Dívida de Sangue – Terceiro capítulo
Uma hora e meia depois, Kennedy se encontrava em seu quarto, já vestida e sentada na cama com um caixinha preta na mão. Dentro continha um anel em ouro branco, com três pedras de diamantes, uma grande no centro e duas pequenas de cada lado.
- É, não vai ser hoje...
- O que não vai ser hoje? – Willow disse ao entrar no quarto.
Kennedy rapidamente guardou a caixinha no bolso interno de sua jaqueta e virou em direção a sua namorada com um sorriso no rosto como se não estivesse escondendo algo dela – Hum... não vou ter folga hoje.. é isso.....
- O que você estava fazendo antes de eu chegar? O que você tá escondendo? – Willow olhou desconfiada para a namorada.
- Nada não... escondendo nada. Pensei que você fosse me acompanhar no banho... – Kennedy rapidamente mudou de assunto.
- Era meu plano, mas Giles queria rever uns feitiços de proteção. Mas não muda de assunto.
- Que assunto? Não to escondendo nada, relaxa Ruiva.
- Está bem... Kenn?
- Sim?
- Você tem certeza que quer ir?
- Não, mas eu preciso. É o meu dever.
- Você tem direitos também...
- Mas eu não conseguiria ficar tranqüila sabendo que elas estão lá fora e que eu não estou ajudando.
- Eu sei, então me promete que você vai tomar muito cuidado.
- Eu sempre tomo, não tomo?
- A última vez que você disse que ia tomar cuidado, teve três costelas quebradas e um corte enorme na barriga.
- Não se preocupe – Kennedy a abraçou forte e beijou seu pescoço –Eu vou ficar bem e amanhã eu vou te compensar, já que o nosso passeio de hoje a noite furou. Vou fazer com que amanhã seja muito mais especial que seria hoje.
- Mal posso esperar – Willow beijou ternamente os lábios da namorada e logo o beijo foi se tornando mais quente, até que por falta de oxigênio as duas se separaram.
- Wow... acho que eu devo sair mais vezes para patrulhar – a morena falou sorrindo e deu mais um beijo na namorada. Depois pegou nas mãos da wicca, entrelaçando seus dedos e desceram até a biblioteca.
Já tinham passado mais de duas horas desde que Buffy e as outras caçadoras começaram a vasculhar o cemitério e não tinham encontrado coisa alguma.
- Então ... cadê a temível gangue de vampiros? – Faith perguntou já impaciente.
- Talvez eles nos viram em bando e não queiram atacar desse modo, pois devem estar em desvantagem. Acho q deveríamos nos separar – Kennedy sugeriu.
-Boa idéia. Quero cinco grupos pequenos liderados por mim, Faith, Kenn, Rona e Vi. Caso encontrem alguma coisa e elas saírem de controle dêem um sinal que iremos até vocês. Se até o amanhecer ninguém achar nada, voltem pra cá .
Assim os grupos se dividiram, cada líder com cinco caça-vampiros em treinamento. Kennedy e seu grupo foram para a parte mais escura do cemitério, onde havia muitas árvores carregadas de galhos, que faziam o local ficar mais sombrio.
De repente, elas escutaram um barulho vindo das árvores. Kennedy levantou a mão, ordenando as garotas mais jovens pararem e ficarem em silêncio, para poderem saber se algo estava perto. Nada. Continuam andando e mais uma vez ouviram o som, mais forte.
- Sshh... eu vou ver o que é. Fiquem aqui, se algo acontecer chamem Buffy e o resto – Kennedy sussurrou para as garotas e penetrou entre as árvores.
Estava muito mais escuro nessa parte da pequena floresta, mas graças aos seus poderes de caçadora conseguia ajustar sua visão e enxergar perfeitamente. Andava cautelosamente, com sua besta sempre a frente de seu corpo caso tivesse que reagir rapidamente. Não via nada de anormal, mas seu "senso de aranha", como Andrew costumava chamar, captava uma presença estranha vindo de não muito longe, lhe dando uma sensação de que algo ruim estava para acontecer. E o cenário a sua volta não ajudava em nada, já que tudo lembrava o local onde estava. Nada tinha vida, árvores podres se desmanchavam, exalando um cheiro forte e um vento frio soprava ao redor, balançando os galhos, fazendo um ruído que causava arrepio na caçadora. 'Ótimo, tenho lutando contra o mal por dois anos e um ventinho de nada me deixa assustada. Corajosa você, hein Kennedy'.
De repente, sente algo se mover ao seu lado direito, mas antes que pudesse agir, levou um golpe com força em sua nuca, a fazendo perder o equilíbrio e cair desnorteada no chão e sua besta voou para perto de seu agressor.
Kennedy levantou meio cambaleando tentando achar a pessoa que a atingira, mas por causa da força com que levou o golpe, sua visão ficou embaçada, então quando finalmente ficou cara a cara com o agressor, não consegui distinguir muita coisa, apenas que possuía estatura média, de cabelos pretos e era homem. Achou ter visto um terceiro olho fechado no meio da testa do homem, mas logo pensou ser efeito de sua má visão.
A caçadora mesmo desnorteada avançou contra o estranho ser, tentando dar um soco em cheio em seu rosto, mas o homem se esquivou e a golpeou novamente na cabeça, a mandando de cara contra uma árvore, fazendo com que Kennedy ficasse mais desorientada e caísse de joelho no chão. Não se dando por vencida, a morena levantou, se apoiando na árvore, tocou seu rosto e sentiu um liquido quente escorrer do lado de sua cabeça, estava machucada e sangrando. Isso a deixou humilhada, pois era uma das melhores caça-vampiros e um mero ser estava chutando sua bunda bonito. Kennedy se endireitou e ignorando a dor em sua cabeça e o tremor de suas pernas atacou. Sem que pudesse ter tempo de desferir mais algum golpe, o suposto terceiro olho se abriu lentamente, a paralisando, como se estivesse hipnotizada. O olho, que tinha a íris branca, focava diretamente em Kennedy sem piscar um momento, como se penetrasse na mente da morena, adquirindo suas memórias, lendo seus pensamentos. Kennedy sentia como se seus pensamentos não fossem mais seus, sua memória não mais lhe pertencesse. Essa invasão em sua mente lhe causava uma forte dor, se sentia violentada e parecia que ia explodir a qualquer momento. Queira gritar, fugir, fazer qualquer coisa para acabar com essa agonia, mas não conseguia ... a única que podia fazer era sentir dor e mais dor. Segundos depois a íris se tornava castanha, do mesmo tom que os da caça-vampiros, então ele a liberou. Kennedy caiu, seus joelhos batendo com força no solo e suas mãos na cabeça, lágrimas escorriam pelo seu rosto. Estava tentando entender o que tinha acontecido, mas não conseguia se lembrar, apenas que sentia um dor terrível, como se estivessem tirando algo muito valioso dela. O demônio não esperou que ela se recuperasse e acertou estômago da morena, a mandando contra uma árvore a deixando inconsciente. Quando conferiu que a garota estava fora de circulação, o corpo do homem começou a se transformar em Kennedy.
Assim que a transformação ficou pronta, a falsa caçadora satisfeita com seu trabalho, pegou a besta do chão e caminhou na direção que a verdadeira caçadora veio.
Saindo das árvores 'Kennedy' encontrou suas pupilas a aguardando um pouco aflitas, pois tinham escutado alguns barulhos de combate, então mandaram uma de suas companheiras buscar Buffy.
- Kennedy, você está bem? – uma caçadora em treinamento perguntou para Kennedy.
- Sim, estou ótima... – 'Kennedy' respondeu com um tom de voz sombrio, mas que passou despercebido pelas outras garotas.
- Escutamos som de combate... encontrou alguma coisa que poderíamos caçar? – a mesma caça-vampiros perguntou.
- Sim ... – ela sorriu maliciosamente e levantou a besta em sua mão – Você... – e atirou um flecha entre os olhos da garota que ficou alguns segundos em pé, até cair sem vida aos pés de 'Kennedy' com uma expressão confusa em seu rosto e o sangue escorrendo da ferida, formando uma poça no chão.
As garotas soltaram um grito de horror ao ver sua companheira morta no chão com seus olhos parados olhando para o nada. Uma das garotas olhou para 'Kennedy' e perguntou quase sem voz:
- Kennedy vo-você está louca?
- Provavelmente .... – a morena deu um sorriso sombrio, enquanto se aproximava lentamente da menina que a interrogou, depois de chutar para o lado o corpo da garota morta.
- P-por que você f-fez isso? – a garota deu alguns passos para trás, tentando aumentar a distância entre ela e a caça-vampiros mais velha.
- Como eu disse, estou louca.... louca para matar.
