deu um aceno positivo com a cabeça e num piscar de olhos o dormitório virou uma zona, com garotos correndo para se aprontarem para acompanhar Day em sua partida.

Vinte minutos depois os cinco meninos do quarto ano da Grifinória passavam pelos corredores e desciam as escadas conversando a altas vozes, todos sorridentes e relembrando histórias de seus quatro anos em Hogwarts, prometendo escrever periodicamente para Day e vice-versa e contar todas as novidades.

-Ah, sr. Potter, que bom ter a sua presença nessa adorável manhã. – os meninos pararam quando ouviram a voz do diretor e Day virou-se para ver o grande número de pessoas que estavam a sua espera. Seus pais, seus irmãos, alguns amigos e professores. Até Clarisse estava ali para despedir-se dele. Sorriu abertamente ao ver a madrinha. –Podemos ir? – Dumbledore indicou as grandes portas de entrada de onde Day podia ver uma carruagem parada a sua espera, com certeza para levá-lo a estação do expresso Intercontinental. Com uma última olhada para os seus amigos, o menino deu um sorriso, vendo que as escadas estavam começando a apinhar de gente para ver a sua partida. Mas quem ele queria ver não estava entre as pessoas curiosas. Rapidamente seu sorriso sumiu e um suspiro passou por entre os seus lábios. Dando as costas para os habitantes de Hogwarts ele ganhou os jardins em direção a carruagem.

Enquanto Sirius e Harry guardavam os pertences de Day na carruagem, esse se despedia das pessoas, ainda sob os olhares atentos dos alunos de Hogwarts. Muitos estudantes prenderam a respiração quando viram o menino abraçar o professor Snape fortemente e esse retribuir o abraço. Depois de Snape veio Clarisse e então, quando deu por si, Day estava envolvido em um abraço grupal que continha Evan, Hannah, Catharine e Rory.

-Se cuida irmãozinho. – murmurou Evan, afagando os cabelos do menino mais novo.

-É, e vê se escreve. – Hannah socou afetuosamente o braço dele e o grifinório riu.

-E tome cuidado com a mão boba do Ethan. – rebateu o menino e a gêmea corou de vergonha enquanto Evan corava de raiva.

-Que história é essa de mão boba? – exigiu o Potter mais velho e Rory e Catharine riram. Novamente Day lançou um olhar para a escola, vendo alunos em suas janelas e portas, mas não vendo quem queria.

-Eu acho que ele não vem Max. – murmurou Rowena, passando um braço sobre os ombros do melhor amigo.

-Eu não esperava menos dele. – retrucou e voltou-se para a carruagem, onde os seus pais esperavam para acompanhá-lo até a estação. Frustrado, começou a caminhar a passos lentos pela grama, deixando o grupo de amigos para trás. Quando chegou à porta da carruagem ainda deu mais uma última olhada para a escola antes de começar a subir nela.

-ESPERA! – o grito ecoou pelos jardins e Day olhou por cima do ombro, ainda pendurado na porta da carruagem. Alunos eram empurrados enquanto uma pessoa visivelmente tentava abrir caminho para sair do castelo. –ESPERA! – a figura de Alexei surgiu entre a massa de estudantes e rapidamente ele chegou aos jardins, correndo em direção ao grupo que se despedia do jovem mago.

-Lex? – perguntou Day incrédulo, virando-se completamente e segurando-se na porta da carruagem para não cair. Alexei parou em frente a ele, apoiando-se nos joelhos para poder recuperar o ar. Havia ficado a noite inteira acordado ponderando sobre os últimos acontecimentos e a única conclusão que ele chegou era que ele, Alexei, era um idiota por deixar Day partir assim. O garoto era seu e não o perderia para uma maldita ilha congelada. Descobriu que para Day voltar ele tinha que dar um motivo para o menino e não ficar sentado com o seu orgulho esperando que o mundo girasse de acordo com a sua vontade.

-Max! – ofegou, erguendo-se e mirando seus olhos âmbares nos violetas do rapaz que desceu da carruagem para ficar de pé em frente a ele.

-Veio se despedir de mim? – perguntou esperançoso e Alexei deu de ombros.

-Mais ou menos. Ainda não gosto da idéia de você ir embora, não gosto mesmo, mas eu sei que às vezes quando a gente ama demais a gente precisa deixar a pessoa amada livre para voar e tomar suas próprias decisões. Eu fui egoísta, eu pensei apenas em mim mesmo e não vi o que era melhor para você. Sei que você tem um grande potencial e sempre quis ajudá-lo a mostrar esse potencial. Por isso, seria hipocrisia da minha parte se eu te prendesse aqui.

-Veio aqui para me dizer que vai me deixar partir? Não sabia que eu precisava da sua autorização. – caçoou o menino com um sorriso maroto nos lábios.

-Você não está tornando as coisas mais fáceis para mim. – rebateu Alexei de maneira pomposa.

-Desculpe. – Day riu, tentando se controlar para não gargalhar diante da atitude arrogante do namorado. –Mas mesmo assim você não precisava ter feito àquela cena toda que você fez, eu disse que vou voltar.

-Eu sei. – murmurou o russo com a voz quase sumida. –Mas promessas não são o suficiente… - o sorriso de Day sumiu. Eles estavam andando em círculos. Primeiro Alexei dizia aquilo tudo para depois se contradizer dizendo que ainda sim não acreditava nas promessas dele?

-Você veio aqui para dizer que vai terminar comigo, é isso? – perguntou o moreno de maneira temerosa, pois o tom do sonserino deu a impressão de que esse era o assunto da conversa. Bem, melhor fazer isso ao vivo do que por carta, o que seria uma falta de consideração.

-Não! – Alexei respondeu firmemente, interrompendo os pensamentos macabros de Day. –Eu vim dizer que eu percebi que eu não posso esperar tudo de mão beijada. Se eu quero que você volte, eu tenho que te dar uma razão para isso.

-Mas eu tenho uma razão, eu tenho você. – assegurou o apanhador e Alexei deu um raro sorriso para ele.

-Hum… ótimo. Então… isso torna as coisas mais… - gaguejou, olhando a sua volta e para o enorme público que observava a conversa deles dois. Seria a maior vergonha que pagaria na sua vida, mas com certeza iria valer a pena. -… mais fáceis. – murmurou, corando intensamente e Day ergueu uma sobrancelha confusa.

-O que torna as coisas mais… - ficou mudo quando viu Alexei cair de joelhos aos seus pés e segurar uma das suas mãos, virando a palma para cima e depositando algo nela. A respiração prendeu-se na garganta do grifinório quando viu o objeto que estava na sua mão agora trêmula. Era um medalhão, com uma fina corrente dourada e que tinha como pingente uma roseira em forma de coração e no centro do coração estava um botão de rosa que mudava de cor como o arco-íris.

-Um medalhão do amor eterno… - Dallas comentou estupefata. Um medalhão daquele era raro por causa do metal com que era feito e dos feitiços de proteção que o envolvia. E, no mundo mágico, era a maior prova de amor que um bruxo poderia dar a pessoa amada.

-Foi da minha avó e o meu irmão achou no meio das coisas dela lá em casa. Impressionante como alguém como o meu avô foi capaz de dar isso a minha avó, mas a vida é cheia de surpresas não é? Akim achou que seria interessante se eu ficasse com ele e desse a alguém que eu amo muito e na minha cabeça e no meu coração só vinha você então… - Day ainda estava mudo e não acreditando no que estava vendo. Alunos esticavam os pescoços para tentar ver o que estava na mão do grifinório e aqueles que conseguiam um relance da jóia arregalavam os olhos surpresos, cochichando com os seus companheiros o que estava acontecendo.

-Eita Yatcheslav! Você está pedindo o meu irmão em casamento? – caçoou Hannah. Não tinha conhecimento de na comunidade bruxa inglesa haver alguma lei permitindo o casamento entre bruxos do mesmo sexo, mas existiam algumas outras comunidades de outros países onde o casamento era permitido.

-Se ele disser sim. – rebateu Alexei e Day sentiu o coração dar um pulo, sentindo que iria desmaiar. –E então? – murmurou apenas para o menino ouvir.

-Eu… - gaguejou com um bolo preso na garganta. -… sim. – a voz saiu sumida enquanto um grande sorriso brotava em seu rosto. No seu lugar Harry mexia-se inconformado. Day era muito novo para casar. Mas qualquer protesto do auror foi calado por um olhar gélido de Dallas que, por dentro, estava extasiada com tudo o que estava acontecendo. Podia quase tocar a felicidade que irradiava do filho e, para ela, isso era o bastante para aceitar esse menino Alexei em sua família.

-Ótimo! – Alexei levantou-se em um pulo, envolvendo a cintura de Day com um braço e colando o corpo dele no seu, arrebatando os lábios macios em um beijo cinematográfico. Olhos alargaram-se surpresos enquanto algumas palmas ecoavam pelos jardins. Dois minutos depois os dois separavam-se ofegantes e com os olhos brilhantes e grandes sorrisos nos rostos.

-Bem… - sussurrou Day, afastando-se do namorado enquanto colocava o medalhão em volta do pescoço. -… eu preciso ir. – rapidamente Harry e Dallas estavam ao lado do filho, entrando na carruagem. –Mas eu volto. – afirmou com convicção e Alexei sorriu, acenando positivamente com a cabeça.

-E eu estarei te esperando. – Day sorriu mais ainda e subiu na carruagem. Antes de fechar a porta o menino remexeu no bolso da sua calça e jogou algo na direção de Alexei, que pegou o pedaço de pergaminho no ar. O grifinório deu mais um sorriso e bateu a porta, sentando-se na janela e começando a acenar para os amigos e namorado enquanto a carruagem partia. Assim que ela sumiu de vista, Alexei voltou a sua atenção para o papel em suas mãos e o desdobrou, lendo o que parecia ser a transcrição de um trecho de livro.

"Equilíbrio: Todo mago possui um ponto de equilíbrio, aquilo que mantêm os seus poderes sob controle quando ele próprio não tem mais controle sobre eles. É considerada uma força externa e geralmente é representada por uma pessoa de grande afeto do mago. Algumas vezes pode ser um parente ou um amigo, mas geralmente esse equilíbrio é manifestado na forma de amor puro. Um mago tem apenas um equilíbrio por toda a vida e a perda do mesmo pode ocasionar um distúrbio nos poderes do mago. A maioria dos bruxos das trevas que assolaram o nosso mundo e que eram magos se voltaram para o lado das trevas por perderem o seu equilíbrio ou por nunca tê-los achados. Um mago com equilíbrio sempre será um mago da luz, pois o seu ponto de balanceamento é o que sempre o impedirá de cair em tentação".

Alexei arregalou os olhos diante das implicações daquelas palavras e sentiu um bolo entalar em sua garganta quando viu anotado no rodapé da página, com a letra de Day, o seguinte:

"Obrigado Lex por sempre aparar a minha queda quando eu mesmo me deixo cair."


Querido Lex

Bem, a primeira coisa que eu gostaria de dizer sobre a Groenlândia é que aqui faz muito frio. Sem brincadeira, ainda me surpreendo em como os meus pés não congelam durante a noite, pois eu sempre tenho certeza que quando vou acordar pela manhã eles estarão dormentes. A segunda coisa que eu gostaria de contar é: a Escola Rottfound para Jovens Magos é totalmente diferente de Hogwarts. Não temos nenhum castelo grande e com mais de mil anos a nossa volta. Aqui não há casas que disputam entre si. Na verdade o que temos são dormitórios separados de acordo com o ano em que cada aluno está (o que, convenhamos, são poucas pessoas para tanto espaço). E, o mais entediante de tudo: só tem meninos nessa escola. Não Lex, não faça essa cara que eu sei que você está fazendo. Nenhum deles jamais chegará aos seus pés. Também a outra coisa interessante é que a escola na verdade mais parece uma enorme mansão trouxa do que qualquer outra coisa. Ela tem quatro alas separadas e quatro andares, todos decorados de uma maneira que mistura modernidade e épocas medievais. O salão principal não passa de um grande refeitório onde os alunos fazem as refeições e nem campo de Quadribol eles têm. Na verdade fica meio difícil se jogar Quadribol em um ambiente em que neva quase o ano inteiro. A pequena cidade que fica perto da escola é trouxa e nós somos permitidos a visitá-la todos os finais de semana. Ao menos isso é uma vantagem, senão a gente morreria de tédio aqui. Ainda não sei quanto tempo ficarei aqui. A diretora, a Madame Rottfound (sim, ela é parente do fundador da escola, acho que é a tataraneta dele) me disse que apesar dos meus poderes estarem bem avançados, eu ainda estou atrasado pelo fato de não saber controlá-los. Disse que me dá uma prévia de dois anos no mínimo para que eu seja um mago totalmente treinado pelo fato de eu não ter entrado na escola com a idade de onze anos (então eu vou ter que tirar o atraso), isso se eu me empenhar bem. E eu vou me empenhar. Não gosto da idéia de passar dois anos longe de você ou da minha família. Muito menos da idéia de me formar em outro lugar que não seja Hogwarts.

Mas e quanto a você? O que anda de novo ou diferente pela Inglaterra? O que você tem aprontado? Torturando muitos grifinórios na minha ausência? Espero que nenhum grifinório bonitinho tenha lhe chamado à atenção. Você deve saber muito bem que eu não sou uma pessoa boa para se irritar (risos). Merlin, eu sinto a sua falta!

Amor, Day

20 de julho

Meninos, Maxwell? (1° de agosto)

Já não gosto nada, nada dessa escola! Você está aí no fim do mundo, no inferno gelado, preso em uma escola somente para meninos? Dã, que idiotice a minha. Claro que uma escola para magos só vai ter meninos. Tudo bem, eu me agüento, descontarei toda a minha frustração aterrorizando seus adorados grifinórios, que, aliás, merecem a minha tortura para deixarem de ser tão idiotas. Sinceramente, como permitem criaturas como eles na escola? (risada maligna). E sim, é bom o senhor se empenhar mesmo, porque eu também não gosto da idéia de passar dois anos sem beijar você. E devo lembrar que eu fui totalmente contra a idéia de você ir embora e ainda sou. Mas, como a sua família colocou isso de maneira extremamente grifinória (inclusive a Hannah, coisa que me deixou chocado): "se eu te amasse de verdade eu te deixaria ir, para o seu próprio bem", e todas aquelas bobagens que eu disse na nossa despedida e que a chata da sua irmã insiste em me lembrar a cada segundo. Ela tem um prazer sádico de ver a miséria dos outros, sabia? Quanto a mim eu vou me agüentando. Meu irmão vai se casar no final do verão e a minha família está em êxtase. Saiu até na Bruxa Semanal. Acho que o bom casamento dele vai abafar o fato de que o filho caçula namora o menino Potter. Hunf! Como se eu realmente me importasse com isso. Potter (o tolo do seu irmão) parece mais tolerante comigo, embora a gente ainda não se dê, apenas para não perder o hábito. Sem contar que ele é um imbecil, ainda bem que idiotice pula uma geração (e não torça o nariz para os meus comentários, eu já era assim antes de namoramos). Mas, ultimamente, eu ando vendo aquela menina Weasley perto dele, será que isso tem alguma coisa a ver? Seu pai também anda me agüentando, mas acho que é por causa da sua mãe, ele não deve gostar da idéia de contrariá-la, ainda mais que ela está com um barrigão e totalmente temperamental. De vez em quando ela me assusta e eu me pergunto se o seu pai é realmente o mesmo homem que derrotou Voldemort, impressionante como ele se curva às vontades dela. Não é a toa que ela foi da Sonserina.

Dallas está sendo bem legal comigo, sempre me convidando para ir na casa de vocês e me contando coisas sobre a sua infância (não Max querido, não faça essa cara que eu sei que você está fazendo. Eu aprendi muitas coisas sobre você nessas visitas. Inclusive o certo tombo de alguém de uma certa Firebolt de alguém). Mas, mesmo assim, apesar da sua mãe me manter ocupado, além dos NIEM's que estão vindo e das milhares de tarefas de casa que McGonagall e Snape passaram apenas para nos ver sofrer, nada supera o fato de que estou com saudades de você. Queria que estivesse aqui. Também sinto a sua falta.

Amor

Alexei.

Lex

Eu realmente sinto muito, já faz tempos que não escrevo. Minha última carta foi há seis meses e você também parece nunca arrumar tempo para me escrever de volta. Me sinto perdido, como se a nossa relação estivesse se desgastando com a distância. Os dois anos estão quase terminando. Madame Rottfound disse que eu estou pronto para partir. Agora o que me intriga é: será que você ficará feliz em ouvir isso? Quando na verdade, nos últimos meses, eu não tenho ouvido nenhuma notícia de você? As cartas que Hannah me envia não são o suficiente já quê, desde que você se formou em Hogwarts, você perdeu o contato com a minha família. Minha mãe disse que é porque você anda ocupado com o treinamento da Academia Nicolau Flamel (e confesso que fiquei surpreso em saber da sua inclinação para esta área, assim como fiquei triste ao perceber que pouco sei de você. Será que é um mau presságio?) e que geralmente os estudos requerem muito do seu tempo e que como você é o aluno no topo da classe uma proposta boa de emprego surgiu para quando você se formar (fico feliz em ouvir isso). Mas nem para arrumar uma brecha para escrever para mim você pode? Sei que você ficou chateado por eu não ter aparecido na sua formatura em Hogwarts, mas eu já lhe expliquei esse fato, enviei até um presente me redimindo. Será que você ainda está chateado comigo ou será que todas aquelas palavras trocadas há anos atrás naquela torre durante um Baile de Halloween foram levadas pelo vento? Será que você não me ama mais? Se for isso não hesite em me contar. Confesso que irá doer saber a verdade, mas dói mais ainda ficar na escuridão.

Tenho que começar a arrumar as minhas malas e me preparar para a cerimônia dos formandos. Será que terei a esperança de te ver na estação do Expresso Intercontinental quando eu voltar para casa?

Com amor

Day

28 de agosto.

Day

Eu realmente queria te contar muitas coisas, mas no momento eu ando extremamente ocupado com o novo emprego que arrumei assim que saí da Academia (obrigado pelos parabéns). Eu realmente sinto muito pela falta de comunicação durante os últimos tempos, mas atualmente eu estou sem tempo nem para respirar (meu antecessor deixou um monte de recomendações que eu estou extremamente apto a mandar para o inferno). Creio que não poderei te encontrar no dia em que você desembarcar do Expresso, mas garanto que nos veremos em breve, assim que você retornar a Hogwarts. (tenho uma grande surpresa para você)

Quanto à outra coisa que você me perguntou. Nunca ouvi tanta besteira saindo da sua boca, Day Maxwell Potter. Eu nunca, mas NUNCA mesmo volto atrás com as minhas palavras e muito menos com os meus sentimentos. Deveria me conhecer melhor do que isso, por mais que você ache que não me conheça. Mas não, não irei discutir o quanto eu te amo com você através de cartas. Teremos tempo para isso assim que você voltar para casa. Tenho que ir. A gente se vê em breve, mais breve do que você possa imaginar.

Com muito amor

Alexei

30 de agosto.

Day dobrou o pergaminho, dando um pequeno sorriso diante das palavras de Alexei. Bem, segundo ele nada tinha mudado entre os dois apesar da distância, mas ainda sim ele sentia a apreensão crescer dentro de si à medida que via o expresso se aproximando de Londres, onde encontraria a sua família e no dia seguinte mesmo embarcaria no Expresso de Hogwarts para poder voltar para a sua amada escola e concluir o seu sétimo ano em estudos mágicos lá. Foram dois anos longe um do outro. Dois anos que ele passou preso na Groenlândia, sem poder vir para casa nem nas férias e nem nos feriados comemorativos. Se queria concluir sete anos de estudos em dois ele teria que se empenhar e isso queria dizer ficar dois anos sem ver nenhum ente querido e foi isso o que ele fez, apesar de ter doído, apesar de ele ter passado noites chorando em sua cama com saudades de casa, ele ficou firme e forte por dois anos em uma ilha gelada cercado de um ambiente novo e estranho. Fez amigos, é claro, mas mesmo assim nada era comparado com a familiaridade de Hogwarts e o calor que as paredes de pedra emanavam.

A locomotiva foi parando lentamente até que finalmente brecou em frente à plataforma da estação de Londres. Day saiu vagarosamente do seu compartimento, arrastando as suas malas atrás de si enquanto descia do enorme trem prateado e que reluzia com as luzes noturnas da estação. Parou em meio às pessoas, olhando a sua volta com interesse, tentando divisar a sua família. Não conseguia ver a postura imponente de Harry e muito menos os cabelos castanhos da sua mãe. Onde será que eles estavam? Ficou divagando por um tempo sobre isso até que sentiu algo prender nas suas pernas. Confuso, abaixou os olhos e viu uma menina agarrada em suas calças. Deveria ter dois ou três anos, com cabelos castanhos escuros e grandes e vivos olhos verdes. Arqueou uma sobrancelha negra para a garota, que deu um sorriso de poucos dentes de leite para ele.

-E quem é você? – retribuiu o sorriso embora se sentindo incomodado com aquela menina abraçada as suas pernas. –Onde estão os seus pais? – tentou de novo, mas a menina apenas sorriu mais ainda, soltando-se dele e esticando os braços para o garoto.

-Colo! Colo! – pediu, pulando com um pé e outro, esticando mais os braços para Day, que se sentiu totalmente perdido, olhando a sua volta à procura de alguém que desse indício de que eram os pais da garota. Resignado, soltou as alças das suas malas e pegou a menininha no colo, ganhando um sorriso mais largo da garotinha.

-E qual é o seu nome? – perguntou, dando olhares a sua volta para ver se achava os pais dela.

-Faye! – Faye gritou empolgada. Não fazia nem dois dias que tinha aprendido a dizer o seu nome de maneira correta.

-E onde estão os seus pais, Faye? – perguntou Day, já se sentindo atraído pela a animação da menina.

-Ali! Ali! – e a garotinha apontou para um ponto atrás de Day. O rapaz virou-se e arregalou os olhos quando viu quem era os pais da menina. A mulher que estava dentro do abraço do homem deu um sorriso para ele e um passo a frente, pegando a garota do colo do rapaz.

-Vejo que acabou de conhecer a sua irmã mais nova Day. – Dallas riu diante da expressão chocada do filho.

-Ah… eu nem tinha… - murmurou, olhando da mãe para a irmã no colo dela. -… como eu iria imaginar. Vocês nunca me disseram o nome dela. Só a chamavam de "pequena fadinha" nas cartas que me mandavam. – Faye fez uma careta.

-Eu não sou pequena fadinha! Eu sou um falcão! – e abriu os braços largamente como se estivesse prestes a levantar vôo.

-Day! – Harry chamou com a sua voz grave e puxou o menino, agora quase um homem, pelo braço, o esmagando em um abraço forte e afagando os cabelos sem corte e despenteados. O afastou um pouco de si para poder observar melhor o que os anos fizeram com o garoto. Day estava pálido, coisa esperada para alguém que viveu tanto tempo no frio, mas tinha crescido consideravelmente. Estava quase da altura de Harry e não era franzino como aparentava ser aos quatorze anos. Tinha um porte atlético, mas nada muito exagerado, os cabelos negros estavam um pouco abaixo da orelha e sem corte, mostrando grandes mechas rebeldes. Os olhos violetas continuavam vivos e brilhantes e agora o rapaz demonstrava uma aura de calma e tranqüilidade que não parecia ser forçada, mas sim genuína, como o sorriso que ele estava dando no momento.

-Pai. – Day fez um meneio com a cabeça, voltando a sua atenção novamente para a irmã nos braços da mãe a dando um sorriso mais largo ainda. Não pode comparecer ao nascimento dela, embora seus pais tenham mandado fotos da menina recém nascida. E contou os dias para poder voltar à Inglaterra para poder conhecer a irmã caçula.

-Filho… - Dallas encaixou um braço no de Day, enquanto o outro ainda segurava a pequena Faye, e começou a levá-lo pela estação, deixando as malas do menino a encargo de Harry. Minutos depois a família já se encontrava dentro do carro rumo à casa dos Potter. Day desceu do carro e olhou para dentro da casa que nada havia mudado com os anos e que estava completamente na escuridão. –Querido porque não vai abrindo a porta? – pediu Dallas, entregando a chave para o menino enquanto soltava Faye do assento de bebê no banco traseiro do carro. O rapaz assentiu com a cabeça e caminhou até a porta a destrancando. No que o seu dedo tocou o interruptor e as luzes se acenderam, confetes estouraram pela sala da casa e gritos ecoaram pelas paredes.

-SURPRESA! – pessoas pipocaram de tudo quanto é canto e Day arregalou os olhos ao ver o quanto a sua casa estava cheia. Percorreu os olhos pela sala e viu que pendurada no meio dela estava uma enorme faixa escrita: Bem-vindo ao lar Day!

-Mas… - balbuciou surpreso e viu os seus pais passarem por ele com grandes sorrisos, entrando na casa. Saindo do seu estupor ele finalmente fechou a porta e entrou na sala para ser cumprimentado pelos convidados. Uma jovem alta e esguia, com longos cabelos castanhos e vivos olhos verdes veio caminhando em sua direção e Day quase teve um enfarto. Aquela era a sua irmã? Ela estava linda e, com certeza, arrasando corações. A menina o abraçou fortemente e lhe deu um grande sorriso doce.

-Bem vindo de volta Day. – disse com uma voz suave e uma aura de tranqüilidade que surpreendeu o rapaz. Geralmente Hannah tinha aquela postura sempre ofensiva e agressiva e aqui estava ela, se portando como uma mulher e longe de ser aquela menininha encrenqueira de anos atrás. O que tinha acontecido com ela?

-Bem vindo Day. – um rapaz alto e de cabelos castanhos avermelhados parou ao lado de Hannah, deslizando uma mão pela cintura dela e apertando o corpo da jovem contra o seu. Day sorriu torto. Agora entendia, Ethan era o que tinha acontecido na vida de Hannah.

-DAY! – um grito e a próxima coisa que Day viu foi uma massa loira pular em seu pescoço e o apertar fortemente em um abraço. Quando a massa loira se afastou o rapaz viu os brilhantes olhos azuis de Rowena e o sorriso iluminando a face de bonequinha de porcelana.

-Vai matar o meu irmão Rory! – os braços fortes de Evan envolveram a cintura curvilínea da loira e a tirou de cima de Day, a prendendo contra o seu corpo. O moreno piscou diante da interação do seu irmão e sua melhor amiga e ergueu uma sobrancelha para eles. Rory começou a gargalhar e Evan rolou os olhos, respondendo a pergunta muda do irmão. –Não, não estamos juntos. Ficamos por alguns meses, mas agora somos bons amigos. – esclareceu. Por que todo mundo achava que eles estavam namorando quando na verdade o que tinham um pelo outro era um carinho fraterno? Depois que Day foi embora Rory e Evan se aproximaram e por um tempo até chegaram a sair, mas depois viram que não ia dar certo e resolveram ser apenas amigos. Até mesmo Rory, que teve uma queda por Evan, achou que ele era muito melhor como amigo do que outra coisa. Day deu um aceno positivo para eles e sorriu, começando a rodar pela sala.

Em sua ronda encontrou Severo que lhe disse que finalmente tinha se aposentado de Hogwarts e que agora preferia ficar em casa e que a única criança que iria suportar era o pequeno Luke de seis meses que dormia calmamente nos braços de Clarisse. Encontrou também Remo que chorava de rir diante da nova situação de Sirius. Afinal, o desastre ambulante chamado Maya Densetsu estava esperando filhotes de Almofadinhas. E como o mesmo não brincava em serviço, vieram três de uma tacada só, o que estava enlouquecendo o futuro e desesperado papai e dando um prazer mórbido a pessoa de Severo Snape diante do terror do pobre professor Black. Rodou pela sala, cumprimentou pessoas, relembrou velhos tempos com outras, mas quem ele queria realmente ver não estava em meio aquele grupo.

-Ele não pôde vir querido. – Dallas o confessou depois de duas horas de festa e milhares de olhadas de Day para a porta da casa. –Precisava ajeitar as coisas dele, pois amanhã ele tem trabalho. Primeiro dia dele. Mas disse que te encontra quando você estiver em Hogwarts.

-Como? Com certeza o primeiro final de semana no vilarejo só vai ser em outubro, não vou agüentar esperar até lá. – respondeu e Dallas deu um sorriso misterioso.

-Veremos meu filho, veremos. – e afastou-se dele. Quando deu meia noite os convidados começaram a se despedir e partirem e na casa só restaram os Potter - exceto Evan que agora vivia em um apartamento no centro de Londres - que rapidamente se recolheram, pois no dia seguinte tinham um expresso para Hogwarts para pegar na estação King's Cross.


Apertou a gravata em torno do pescoço e olhou longamente para o seu reflexo no vidro da janela do compartimento. Por vezes chegou a pensar que nunca mais vestiria esse uniforme e muito menos essas cores. Passou os dedos pelos cabelos longos e despenteados, escorregando a palma da mão por sobre o brasão do lado esquerdo do peito. Estava voltando para casa e para a sua amada torre da Grifinória. Abriu um largo sorriso. Não poderia estar mais feliz. O trem foi parando lentamente e quando deu por si já estava sendo levado pela massa de alunos em direção as carruagens. Com o sorriso ainda largo entrou na carruagem onde estavam lhe esperando Rory, Hannah e Catharine.

-Feliz por estar em casa? – perguntou Cathy, que também havia crescido e florescido para extremo desespero do ex-professor de poções. Catharine Snape havia se tornado uma mulher bonita, com os longos e brilhantes cabelos negros chegando à cintura fina e olhos negros brilhando intensamente na face pálida adornada por um adorável nariz arrebitado. Segundo Hannah, o sonho de consumo de qualquer menino de Hogwarts e a dor de cabeça do jovem herdeiro dos Longbottom. Afinal, o ex-capitão do time da Grifinória era extremamente orgulhoso e ciumento da namorada que tinha.

-Muito. – respondeu extasiado, vendo com olhos brilhantes as torres iluminadas do castelo.

Minutos depois as portas do salão principal se abriam e um Day quase saltitante acompanhava Rory em direção à mesa da Grifinória. Viu com extremo divertimento dois rostos familiares sentados à mesa e quase caiu no chão por causa disso. Nunca em toda a sua vida pensou que veria um Malfoy na Grifinória, ainda mais dois. Mas Philip e Samuel estavam lá, coloridos com as cores vermelho e dourado e cercados por um grupo de terceiroanistas, com certeza preparando alguma traquinagem para comemorar o início do ano letivo. Rodou os olhos pelas mesas dos professores, vendo os rostos conhecidos e percebendo que onde era o lugar de Snape estava vazio. Com certeza o professor (ou professora) estava atrasado ou ainda seria apresentado. Foi surpreendido novamente quando ouviu McGonagall chamar, entre os alunos do primeiro ano, o nome Jasmine Dursley e aplaudiu quando a menina foi levada para a Lufa-lufa. Assim que a cerimônia de seleção terminou e Dumbledore fez o seu discurso o banquete começou barulhento e animado. Rapidamente alunos começaram a cercar Day perguntando como foram os anos na Groenlândia e, pacientemente, o jovem respondeu a todas as perguntas dos colegas.

Quando todos estavam extremamente satisfeitos e sonolentos, foram caminhando lentamente para as suas salas comunais, separando-se pelos corredores e escadas. Hannah despediu-se do irmão e desceu com Catharine para as masmorras enquanto Rory e Day seguiam em frente em direção a torre da Grifinória. Day sentiu mais uma vez elevar quando entrou na aconchegante sala comunal e viu que nada tinha mudado. Pisando nas nuvens caminhou até o dormitório do sétimo ano e mal entrou no local foi recebido por uma chuva de travesseiros e corpos pulando em cima dele, o derrubando prontamente no chão.

-Vejo que sentiram a minha falta. – escarneceu vendo a face sorridente de Rick perto da sua. O ruivo assentiu longamente com a cabeça, levantando-se de sobre Day e estendendo uma mão para ajudar o moreno a se levantar. Assim que se pôs de pé recebeu outra travesseirada, dessa vez de Roger. Mas, antes que a almofada pudesse bater nele o rapaz rapidamente se esquivou.

-Continua com os reflexos bons. O que você acha Julius? – Day virou-se chocado para o que um dia foi um franzino e arrogante Julius Raven. Hoje ele era alto, extremamente alto, longe de ser franzino, mas sim atlético. Tinha um queixo firme e rosto largo e olhos dourados, sérios e avaliadores.

-A vaga de apanhador está aberta. O nosso se formou semestre passado. – comentou o atual capitão da Grifinória. –E ele não tinha o talento do Potter. – disse displicente, dando de ombros e erguendo uma sobrancelha para Day. –O que me diz? Disposto a nos levar a vitória esse ano? – Day só pôde assentir abobado com a cabeça. Onde estava àquela pose presunçosa que Julius sempre ostentava e que fazia muitos se perguntarem por que ele estava na Grifinória?

-Ela é loira e tem lindos olhos azuis e de sobrenome Weasley. – Roger respondeu a pergunta que estava estampada no rosto do colega.

-O quê?

-Julius namora há um ano a Rowena e você sabe como eles são extremamente opostos. A crista dele abaixou consideravelmente depois que começou a namorar a menina. Também, com um sogro como Rony Weasley e um cunhado como Ethan, ele tem que ta pianinho se não quiser morrer jovem. – riu e Julius soltou um resmungo sabendo claramente do que eles estavam falando.

-Bom ter você de volta Day. – Olsen, outro colega de quarto, entrou animado dentro do dormitório e prontamente jogou uma almofada na cabeça do garoto e assim mais uma guerra de travesseiros começou e que durou longas horas.


O primeiro dia de aula amanheceu ensolarado em Hogwarts e Day, excitado e nervoso por estar de volta, mal conseguiu dormir. Mal as portas do salão tinham aberto para o café da manhã e o rapaz já estava sentado na mesa da Grifinória tomando o seu café e recebendo de McGonagall um cumprimento de boas vindas e os seus horários de aula. Viu com desagrado que tinha Poções no primeiro horário, mas depois se lembrou com divertimento que o temido Mestre de Poções não lecionava mais naquela escola. Era uma pena, Severo metia medo, mas também era muito divertido ver as caretas de desagrado que ele fazia quando tinha que dar pontos a Grifinória por causa das suas respostas certas.

Aos poucos o salão começou a se encher de alunos e Day cumprimentou alguns antes de erguer-se do seu lugar e caminhar em direção as masmorras. Já que estava adiantado era melhor caminhar até lá mesmo. Se o professor era outro era melhor não se atrasar em seu primeiro dia de aula, não queria ganhar a antipatia de ninguém logo durante o seu retorno a Hogwarts. Abriu as portas da sala de aula e entrou vagarosamente, vendo uma figura alta e com cabelos castanhos longos, na altura dos ombros e presos em um rabo de cavalo, de costas para a entrada e observando alguns frascos. Caminhou silenciosamente pela sala até que parou a alguns passos do que deveria ser o professor.

-Com licença? – chamou depois de um pigarro e viu a figura de costas ficar ereta bruscamente diante do som da sua voz. Day piscou os olhos. Será que era o professor mesmo? Mesmo de costas ele parecia ser jovem. –O senhor é o professor? – perguntou hesitante. Havia ouvido de Snape que o novo professor de poções também era o novo diretor da Sonserina. E ele sabia que para ser diretor de uma casa o professor no passado teria que ter pertencido a ela. Sabe-se lá se esse sujeito era do tipo favorável a Sonserina e desprezava com fervor qualquer grifinório.

-Sr. Potter. – o homem virou-se e o coração de Day parou ao mesmo tempo em que a sua bolsa deslizava por entre os seus dedos e caía com um baque no chão. –Eu creio que isso está especificado claramente no quadro negro. – e bateu com os nós dos dedos na lousa onde estava escrito em giz branco e com grandes letras: Professor Yatcheslav, Mestre de Poções.

Alexei sorriu malicioso diante da cara de espanto de Day e ajeitou as suas vestes, caminhando a passos lentos e decididos até o garoto parado no meio da sua sala de aula, ficando a centímetros de distância do menino.

-Parece surpreso sr. Potter. – murmurou perto dos lábios dele, passando uma língua por sobre os seus lábios secos. Day havia crescido nesses anos e se tornado um rapaz lindo e tudo o que Alexei queria fazer nesse momento era jogá-lo sobre a mesa mais próxima e matar toda a saudade que sentia, mas sabia que tinha que se controlar, pois logo outros alunos estariam chegando. Dumbledore, quando o contratou, sabia das implicações que ocorreriam assim que Day voltasse para a escola. Mas o velho diretor deixou claro que contanto que ele se mantivesse profissional em relação à Day eles poderiam continuar com o namoro, mas apenas fora das paredes de Hogwarts. Ou seja, coisas mais ousadas que beijos somente quando eles fossem fazer visitas a Hogsmeade. Sorriu internamente. Ainda bem que tinha alugado um apartamento no vilarejo para resolver esse pequeno detalhe.

-Eu… você… eu… nós… - Day gaguejou com a respiração descompassada e o coração acelerado. Alexei estava de tirar o fôlego. Estava mais bonito e muito mais sexy. Os olhos âmbares brilhavam intensos com as luzes das tochas e os cabelos… Merlin seus dedos estavam comichando para poderem correr pelos fios castanhos sedosos. Mas não podia fazer isso, ele era o professor. Seu professor percebeu estupefato e um arrepio desceu a sua espinha. Ter Alexei como professor deixava tudo mais perigoso e isso o excitava mais do que o preocupava.

-Hum… Max… - murmurou, aproximando-se mais ainda, quase não deixando brecha entre os corpos dos dois. -… você está lindo. – inclinou-se e roçou os lábios pelo pescoço pálido, segurando a cintura dele com uma mão firme. Day sentiu seus joelhos virarem gelatina com esse gesto e fechou os olhos de prazer.

-Então era por isso que você não andava me mandando cartas… professor? – brincou e Alexei tremeu pelo modo sensual como a palavra professor saiu dos lábios do grifinório.

-Eu sinto muito Max por tê-lo feito pensar que não estava mais interessado em você, mas acontece que eu fui pego de surpresa. Snape pensou em se aposentar de repente e então o meu instrutor na Academia me indicou para a vaga que Severo deixou e eu tive que correr contra o tempo e começar a me preparar para o emprego. Precisava manter as minhas notas e ampliar os meus conhecimentos. Foram meses atarefados. Mas em nenhum momento eu esqueci de você. Pedi que a sua família não contasse o que estava acontecendo porque eu queria te fazer uma surpresa. – afastou-se dele e mirou seus olhos nos lindos olhos violetas do menino. Como tinha sentido saudades daqueles belos olhos.

-E acredite, eu estou surpreso. – murmurou contra os lábios do russo e passou os braços por sobre o pescoço dele, soltando a tira de couro que prendia os cabelos castanhos e correndo os dedos pelos fios macios. –E eu estou aqui, como prometi. Eu voltei Lex. – sussurrou com um suspiro ao sentir os braços do ex-sonserino o apertarem com força e possessivos.

-Eu notei. Voltou para mim. – fechou a distância entre eles e finalmente o beijou, um beijo carregado de desejo, paixão e saudades, algo que eles almejavam fazer por quase três anos. Seus corpos se alinhavam com perfeição em um abraço apertado enquanto os seus lábios se desvendavam como na primeira vez que eles se beijaram apaixonadamente em uma noite de Halloween.

-Voltei pra você. – sussurrou ofegante e com os olhos brilhantes e apaixonados e Alexei sorriu, um sorriso claro e verdadeiro, um sorriso reservado apenas para Day. –Não faz idéia de como senti a sua falta… não faz idéia das vezes que eu pensei que iria desabar. – novamente Alexei sorriu, capturando os lábios no namorado em mais um beijo sedento. O mundo mais uma vez parecia ter se fechado apenas neles dois e nada mais à volta deles importava. Escola, pessoas, sociedade, críticas e fofocas. Eram apenas eles dois e para eles isso bastava.

-Não se preocupe… - sussurrou Alexei, acariciando levemente a bochecha rosada de Day. -… se você cair, eu te pego. – Day riu e o abraçou fortemente. Sim, se ele caísse Alexei estaria lá para pegá-lo. Seu oposto, seu equilíbrio… seu amor.

You were my strength when I was weak

You were my voice when I couldn't speak

You were my eyes when I couldn't see

You saw the best there was in me

Lifted me up when I couldn't reach

You gave me faith 'coz you believed

I'm everything I am

Because you loved me

Você foi a minha força quando eu estava fraco

Você foi a minha voz quando eu não pude falar

Você foi os meus olhos quando eu não pude ver

Você viu o que havia de melhor em mim

Me ergueu quando eu não podia alcançar nada

Você me deu fé porque acreditava em mim

Eu sou o que sou hoje

Porque você me amou