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Severus abriu os olhos e viu Draco adormecido na sua cama. Por um breve instante, ele esperou ver Lupin e Black dizendo para não perder a chance de ser feliz. Nessa hora, a realidade o atingiu. A doce realidade em que o Lord fora derrotado e Draco o aceitara.

O garoto moveu-se em seus braços e abriu os olhos já sorrindo.

—Bom dia, Severus. – A voz levemente rouca e o ar de sono davam a Draco um ar de sensualidade quase inocente – Como está se sentindo?

—Muito bem. – Severus o puxou mais para perto e o aninhou em seus braços. – Dormiu bem, Draco?

—Não.

—Não?

—Não ria, mas eu acordava toda hora para ter certeza de que isso aqui era real.

—Criança...

Draco se espreguiçou entre seus braços e voltou a se aninhar.

—É engraçado, sabe. Eu nunca tinha dormido com ninguém antes, sempre achei que deveria ser incômodo. Mas não é.

Snape escondeu o sorriso dando um leve beijo na cabeça de Draco.

Estava feliz. Tinha medo de que alguma coisa viesse roubar essa felicidade, e isso o deixava sem palavras.

Draco, ao contrário, parecia ser dos que já acordava a mil:

—Agora você precisa comer, Severus. Madame Pomfrey disse que, quando você acordasse, deveria pedir um desjejum aos elfos, e como já passou a hora do café da manhã no Salão Principal, eu vou ter de comer com você. Você se importa?

A última pergunta, feita em tom de quem sabe que não, fez Severus sorrir e negar que se importasse com um gesto de cabeça.

—Ótimo! Mas antes eu preciso trocar de roupa. Vai querer levantar, Severus? Precisa de ajuda?

—Está tudo bem, Draco. Vá até seu quarto trocar-se, enquanto eu peço o desjejum e me levanto sozinho.

—Certo, então. – Draco levantou-se e ficou olhando para ele. – Mas eu quero ver você de pé antes de ir, para ter certeza que não precisa mesmo de ajuda.

Em qualquer outro dia Severus teria mandado aquela criança tola deixar de ser intrometida, mas hoje ele estava feliz e relaxado demais para se importar com o excesso de zelo de Draco. Ele preferiu levantar, ficando de frente para Draco, e calar-lhe a boca com um beijo.

—Vá se trocar, Draco. Eu estou bem.

Quando Draco voltou, vários minutos depois, encontrou Severus vestido e sentado à mesa que havia sido arrumada em sua sala, diante do farto café da manhã que os elfos haviam enviado, esperando-o para comerem juntos.

Draco parecia ter se acalmado um pouco, mas ainda estava mais falante que o normal, e Severus pegou-se imaginando se suas manhãs dali para frente seriam sempre assim.

Franziu o cenho ao dar-se conta de que estava se permitindo acreditar em um futuro tão perfeito.

Na mesma hora, Draco olhou para ele e sorriu. Vendo o garoto sorrir era impossível não acreditar, pelo menos um pouco, que tudo daria certo entre eles.

Uma batida na porta anunciou um visitante inesperado. Severus foi atender e introduziu Dumbledore na sala.

—Bom dia, Severus. Folgo em vê-lo tão bem disposto depois das emoções e trabalhos de ontem. E em tão boa companhia, que cuidou muito bem de você, segundo Madame Pomfrey.

—Obrigado, Albus. Vejo que você também já se recuperou.

—Graças a você, Severus, graças a você. Obrigado, meu filho. Não só por ter salvo minha vida e a de Harry ontem, mas por tudo que você passou nesse anos. Sem você, não teríamos conseguido. Obrigado. Nosso mundo deve muito a você.

Severus apenas acenou com a cabeça e captou o olhar emocionado e orgulhoso de Draco.

Albus tossiu um pouco, quebrando o clima.

—Posso me unir a vocês nessa agradável refeição, meninos? - Sem esperar resposta, acenou a varinha e tomou lugar à mesa, que agora estava servida para três. – Temos muito que conversar. O treinamento de Draco, a relação de vocês e vários outros assuntos não tão agradáveis.

—Nosso relacionamento... – Draco mostrou surpresa por um instante. – Legilimência!

—Sim! É realmente desagradável estar sujeito a ela todo o tempo, não, meu jovem?

Severus sentou-se e tomou a mão de Draco entre as suas.

—O que tem em mente, Albus?

—Draco precisa concluir o treinamento, e eu prefiro que esperem algum tempo antes de tornar público o relacionamento de vocês. Sabe, faltam cinco dias para Draco deixar de ser oficialmente seu aluno, e eu acredito que vocês não queiram atenção indevida.

Draco suspirou audivelmente. Ele esperara uma reação ruim do Diretor.

—Acho que é o mais prudente. Concorda, Draco? – Em uma única frase, Severus decidiu deixar claro que Draco não seria manipulável nessa história.

—Sim, claro. – O jovem respirou fundo e olhou para o diretor. – Antes de decidir realmente qualquer coisa, eu preciso saber o que aconteceu com meu pai.

Draco não precisou ouvir para saber. A aura de preocupação e pêsames que envolveu Dumbledore foi o suficiente.

—Ele estava comandando um grupo de Comensais que confrontou um grupo maior de Aurores. Houve várias baixas dos dois lados. Seu pai está entre elas.

Draco apertou a mão de Severus e fechou os olhos.

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Meu pai está morto. Essa é uma realidade com a qual eu vou ter de aprender a conviver.

Apesar de ter me afastado dele nos últimos anos, eu o amava. Dói saber que ele morreu. Minha dor é mesclada à culpa de não ser o filho que ele queria, de sentir alívio porque nunca vou ter de confrontá-lo com minha condição, de que ele não vai ferir a Severus nem a mim.

É possível amar e temer uma mesma pessoa. Isso é triste.

A mão de Severus aperta a minha e me conforta.

Faz muito tempo que eu perdi as esperanças de tornar a ver meu pai algum dia; ele nunca aceitaria um filho hermafrodita. Mas saber que ele está morto é tão... definitivo!

Mais controlado, encaro Dumbledore e começo a planejar a minha vida.

A minha vida sem meu pai.

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Narcissa fora informada da condição de Draco e se declarara enojada. Severus o defendera, brigando com a bruxa e tirando um Draco deprimido da frente da mãe.

Narcissa deixara claro para Draco que só aceitaria a divisão dos bens restantes da fortuna dos Malfoy para evitar um escândalo sobre as possíveis causas da desavença entre ela e o filho. Ela o declarara indigno do sangue Black e do nome Malfoy.

Draco se retirara com Severus para as montanhas da Escócia e dedicara-se ao treinamento e a tentar entender seu relacionamento com Snape.

Um chalé escondido nas montanhas foi o destino que Draco escolheu entre os que Dumbledore lhe apontou como viáveis.

Um verão com Severus, isolado do mundo, o tinha feito pensar em uma Lua de Mel. Um mês depois, Draco já não entendia mais nada.

Snape parecia disposto a concluir logo o treinamento dele, e dedicava o dia quase todo a isso, o que levava os dois à exaustão. À noite ele praticamente fugia de Draco, usando como desculpa trabalho ou reuniões com Dumbledore. Nem mesmo dormiam juntos; ocupavam quartos diferentes.

O bruxo mais velho o desejava; isso Draco podia sentir com a mais absoluta certeza. Mas não se permitia passar de beijos - não muito bem comportados, é verdade, mas só beijos. Draco queria mais; queria tornar-se logo seu amante.

O garoto a princípio pensara que talvez fosse por causa de algum pedido do Diretor que Severus não avançava no relacionamento deles, mas sabia que Severus não acataria uma ordem tola dessas, e deixou-se convencer de que o outro bruxo o amava, o desejava, mas sentia repulsa pela idéia de ir para a cama com um hermafrodita.

E Draco precisava tanto dele!

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Nos fins de tarde, o garoto aparatava em Hogsmeade para espairecer um pouco. Severus aparentemente não gostava disso, agindo como se tivesse ciúmes de Draco, mas o garoto achava que se não saísse um pouco acabaria mendigando por contato com Severus, e isso ele não queria.

Foi em Hogsmeade que ele se aproximou de Gina Weasley.

Ela e Potter eram duas das quatro pessoas que sabiam do relacionamento dele com Snape, e Draco acabou por contar a ela sobre seu hermafroditismo.

Era divertido ter uma amiga, e Gina parecia entendê-lo bem.

Ela amava Potter e sabia muito bem como podia ser complicado lidar com um homem complexo e ferido. Mas Potter não a magoava como Severus estava fazendo com Draco, e ele não tinha coragem de falar, nem mesmo com ela, de suas dúvidas.

Foi Gina que, em uma tarde quente, depois da quarta garrafa de cerveja amanteigada, tomou a iniciativa:

—Qual o seu problema, Draco?

—Nenhum!

—Draco, você anda triste. O que foi? Foi o Professor Snape?

—Não.

—Draco, eu conheço esse ar de "meu namorado me magoou". Conta logo, você vai se sentir melhor.

—Deixa para lá. É muito intimo, Gina.

—Nós somos ou não somos amigas?

Draco riu alto. Gina era a única pessoa que se referia a ele no feminino, e isso o divertia muito, ao invés de aborrecê-lo como ele imaginara que aconteceria.

—É bobagem minha. Severus me trata muito bem. É um pouco ciumento, mas fora isso ele me trata muito bem.

—Mas...

Draco respirou fundo. Nesse pouco mais de um mês de convivência quase diária, ele descobrira duas coisas sobre Gina: ninguém mexe com Harry Potter se não quiser ter aquela ruiva baixinha furiosa no pé, e ela era muito persistente.

—É que eu... Eu acho que Severus não está pronto para encarar aquelas particularidades anatômicas que você sabe muito bem quais são. Pronto, falei.

—Vocês ainda não... – Gina abaixou a voz – vocês ainda não transaram?

Draco sentiu o rosto se aquecer e falou quase sem mover os lábios, para ver se a amiga entendia que o assunto era delicado:

—Não!

—Estão morando sozinhos, isolados e ainda... nada!

—Gina! – Draco rosnou entre os dentes.

—Draco! O que Snape tem na cabeça!

—Eu acho que... bem, eu sou meio esquisito no aspecto sexual, Gina.

—E você se ilude de que é isso que detém Snape? – A bruxa riu, divertida. – Cai na real, Draco.

—E o que mais seria?

—Draco, o cara enfrentou sua mãe por você, está se preparando para assumir o relacionamento de vocês quando enfim saírem daquele fim de mundo e você acha que... Me diz uma coisa, vocês se beijam?

Draco ficou vermelho, fazendo Gina rir.

—Já vi tudo: nos beijos a coisa pega, né? Então ele deseja você.

—Eu acho que sim.

—Draco, você é virgem?

—Gina!

—Desembucha!

—Sou.

—De homem e de mulher?

—Sim! Gina, isso é embaraçoso. Eu não fico te perguntando esse tipo de coisa.

—Porque não quer! E se ficou curioso: eu não sou virgem e o Harry foi meu primeiro e único.

—Sério?

—Sim, mas o assunto não é esse. O assunto é você e o Snape. Ele sabe que você é virgem?

—Sabe, a gente conversou sobre isso.

—Acorda, Draco! Ele só está sendo respeitoso demais! Seduz ele.

—Gina!

—Draco, você tem armas femininas e masculinas, o cara é doido por você, está tudo na sua mão. E ainda dizem que a sua casa é a dos astuciosos. Quer, por favor, parar de procurar chifre na cabeça do hipogrifo e resolver isso logo?

—E se... e se ele realmente não me quiser?

—Draco, ele é louco por você. E se ele tiver problemas com você-sabe-o-quê, vocês vão ter de enfrentar isso mais cedo ou mais tarde. Mas se quer minha opinião, o problema dele é a idade. Ele é muito antiquado.

—Ele não é velho!

—Eu não disse velho, eu disse antiquado. – Gina fez o sinal para o garçom trazer mais duas cervejas. – Você sabe a diferença?

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Draco estava atrasado, e Severus não gostava disso nem um pouco.

Esse hábito de ir quase toda tarde passear em Hogsmeade era perigoso. Estavam tão perto de conseguir terminar o treinamento; Draco precisava ser discreto, muito discreto.

Mas o garoto era teimoso demais para seu próprio bem.

Severus fora se encontrar com ele na aldeia algumas vezes. Ele quase sempre estava com a Weasley, namoradinha do Potter. Draco se arriscara muito contando seu segredo para a garota, e agora os dois viviam de segredinhos.

Sem contar o número de pessoas que não tirava os olhos de Draco na vila. A beleza do jovem Malfoy chamava atenção, e Severus temia o dia em que alguém iria perceber que ele era mais do que um garoto andrógino e bonito.

Bonito e sensual demais para o sossego de Severus.

Conter-se para não arrastar Draco para a cama e mantê-lo lá estava cada dia mais difícil. Quando o beijava, sentia-se completamente descontrolado, e a custo se afastava.

Era óbvio que Draco o desejava também, mas Severus temia pelo garoto.

Se o levasse para a cama, teria sérias dificuldades para acabar o treinamento de Draco. Nada intransponível, mas seria mais difícil. E ele precisava proteger o garoto terminando logo esse bendito treinamento.

Se pelo menos ele tivesse certeza de que Draco estava pronto para o sexo!

Merlin! Ele o queria tanto que chegava a doer.

E o irresponsável estava atrasado.

Já eram quase oito horas. Draco normalmente chegava antes das sete.

E se o Ministério o tivesse capturado?

Oito horas era seu limite máximo. Se Draco não chegasse em cinco minutos, ele ia chamar Dumbledore para vasculhar o Ministério atrás do seu garoto.

Quando a porta se abriu e Draco entrou calmamente, Severus não sabia se lhe lançava um imperdoável ou o abraçava.

Preferiu rosnar para ele:

—Onde andou? Já passou a hora do jantar.

Draco apenas o olhou, demonstrando uma leve surpresa.

—Sinto muito, Severus. Eu e Gina ficamos conversando e perdemos a hora.

A Weasley novamente! Severus franziu o cenho, e Draco desatou a rir.

—Severus, sua cara está igualzinha à do Potter quando ele foi buscá-la no Três Vassouras.

Igual ao Potter! Era só o que lhe faltava! Pelo menos o inútil tivera o bom senso de dar um passa para casa na namorada.

Draco o abraçou, apesar do ar carrancudo de Severus.

—Não fica brabo comigo não...

Inferno! O toque do garoto era incendiário.

—Eu não estou zangado, Draco. – Severus desvencilhou-se dele enquanto ainda se controlava. – Vou mandar o elfo servir o jantar.

Draco espreguiçou-se a caminho do banheiro.

—Dá tempo para eu tomar um banho? Minha cabeça está meio leve. Acho que Gina e eu acabamos com o estoque de cervejas amanteigadas da Rosmerta.

Inferno!

Era um inferno imaginar Draco no banho.

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A refeição transcorreu em silêncio. Draco não conseguia deixar de pensar no que Gina dissera, mas não sabia como abordar o assunto. Severus tentava se acalmar, depois de toda a preocupação que tivera.

Depois do jantar foram, como de hábito, até a sala. Normalmente acabavam rapidamente nos braços um do outro, apesar dos esforços de Severus de encaminhar a situação em outra direção.

Nessa noite, no entanto, Draco preferiu ficar na janela, olhando a noite por um longo tempo até se decidir:

—Vou para o meu quarto, Severus.

—Certo. Eu também não demoro a ir dormir.

Severus não entendia. O que diabos acontecera para o garoto agir assim?

Inferno! Tudo o que seu corpo e seu coração pediam é que fosse atrás dele, que o amasse a noite toda, mas preferiu se refugiar no próprio quarto antes que fizesse uma bobagem.

Mal havia acabado de se trocar para dormir quando ouviu uma leve batida na porta.

Não era o jeito de bater do maldito elfo, então só podia ser Draco.

Severus se preparou mentalmente para ver Draco e controlar-se, mas nada poderia tê-lo preparado para a figura que encontrou.

Usando um longo roupão de seda negra, com os cabelos espalhados pelos ombros, Draco o encarava com uma expressão enigmática.

Severus entreabriu os lábios e perdeu a fala. A visão, o cheiro, a presença do garoto... tudo foi demais, e ele observou, imóvel, Draco entrar no seu quarto.

Ele estava perdido. Que fosse tudo para o inferno! Se o garoto estava ali, é porque estava pronto.

Draco imaginara diversas abordagens, mas ali, diante de Severus, ele não conseguia se lembrar de nenhuma delas. Só conseguia olhar o homem na sua frente e pedir mentalmente que algo de bom acontecesse.

Foi com alívio que ele sentiu Severus tomá-lo nos braços e beijá-lo.

A boca de Severus aprisionou a sua, beijando-o como se tivessem todo o tempo do mundo só para eles. As mãos elegantes do ex-professor o mantinham colado ao corpo dele.

Severus explorou com a ponta da língua o contorno dos lábios de Draco. Depois traçou uma trilha de beijos até o pescoço, onde mordeu-o de leve antes de afastar o rosto e encarar o jovem amante em seus braços:

—Tem certeza, Draco? É isso mesmo que você quer?

—Sim. – A voz de Draco estava trêmula de desejo, ansiedade, emoção e um certo medo de que Severus o rejeitasse.

—Merlin! Eu te quero tanto, Draco.

A paixão na voz de Severus aqueceu o peito de Draco, deixando-o mais seguro da situação.

Ele ainda sentia algum medo a respeito de como Severus reagiria a seu corpo. Talvez fosse mais sábio deixar passar, deixar as coisas acontecerem, mas Draco precisava saber.

—Você me quer mesmo eu sendo... meu corpo sendo tão diferente? Isso não te... você não... você não sente aversão por causa disso?

—Aversão? Ah, Draco! Você acha que eu... Não. Eu não tenho nenhuma aversão pelo seu corpo, criança tola.

Severus beijou Draco novamente, sentindo-o relaxar em seus braços.

Mais confiante, Draco usava as mãos para acariciar as costas de Severus e retribuía os beijos com mais segurança, arrancando do amante um gemido baixinho ao acariciar-lhe a orelha com sua língua atrevida.

Severus puxou o bruxo mais jovem em direção à cama enquanto desfazia o nó do cinto do roupão e deixava-o escorregar pelo ombro de Draco. Sentiu o garoto estremecer ao deslizar a mão pelo corpo delgado.

Draco estava nu em seus braços!

Ele fez com que o garoto deitasse em sua cama e, passeou os olhos pelo corpo dele, matando o desejo de vê-lo assim, entregue.

Os seios túrgidos, o pênis ereto e o rubor no rosto de Draco mostravam o estado de excitação e timidez em que o garoto se encontrava.

—Você é lindo, Draco. É a visão mais maravilhosa que eu já tive.

O sorriso aliviado de Draco não passou despercebido a Severus.

Draco viu Severus despir-se do camisolão e arquejou ao ver seu amante, totalmente ereto, parar por um instante antes de se deitar sobre ele, ajeitando-se entre suas pernas.

O bruxo mais novo deixou um gemido escapar ao sentir a ereção de Severus roçar na sua. Ele esperou ser beijado, mas Severus apenas o olhou nos olhos e acariciou seu rosto de leve.

—Draco, eu te quero tanto! Ah, menino, você não faz idéia de como eu desejo você.

Severus beijou os olhos, os lábios, o pescoço de Draco, fazendo-o arfar.

Devagar ele tocou um dos seios de Draco , despertando nele a lembrança do quanto desejara esse toque e provocando-lhe o riso ao descobrir que era muito melhor do que ele sonhara.

Ainda fitando o rosto de Draco, Severus abaixou a cabeça até tomar o bico do outro seio entre os lábios e sugá-lo de leve.

—Severus... oh...

Sentindo Draco entregar-se, Severus dedicou-se a beijar, lamber, sugar os seios do amante.

Desceu a boca, deslizando a língua pela barriga de Draco, sorrindo ao ver o garoto se contorcer e gemer cada vez mais alto. Mordeu de leve a curva da cintura do amante e desenhou com a língua o contorno de seu umbigo.

Quando a boca de Severus tocou a ponta de sua ereção, Draco gritou de susto, tesão e prazer. Sentando-se apoiado nos braços, Draco viu o amante colocar todo o seu membro na boca. Aquilo era quase demais para o controle de Draco, mas Severus estava determinado a enlouquecê-lo de desejo.

O bruxo mais velho passou a língua por toda a extensão do pênis de Draco, guiado apenas pelos gemidos do rapaz, e cobriu de beijos os testículos antes de sugá-los de leve, levando Draco a cair novamente deitado na cama.

Foi quando Severus afastou um pouco mais as pernas de Draco.

O garoto ficou momentaneamente tenso. Estava todo exposto diante dos olhos de Severus, exatamente como fantasiara antes.

Era a hora da verdade. Era o momento que ele desejava e temia.

Hesitante, ele olhou o rosto do ex-professor, tentando ler alguma reação expressa ali.

Severus havia se erguido um pouco e, com uma expressão concentrada, olhava o corpo de Draco. Quando ergueu os olhos e encontrou o olhar de Draco, sua expressão era de puro deleite e adoração.

—Eu te amo, Draco Malfoy.

Incapaz de articular uma palavra sequer, Draco sorriu entre lágrimas e acenou com a cabeça. Severus entendeu o que o garoto sentia nesse momento e beijou de leve seus lábios, acariciando todo seu rosto com a ponta do nariz até que o jovem conseguiu responder:

—Eu também te amo, Severus.

Amor. O sentimento que Severus desistira de buscar, a bênção que ele achava que nunca ia ter, estava agora a seu alcance.

Draco sorriu entre os beijos que recebia, gemendo o nome do amante à medida que o desejo assumia mais e mais o controle do seu corpo.

Severus cobria o corpo de Draco de beijos e lambidas, até atingir, novamente, sua ereção, seus testículos e sua recém-adquirida feminilidade.

Com um sorriso quase sádico, Severus deleitou-se em lamber o clitóris de Draco fazendo-o gemer e contorcer na cama.Ele tocava de leve, usando apenas a ponta da língua, aquele pontinho que fazia Draco tremer em seus braços, enquanto com uma das mãos ele manejava a ereção do garoto, enlouquecendo-o de vez.

Quando sentiu que Draco estava perto de perder de vez o controle, Severus tomou-lhe o pênis entre os lábios e passou a acariciar-lhe o clitóris com o dedo, suavemente, apenas provocando o garoto, ao mesmo tempo masturbando-o com os lábios, a língua e a mão, cada vez mais rápido.

—Severus... Severus, eu vou... oh, Merlin!

Draco gozou na boca de Severus, agarrando os cabelos do amante e desabando na cama, suado e trêmulo de prazer.

Severus desceu a língua de volta ao clitóris e usou todo o seu controle e experiência para levar Draco a um segundo orgasmo quase imediato.

Ainda trêmulo diante dessa segunda onda de prazer que o tragara, Draco puxou Severus sobre seu corpo, beijando o amante, que se acomodava entre suas pernas.

—Eu quero ser seu, Severus. Quero que me possua de todas as formas possíveis.

Aproveitando a languidez do corpo de Draco, Severus esfregava sua ereção na vagina úmida, provocando o garoto e preparando-o para aquele primeiro momento de posse.

—Quer? É isso mesmo que você quer? – Severus provocava Draco, a voz rouca de tesão soando baixinho no ouvido do garoto.

—Quero. Eu quero tanto! Agora, Severus. Por favor.

—Calma. Você é meu, agora. Só meu. – Um beijo longo selou as palavras de Severus. - Draco, eu vou com calma... Eu não quero te machucar.

—Severus... oh, Merlin! Severus, eu preciso de você. Eu preciso tanto...

O bruxo mais velho posicionou-se e foi pressionando sua ereção de encontro à vagina do bruxo mais novo.

—Draco...

Uma dor súbita fez o garoto ficar tenso. Severus esperou Draco relaxar e continuou movendo-se lenta e firmemente até romper a frágil barreira e penetrá-lo pela primeira vez.

Ele sentiu as unhas do jovem amante cravarem-se em suas costas e novamente controlou-se para esperar o corpo do garoto se acostumar com ele.

—Lindo! Draco você é lindo. Delicioso e lindo.

A voz rouca e o tom suave de Severus ajudaram Draco a acalmar-se e permitir que o amante aprofundasse a penetração.

Aos poucos Draco foi relaxando e Severus começou a se mover dentro dele. Os corpos suados facilitavam a movimentação, e o atrito do abdome de Severus sobre o membro de Draco o estava deixando ereto novamente.

Severus gemia o nome de Draco, o rosto contorcido de prazer. Nunca Draco sentira-se tão completo, tão poderoso, tão intensamente realizado.

Ele passou as pernas pela cintura de Severus, que gemeu e sentiu sua ereção toda dentro de Draco.

Gemeram juntos, suas almas e mentes tão ligadas como seus corpos.

Os sentimentos exaltados de Severus invadindo a alma de Draco de forma tão intensa e prazerosa quanto sua ligação física. A mente e os pensamentos do garoto tão generosamente entregues e expostos ao amante quanto o seu corpo.

Severus envolveu com a mão o membro de Draco e o masturbou no ritmo crescente das estocadas. Draco movia-se junto com ele, murmurando incoerências.

A parte masculina do corpo de Draco foi a primeira a atingir o auge do prazer.

Severus gemeu ao sentir seu menino gozar e aumentou o ritmo querendo levar o dois a um orgasmo ainda mais intenso.

Draco gemia, e sua boca seca e respiração entrecortada deixavam sua voz ainda mais rouca. Ele perdeu a noção de tudo, só percebendo o amante movendo-se com ele e dentro dele.

Afundou as unhas nas costas de Severus marcando seu território e pedindo mais: mais contato, mais prazer, mais insanidade. Severus devolvia-lhe os gemidos, os beijos, a paixão.

Draco sentiu os dentes do amante marcando seu ombro e exultou. Eles pertenciam um ao outro.

Severus posicionava-se para que seu movimento desse mais prazer a Draco prolongando ao máximo o tempo dentro do jovem amante. Sentindo seu controle próximo do fim, penetrou ainda mais fundo no corpo de Draco, levando-o a mais um orgasmo, dessa vez centrado em sua parte feminina, que, ao se contrair, fez com que Severus seguisse o mesmo caminho e praticamente desmaiasse sobre Draco.

Ainda envolvido pelas pernas e pelo corpo do amante, Severus ficou quieto até recuperar um pouco o fôlego e conseguir virar de lado trazendo Draco junto consigo.

Numa confusão de pernas, braços, e beijos ainda sem fôlego, os dois adormeceram.