Vou deixar – 3

O sol naquela manhã brilhava mais que o normal e seus raios de luz entravam pela janela do quarto, iluminando o belo arranjo de rosas brancas e vermelhas que decorava a cômoda de madeira ao lado de porta retratos.

Uma mulher com os cabelos um pouco abaixo do queixo e ruivos olhava para as flores com um ar triste, tocando as pétalas delicadamente com seu dedo indicador, como se estive as contornando fingindo ser a face da pessoa amada.

'Quatro anos... quatro longos anos' uma lágrima se formou no canto de seu olho direito e escorreu pelo seu rosto, tocando seus lábios e a fazendo sentir o gosto salgado, assim como sentira sua alma estar.

Ela ficou olhando mais um tempo para o arranjo, perdida em seus pensamentos, lembrando de uma época que jogou fora por uma besteira e que se arrependia inteiramente, quando sentiu um par de braços enlaçarem sua cintura por trás e lábios beijando seu rosto. A ruiva não esperava por isso e deu um pequeno pulo de surpresa.

- Desculpa Will – uma loira da mesma altura que Willow e de olhos mel disse beijando mais uma vez o rosto da ruiva – Eu não queria te assustar.

- É que eu estava pensando só...e você sabe quando eu penso, eu me distraio – Willow se afastou dos braços da loira e virou, ficando de frente para ela.

- Você está chorando – a mulher franziu a testa e levou sua mão para enxugar a lágrima de sua namorada, mas Willow foi mais rápida.

A ruiva tocou seu rosto e sentiu seus dedos se molharem, não tinha percebido que estava chorando enquanto fitava as rosas. Willow enxugou o rosto e olhou para o lado, evitando Samantha.

- Algo errado, Will? – então ela viu o que sua namorada estava olhando – De novo essas flores? A gente está junto há um ano e elas sempre estiveram no seu quarto, e pelo o que me disseram você as tem há uns quatro anos. E as guarda com mágica para não estragarem, não está na hora de mudar um pouco? Eu poderia comprar umas melhore, mais bonitas ... – Samantha fez menção de pegar o vaso para jogar as rosas fora, mas Willow entrou em sua frente.

- Não... eu gosto delas... – Willow virou o rosto, não querendo que a namorada visse lágrimas formarem em seus olhos.

- Mas Will, toda vez que você olha para elas, você fica triste... acho melhor jogar fora.

- Não... não toque nelas – Willow disse brava e Samantha deu um passo para trás – Me desculpe.. mas não posso me desfazer delas.

A ruiva terminou de falar em um sussurro e saiu depressa do quarto, deixando a outra mulher sem entender nada. Samantha olhou mais uma vez para o arranja e se perguntou se era normal ter ciúmes de rosas, mas logo balançou a cabeça para esquecer esse pensamento idiota e foi atrás de Willow.

A loira foi achar sua namorada na cozinha, fazendo chá. Uma de suas manias, se algo a deixava perturbada ela sempre fazia uma xícara de chá para se acalmar. Deveria ser porque passou muito tempo ao lado de um inglês, Samantha pensou. Outra das manias de Willow eram os capuccinos, a ruiva era viciada e eles a deixavam alegre além da conta, coisa que não agradava muito Samantha, pois ela era mais reservada e levava tudo a sério, bom o que poderia se esperar de uma advogada.

Willow sentiu a presença de Samantha na cozinha, mas não virou de frente para ela. Queria ficar sozinha e a loira não estava fazendo isso possível. Na verdade desde que começaram a namorar, a bruxa cada vez mais queria ficar longe da outra mulher, mas também não queria se sentir sozinha. Era um grande paradoxo.

A ruiva ouviu a namorada começar a falar algumas palavras, mas então passinhos apressados em direção a cozinha interromperam a loira e Willow sorriu pela primeira vez naquela manhã, pois sabia quem estava correndo tão animada.

- Kennedy! Eu já falei para não correr pela casa –Giles disse da sala e a única resposta que ele teve foram risadinhas, e alguns gritinhos de alegria.

Samantha murmurou algo como 'pirralhos' ao ver entrar na cozinha uma menininha de apenas 3 anos, com cabelos enrolados e negros, pele morena e olhos amendoados, sem falar na carinha e sorriso de pentelha.

- Tia Will! – a garotinha se jogou nas pernas da ruiva a abraçando.

- Bom dia Kenn... – Willow pegou a menina no colo e a colocou sentada na bancada da cozinha, dando um beijo em sua bochecha.

- Dia! Dia Tia Sammy!

- É Samantha – a loira odiavam que a chamassem de Sammy, e também não era que não gostasse de crianças, mas as preferia longe dela.

- Deixa de ser mal-humorada Sam . – a ruiva repreendeu a outra mulher e novamente voltou sua atenção para a criança – Dormiu direitinho?

- Cinco cinco!

Willow riu da tentativa da pequena Kennedy de falar cinco por cinco. Com certeza não negava ser filha de quem era.

- Fominha... – Kennedy massageou sua barriga.

Antes que Willow pudesse responder, Faith e Buffy entraram na cozinha e a morena colocou o braço em volta dos ombros de Samantha.

- Sammy! Já está aqui tão cedo? Você não tem casa não?

- Faith deixa ela em paz, só porque o dia mal começou e ela já está aqui, não quer dizer que ela passe o tempo todo com a gente, só um pouquinho... mas é porque ela namora nossa querida Willow – Buffy fingiu chamar atenção de sua colega caçadora, mas ela era da mesma opinião que Faith, Samantha parecia não ter casa. Toda manhã e noite lá estava ela, só faltava agora querer dormir ou morar lá. Tá certo que ela era namorada de sua melhor amiga, mas não ia muito com a cara dela, muito séria e certinha para o seu gosto. Mas antes que as duas caçadoras pudessem falar mais de Samantha, Willow resolveu mudar de assunto.

- E como foi a patrulha? Aconteceu algo de estranho, além dos fatos estranhos que sempre acontecem, mas que para a gente é normal. Então estranho seria se algo mais estranho que o normal acontecesse, tipo um novo demônio e algo assim – assim que ela terminou de falar as três mulheres, mais a menininha olharam para a ruiva tentando saber como ela conseguia falar tantas palavras em tão pouco tempo e não ficar sem fôlego.

- Apenas alguns vampiros, mas eles estavam mais inquietos que o normal. Como se algo novo estava chegando na cidade... – Buffy responde e se encostou na pia, cruzando os braços.

- Vocês têm que parar de discutir isso na frente da Kennedy, ela é apenas uma criança – Samantha se intrometeu na conversa.

- Eu pensei que você não gostasse delas, e relaxa Sammy, a Junior aqui sabe que eu e a tia B vamos chutar os trasei... vamos derrotar os malvados, não é? – Faith então pegou a sua filha no colo.

- Eh! Mamãe paw pum nos malvados... e eu vou ajudar – Kennedy falou toda orgulhosa.

- Só quando crescer mais – Faith beijou a testa da menina, e tirou duas tigelas pequenas do armário, servindo cereal para ela e a filha.

- Vocês querem que eu pesquise alguma possibilidade de apocalipse aqui em Cleveland? – Willow retornou ao assunto que foi interrompido por sua namorada.

- Nós não sabemos o que é realmente, e talvez nem seja nada, apenas vampiros que beberam muito sangue alterado. Eu vou sair com a Faith hoje mais tarde para ver se a gente descobre algo nos bares de demônios – Buffy respondeu também arrumando cereal para ela.

- Bom Will, estou indo, te vejo mais tarde – Samantha deu um pequeno beijo em willow e saiu o mais rápido, não gostava dessas conversas de vampiros e tal. Muitas vezes já tentou persuadir a ruiva a abandonar essa vida, mas ela era teimosa e continuava, mesmo a loira dizendo que ela teria uma vida melhor longe disso tudo.

Nesse momento Xander entra na cozinha e esbarra na namorada de sua melhor amiga que saia apressada e nem parou para pedir desculpas.

- Estressada ela, né? – ele disse e logo foi brincar com a pequena Kennedy, fingindo que pegava o cereal dela.

Algumas horas mais tarde no mesmo dia, só que agora em Washington D.C duas figuras um tanto quanto distintas deitavam em cima de dois túmulos mais escondidos do cemitério que ficavam exatamente debaixo de uma grande árvore e fazia sombra as duas pessoas, quase as ocultando mesmo estando de tarde.

A primeira estava totalmente deitada no concreto, jogando uma bola de baseball para cima, seus grandes olhos vermelhos fixos em seu movimento. Já a outra estava encostada na lápide, suas pernas esticadas a sua frente e seu rosto escondido na sombra da árvore, a única coisa que dava para se distinguir era seu longo cabelo negro e um par de óculos escuros que dependendo do movimento de sua cabeça, a luz do sol refletia nele.

- Pode me dizer de novo o que estamos fazendo aqui em plena luz do dia? – a mulher de olhos rubis perguntou, jogando a bola novamente para o alto.

- Estamos esperando Rein e companhia terminarem a reunião com o "chefinho" para saber o que faremos em seguida – a outra mulher respondeu como se estivesse entediada.

- E estamos no cemitério porque?

- Eu achei que demônios gostassem de cemitérios – e então deu um sorriso sarcástico, que se não fosse pela visão noturna da outra mulher não conseguiria enxergar por causa da sombra.

- Muito engraçada você – a mulher que estava deitada no túmulo jogou a bola na sua companheira, que no último minuto desviou, evitando o ataque. Nesse momento o seu celular vibrou em seu bolso – Fala... hoje ainda? Não sem problema, você sabe que pra mim qualquer hora é boa para causar confusão. Ela vai adorar em saber disso...ok. Tchau – ela desligou e virou para a morena.

- Então?

- Nossa próxima parada Cleveland e advinha quem está lá para você finalmente perseguir e matar?

A morena nada disse, apenas deu um sorriso sarcástico, cruzando os braços sabendo muito bem quem mataria dessa vez.

Lá pela 1 h da tarde em Cleveland, Faith e Buffy saíram para rondar alguns bares de demônios e cemitérios para descobrirem porque os vampiros estavam tão excitados na noite anterior.

- Eu vou perguntar mais uma vez, o que você sabe? – Faith segurava o bartender pelos cabelos, um pouco acima do balcão. O rosto dele estava com um corte na testa e o nariz sangrando dando a entender que sua cara fora amassada contra o balcão por Faith toda vez que o homem não respondia suas perguntas.

- Eu não sei de nada! – ele choramingou. Para uma demônio ele era bem frouxo, as caçadoras pensaram.

Faith se preparou para bater a cabeça dele de novo, mas Buffy que estava encostada ao seu lado no balcão a interrompeu.

- Vamos Faith, ele não sabe mesmo. Depois de tanta pancada ele já deveria ter falado.

A caçadora morena olhou para Buffy saindo do bar e depois para o rosto de sua vítima. Antes de seguir a loira, Faith levantou a cabeça do bartender e então a abaixou com tudo contra o balcão, o fazendo desmaiar. A ex-caçadora rebelde sorriu satisfeita e foi embora.

- Aquilo era totalmente desnecessário, sabia?

- Deixa de ser chata B. E antes que você venha com mais um dos seus sermões, e agora? Já fomos em todos os bares que conhecíamos e não descobrimos nada.

- Vamos até o cemitério central. São quatro e mia, a gente dá uma rondada por lá e depois voltamos para casa, atualizamos o pessoal sobre o descobrimos...

- Atualizamos o que? Não descobrimos nada? – mas a morena se calou ao ver o olhar de reprovação de Buffy por ter sido interrompida.

- Quando for umas oito horas a gente patrulha novamente.

- Ok, ok... então vamos logo.

No cemitério, as duas prestavam atenção em qualquer coisa estranha que pudesse acontecer, mas Faith já estava ficando entediada.

- Tô entediada...- disse a morena se sentando em uma lápide.

- Para de reclamar Faith.

- A gente já tá aqui uma hora e nada, tipo nem sei porque a gente tá no cemitério agora, não vamos descobrir nada... vampiros não saem a luz do dia. Você é caçadora há 12 anos e ainda não percebeu isso?

Antes que Buffy pudesse dar uma resposta a altura, três figuras pularam na frente delas. Cada uma com pelo menos 1,80m e de porte largo. Seus rostos estavam deformados, indicando que eram vampiros, mas possuíam chifres e suas peles cinzas pareciam ser bem resistentes.

- Mas demônios sim... ou vampiros-demônios – Buffy disse perplexa e olhou para sua companheira – Isso é sua culpa sabia? Você nos amaldiçoou quando disse que vampiros não saem na luz do dia.

- Nem vem com essa de a culpa é toda minha, você que trouxe a gente aqui – Faith ficou em postura de combate – Mas depois a gente resolve isso – ela foi a primeira a atacar com um soco do vampiro-demônio que estava a sua esquerda, mas ele segurou o punho dela o girando numa direção que não parecia ser a melhor indicada. A mulher soltou um grito de dor.

- Faith! – Buffy deu uma voadora no vampiro que torcia o braço da morena, mas ele era muito mais forte e a intensidade do chute foi suficiente apenas para fazer ele soltar Faith, que deu alguns passos para trás segurando seu pulso contra o peito.

Buffy caiu no chão na frente do vampiro-demônio, mas nem teve tempo de se levantar, porque a criatura que estava atrás dela a pegou pela gola da jaqueta e jogou a loira para longe contra uma das lápides, que com o impacto se quebrou.

Faith ignorando a dor em sua mão pulou nas costas do vampiro que jogou Buffy, tentando virar o pescoço dele, mas era mais grosso que o normal e sua pele mais dura. Não demorou muito para que a morena fosse lançada na mesma direção que a caçadora original que estava já de pé, mas se viu no chão novamente por causa do peso do corpo de Faith que caiu em cima dela.

- Brigada por amparar minha queda B.

- Me agradeça depois, agora me ajude a acabar com essas coisas.

- Como se mata um vampiro? Com estaca – Buffy disse com uma voz de 'isso é a coisa mais óbvia do mundo'.

Então, quando os três vampiros se aproximaram das caçadoras, elas viram uma brecha e juntas pularam nos vampiros mais próximos, e de forma sincronizada levaram suas estacas no coração deles, esperando que eles virassem pó.

Mas elas só esperaram, porque as estacas não arranharam nem de leve a pele dos vampiros-demônios. O que aconteceu foi que as armas que se quebraram. Faith e Buffy se olharam espantadas, pois desde que se conheciam por gente, ou pelo menos desde que se tornaram caçadoras, a primeira regra que aprenderam foi: Vampiros são mortos com estacas no coração.

- E agora, senhora sei tudo sobre vampiros? – Faith perguntou incrédula.

- Agora nós corremos e salvamos nossos traseiros.

- Foi a melhor idéia que você te vê hoje.

As duas abaixaram para não receber um golpe que vinha em suas direções e correram até a saída do cemitério, rezando para que não as seguissem.

Giles e Willow estavam conversando na sala quando a porta da casa abriu com um estrondo, e viraram suas cabeças para ver as duas caçadoras mais velhas entrando assustadas. Buffy tinha um corte na testa e mancava levemente, Faith segurava sua mão contra o peito e sua boca sangrava devido a um machucado em seu lábio inferior.

A bruxa e o sentinela correram para ajudar suas amigas. Enquanto Willow levava as duas caçadoras até o sofá, Giles foi apressado buscar o kit de primeiro socorros. Nessa mesma hora Wood entrava na sala carregando sua filha.

- Mamãe! – a pequena Kennedy praticamente se atirou dos braços dôo pai e correu até Faith.

- O que aconteceu? – notava-se preocupação na voz de Wood.

- Vampiros... – Buffy respondeu, fazendo cara feia quando tentou se ajeitar melhor no sofá.

Willow, Wood e agora Giles que voltava com o kit olharam confusos para as duas guerreiras.

- Vampiros? Mas ainda tá claro, e vampiros não saem no sol, porque senão "Puff" viram pó. Mas se vocês foram atacadas por vampiros, então quer dizer que eles podem sair no sol, mas ai não seriam vampiros e eu tô ficando sem fôlego... – Willow corou e parou, respirando fundo tentando se acalmar.

- Foi o que a gente pensava... mas mudamos de idéia bem rapidinho quando os vimos...AI! – Faith reclamou quando Wood limpou com anti-séptico o ferimento de sua boca.

- Chorona... – ele brincou, fazendo a filha deles dar uma risada infantil.

- Mas fora isso era um vampiro normal, porque vocês chegaram tão assustadas?- Giles perguntou, interessado no que suas caçadoras contavam.

- Digamos que não era tão normal assim, era como se ele fosse um demônio também...

- Vampiros são demônios Buffy...

- Posso continuar Giles? – a loira o olhou feio – Não demônio vampiro, mas demônio dos outros tipos... era um vampiro-demônio. Eles tinham uma pele cinza e muito dura, e chifres.

- Mas não deve ser tão forte, com certeza você tava pior quando enfrentou o Turok-Han – Willow tentou pensar pelo lado positivo.

- A gente estaria morta se não tivéssemos fugido. As nossas estacas quebraram só te encostar na pele deles – Faith respondeu, enquanto cutucava a atadura em seu braço.

Giles retirou os óculos e os limpou pensativo. Não lembrava de nenhuma criatura com essa descrição e temia que se fosse um apocalipse não conseguiriam impedir a tempo.

- Chamem Dawn, Andrew e Xander. Vamos ter que pesquisar, em algum lugar deve ter algo falando sobre eles. Se não encontrarmos hoje ligaremos para o Angel.

- Eu e a Faith vamos voltar lá no cemitério.

- Não creio que seja a melhor opção. Não sabemos como matá-los...

- Mas Giles...

- Nada de mais Buffy, ainda sou o seu sentinela e da Faith.

As duas caçadoras mais velhas se afundaram no sofá e emburraram, fazendo os outros rirem e se esquecerem um pouco da situação em que se encontravam.

Seis horas depois vários livros estavam espalhados pela mesa, sofá e chão, mas nada de útil neles.

- Achou alguma coisa na Internet, Will? – Dawn caminhou até a bruxa e olhou para a tela do computador por cima do ombro da amiga.

- Nada, nenhum site, é como se ninguém tivesse conhecimentos deles. Também liguei para o Coven e mais uma vez, nada – a ruiva falou irritada.

- Acho que você deveria parar um pouco, que tal a gente ir para minha casa e você descansar lá? – Samantha que tinha aparecido quatro horas antes para um jantar que tinha combinado com Willow, mas que tiveram que cancelar pois a wicca se recusava a abandonar sues amigos na pesquisa, disse impaciente querendo sair desse clima sinistro o mais rápido possível.

- Não posso, tenho que ajudar – de repente arregalou os olhos e virou para Giles – Eu lembro de ter no meu quarto um livro sobre demônios raros é bem provável que tenha alguma coisa lá – e então voltou sua atenção para a namorada – Faz um favor e pega o livro lá em cima?

Fazendo uma cara de frustrada, Samantha se levantou e subiu as escadas, encontrando com Wood que descia depois de algum tempo tentando fazer Kennedy dormir.

- Ela já dormiu? – Faith tirou os olhos de seu livro que na verdade continha uma revista no meio, depois de uma hora e meia ela tinha cansado de pesquisar.

- Foi difícil, toda preocupada com você, mas depois que eu falei pela milésima vez que você ficaria bem, ela sossegou. E não acharam nada ainda? – ele se sentou no braço do sofá ao lado da namorada e retirou a revista dela.

- Hey! Devolve isso...

- Nada, como a Willow disse é como se ninguém tivesse conhecimento sobre eles...- Giles respondeu e tomou a revista de Wood a jogando no lixo.

Do alto da escada Samantha chamou por Willow, já que não achava o livro que ela pedira. A ruiva subiu as escadas rapidamente para ajudar a loira.

- Desisto por hoje, o único olho que me resta já não consegue focar mais nada.

- É acho que devíamos parar por hoje, estamos todos cansados – giles olhou para Andrew e dormia com a cabeça em cima do livro e babava, fazendo com que o sentinela retirasse imediatamente seu precioso livro do ex-vilão, o acordando – Só vou olhar o livro que a Willow tem no quarto dela e amanhã eu ligo para o Angel. Hoje não acharemos mais nada.

Assim que ele falou, a campainha tocou e Buffy que já não mancava mais foi atender a porta.

Chovia forte e trovões caiam por todos os lados. Havia cinco figuras paradas em frente a porta, duas encostadas na parede, uma no centro das duas, a quarta pessoa estava encostada na cerca da varanda e sentada no chão e a última parecia olhar para a chuva que caia. De repente um raio caiu perto deles iluminando suas faces por um momento, dando Buffy uma pequena prévia de como eram seus visitantes. Ela viu que eram quatro mulheres e um homem, e uma das mulheres possuía olhos vermelhos brilhantes que pareciam soltar faíscas.

Andrew que passava pela porta naquele momento disse maravilhado:

- Que efeitos especiais bons!

Isso fez com que a mulher que olhava a chuva risse e então virou seu corpo perguntando em uma voz familiar:

- Não vai deixar uma velha amiga entrar? Estou encharcada.

Quando um novo raio caiu Buffy olhou para um rosto que não via há quatro anos.

- Kennedy!